Índice do Filme Lutero
As doentias discussões com o demônio são um lugar comum na vida de Lutero.Mesmo tendo mostrado essa face do reformador, o filme sugere que esse era um legado católico, e que o monge era atormentado então pela noção de justiça divina tirânica. Contra essa afirmação, basta lembrar que Lutero irá encontrar o demônio durante toda vida, e de modo mais intenso ainda depois que abandonou a Igreja Católica e supostamente libertou-se da opressão que denunciara.
As doentias discussões com o demônio são um lugar comum na vida de Lutero.Mesmo tendo mostrado essa face do reformador, o filme sugere que esse era um legado católico, e que o monge era atormentado então pela noção de justiça divina tirânica. Contra essa afirmação, basta lembrar que Lutero irá encontrar o demônio durante toda vida, e de modo mais intenso ainda depois que abandonou a Igreja Católica e supostamente libertou-se da opressão que denunciara.
Em Wartburg (1521), por exemplo, no ócio que ele mesmo disse estar, demônios começam a povoar sua imaginação e mesmo “tornam-se visíveis e audíveis para ele (...)” (Grisar: 200) Outras manifestações anormais o acompanhavam, como o diabo que lhe aparece em forma de um cachorro (Grisar: 202) Ainda no mosteiro, dizia Lutero, o demônio “freqüentemente me puxava pelo cabelo (sic), contudo foi sempre forçado a me deixar ir.” (Grisar: 204) Lutero via diabos em toda parte.Ele aceitou avidamente o relatório de Bugenhagen sobre um demônio que testemunhou a favor do evangelho por meio de uma serva possuída (sic!) (Grisar: 383) E Lutero admirava o poder do príncipe das trevas em termos estarrecedores (em 1530):
“Eu mal posso esperar o dia (...) no qual veremos o grande poder desse espírito e, como era, sua quase divina majestade” (sic!) (Grisar: 383)
Via demônios em Cobourg em 530, como a serpente de fogo que depois de transforma em estrela cadente; e ainda:
“Eu vi meu demônio sobrevoando a floresta de Cobourg”; em Cobourg também será constatada a mancha de nanquim na parede, como em Wartburg , embora Grisar não confirme a autoria dos disparos de tinteiro por Lutero. (Grisar: 383-384)
Brentano, no entanto, nos narra de maneira muito viva esse episódio estranho: “Vêem-se ainda, em Wartburg, traços duma nódoa de tinta, que Lutero teria feito na parede, lançando um tinteiro na cabeça do demônio; pelo menos a mancha foi renovada, pelos peregrinos que não cessam de arrancar pedaços do muro a título de relíquias (sic). Traços iguais na muralha, deixados pelos tinteiros que Lutero jogava em Satã, encontram-se no convento de Wittemberg e no castelo de Cobourg.
"Parecerá que o reformador não pode permanecer em lugar algum sem se empenhar com o Maligno, em batalhas a tinteiradas". (Brentano: 85)
Interessante notar que essas manifestações doentias são bem posteriores à conversão de Lutero, e que, portanto, o reformador já estava livre das lendas e da influência que os biógrafos protestantes atribuem à Igreja Católica.
A partir de 1521, Lutero deveria possuir a paz e a alegria que atribuía à sua doutrina de justificação pela fé, livre da prisão moral imposta pela Igreja! O que se vê, no entanto, é exatamente o contrário: quanto mais se afastou da Igreja e mais se afundou em seus erros, mais desesperado e doentio foi seu comportamento. (Grisar: 384)
O diabo era companheiro inseparável de Lutero.
