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segunda-feira, 14 de maio de 2012

FILME "LUTERO" - 9. JOVEM SUICIDA: LUTERO CONCEDE-LHE SEPULTURA CRISTÃ



Índice do Filme Lutero

Um dos episódios mais interessantes do filme não se encontra nas biografias de Lutero: o episódio do jovem suicida, que Lutero enterra no solo sagrado da Igreja. Mesmo porque Lutero defendia atitudes até mais radicais nesse sentido. falando a pastores em Agosto de 1532: "Guardemos a Igreja por nossas prédicas, por uma pura doutrina, distribuindo os sacramentos. Quanto aos que não querem recebê-los nem aprender o catecismo, deixai-os rebentar como porcos, sem assisti-los na hora da morte; não consintais que sejam enterrados no cemitério; assim os amedrontareis e intimareis os outros" (Propos de table, n. 1735) (Brentano: 162)



Na verdade, nos parece que essa ficção luterana foi feita com uma intenção muito clara: transmitir de modo brando e menos escandaloso a doutrina do Servo arbitrio de Lutero.Seria difícil reproduzir os diálogos do monge rebelde, ou mesmo trechos do terrível livro do servo arbítrio, que afinal levava Lutero a dizer que nem Judas nem Adão tiveram culpa de seus terríveis pecados!



"Neste caminho [da predestinação] Lutero é obrigado a confessar que, conforme sua doutrina, Judas não podia deixar de trair Cristo. Se Judas devia necessariamente entregar Jesus, Adão no paraíso devia necessariamente comer a maçã" - também assim Lutero o reconhecia. Como acaba nessas condições a tese do pecado original e toda a doutrina luterana da corrupção, não somente da humanidade, mas da natureza inteira, pela falta de Adão, já que nosso primeiro pai não podia deixar de cometer esta falta? Ao que Lutero chega a esta bela conclusão: "Deus age sempre como um louco" (närrisch)." (Brentano: 111) 



Seria difícil fazer o herói Lutero reproduzir palavras tão duras como essas no filme! Também seria difícil colocar no moço bonzinho a conseqüência que ele mesmo tirava da teoria da predestinação: “Na predestinação, esquecemos Deus: o Laudate se transforma em Blasphemate." (Propos de table, no.1820) (Brentano: 156) 

E o que diriam os pacatos espectadores de Lutero, se lhes fosse apresentada a seguinte explicação de Lutero para a vontade humana: “O arbítrio humano, (...) se assemelha a uma sela de cavalo entre os dois [Deus e o diabo]. Se Deus monta na sela, a vontade do homem quer e age de acordo com a vontade de Deus... Mas se o demônio é o cavaleiro, o homem deseja e age conforme a vontade do demônio. Ele não tem forças para correr para um ou outro dos cavaleiros, e oferecer a si mesmo, mas os cavaleiros lutam para obter a posse do animal. (sic)” (Grisar: 300) 

Brutal, mesmo para nossos tolerantes dias, e para nossos passivos espectadores! E também não seria fácil passar a solução luterana para o problema da predestinação, que o rebelde colocou nos seguintes termos:"[Lutero] esconde arbitrariamente de si mesmo a predestinação ao inferno com seus horrores, mas insiste firmemente sobre a monstruosidade da predestinação absoluta à punição eterna (...) Ele sugere que nós simplesmente não devemos pensar nisso!" (Grisar: 302) 

E continua Grisar, mostrando como Lutero fundamentava sua teoria absurda: "Ele [Lutero] recorre a um misterioso Deus escondido, o qual, em Sua ilimitada majestade, deve ter outras normas que nosso senso de justiça humano possa conceber. A essência de Deus é de fato inescrutável. A afirmação do Apocalipse de que Deus quer a salvação de todos os homens, se aplica ao Deus revelatus no Evangelho de Cristo; mas há também um Deus escondido, um Deus absconditus, cujos decretos podem ser bem diferentes." (Grisar: 302) 

Veremos mais adiante como essa estranha concepção na verdade tinha uma base doutrinária muito sólida e muito conhecida pelo monge... Definitivamente, não era possível apresentar o servo arbítrio nem a predestinação luterana assim cruamente, sem um disfarce... Mas se não era possível apresentá-la assim, era preciso adaptá-la de alguma forma, pois não houve doutrina mais cara a Lutero, que chegou a dizer em 1537: “Eu não reconheço nenhum de meus escritos como genuíno, exceto o Servo Arbítrio e o Catecismo” (Grisar: 303) 

E confessando sua firme adesão a doutrina tão perversa: “Nenhum de meus livros, afirma em 1527, a Capito, é tão bem fundado como meu Servo Arbítrio” (Brentano, 157) 

Então, como mostrar essa doutrina de Lutero de forma branda, simpática? Nada mais fácil quando não se é comprometido com a verdade... : um jovem atormentado pela mentalidade punitiva da Igreja; um trabalho humilhante e explorador; um monge solidário com os sofrimentos do povo (Lutero, é claro!); e pronto: Lutero desafia o status quo, enterra o jovem na Igreja, fica de bem com os desesperados pais, e coloca toda a culpa no demônio! Nada como não ter compromisso com a verdade! Convém notar ainda como é no paganismo que Lutero busca parte dos argumentos a favor de sua tese absurda: “Deus é obrigatoriamente, um Deus sob cuja decisão tudo se realiza. Os próprios pagãos não atribuiriam a Júpiter uma vontade suprema que chamam Fatum (o destino)? Não reconheceram que nenhuma vontade humana pode subtrair-se a esse jugo eterno? O poder supremo de Deus, somado à sua presciência eterna, fazem desaparecer obrigatoriamente uma razão agindo livremente em nós. (De servo arbítrio, 1525)” (Brentano: 157) 

Contra Lutero disse São Tiago: "Ninguém, quando for tentado, diga: É Deus quem me tenta. Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência,depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte." (Tiago I, 13-15) 

Notem, prezados leitores, como a doutrina luterana é paganismo, como veremos ao final. Ele apenas usou a aparência de Cristianismo para abrigar-se, como fazem todos os hereges.

Índice do Filme Lutero

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