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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

AS MÁS CONFISSÕES


Pelos exemplos de julgamentos que temos visto através dos depoimentos ao Movimento, sabemos que, logo depois da morte vem o Juízo Particular, onde a alma é posta diante de Jesus e tem aberto diante de si, o Livro da Vida. Este livro é como um filme, ao vivo e a cores, com a maior riqueza de detalhes, que mostra toda a nossa vida, desde a idade da razão, e não somente o ato pecaminoso em si, mas também a intensidade da malícia nele posta, o desejo ardente de cometer tal falta grave, e o nível de conhecimento que a pessoa tem em relação a ele. Tudo isso nos será mostrado – no caso dos pecados não confessados e já perdoados na boa Confissão – além do que, se no ato do cometimento houver uma pessoa ou mais como testemunha, isso estará “filmado” no Livro, de modo a não haver nenhuma dúvida. A Justiça divina é perfeita, absolutamente imparcial, e dela nada escapa, ninguém escapa.

Quando analisamos os casos acima, temos que ter em mente que todas estas seis pessoas, foram até o fim em sua teimosia, no fundo, insistiram em negar que aquilo fosse um pecado, ou sugerindo a Deus que as Penitencias e boas obras tivessem coberto aquele erro. Mas aqui fica bem claro que boas obras apenas não bastam para remir as faltas, nem quanto à culpa nem quanto ao dano causado por elas. No caso especial dos pecados graves, é absolutamente necessário que haja a Confissão sacramental, Confissão a um sacerdote, não existe alternativa, com o cumprimento pleno de todos os pré e pós-requisitos. Os pré-requisitos são o exame de consciência, o ato de contrição profundo e sem questionamentos ou desculpas, e o firme propósito de não cometer mais tais faltas, além, é claro de falar ao confessor assumindo o erro. O pós-requisito é o cumprimento integral da Penitência imposta pelo confessor.

Santo Afonso Maria de Ligório exerceu grande influência sobre a mariologia e a piedade mariana de nosso povo. É considerado um dos autores marianos mais lidos na Igreja, ao lado de S. Bernardo e S. Luis Maria de Montfort. Está na lista dos servos de Maria.


Olá Irmão e Irmãs que a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo e o amor de Maria estejam com todos vocês!
Está postagem tem 6 exemplos que vão nos levar a refletir sobre como se confessar, e também para termos o cuidado de não esconder pecados por vergonha.

AS MÁS CONFISSÕES

Para aqueles que pensam que entrar no Céu é muito fácil e lhes asseguram de que o inferno está vazio, que leiam o que segue. Pobres corações que rechaçam as graças sacramentais e assim se afastam do Senhor. Do livro de Santo Antônio Maria Claret, alguns exemplos de fatos acontecidos quando das Confissões, e sobre a forma segura de chegar ao Céu.
Neste momento, amado cristão, te proponho o caminho que deves seguir e o modo de poder te levantar, se por desgraça caíres, e isso através do Sacramento da Penitência. Este Sacramento exige sem dúvida muita disposição para acercar-se dele devidamente, porque, de outro modo, em lugar de levantar-te tu te fundirás a ainda mais iniquidade, acrescentando aos teus pecados o peso do sacrilégio. E assim, tendo confessado mal, se te aproximares da mesa Sagrada, ai de ti. Que outra maldade tu cometerias. Te farias réu do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, e atrairias sobre ti a condenação, como disse São Paulo. Afim, pois, de afastar-te de tão enorme delito, vou te dar alguns exemplos de vários estados, copiados de Santo Afonso Ligório, contidos em seu livro Instruções ao Povo.

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1º Exemplo __de um homem que fazia más Confissões, e depois, quando quis se confessar devidamente não pode, porque assim se expressa Deus quando diz: Me buscareis e não me achareis e morrereis em vosso pecado. Disse São Ligório que nos anais dos Padres Capuchinhos há o registro de um homem que era tido por uma pessoa de grande virtude, porém se confessava mal. Tendo caído em grave enfermidade foi advertido para confessar-se, e ele fez chamar certo padre ao qual disse de saída: Padre, disse que tinha decidido me confessar, mas agora não quero mais! E por que, perguntou, admirado, o Padre? Porque agora estou condenado, respondeu o enfermo, porque não tendo nunca confessado inteiramente os meus pecados, Deus agora me priva do benefício de confessar-me bem. Dito isso, começou a soltar terríveis rugidos, e enquanto sua língua se despedaçava dizia: Maldita língua, que não quiseste confessar os pecados quando podias. E assim, fazendo-se em pedaços esta língua e dando rugidos horríveis ele entregou sua alma ao demônio. Seu corpo se tornou negro como carvão e fazendo um rumor espantoso era acompanhado de um fedor insuportável.


2º Exemplo__de uma donzela, que morreu também, impenitente e desesperada. Conta o Padre Martim Del Rio, que numa província do Peru havia uma jovem índia chamada Catalina, a qual servia uma boa senhora que a induziu a ser batizada e a frequentar os Sacramentos. Ela se confessava amiúde, porém calava alguns pecados. Chegada ao transe da morte, ela se confessou nove vezes, porém sempre sacrílegamente, além do que, depois das Confissões, dizia para as amigas que havia escondido alguns pecados. Estas contaram isso para a senhora, que sabia muito bem que os pecados de Catalina eram da impureza. O confessor ficou sabendo disso e voltou a exortar a enferma que se confessasse de todos, porém Catalina se obstinou em não querer contar aquelas culpas ao seu confessor. Isso a levou a tal estado de desespero, que ela por fim disse ao Padre: Padre, deixa-me, não insista mais perdendo seu tempo, e voltando as costas para o confessor, começou a cantar cantos profanos. Quando ela estava expirando, suas companheiras pediram ainda que tomasse o crucifixo, mas ela respondeu: Que Crucifixo? Não quero saber de Crucifixo! Não o conheço e nem quero conhecer! E assim morreu! Naquele mesmo instante começaram a soar tais ruídos e se sentiu tanta fetidez na casa, que a senhora se viu obrigada a mudar de casa. Mais tarde Catalina apareceu a uma de suas amigas dizendo que estava no inferno devido às más Confissões.


Resultado de imagem para ERMITÃO3º Exemplo__ o de um jovem, o qual deixa ver claramente aquele princípio: ou Confissão ou condenação para aquele que pecou gravemente. E que não adianta nenhuma boa obra ou penitência diferente, se não houver a Confissão. As obras de nada servem para sair do estado de culpa grave, a não ser que se tenha um desejo ardente, profundo e verdadeiro de confessar-se, sem isso não há perdão. O motivo é evidente: o pecado mortal tem uma malícia infinita. Então para curar esta chaga infinita é absolutamente necessário um remédio também infinito. Este remédio são os méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que são aplicados por meio dos Sacramentos. Disso resulta que, podendo-se receber os Sacramentos, mas não se recebe, jamais se alcança o remédio, como desgraçadamente aconteceu com um infeliz chamado Pelágio.

Conta uma crônica de São Benito que certo ermitão chamado Pelágio, que tinha sido posto por seus pais a cuidar do gado, todos lhe chamavam santo, e assim viveu por muitos anos. Mortos os seus pais ele vendeu todos aqueles parcos haveres que lhe haviam deixado, e se fez ermitão. Mas certa vez, por desgraça, ele consentiu em um pensamento de impureza. Caído em pecado, ele caiu num abismo de melancolia muito profunda, porém desejava confessar apenas para não perder aquela aura de santidade. Durante esta obstinação, passou por ele um peregrino que lhe disse: Pelágio, confessa-te que Deus te perdoará e recobrarás então a paz que perdeste, e desapareceu. Depois disso, Pelágio resolveu fazer muitas Penitências por seu pecado, porém sem confessá-lo, lisonjeando-se de que Deus o perdoaria sem a Confissão. Entrou em um monastério, onde foi bem recebido por sua fama de santidade, e ali levou uma vida austera, mortificando-se com jejuns e Penitências duríssimas. Chegando finalmente a hora da morte, ele se confessou pela última vez, mas, mais uma vez, tendo a vida toda deixado de confessar seu pecado, obstinou-se nele até a hora de sua morte. Recebeu o Santo Viático, e veio a ser sepultado com o conceito de um grande santo. Na noite seguinte, o sacristão encontrou o corpo de Pelágio sobre o túmulo. Ele o sepultou novamente, mas sempre na segunda e na terceira noite após, o cadáver aparecia insepulto, de modo que o sacristão avisou ao Abade, o qual, unido aos monges disse: Pelágio, tu foste obediente na vida, obedece também depois da morte: é por acaso a divina vontade que teu corpo seja posto em algum lugar especial? Ao que o defunto, dando um gemido espantoso respondeu: Ai de mim, que estou condenado por uma culpa que deixei de confessar. Olhe, Abade, meu corpo! E no mesmo instante ele se transformou em um cão incendiado, que se incandescia horrivelmente, ao ponto de que todos trataram de fugir. Porém Pelágio chamou o Abade para que ele tirasse de sua boca a última partícula consagrada que ele havia recebido, e ainda ali estava. Dito isso ele pediu que o corpo dele fosse retirado do lugar sagrado da Igreja e jogado numa lixeira, o que foi feito.