Em Wartburg (1521)
“Ao tempo de minhas primeiras conferências sobre os Salmos, dirá, (...) estava sentado redigindo minhas primeiras lições, quando o diabo surgiu e fez barulho, três vezes, atrás de minha estufa, como se tivesse arrastado uma vasilha para fora do inferno. (...) Senti-o, de novo, por cima do quarto no claustro, mas como notasse que era o diabo, não lhe dei mais atenção e adormeci.” (Brentano: 93)
Dirá que “Levava o diabo pendurado no pescoço”; e também: “Conheço o diabo a fundo, de pensamento e de aspecto, tendo comido em sua companhia mais de uma pipa de sal” (Brentano: 93)
E ainda, surpreendentemente: “O diabo dormiu ao meu lado, em minha cama, mais vezes do que minha mulher.”; (Brentano: 93)
Ao que ajunta Brentano: “Satã mostrava-se ao pai da reforma sob os mais diversos aspectos: ora sob a forma de uma grande porca preta, ora sob a de uma tocha acesa; no castelo de Cobourg insinua-se na pele duma feia serpente, para aparecer, em seguida, na forma de estrela radiosa. (...)” (Brentano: 93)
E vemos Lutero falando aos discípulos sobre as tentações do demônio, e a forma anticristã de as afastar: “Muitas vezes os ataques do demônio vos caem na cabeça, como o raio; não há melhor remédio do que comer bem, passar boa vida, e as maquinações do demônio derretem-se como neve ao sol.” (Brentano: 97)
E ainda: “Cuida de teu estômago, não te vás matar com jejuns; dormirás melhor; quando não durmo, o diabo acorre logo e põe-se a discutir comigo. Fala com voz grave e forte” (Brentano: 97)
Ora, esse é um comportamento diametralmente oposto ao sola gratia de Lutero: é um comportamento pelagiano, através do qual o homem se julga capaz de disputar com a tentação e de vencê-la com as próprias forças, sem apelar à graça divina através da oração! É mais uma das inúmeras contradições do rebelde... Nessa linha, Brentano vai além, mostrando como o demônio, além de companheiro, era de fato mestre de Lutero: “Mas às vezes o reformador tinha com o Espírito do Mal longas conversas; dava-lhe ouvidos aos argumentos". Aconteceu deixar-se convencer por eles. Por sua própria confissão, esta e aquela parte de sua doutrina nascem dessas infernais discussões. Nicolau anotou, (...): “Nunca houve ninguém, a não ser Lutero, que se tivesse gabado, numa obra impressa, de ter tido uma longa conferência com o diabo; que se tinha convencido de suas razões, que as missas privadas eram um abuso e que era esse o motivo que o tinha levado a aboli-las”. Bossuet volta ao mesmo ponto, em sua História das variações... (liv. IV): “Nesse tempo Lutero publicou esse livro contra a missa privada, onde se encontra a famosa conversa que tivera com o anjo das trevas e onde, forçado pelas razões deste, aboliu, como ímpia, a missa que celebrara durante tantos anos (...)” (Brentano: 98-99)
Como dissemos, aqui encontramos a justificativa para Lutero mentir tanto e se contradizer continuamente: ele tinha por mestre o próprio pai da mentira... E se o diabo era mestre e companheiro inseparável de Lutero, convém notar também que o rebelde foi descrito pelo menos três vezes como dotado de um olhar estranho, faiscante, como o de um homem possuído pelo demônio: em Worms, pelo Cardeal Aleander (Grisar: 183), no retorno a Wittemberg, pelo bispo John Dantiscus (Grisar: 217) e pelo núncio Vergerio, que entrevistou Lutero em 1535. (Grisar: 414)
É fato que Lutero tinha um encantamento estranho; que cativava as pessoas, em que pese suas incoerências e inúmeros vícios. Diz-se que, entre os luteranos, somente Schwenkfeld não foi dominado pela estranha atração de Lutero.
Índice do Filme Lutero
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2 comentários:
Não seria essa a maneira que o diabo age quando deixamos de andar de mãos dadas com ele? Represarias inimagináveis, não ocorreu o mesmo com os discípulos de Cristo?
Deve ter uma post sobre as inquisições, matanças ordenadas pelo santo oficio. Lutero foi e ainda é um homem que sobreviveu a essa época tão tenebrosa da raça humana.
Lutero era antissemita e antilatino. Esteve envolvido com a morte de muitos camponeses. A Igreja errou, mas Lutero está longe de ser um homem de Deus
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