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terça-feira, 15 de maio de 2012

FILME "LUTERO" - 24. OS HINOS DE UM LUTERO PIEDOSO




Em primeiro lugar, é falsa a imagem de que a Igreja não possuía cantos piedosos, como insinua um personagem do filme que elogia os hinos de Lutero. O monge rebelde recebeu da Igreja sua educação musical, como ele mesmo afirmou:



“Nos dias do papado,” disse Lutero no final da vida, “havia excelentes canções.” 



E ainda:



“O canto litúrgico(congregational) floresceu antes da Reforma.” (Grisar: 8) 


 
O filme exalta os hinos de Lutero, mas não revela que o rebelde compôs apenas as letras, e que muitas das melodias já eram do cancioneiro popular e religioso alemão. O filme também não trata do caos litúrgico que se instalou na Alemanha após a liberdade de cerimônia dada por Lutero. Em vão ele tentou unificar os vários ritos, conforme ilustra o caso dos luteranos de
Livônia. (Grisar: 251) 

Brentano narra ainda – e com uma tolerância absurda – uma prática que mostra bem o desprezo pelo sagrado em Lutero, sua completa falta de piedade:

“Tem-se-lhe reprovado muito e veementemente o copo-catecismo. Um grande copo, marcado com três riscos: o 1º. A partir da borda superior – dizia Lutero – limitava o decálogo; o 2º. O Credo, o 3º. O Padre Nosso. Lutero estava à mesa com Agrícola, que será mais tarde seu violento adversário. De um trago o dr. Martim esvaziou o copo. Agrícola não conseguiu ir além do decálogo. – Bem eu te disse, replicou triunfante Lutero, que tu não chegarias nem mesmo ao Credo." (sic!) (Brentano: 209-210)

   
Todas as questões em ordem alfabéticas
Deve-se situar essa profanação de Lutero em seu contexto. Não é um fato isolado, mas um comportamento recorrente: Lutero quer tornar profano, comum, do uso vulgar, tudo aquilo que é santo. Já vimos como ele violou seus votos, e os votos da freira Catarina num casamento escandaloso. Vimos também como aceitou viver com Catarina no antigo mosteiro de Wittemberg, outro escândalo sem precedentes. Mas há um outro fato pouco conhecido e mais profanador ainda, que mostra a que ponto chega essa falsa religião anticristã: A descoberta da torre, onde Lutero teria tido a revelação fundamental de sua doutrina:

“Estando na torre, ele dizia, tinha ponderado as palavras: O justo vive pela fé. Seu espírito eleva-se e a conclusão brilha diante dele: Portanto, é a justiça de Deus que justifica e nos salva.” (Grisar: 108) 

Contra Lutero evidentemente se opõe o Apóstolo São Tiago:

"De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?" (Tg II, 14) e ainda: "Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta." (Tg II, 26) 

Mas prossegue o rebelde alemão, explicando exatamente de que lugar se tratava a tal torre do mosteiro de Wittemberg  “Aquelas palavras tornaram-se mais gratificantes para mim. Nessa cloaca (toilete) o Espírito Santo inspirou-me com essa apta interpretação.” (Grisar: 108).

A confissão foi captada por mais de um pupilo nos "Propos de table", embora muitos protestantes se sentiram depois constrangidos em reproduzir esse fato. O biógrafo luterano
Kawerau completa a descrição dessa passagem repetindo estas palavras inacreditáveis do rebelde: “(...) o Espírito de Deus é livre para agir em qualquer lugar, mesmo na cloaca.(sic!)” (Grisar: 109) 

Eis o reformador evangélico em toda sua crueza! Nele, o sagrado e o profano são nivelados – evidentemente – por baixo, pelo nível mais baixo. São fatos revoltantes como esses que fizeram com que São Francisco de Sales lançasse essa terrível sentença contra os protestantes: "Deus não está em sua Igreja” (Sales: 176)





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