4º Exemplo__ o da filha do Rei da Inglaterra. Este caso é muito semelhante ao anterior. Se refere assim o Padre Francisco Rodriguez, que na Inglaterra, quando ainda predominava a religião católica, o rei Auguberto tinha uma filha de rara formosura, que foi pedida por muitos príncipes. Perguntada pelo pai se desejava casar-se ela respondeu que havia feito voto perpétuo de castidade. Seu pai pediu que ela pedisse de Roma a dispensa do voto, mas ela permaneceu inflexível, dizendo que não desejava outro esposo que não fosse Jesus Cristo. E pediu ao seu pai que a deixasse levar uma vida retirada e solitária, e como seu pai a amava muito, tratou de não desgostá-la, lhe assegurando apenas uma pensão de acordo com a conveniência. Logo que chegou ao seu retiro, ela se dedicou a uma vida de jejuns, orações e Penitências. Frequentava os Sacramentos e se dedicava a servir os enfermos em um hospital. Levando tal modo de vida, mesmo sendo jovem ela caiu enferma e veio a falecer. Certa senhora que havia sido sua aia, estando em oração uma noite, ouviu um grande estrépito, e viu uma alma na figura de uma mulher, em meio ao fogo, e encadeada por muitos demônios, a qual disse: Precisas saber que sou a desditosa filha de Auguberto! Como, lhe perguntou a aia, tu condenada, depois de lavar uma vida santa? Justamente estou condenada por minha culpa. Precisas saber que quando jovem eu gostava de um dos meus pajens, por quem tinha grande afeição, e a quem eu pedia que lesse para mim. Uma vez, este pajem, depois da leitura, me tomou pela mão e me beijou. Depois disso começou a tentar-me o demônio, até que finalmente eu caí e ofendi a Deus. Fui confessar-me e comecei a falar o meu pecado, mas meu confessor me interrompeu dizendo: Como? É isso que faz uma rainha? Então, por vergonha, lhe disse que havia sido um sonho! Depois disso comecei a fazer Penitências e a dar esmolas a fim de que Deus me perdoasse, porém sem me confessar. Quando estava para morrer disse ao confessor que eu havia sido uma grande pecadora, mas ele me falou que deveria me desfazer daquele pensamento como fosse uma tentação e depois disso expirei e agora me vejo condenada por toda a eternidade. Dizendo isso desapareceu com grande estrondo que parecia fazer ruir o mundo, deixando naquele aposento forte mau cheiro, que durou por muitos dias. Se esta infeliz mulher se houvesse devidamente procurado o Sacramento da Penitência, agora estaria no Céu cantando louvores ao Senhor. Mas agora, por causa de sua depreciável e maldita vergonha, serve agora de tição no inferno. E quantas pessoas existem em todos os lugares e condições que hoje experimentam igual castigo, porque não acorrem contritas a este Sacramento.


5º Exemplo__ de uma mulher casada, também um caso parecido com o anterior, e a ele também se refere São Ligório. Conta o Padre Serafim Razzi, que em uma cidade da Itália havia uma nobre senhora, casada, que era tida por santa. Ao ponto de morrer, ela recebeu os Sacramentos, deixando para trás a fama de ser uma grande santa, por suas virtudes. Sua filha, porém, rogava incessantemente pelo descanso de sua alma. Certo dia, estando a filha em oração, ouviu um forte ruído na porta. Voltou o olhar para lá e viu a horrível figura de um porco de fogo, que exalava um odor putrefato, e tal foi seu horror que ela quis fugir pela janela, mas foi detida por uma voz que lhe disse: Filha te detém, eu sou tua desventurada mãe, a quem tinham todos por santa. Mas pelos pecados que cometi com teu pai e que por vergonha nunca confessei, Deus me condenou ao fogo do inferno. Não rogues mais a Deus por mim, porque assim me provocas tormento ainda maior. E dito isso, bramindo, desapareceu!
Talvez amado cristão tu perguntarás: É possível que uma alma condenada apareça? A isso te responderei que sim e para tirar qualquer dúvida que explico as razões. Me escuta, pois, e vamos por partes! Tu bem acreditas nas Escrituras e no Credo? Certo que sim, me dirás, ou do contrário te diria que és um herege. Pois das Santas Escrituras e do Credo, consta que nossa alma é imortal. A Razão natural nos está clamando que é preciso que nossa alma sobreviva ao corpo, para que possa receber de Deus o castigo por seus pecados, que não recebeu neste mundo. Ou o justo e merecido prêmio por suas virtudes, ou Deus não seria justo. E isso se apresenta tão claro, que mesmo Rousseau o confessou dizendo: Ainda que não existisse outra prova da imortalidade de nossa alma que o triunfo do mal e da opressão aqui na terra sobre a virtude, somente isso me tiraria qualquer dúvida que pudesse ter sobre ela.
Também sabes e acreditas, segundo o Credo, na Remissão dos pecados, o que quer dizer que, por muitos que sejam os pecados que uma pessoa tenha cometido, se ela se confessa bem de todos sem exceção, todos lhe são perdoados. Porém se a pessoa morre sem haver confessado, ainda que seja um só pecado mortal, pode vir a ser condenada eternamente. Assim como a bem ordenada justiça terrena – que é uma participação da justiça do Céu – tem cárceres e suplícios para castigar os malfeitores, também a justiça do Céu tem os cárceres e suplícios no Purgatório e no Inferno para os que morrem em pecado e não de todo purificados, ou obstinados no mal até o fim.

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Postos estes princípios valhamo-nos de uma semelhança: Tens visto ou ouvido que vez por outra o juiz e o tribunal decretam que um dos prisioneiros seja exposto a vergonha e que outro seja açoitado publicamente? Acaso não ficam envergonhados e atentos os outros presos, ou os habitantes da cidade ou de qualquer lugar do mundo, diante de que passou aquele outro? Aplica agora isso agora esta semelhança: Deus Nosso Senhor, Juiz Supremo e dono absoluto dos vivos e dos mortos, em qualquer tempo, pode ordenar, e algumas vezes tem ordenado, que alguns dos encarcerados nas masmorras do inferno, para sua confusão e escarnecimento, também para utilidade nossa, saiam deste cárcere e apareçam, conforme o fim para o qual Ele lhes manda aparecer. E quando aparecem não é necessário que todo mundo os veja, basta que alguns dos que viram participem depois aos demais, para que, abrindo suas cabeças estreitas ponham um grande e muito especial cuidado em não fazer más Confissões, e para que, por meio de uma Confissão geral, acompanhada de verdadeira dor e firme propósito, se emendam e refaçam novamente todas as Confissões mal feitas, para não terem que experimentar depois a mesma desgraçada sorte. Este é o fruto e a utilidade que deves tirar deste e de outros exemplos.


