Índice do Filme Lutero
O Lutero idealizado pela milionária Thrivent também não podia deixar de se preocupar com os pobres e oprimidos. Em várias cenas o jovem pároco de Wittemberg aparece ajudando e se apiedando de uma mendicante e de sua filha deficiente, que mal pode andar com duas muletas artesanais. Evidentemente tais cenas nunca existiram. Muito menos existiu a preocupação de Lutero com o povo, com os pobres. É notório que os príncipes que dominaram a religião em seus territórios suprimiram as coletas de caridade mantidas pela Igreja. Mais uma vez mostraremos como o Lutero histórico nada tem do piedoso pároco apresentado no filme.
O Lutero idealizado pela milionária Thrivent também não podia deixar de se preocupar com os pobres e oprimidos. Em várias cenas o jovem pároco de Wittemberg aparece ajudando e se apiedando de uma mendicante e de sua filha deficiente, que mal pode andar com duas muletas artesanais. Evidentemente tais cenas nunca existiram. Muito menos existiu a preocupação de Lutero com o povo, com os pobres. É notório que os príncipes que dominaram a religião em seus territórios suprimiram as coletas de caridade mantidas pela Igreja. Mais uma vez mostraremos como o Lutero histórico nada tem do piedoso pároco apresentado no filme.
Em Torgau, junto a Jonas, Melanchthon e o eleitor da Saxônia, entre outros, Lutero disse: “Queria ser durante três dias um anjinho, para ir roubar o dinheiro dos camponeses e jogá-lo no (rio)Elba; mas depois faltaria corda, porque todos iriam enforcar-se" (Brentano: 131)
E comentando entre amigos sobre música, que tanto lhe agradava: "Estou satisfeito de que os camponeses sejam privados deste elemento de consolação: não entendem nada de música. (Propos de table, n. 1817)” (Brentano: 131)
Os biógrafos luteranos narram ainda uma ridícula e caricata tentativa de exorcismo: “Em janeiro de 1544, na sacristia da Igreja paroquial de Wittemberg, sob a presidência do dr. Martim Lutero, numerosa assistência reunira-se ao redor duma jovem de dezoito anos – uma histérica sem dúvida (sic) – que o diabo dominara. Começaram rezando preces comuns, mas a moça não se dava conta de nada. Visivelmente o diabo zombava dos espectadores e das preces que dirigiam a Deus. Então Lutero, possuído de cólera, deu na jovem, isto é, no demônio, um grande pontapé; depois se apressou em ganhar a porta, prevendo, sem dúvida, que o diabo, que rira das preces dirigidas a Deus,acharia menos engraçado o pontapé que lhe acabava de dar. De fato, a moça lançou-se em perseguição do dr. Martim que fugira. Maldição! O ferrolho, que fechava a porta, tinha caído automaticamente e a chave não girava mais. Que fazer? O dr. Martim, fora de si, corria daqui para ali, a jovem, o que vale dizer o diabo, uivando no seu encalço. (...) Enfim o bedel da igreja passou um machado por uma vidraça quebrada; podendo-se então arrombar a porta e libertar o exorcitador.” (Brentano: 96) Grisar narra o mesmo episódio em termos semelhantes, e como Brentano, lembra que posteriormente disseram a Lutero que o diabo abandonou a menina, talvez para consolar o exorcista fracassado. (Grisar:493)
De novo este Lutero nada tem comum com o padre que se inclina para amparar a vacilante menina deficiente que se equilibra em muletas precárias. Devido a seu temperamento explosivo, Lutero por diversas vezes não conseguia se controlar, passando de todos os limites e esbravejando desesperadamente:
“Se eu não posso mais rezar, ao menos poderei maldizer. Não direi mais: “Santificadoseja o teu nome...”; mas “Que seja maldito, emporcalhado, danado, o nome dos papistas!”. Não direi mais: “Venha a nós o teu reino... Repetirei: “Que o papado sejamaldito, danado, aniquilado... Sim, é assim que eu rezo todos os dias, do fundo do coração.” (Brentano: 194)
Pasmem, leitores! Até o Pai-Nosso Lutero inverteu! E Lutero volta-se mesmo contra seus antigos colaboradores, que o abandonaram e retornaram à Igreja. Assim, Witzel era uma “víbora ingrata”, Crotus não é mais que “um lambedor de pratos do arcebispo de Mayence” (Brentano:194)
O rebelde alemão ataca igualmente aqueles que discordavam de sua doutrina: “Oeckolampade, Schwenckefeld, Zwingli. Que ele trata desembaraçadamente de possuídos do diabo,arqui possessos, blasfemos, bocas mentirosas.” (Brentano:194)
É possível conciliar este Lutero com o personagem do filme? No filme não o vemos sequer levantar a voz, sequer dizer uma grosseria, sequer entristecer-se com seus inimigos! A indignação mostrada contra Tetzel é pouco, quase nada, perto do que vemos aqui! E para desmascarar também a aura de bondade luterana com relação às mulheres, lembremos apenas uma das indelicadezas do rebelde, dita a Catarina de Bora: "Arroga-te toda autoridade no lar, mas que meu direito aí permaneça intacto. O domínio da mulher jamais produziu alguma coisa de bom. Deus fizera Adão mestre e senhor na terra e tudo aí era perfeito quando a mulher surgiu para tudo transtornar; (...) (Propos de table, n. 1046)” (Brentano: 204)
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