6º Exemplo__ de uma senhora que por muitos anos caiu na confusão do pecado desonesto. Se refere São Ligório, e mais particularmente o Padre Antonio Caroccio, que isso se passou no país onde vivia esta senhora muito religiosa, mas ela sempre esperava um padre confessor forasteiro, e pediu a um deles que a ouvisse em Confissão, e assim se confessou. Assim que o sacerdote partiu, ele confessou a um amigo que quando confessava aquela senhora, lhe saíam da boca muitas cobras, e que uma serpente enorme havia saído da boca e lhe mostrado a cabeça. Assim que esta serpente retrocedeu na boca, ele pode ver que dali saíam novas serpentes.
Suspeitando o confessor de que aquilo tinha algum significado, voltou ao povoado e à casa daquela senhora, e lhe disseram que no exato momento em que ele pisou na sala ela havia caído fulminada. Por três dias seguidos eles jejuaram e rogaram a Deus suplicando ao Senhor que lhes manifestasse aquele caso e ao terceiro dia apareceu a infeliz senhora, condenada e montada sobre um demônio em figura de um dragão horrível, com serpentes enroscadas no colo, que a sufocavam e devoravam seus seios. Havia uma víbora com cabeça de sapo no lugar dos olhos, também tinha flechas de fogo lhe saindo pelas orelhas, chamas de fogo lhe saindo da boca e ainda dois cachorros raivosos que lhe mordiam e comiam as mãos.
Então dando um espantoso gemido ela disse: Eu sou aquela desventura senhora que o senhor confessou faz três dias. E na medida em que eu ia confessando, me saiam animais imundos da boca e aquela serpente que seu companheiro viu sair de minha boca, era a figura de um pecado desonesto que eu sempre havia escondido por vergonha. Eu queria tê-lo confessado com você, porém não me atrevi, e por isso o retornei para dentro de mim com os demais que já haviam saído. Cansado de tanto esperar por mim, Deus me levou de repente e me precipitou no inferno, onde estou sendo atormentada por estas figuras de horríveis animais. A víbora me atormenta a cabeça por causa da minha soberba e demasiado cuidado em compor meus cabelos. Os sapos que me fecham os olhos são devido aos meus olhares lascivos. As flechas incendiadas que me castigam os ouvidos, são pelo fato de eu me haver dedicado a murmurações, a palavras e canções obscenas. O fogo que abrasa minha boca é por causa das murmurações e dos beijos torpes que dei. Tenho estas serpentes enroscadas no colo e que me comem os seios, por havê-los mostrado de modo provocativo em meus vestidos decotados. Os cães que me comem as mãos, são devido às maldades que cometi. Porém o que mais me atormenta é este pavoroso dragão em que estou montada, porque ele me abrasa as entranhas, e se deve aos meus pecados da impureza. Ah, e já não existe remédio ou misericórdia para mim, senão tormentos e penas eternas. Ah, as mulheres, tornou ela, quantas se condenam por quatro gêneros de pecados: por pecados da impureza, por causa das joias e adornos, por causa de feitiçarias e por esconder seus pecados na Confissão. Os homens se condenam por toda classe de pecados, porém as mulheres, principalmente por estes quatro. Dito isso se abriu a terra e se fundiu com esta desditosa sumindo no profundo inferno onde padece e padecerá por toda a eternidade.
Reflete agora, cristão, e entende como Deus Nosso Senhor mandou esta infeliz senhora sair do cárcere do inferno, e fê-la passar ainda por esta vergonha, para que os mortais saibam da morte que os espera se pecarem da mesma forma, e não se confessarem bem. Oxalá tires tu, da leitura deste exemplo o fruto que muitos já tem tirado, fazendo uma boa Confissão e emendando-te completamente. Um autor disse que este caso já converteu mais pessoas que duzentas quaresmas. O missionário Padre Jaime Corella fez o voto de pregar este fato em todas as suas missões, e sempre retirava dele grande proveito pelas conversões que causava entre os fiéis. Também houve um Bispo que estabeleceu um mandato, de que de tempos em tempos este caso fosse lido na Igreja. Mas ai de ti se não tiras proveito disso! Ai de ti se não confessas todos os teus pecados. Ai de ti se, mal preparado, vais receber a Sagrada Eucaristia! Melhor fora não teres nascido.
Agora se pode perguntar! Por que tais pessoas, que pareciam tão boas cristãs, foram parar no inferno? Dois videntes, Marino e Glória Polo, que voltaram do Senhor, ambos foram ao Céu, mas também viram o inferno, e eles contam que os pecados são demônios, ou seja, são pessoas, seres que quando pecam se relacionam com eles, ou seja, o demônio da luxúria os faz pecar e os mantem atados a ele, deixando a nossa alma desfigurada e dando-nos aspecto parecido ao dele. Ao passo que numa boa e santa Confissão Jesus nos lava com Seu Sangue e corta toda a relação com os demônios, tal como éramos lavados quando bebês. Por isso a pessoa se sente tão livre porque se Deus perdoa já não existe mais a mancha do pecado, que se perdoado desaparece completamente de nossa alma.
Disse São Jeronimo: Se o paciente tem vergonha de mostrar sua ferida ao médico, a medicina não pode curar aquilo que ela ignora. Ou seja: se não confessas ao Padre os teus pecados, ele não te pode perdoar. No Coração da Mãezinha, se pede divulgar isso ao todos, para adverti-los deste grande perigo.
(Fim)


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OBS: São exemplos tirados dos santos, e por serem santos certamente seu testemunho se tornam ainda mais verdadeiros. Eu sempre tenho afirmado que, depois de ter ouvido tantos casos parecidos em nosso trabalho, e depois de ter analisado vidas de pessoas que conheci, e que se perderam – infelizmente já são nove ao todo – o pecado maior, o mais horrível, e no fundo se pode dizer o ÚNICO que leva uma alma para o inferno é aTEIMOSIA. Falo da teimosia aberrante, decidida, incontornável, resoluta, bestial, furiosamente encalacrada numa alma ESTÚPIDA, coisa maligna que a faz resistir na conversão até no fim da vida, até na hora do julgamento particular. Nem Deus pode com uma criatura obstinada no mal assim! Que tal um homem que, em vida, é tão teimoso, tão maligno, que se planta diante de um pé de fruta, mirrado, quase seco e sem frutos e vai até a morte dizendo que aquela coisa vale mais do que um automóvel, e zero quilômetro? Um sujeito assim é capaz de negar os mais torpes pecados!
Resultado de imagem para justiça imparcial e nada lhe escapaMesmo assim,sei que muitos farão a mesma pergunta: e quanto aos milhões de católicos – e de outros credos naturalmente, que morrem súbitamente, ou sem haverem se confessado e recebido a Unção dos Enfermos? A primeira resposta nos vem de São Bernardo, quando afirma que: entre o momento da morte e a eternidade, existe ainda um abismo de misericórdia. Bendito momento este, e vou explicar. Toda a morte que é estabelecida pela ciência ou medicina humana, nem sempre coincide com a morte real, aquela decretada por Deus. Pode levar cinco minutos ou até meia hora, que muitas vezes Deus concede para tais almas, tempo de verem seu Livro, de meditarem e de se arrependerem de suas faltas. Tais almas têm então mais uma chance, que sempre é concedida por Deus ao pedido das pessoas que rezam por ela, pelo mistério da Comunhão dos Santos. De fato a maioria se salva desta forma, digamos, quase em merecer. Vejam que as almas dos exemplos acima não tiveram a graça da contrição final porque ninguém intercedeu por elas, uma vez que em vida eram tidas por pessoas santas.
Há casos tais em que Jesus, além de mostrar o Livro da Vida, com todas as provas dos pecados de tal pessoa, e mais ainda mostrar o Purgatório onde a pessoa deveria passar algum tempo e depois mostrar o Céu onde ela ficaria depois de purificada, e também mostrar o inferno para onde a pessoa está fadada a ir se não aceitar que pecou e não cair aos pés de Jesus, ainda assim, existem almas tão obstinadas no mal, tão aferradas aos seus falsos conceitos errôneos, tão enraivecidas contra Deus porque não cumprem os seus desejos, tão embrutecidas em torno da falsa doutrina e dos falsos conceitos que firmaram para si em vida, que mesmo vendo e sentindo o furor das chamas infernais, nele se atiram, livre e decididamente. Coisas assim são inexplicáveis à luz da razão e adentram no mais profundo dos mistérios da alma humana. E que negras almas existem!
O fato é que há pessoas com tal orgulho, tal inveja, tal teimosia aberrante, que se tornam em réprobos, e se destinam a si mesmas à perda eterna, num ato estúpido de tal profundidade que supera em muito a todas as loucuras juntas. Nisso se verifica, que todo aquele que cai no inferno, vai por livre, decidida e plena vontade, sem que possa colocar culpas no tentador, ou em Deus, sem que possa colocar a culpa em outros, sendo uma decisão irrevogável, sem efeito de pressão, indução ou tentação, contra a qual nem mesmo Deus pode. É como se Jesus dissesse a esta alma infeliz: dou-te o Céu absolutamente de graça e sem mérito algum de tua parte, mas a alma diz decidida: não quero o Teu Céu, porque Te odeio!
Então pergunto: dá para entender uma atitude assim? Ver o inferno e se atirar nele? Nos exemplos acima, alguns tiveram mortes fulminantes, e para as quais não houve tempo de contrição, exatamente porque tendo tido inumeráveis chances em vida, literalmente desprezaram todas, e desta forma, Deus que as conhece bem, sabe que irão até o fim na obstinação de sua falta, e mesmo que lhes mostre o inferno e dando chance de evitá-lo, elas acabam se atirando nele. Uma pessoa que se confessa nove vezes e ainda vai gozar das amigas dizendo que escondeu de propósito alguns pecados ao padre, o que merece? Este é um pecado contra o Espírito Santo, porque faz pouco caso da divina misericórdia. É literalmente a rejeição da Cruz! É blasfêmia!
Um dos grandes efeitos de perda eterna, que leva muitas almas ao abismo, é este da busca de preservar a imagem, esta falsa aura de santidade. Tais pessoas simplesmente negam que cometem pecados, ou os fazem escondidamente, conservando diante de todos, uma pose imaculada, e assim se vão mergulhando numa pretensa santidade, que acaba por levá-los à morte eterna. Para jamais cair neste ardil diabólico, é preciso que nos façamos pecadores extremos, que aceitemos qualquer falta, por mínima que seja, como tendo cometido um pecado gravíssimo, porque diante da Santidade do Pai, até mesmo uma falta leve, diante de Seu Espelho Puríssimo, parece um monstro de feiura. Vai neste sentido, também, nunca tentar eximir-se de culpa, ou colocar a culpa nos outros, sempre assumindo toda a culpa, ainda que não se tenha. Só isso evita uma Confissão mal feita!
Já mostramos também, em outros artigos, que embora pareça em algum dos exemplos acima que o demônio teve participação ou “culpa” pela perda eterna de tais almas, na realidade não é bem assim. De fato, nunca houve, nem haverá uma só alma que, depois de ter se perdido eternamente poderá alegar que foi por culpa de demônio, porque absolutamente todos os seres humanos, junto com seus anjos da guarda, são muito mais poderosos que os agentes infernais, de tal forma que – por questão de justiça e verdade – se pode afirmar que, até hoje, jamais alguém foi para o inferno por amor ao diabo. Lúcifer jamais terá este “gosto”, de que alguém se perdeu por adorá-lo.
Ou seja: se todos os demônios, depois de caídos, tivessem ficado no inferno, sem tentar os homens, sem buscarem tão tenazmente leva-los à perdição, no final de tudo, estariam no inferno, exatamente todas e as mesmas almas que lá caíram, sem exceção ou falta de uma só. Disso se deduz que o Amor Infinito de Deus trabalha em nosso favor, de tal forma que, os demônios ao nos tentarem, na realidade e em última análise, trabalham para nosso bem, para que cresçamos em graça e santidade, justamente ao vencermos as tentações. De fato, que mérito haveria se não tivéssemos que lutar contra estas potestades infernais e estes demônios dos ares e da terra? Sem eles não conseguiríamos acumular graças, nem méritos, que nos serão conferidos por toda a eternidade.
Mas este é justamente o castigo mais espantoso que os demônios podem ter, além, é claro, de serem privados eternamente da presença de Deus, o Sumo Bem. Saber que trabalham na realidade para o bem dos filhos e filhas de Deus, saber que são escravos de sua aberrante, mas livre obstinação no mal, saber que só contribuem para o crescimento daqueles que intentam fazer perder, tudo isso os exaspera e enfurece. Mais do que isso, todo este esforço ensandecido deles em fazer perder as almas, na realidade resulta em sempre mais dores e tormentos que acumulam sobre si. De fato, se nós podemos crescer em graças e bem ao vencê-los, eles, ao lutarem pelo nosso mal, só podem acumular tormentos e suplícios sobre si, que durarão por toda a eternidade. Enfim, Lúcifer acumula sobre si os tormentos de todos!
Então, podemos dizer que o caminho da salvação passa não somente pelo Sacramento da Confissão a um sacerdote, como se precisa reforçar, por boas, santas e completas Confissões, sem esconder nada. Quando a Igreja diz que somente através dela se consegue a salvação, é porque se refere aos Sacramentos, que nenhuma outra religião, credo ou seita tem. Desta forma jamais se poderá aceitar qualquer tipo de ecumenismo, que não vise única e exclusivamente a admissão de todos em torno da Única verdade, da Única Igreja que salva, porque somente ela tem os Sacramentos que são os caminhos de salvação. As outras não são caminhos, mas trilhas, becos sem saída!
Qualquer tipo de união das diferentes religiões, credos e seitas, que se se firme na premissa de que “todas as religiões salvam, porque cada uma tem parte da verdade” não deve ser aceita, porque Deus não se reúne na mentira, nem discute com satanás. Eis a verdade: tudo, absolutamente tudo, sem exceção de um só quesito item ou conceito, regra ou lei, mandamento ou doutrina, que seja necessário para a salvação de uma alma, sempre esteve, só está, e sempre estará unicamente com a Igreja Católica Apostólica Romana, Una e Santa, e com nenhuma outra mais. O que, possivelmente algum deles poderá alegar de bom, único, útil ou necessário, sempre já esteve na Igreja de Jesus, a Católica.
Por isso, que ninguém aceite qualquer regra que proíba ou mesmo torne desnecessária a Confissão a um sacerdote, nem aceite qualquer regra, mudança, ou alteração na Santa Missa, algo que a transforme em uma espécie de “ceia”, ou a aproxime ou confirme unicamente no rito protestante, ou neocatecumenal. Se vierem com uma conversa melíflua, mas venenosa dizendo que “Deus é um só e o mesmo”, ou ainda “porque ninguém deve ser excluído do banquete”, ou porque “Deus está no pão, como está em toda parte”, enfim porque “Jesus nos pede a unidade”, fujam disso. Quem aceitar isso estará participando da grande abominação predita por Daniel, e será alvo da ira divina. Se mudarem as palavras chave, ou se não mais realizarem a consagração do pão e do vinho conforme o Missal atual – Isto É Meu Corpo – Isto É Meu Sangue – fujam daquele recinto, porque estarão participando de um banquete com satanás, não mais do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor.
Enfim, permaneçam alerta contra qualquer tipo de proposta de um congresso ou concílio que vise a união de todos os credos, numa só religião universal, moderna, porque não será uma união na verdade da Igreja Católica, e sim na mentira de satanás. Ainda que tal atitude pareça ser algo bom e querido por Jesus, Ele jamais aceitará uma união que não se faça em torno da obediência cega, absoluta, perfeita, irrestrita e sem contestação da doutrina católica, que Ele ensinou. Qualquer coisa fora disso não será ligada no Céu, ainda que todos os cardeais, bispos e papas unidos assim o decidam. E isso, com absoluta certeza, as seitas outras coisas e os credos tantos, os deuses muitos não aceitarão: eles querem que a Igreja se contradiga em alguma coisa, para então derrubar todo o resto. O que se tem visto foi sempre a Igreja ceder, eles jamais. O caminhar deles é para satanás, e atrás dele o povo de Jesus não vai. Que cada um use de seu discernimento.
Como viram, os nossos santos e preciosos Sacramentos são o alvo do maligno, porque uma vez destruídos ou descaracterizados, fecham-se os caminhos de salvação das almas, especialmente Confissão e Eucaristia. Já existe a traição da aceitação do batismo de certos credos, batismos não ligados no Céu – e isso um dia nosso clero verá – porque o verdadeiro Batismo é de remissão dos pecados e filiação divina, enquanto as seitas o aplicam como sinal – porque não acreditam na remissão dos pecados – e batismo de filiação ao credo ou seita, é de adesão a um pastor. Ou seja, vivem como pagãos, e porque “desejaram” um Batismo válido, Jesus os batiza na hora da morte.
Nós sabemos que, infelizmente, estas coisas acontecerão, e a maioria de um povo cego e enfeitiçado acabará por aceitar tudo como normal, porque não serão mudanças drásticas, mas através de palavras capciosas, ardilosas, que parecerão deixar tudo igual, quando será um ardil maligno. As profecias, desde os séculos, nos avisam que a Missa será mudada, para agradar aos protestantes. Ora, para agradar aos protestantes, somente eliminando o Dogma da presença real e Viva de Jesus, negando a transubstanciação, porque eles não acreditam. A imensa maioria dos sacerdotes, por medo, por covardia, ou ainda por acreditar mesmo que deve ser assim, acabará aceitando e praticando esta abominação ecumênica. Isso até que lhes advenha o pré-aviso, e o grande alerta mundial.
Até lá, procuremos todos fazer boas e santas Confissões. Procuremos estar sempre perto e atentos aos bons e santos sacerdotes que celebram com amor, e validamente. A Confissão nos dá o estado de graça e a Eucaristia recebida neste estado, nos dá a pertença completa a Deus. Então Ele terá absoluta liberdade de agir em nosso favor, e nenhum mal nos atingirá. Pela oração conseguiremos a fortaleza necessária para vencermos estes tempos maus que nos chegam muito rapidamente, especialmente pelo Rosário em família, porque Maria nos guiará ao porto seguro que é o Coração Sacratíssimo de Jesus.
Para terminar, digo que noutro dia pensei assim: nós honramos os Corações de Jesus, de Maria e até de São José, e me perguntei se acaso o Pai Eterno não tem também um coração? Se Ele tem, por que não honrar também este Coração Amantíssimo, especialmente neste tempo atual? E me veio a seguinte jaculatória:
__CORAÇÃO AMOROSO DO ETERNO PAI...
__SEDE NOSSO ABRIGO NESTE TEMPO FINAL.
Que tal a incluirmos em nossas orações?
(Aarão)



terça-feira, 29 de agosto de 2017

CORPOS INCORRUPTOS - O QUE DEVEMOS SABER SOBRE ELES

Corpos incorruptos, embalsamados e múmias naturais: tem diferença!

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    Corpos incorruptos, embalsamados e múmias naturais: tem diferença!
    “Transformem essa forma decadente em Mumm-Há! O ser eteeeeeeeernooooo!”. A múmia mais célebre da TV sabe o quanto é difícil manter um corpinho de defunto em forma. Sua mandinga revitalizadora alcança razoável nível de sucesso, mas tem efeito transitório, e Mumm-Ha sempre volta à decrepitude. Como vemos, morto permanecer lindo e cheiroso por séculos a fio, só milagre... E isso na Igreja Católica tem de sobra! São os corpos de santos incorruptos!
    O QUE É UM CORPO INCORRUPTO?
    Os corpos de santos (ou partes de seus corpos) expostos ou guardados em nossas capelas e igrejas podem estar preservados por um desses três fatores:
    • milagre;
    • tratamento químico (embalsamamento ou outra técnica);
    • mumificação acidental natural (pela secura extrema do ambiente ou outros fatores).
    O corpo miraculosamente incorrupto é aquele que foi encontrado intacto anos após o seu sepultamento. Não pode ter sido submetido a técnicas de preservação química, e seu estado não pode ser explicado por condições naturais do ambiente.
    Os casos de corpos incorruptos são numerosos entre os santos católicos. Não são prova de santidade – pois grandes santos tiveram seu corpo completamente decomposto – mas certamente são um belo sinal de Deus, e têm seu peso nos processos de beatificação e canonização.
    corpo_padre_pio
    Seguindo essa definição, podemos afirmar, por exemplo, que o venerável corpo de São Pio de Pietrelcina NÃO ESTÁ INCORRUPTO, como tantos acreditam. É verdade que, ao ser exumado, o corpo foi encontrado em bom estado de conservação – o que pode ser explicado pelo caixão triplo e outras condições do túmulo – mas já apresentava marcas relevantes de decomposição.

    O porta-voz dos capuchinhos, Frei Antonio Belpiede, informou à imprensa o parecer da equipe médica que trabalhou na exumação do corpo do santo: “O corpo está bem conservado apesar dos 40 anos de sua morte. Os ossos estão bem ligados, ainda existem tecidos em volta deles; porém, não existe nada de extraordinário ou miraculoso".
    Talvez o Frei Belpiede tenha exagerado ao dizer que não havia “nada de extraordinário ou miraculoso" em relação ao corpo de Padre Pio. Um fenômeno incomum chamou a atenção dos médicos: não se verificou mau-cheiro ao abrir o caixão, apesar da grande umidade.
    Antes de expor essa comovente relíquia aos fiéis, na igreja de San Giovani Rotondo, os especialistas cobriram o rosto do santo com uma máscara de silicone e trataram o corpo quimicamente, para impedir a sua deterioração. É um corpo parcialmente decomposto que está sendo preservado por intervenção de técnicas humanas.
    A PRUDÊNCIA DA IGREJA
    Há uma porção de sites católicos divulgando fotos de corpos de santos, garantindo que se tratam todos de corpos incorruptos. Muitos o são, de fato, mas nem todos. Na verdade, alguns são somente múmias ressequidas por algum fenômeno natural, outros passaram por algum processo de embalsamamento antes de serem sepultados. E alguns, ainda, são apenas imagens de cera contendo relíquias - como é o caso do Beato Sánchez del Río.
    beato_sanchez
    É claro, a visão desses corpos é cativante e impressiona, mas um pouco de ceticismo é bom para a fé. Ser cético não é duvidar por orgulho ou falta de simplicidade do coração, é pedir motivos razoáveis para crer. A PRUDÊNCIA para com qualquer suposto fenômeno sobrenatural é parte integrante da fé católica. A fé, ao contrário do que muitos pensam, não abre mão da razão.
    Um exemplo recente dessa prudência ocorreu em 2001, quando o corpo de São João XXIII foi exumado, e encontrado intacto 38 anos após a sua morte. Os fiéis mais empolgados logo gritaram “milagre!”, mas o Vaticano esclareceu que não havia nada de sobrenatural no fato. Segundo a Rádio Vaticana, o corpo do papa não foi embalsamado, mas recebeu um tratamento químico para ser preservado da decomposição.
    CORPOS INCORRUPTOS DE OUTRAS RELIGIÕES? #MilagreFail
    monge_itigelov
    Tentando desprezar ou diminuir esse milagre, muitos dizem que o fenômeno dos corpos incorruptos não é exclusivo dos santos católicos, e acontece também a membros de outras religiões. Não é bem assim... Na verdade, o que vemos por aí são alguns poucos casos de múmias ressequidas - os primos do Mumm-Ha - ou de corpos que passaram por algum processo intencional de preservação.

    Um dos casos mais famosos e recentes é o do Lama Itigelov, que teria alcançado a auto-mumificação por meio da sua vida ascética. Ele foi exumado em 2002, e estava em bom estado de conservação. O que poucos dizem é que o relatório de um patologista presente na exumação observou que o corpo tinha um alto nível de sais de bromo. É claro: cumprindo com um dos últimos desejos de Itigelov, seu corpo tinha sido enterrado embalado em água salgada, um desidratante utilizado há milênios para preservar a carne.
    Além disso, Itigelov  usou uma técnica chamada sokushinbutsu, que consiste em uma série de procedimentos que, por efeito puramente físico e nada sobrenatural, levam à morte e mumificação (sim, é uma forma de suicídio). O sokushinbutsu foi praticado por séculos por alguns monges budistas, até ser proibido pelo governo do Japão, no século XIX.
    O CORPO INCORRUPTO MAIS CÉLEBRE
    Entre os numerosos casos de corpos de santos incorruptos, o mais famoso é o de Santa Bernadette, a vidente de Lourdes. Trata-se de um fenômeno ricamente documentado. Está exposto em uma urna de cristal na capela do convento de Saint-Gildard, na cidade de Nevers, França.
    Trinta anos após o velório da santa, em 1909, foi realizada a primeira exumação, com a presença de autoridades médicas. Os doutores Ch. David e A. Jordan atestaram que o corpo estava intacto, havendo apenas rigidez cadavérica. Outra exumação foi realizada dez anos depois, quando o Dr. Comte atestou que o corpo permanecia intacto, mas praticamente mumificado. O perito retirou duas costelas e um pedaço do diafragma como relíquias, a pedido do bispo. Em 1923, foi realizada uma terceira exumação, em que o médico retirou mais relíquias. O Dr. Comte verificou, então, que o fígado da santa estava macio e em prefeito estado, o que realmente não é normal.
    Como os olhos e nariz da santa estavam encovados e a pele escurecida, foi colocada uma máscara de cera sobre o rosto e mãos. E assim ele permanece até hoje, em exibição (foto abaixo). Então o que vemos na verdade não é o rosto da santa, mas a máscara de cera sobre sua face.
    santa_bernardete
    CORPO INCORRUPTO, MAS NÃO PARA SEMPRE
    Como bem disse o nosso leitor Harun Salman (que Deus o tenha), é preciso sempre esclarecer: o fenômeno da incorrupção não deve ser entendido como se o corpo nunca fosse se desfazer, mas apenas como uma demora maior para que isso aconteça. Eventualmente, todos os corpos se desfarão. Só que os corpos de santos incorruptos levam muito tempo para isso, e o fazem sem deixar cheiro desagradável.
    Mas de modo geral, os corpos incorruptos de santos permanecem por muitos anos como “mortos vivos”: as órbitas oculares e órgãos internos se apresentam íntegros (como foi o caso de Santa Catarina de Labouré); alguns até mesmo são flexíveis e não apresentam rigidez cadavérica (como foi o caso de São Charbel). Porém, a manipulação desses corpos – seja para a retirada de relíquias, seja para autópsias que comprovem o milagre – acaba adiantando a sua deterioração, que aconteceria mais cedo ou mais tarde.
    Este foi o caso de São Francisco Xavier (meu santo ex-incorrupto favorito). Em 1552, ele foi enterrado na Ilha de Sanchão, próxima à China. Seus companheiros queriam que o corpo se desfizesse o mais rápido possível, para que pudesse ter transladado para outro local; por isso, colocaram vários sacos de cal (substância altamente corrosiva) sob e sobre o corpo. Entretanto, sendo desenterrado meses depois, o corpo permanecia em perfeito estado.
    E assim o corpo de São Francisco Xavier permaneceu, miraculosamente intacto, flexível e rosado, por mais de 60 anos! Mas a sanha pelas relíquias acabou por destruir a beleza dessa relíquia única: as autoridades de Roma solicitavam partes do corpo para serem veneradas em suas igrejas. Em 1614, amputaram-lhe o braço direito, para que este fosse levado para junto do corpo de Santo Inácio de Loyola; o corpo teve uma hemorragia e começou a ressecar.
    Em 1636 arrancaram mais algumas partes do corpo do padroeiro das missões, inclusive órgãos internos. Foi então que ele virou uma múmia feia de assustar, mas, ainda assim, muito amada pelo povo de Goa, onde a relíquia eventualmente é exposta.
    Para quem quiser estudar o assunto dos corpos incorruptíveis mais a fundo, recomendamos o livro "The Incorruptibles", de Joan Caroll Cruz. 
    FONTE: O CATEQUISTA

    quinta-feira, 24 de agosto de 2017

    SILAS MALAFAIA ATACA DOM HENRIQUE SOARES E O BISPO RESPONDE



    Assim sendo, não cremos na Bíblia; cremos em Jesus e só a Ele adoramos! Temos as Escrituras por revelação do Senhor precisamente por causa de Jesus, porque Ele disse que elas dão testemunho Dele (cf. Jo 5,39)!





    O Pastor Silas Malafaia divulgou nesta terça-feira, 23, um vídeo em seu canal no Youtube, o qual volta a atacar a Igreja Católica, desta vez, a fala do Bispo de Pernambuco, Dom Henrique Soares.

    Naquela ocasião, Dom Henrique Soares respondia perguntas enviadas ao seu site, por internautas católicos que por ventura tem alguma dúvida sobre a doutrina, a tradição, os dogmas e dentre outros, da Igreja Católica.

    Assista o primeiro vídeo:




    Logo depois, Dom Henrique, voltou ao tema, contudo também respondendo outras perguntas, assista:




    Em resposta a este vídeo, o pastor Silas Malafaia, gravou questionando a fala do Bispo, o qual ele insiste em chamar de Padre.



    Dom Henrique, procurado pela equipe NSCM, esclareceu “nunca polemizo! Escrevo para evangelizar… escuta-me quem deseja conhecer a fé católica… nunca escrevo para agradar!”

    “Então… o que penso está aí… se os protestantes se incomodam é porque toquei num dos pontos fracos deles… Se católicos não entendem, é porque já têm, sem saber, a forma mental protestante!”, finalizou.

    A catequese sobre as Sagradas Escrituras, Dom Henrique escreveu:

    “Uma catequese sobre as Escrituras Santas. Amigo, vai aqui um pouco de catequese para que nossas ideias sejam realmente católicas, fieis à constante Tradição Apostólica presente na Igreja de Cristo:

    A Bíblia não é um livro único; é uma coleção de 73 escritos, produzidos num arco de cerca de 1.300 anos.

    Neles, nesses livros, está contida a Palavra de Deus, porque foi o próprio Espírito do Senhor quem, misteriosamente, como só Ele sabe fazer, inspirou tudo quanto os autores sagrados escreveram.

    É um incrível e admirável mistério: por trás das palavras humanas dos autores daqueles textos está a Palavra única do próprio Deus. As palavras da Sagrada Escritura são tão humanas: há erros gramaticais, erros de história, erros de ciência; há o modo de escrever próprio de cada autor humano e até mesmo o seu modo de pensar, limitado pelo tempo e a cultura a que pertenceram, pode ser descoberto naqueles dizeres tão humanos… Na grande maioria dos casos, nem mesmo os autores sagrados imaginavam que o que estavam escrevendo eram textos inspirados pelo Senhor…

    Foi o povo de Israel, no tempo da Antiga Aliança e, depois, nestes tempos da Nova e eterna Aliança, foi a Igreja católica, inspirada pelo Espírito do Cristo Senhor, que permanece nela e a conduz sempre mais à verdade plena (cf. Jo 16,12-15; 1Tm 3,15), quem foi discernindo quais escritos eram inspirados por Deus e quais não eram… Este trabalho de discernimento de quais eram os livros inspirados por Deus, dentre os tantos que os cristãos escreveram no período apostólico, foi feito pela santa Igreja a partir do século II e foi autoritativamente determinado no Concílio de Trento. E a Igreja, Esposa do Cristo, fez tal discenimento serenamente, pois sabe muito bem que o seu Senhor não a abandona (cf. Mt 16,19; 18,18; 28,19-20; Jo 14,18).

    Só a Igreja tem a autoridade de fazer esse discernimento; e ela o fez, com a autoridade que o Senhor mesmo lhe concedeu e a assistência divina do Espírito Santo que Cristo Jesus lhe garantiu. De modo geral, seguiram-se os seguintes critérios: eram inspirados pelo Espírito de Deus (1) os escritos tidos como ligados diretamente à Tradição Apostólica, mais especificamente, os escritos considerados de origem direta ou indireta de um Apóstolo e (2) os escritos proclamados na Liturgia sobretudo das grandes Igrejas da Antiguidade, de modo especial Roma, Alexandria e Antioquia e as demais Igrejas apostólicas, isto é, as comunidades fundadas diretamente pelos apóstolos. Foi assim que a santa Mãe católica, com o instinto de fé que o Cristo Senhor lhe concede na força do Santo Espírito, fez este discernimento tanto dos livros do Antigo quanto do Novo Testamento. Por isso mesmo, alguns livros do Antigo Testamento que os judeus não consideram inspirados por Deus – e isto por motivo nacionalista e por polêmica com os cristãos -, a Igreja desde cedo os utilizou e os considerou como sendo Palavra de Deus.

    Mas, que se esteja bem atento: Deus não Se revelou primeiramente na Bíblia! Revelou-Se na história do povo de Israel e, na plenitude dos tempos, revelou-Se de modo pleno na Pessoa de Jesus Cristo, o próprio Filho eterno feito carne, feito homem.

    Do Gênesis ao Apocalipse, a mensagem última das Escrituras Sagradas é sempre Jesus: Jesus prometido, preparado e anunciado no Antigo Testamento; Jesus aparecido, entregue, contemplado, aprofundado, adorado e proclamado no Novo Testamento.

    São João da Cruz, num de seus escritos, assim imagina o Pai nos falando: “Já te disse todas as coisas em Minha Palavra; põe os olhos unicamente Nele; porque Nele tenho dito e revelado tudo, e Nele encontrarás ainda mais do que desejas saber. Este é o Meu Filho amado: escutai-O”.


    Assim sendo, não cremos na Bíblia; cremos em Jesus e só a Ele adoramos! Temos as Escrituras por revelação do Senhor precisamente por causa de Jesus, porque Ele disse que elas dão testemunho Dele (cf. Jo 5,39)!

    Não amamos Jesus por causa da Bíblia; amamos a Bíblia por causa de Jesus! É Ele o centro, é Ele a Palavra única do Pai!

    Quando escutamos, quando lemos as Escrituras e nelas meditamos, em última análise é Jesus mesmo que procuramos, é a Ele que encontramos, com Sua salvação, Sua Vida, Sua plenitude, aquela da qual recebemos graça sobre graça!

    Por isso, no caminho de Emaús, em cada Missa e até mesmo em cada vez que entramos em contado com a Sagrada Escritura, Corpo verbal do Senhor imolado e ressuscitado, Jesus mesmo nos fala Dele e nos revela no texto sagrado tudo quanto diz respeito a Ele e ao plano de salvação do Pai que Ele, o Filho amado, veio realizar.

    Assim é que a Igreja, impelida pelo Santo Espírito, escutando as Escrituras cheias do Santo Paráclito, escuta o próprio Deus que nos fala em Jesus e tudo quanto ali está escrito torna-se uma Palavra viva para nós, tudo quanto Deus revelou na história do Seu povo e maximamente em Jesus Cristo, torna-se presente na vida da Igreja e na nossa, que somos membros do Seu Corpo.

    Pensando bem, é impressionante pensar que Deus nos fala: fala à Sua Igreja, fala a cada um de nós, na Sua Palavra que é Jesus (cf. Hb 1,1-2)!

    Mas, a Escritura somente pode ser compreendida retamente quando ecolhida, lida, ouvida na Tradição Apostólica, conservada íntegra na Igreja católica pela ação do Santo Espírito. O próprio Novo Testamento todo não é senão a Tradição Apostólica colocada por escrito e nela interpretada continuamente pela Igreja santa e apostólica e católica! É uma reciprocidade bendita e impressionante, uma circularidade: a Tradição Apostólica, presente na Igreja, interpreta retamente as Escrituras, que fora dela, seriam texto disponível a qualquer arbitrariedade de intérpretes aleatórios e, por outro lado, as Santas Escrituras ancoram e fundamentam a Tradição viva sempre presente de geração em geração de filhos da Igreja! Dito com outras palavras: a Tradição Apostólica é o ar, é o ambiente, é o meio no qual as Escrituras são vivas e retamente interpretadas (na Igreja santa católica e apostólica as Escrituras estão em casa!) e as Escrituras são o ancoradouro e o critério para que a Igreja bem interprete de modo vivo e dinâmico, sempre progressivo (cf. Jo 16,12-15), a Tradição Apostólica, que nos testemunha continuamente a fé transmitida uma vez por todas aos santos (cf. Jd 3).

    Alguns têm a ilusão de interpretar as Escrituras de modo neutro, ao pé da letra, fora de uma tradição! É uma triste ilusão, uma estreita cegueira, uma ingenuidade tremenda! Os textos sagrados sempre são interpretados por nós a partir de ideias e valores que já trazemos, nossos e do grupo no qual estado inseridos! É totalmente impossível fugir disto! A questão é que quem lê e escuta e guarda a Palavra Santa na comunhão da Igreja una, santa, católica e apostólica, guarda as Escrituras no seu autêntico sentido, garantido pelo Espírito de Cristo, que não permite que a Igreja erre na sua fé (cf. Mt 16,19; Jo 16,12-15; 1Tm 3,15). Quem foge dessa Tradição Apostólica, lê e interpreta a Palavra a partir de tradições humanas, de mestres que inventaram escolas de interpretação de sua própria cabeça e, portanto, fora do seu ambiente natural, que é a Igreja católica e apostólica. Assim, abendona-se a Tradição Apostólica e cai-se nas tradições deste ou daquele grupo, cada um interpretando do seu modo e achando que está fazendo “A Interpretação”! Por exemplo: a percepção torta de que só a fé salva, de que as obras não contam para a salvação, a insistência anacrônica na guarda do sábado, a proibição de transfusão de sangue, o litígio ultrapassado por causa de imagens, a grave negação do Batismo de crianças, a falta de consciência do significado sacramental e sacrifical da Eucaristia… Tudo isto deriva de interpretações que têm fundamento não no texto bíblico, mas em tradições humanas já determinadas de como o texto deve ser lido! Tanto são tradições prévias à leitura do Texto Santo que, nesses grupos religiosos, se alguém interpretar o texto de modo diverso daquele que o grupo determina, é obrigado a deixar o grupo, porque não está interpretando a Escritura segundo a TRADIÇÃO daquele grupo!

    Mais uma coisa: a Escritura Sagrada revela o Rosto do Senhor e desvela Sua amor divino a quem a escuta com um coração fiel e humilde.

    O curioso, o soberbo, o descuidado, nada encontrará a não ser uma coleção de textos antigos, do passado… No entanto, quando escutamos e lemos essas Santas Palavras – que trazem a Palavra que é Jesus – em docilidade ao Santo Espírito e em comunhão com a santa Igreja, então, a Escritura torna-se doce como o mel, luminosa como o sol do meio-dia, profunda como o céu, vivificante no Santo Espírito e cortante como espada de dois gumes.

    Mas, atenção: a Escritura não foi dada a cada pessoa de modo privado, individual… Como nela mesma está escrito: ela não se presta a interpretações privadas (cf. 2Pd 1,19-21)! A Sagrada Escritura foi dada à Igreja e somente é Palavra viva na vida da Igreja Povo de Deus! Ouvir ou ler a Escritura fora da mente e do coração da Igreja é ser condenado a não colher seu sentido unitário e profundo.

    Ela é como um álbum e família, o álbum da nossa família, pois os textos foram escritos por nossos Pais na fé tanto os do Antigo Povo quanto os primeiros membros da santa Igreja. Assim, alguém estranho à família pode pegar as mesmas fotos, olhá-las, saber os lugares e as situações documentados nas fotografias… Mas, somente quem é da família sentirá o coração vibrar, somente quem vivenciou aquelas histórias, com aquelas tonalidades e acentuações pode realmente compreender o sentido das fotos…

    É assim com a Bíblia: nascida na Igreja, confiada à Igreja para guardá-la fielmente, ouvi-la atentamente, meditá-la piedosamente, amá-la fervorosamente, celebrá-la na Eucaristia (Palavra feita carne na carne de Cristo) e levá-la ao mundo como anúncio e testemunho de Jesus Salvador, somente na Igreja pode ser colhida em todo o seu sentido e verdade. Fora da Igreja, a Escritura é palavra feita pedaços, às vezes, feita confusão, é texto submetido ao capricho de mil pretextos, que o desvirtua e faz esconder mais que revelar o verdadeiro rosto de Jesus.

    Experimente: tome a Escritura (pode ser a leitura da Missa de cada dia), escute-a com o coração, medite-a com amor e procure escutar o que o Senhor diz à Igreja e a você. Sua vida encher-se-á de nova luz – aquela luz que é o próprio Cristo, Palavra viva e vivificante"

    sábado, 19 de agosto de 2017

    COMO CALVINO ME FEZ CATÓLICO

    Nunca pensei que o meu próprio fundador, o Reformador João Calvino, me levaria à Igreja Católica.

    Testemunho de David Anders para o Called to Communion

    Tradução de João Marcos –
     Associação São Próspero
    'Calvino jovem' (Biblioteca de Genebra)

    UMA VEZ OUVI um pastor pregar um sermão sobre “História da Igreja”. Ele começou com Cristo e os Apóstolos, passou pelo livro dos Atos, saltou da Idade Média católica diretamente para a Reforma Protestante em 1517. De Lutero, ele foi até o avivalista britânico John Wesley, atravessou o Atlântico com os avivalistas americanos até chegar à sua própria igreja, em Birmingham, Alabama, no início dos anos 1990. Aplausos e louvores sucederam sua pregação. A congregação amou.


    Eu também amei a pregação. Cresci numa igreja evangélica nos anos 1970, imerso no mito da Reforma. Eu tinha certeza que minha igreja pregava o Evangelho, que ela recebeu inalterado dos Reformadores. Depois da faculdade, obtive um doutorado em História da Igreja, o que me permitiu provar aos pobres católicos que eles estavam na Igreja errada. 

    Nunca pensei que o meu próprio fundador, o Reformador João Calvino, me levaria à Igreja Católica.

    Eu fui criado presbiteriano, uma igreja que se orgulha das suas origens calvinistas, mas eu não me importava muito com denominações. Minha igreja praticava uma espiritualidade bíblica (sic) semelhante à da maioria das igrejas evangélicas. Na faculdade cristã e no seminário encontrei a mesma atitude. Batistas, presbiterianos, episcopais e carismáticos adoravam e estudavam lado à lado, todos apegados à Bíblia mas em desacordo quanto à forma de interpretá-la. No entanto, nossas diferenças não nos preocupavam. Diferenças sobre os Sacramentos, organização da Igreja e autoridade eram menos importantes para nós do que a relação pessoal com Cristo e a luta contra a Igreja Católica. É assim que compreendíamos a nossa dívida com a Reforma.



    Após o seminário, comecei um Ph.D em História da Reforma. Meu foco era João Calvino (1509-1564), o reformador francês que transformou Genebra, na Suíça, no modelo de cidade protestante. Escolhi Calvino não apenas pelo meu passado presbiteriano, mas porque a maioria dos protestantes americanos têm alguma relação com ele. Os puritanos ingleses, os Pais Peregrinos, Jonathan Edwards e o “Grande Avivamento”[1] – todos, fundamentados em Calvino, influenciaram profundamente a religiosidade americana. Meus professores descreviam Calvino como um grande teólogo; nosso teólogo. Eu pensava que se dominasse Calvino, eu conheceria realmente a fé.



    Para minha decepção, dominar Calvino não me levou a nenhum lugar que eu esperava. Para começar, eu descobri que não gostava dele. Conheci um homem arrogante, julgador e inflexível. Mais importante, Calvino destruiu minha visão evangélica da História. Eu sempre assumi como verdade a perfeita continuidade entre a Igreja Primitiva, a Reforma e a minha igreja. No entanto, quanto mais eu estudava Calvino, mais estranho ele me parecia, muito diferente dos protestantes de hoje. Isto me levou a questionar toda a narrativa evangélica: Igreja Primitiva – Reforma – Cristianismo Evangélico. E se os "evangélicos" se desviaram de Calvino e da Reforma? O fio da história se rompeu. E se ele se rompeu uma vez, entre a Reforma e hoje, por que não teria se rompido antes, entre a Igreja Primitiva e a Reforma? Será que o fio da história evangélica chegou tão longe?



    Calvino me chocou por rejeitar elementos-chave da minha tradição evangélica. A espiritualidade de nascido de novo, interpretação privada da Bíblia, uma abordagem acolhedora às outras denominações... – Calvino se opôs a tudo isso. Descobri que suas preocupações eram muito diferentes, muito mais institucionais, quase católicas. Apesar dele rejeitar a autoridade de Roma, existiam elementos da fé católica que ele nunca pensou em abandonar. Ele assumia como certo que a Igreja deveria ter uma única autoridade interpretativa, uma liturgia sacramental e uma fé unificada.



    Estas descobertas me deixaram com importantes questões à mente. Por que Calvino deu tanta importância a essas “coisas católicas”? Ele estava certo em dar tanta importância a elas? Em caso positivo, ele estaria certo em abandonar a Igreja Católica? O que essas descobertas me ensinavam sobre o Protestantismo? Como minha igreja podia chamar Calvino de "fundador" estando tão longe dos seus ensinamentos? Será que toda a teologia protestante estava destinada à confusão?




    Entendendo a Reforma Calvipenista



    Calvino foi um reformador da 2ª geração, 26 anos mais novo que Martinho Lutero (1483-1546). Isso significa que já na sua época a Reforma se havia dividido em facções. Na sua terra natal, a França, não havia apoio do rei ao Protestantismo e nem liderança unificada. Advogados, humanistas, intelectuais, artistas e artesãos liam os escritos de Lutero, junto com a Bíblia, e adaptavam o que lhes agradava [na confusão que é um típico fruto da tese do livre exame, e que permanece até hoje].



    Essa variedade marcou Calvino para o caminho certo para o desastre. Ele era advogado e sempre odiou qualquer forma de desordem social. Em 1549, escreveu um pequeno tratado (Advertissement contre l’astrologie) no qual aborda essa diversidade protestante:



    “Cada estado [de vida] tem seu próprio evangelho, que eles fabricam para si mesmos de acordo com seus apetites, de forma que há tanta diferença entre o evangelho da corte, o evangelho dos juízes e advogados e o evangelho dos mercadores, como há entre as moedas de diferentes regiões."

    Resultado de imagem para MOEDAS DE DIFERENTE NAÇÕES

    Comecei a ter dificuldades com as diferenças entre Calvino e seus descendentes quando descobri seu horror à diversidade teológica. Calvino foi formado na teologia de Lutero, mas ele se incomodava com a “multidão grosseira” e a “plebe vulgar” que transformou a doutrina de Lutero numa desculpa para a desordem. Ele escreveu o seu primeiro grande trabalho, "As Institutas da Religião Cristã" (1536), em parte para tratar desse problema.



    Calvino teve a chance de botar seus planos em prática quando se mudou para Genebra, Suíça. Ele começou a participar da Reforma em Genebra em 1537, quando fazia pouco tempo que a cidade havia abraçado o Protestantismo. Calvino, que já havia começado a escrever sobre teologia, estava insatisfeito com as medidas tomadas pela cidade. Genebra aboliu a Missa, expulsou o clero católico e professou lealdade à Bíblia, mas Calvino queria mais. Seu primeiro pedido ao Conselho da Cidade foi que ele impusesse uma confissão comum de fé (escrita por ele mesmo), forçando todos os cidadãos a professá-la!



    A mais importante contribuição de Calvino a Genebra foi a criação do Consistório – um tipo de corte eclesiástica – para julgar a pureza moral e teológica dos cidadãos. Ele também persuadiu o conselho a implementar um conjunto de “Decretos Eclesiásticos” que definiam a autoridade da igreja, estabelecia as obrigações religiosas dos leigos e impunha uma liturgia oficial. O comparecimento à igreja era obrigatório. Contrariar os ministros era crime de blasfêmia. As Institutas de Calvino foram declaradas a doutrina oficial.



    O maior objetivo de Calvino era obter o poder de excomungar fiéis “indignos”. O conselho da cidade lhe deu esse poder em 1555, quando a imigração francesa e escândalos locais deixaram o eleitorado a seu favor. Calvino utilizou-se desse poder frequentemente. De acordo com o historiador William Monter, de cada 15 cidadãos um foi intimado a comparecer perante o Consistório entre 1559-1569, e 1 em cada 25 foi excomungado[2]. Calvino utilizou esse poder para implementar sua visão de Cristianismo único e punir dissidentes!



    Um Calvinista descobre João Calvino

    Eu estudei Calvino durante anos antes que o significado real do meu aprendizado viesse à tona. Então, finalmente, percebi que CalvinO, com sua paixão pela ordem e autoridade, estava do lado oposto ao espírito individualista da minha tradição evangélica. Nada deixou isso mais claro para mim do que sua luta contra o ex-monge carmelita Jerome Bolsec.

    Jérôme Hermès Bolsec
    Em 1551, Bolsec, convertido ao Protestantismo, entrou em Genebra e ouviu uma aula sobre teologia. O tópico era a doutrina calvinista da predestinação, que dizia que Deus predeterminava o destino eterno de cada alma. Bolsec, que acreditava firmemente no Sola Scriptura (Só a Escritura) e no Sola Fide (Só a Fé), não gostou do que ouviu. Ele pensou que essa doutrina fazia de Deus um tirano. Quando desafiou a doutrina de Calvino, foi aprisionado.

    O que torna o caso Bolsec interessante é que ele rapidamente evoluiu para uma disputa sobre a autoridade da igreja e a interpretação da Bíblia. Bolsec, da mesma forma que muitos "evangélicos" de hoje, argumentou que ele era cristão, que ele tinha o Espírito Santo e, consequentemente, tinha tanto direito quanto Calvino de interpretar a Bíblia. Ele prometeu se retratar caso Calvino provasse sua doutrina apenas pela Bíblia. Mas Calvino não fez isso. Ele ridicularizou Bolsec chamando-o de agitador (Bolsec desfrutava de grande simpatia do público), rejeitou seu apelo à Bíblia e determinou que o conselho agisse com dureza. Ele escreveu a uma amiga que desejava ver Bolsec “apodrecer numa vala”[3].



    O que a maioria dos "evangélicos" de hoje não sabem é que Calvino nunca defendeu a interpretação privada (ou laica) da Bíblia!! Enquanto rejeitava a autoridade de Roma, ele arrogou essa autoridade a si mesmo(!). Ensinou que os “pastores reformados” eram sucessores dos profetas e apóstolos, com autoridade para interpretar a Bíblia. Insistiu que os leigos deveriam suspender o julgamento em matérias difíceis e “manter-se unidos com a igreja”4.



    Calvino levou muito a sério a obrigação de submissão e obediência dos leigos. Contrariar os ministros era uma das razões mais comuns de ser intimado ao Consistório e as penas podiam ser severas. Há uma imagem em particular na minha mente: abril de 1546. Pierre Ameaux, cidadão de Genebra, foi forçado a rastejar até a porta da residência do bispo, com sua cabeça descoberta e uma tocha em sua mão. Ele suplicou o perdão de Deus, dos ministros e do conselho da cidade. Seu crime? Ele se opôs ao ensino de Calvino. O conselho, graças aos apelos de Calvino, decretou a humilhação pública de Ameaux.



    Ameaux não foi o único. Nas décadas de 1540 e 1550, o Conselho condenou vários que se opunham aos ministros ou à sua teologia. Além disso, quando Calvino obteve o direito de excomungar, ele não hesitou em utilizá-lo contra essa “blasfêmia”. Os “evangélicos” atuais, desacostumados com a excomunhão, podem subestimar a severidade desta pena, mas Calvino a compreendia em seus termos mais severos. Ele ensinou várias vezes que os excomungados estavam “distantes da Igreja e, consequentemente, de Cristo”[5].



    Se as ideias calvinistas sobre a autoridade da igreja me foram uma surpresa, seus pensamentos sobre os sacramentos foram um choque. Diferente dos “evangélicos” de hoje, que tratam a teologia dos sacramentos como algo secundário, Calvino ensinou que eles eram da maior importância. De fato, ele ensinou que um correto entendimento da Eucaristia era necessário para a salvação. Esta era a tese do seu primeiro tratado teológico em francês ('Petit traicté de la Sainte Cène', 1541). Frustrado pela discórdia protestante sobre a Eucaristia, Calvino escreveu o texto numa tentativa de unificar o movimento em torno de uma única doutrina.



    Evangélicos costumam confiar na sua “relação pessoal com Cristo”, e não na filiação a alguma igreja ou na participação em algum ritual. Calvino, no entanto, ensina que a Eucaristia dá “garantia indiscutível da vida eterna”[6]. E apesar dele não chegar ao entendimento católico, ou mesmo luterano, da Eucaristia, ele ainda reteve a doutrina da Presença Real. Ele ensinou que a Eucaristia concede uma “verdadeira e substancial participação no Corpo e Sangue do Senhor” e rejeitou a noção de que os comungantes recebem “apenas o Espírito, omitindo a Carne e o Sangue”[7].



    Calvino entendia o Batismo da mesma forma. Ele nunca ensinou a doutrina evangélica de que alguém “nasce de novo” apenas através da conversão pessoal. Pelo contrário, ele associou a regeneração com o Batismo e ensinou que negá-lo era negar a salvação. Ele também não permitiu diversidade no modo de receber o Batismo. Os anabatistas de Genebra (que só batizavam adultos) foram presos e forçados a pedir perdão. Calvino ensinou que os anabatistas, ao negar o sacramento às suas crianças, colocam-se fora da fé.



    Uma vez, Calvino persuadiu um anabatista chamado Herman a entrar na Igreja Reformada. Sua descrição do evento não deixa dúvida sobre a diferença entre Calvino e o “evangélico” moderno. Calvino escreve:



    “Herman retornou, se não estou enganado, de boa-fé à amizade da Igreja. Ele confessou que fora da Igreja não há salvação, e que a verdadeira Igreja está conosco. Consequentemente, ele era um desertor enquanto permaneceu numa seita separada da Igreja.” [8]

    bavinck



    Os “evangélicos” atuais não entendem mais essa linguagem. Eles se acostumaram a tratar “a Igreja” apenas como uma realidade espiritual, somente representada através das denominações ou em qualquer lugar onde se reúnam os “verdadeiros crentes”. Esta não é a visão de Calvino. A sua visão é a da “verdadeira Igreja” marcada pelo Batismo infantil, fora da qual não há salvação.





    Entendendo o Evangelicalismo

    Estudar Calvino me fez levantar questões importantes sobre a minha identidade evangélica. Como eu poderia tratar como “assuntos sem importância” questões que meu próprio fundador considerou essenciais? Eu considerei “sem importância” o Batismo e a Eucaristia, e a própria Igreja como algo “meramente simbólico”, “puramente espiritual” ou, em último caso, desnecessário. No seminário também encontrei um ambiente onde os professores discordavam em todo assunto e ninguém se importava! Sem nenhuma instância superior para apelar, nós permanecemos numa teologia do “mínimo denominador comum”.



    A História da Igreja, porém, me ensinou que essa atitude é recente. João Calvino tinha grandes expectativas pela unidade e catolicidade da fé, e pela centralidade da Igreja e dos sacramentos. Mas mesmo o Calvinismo não conseguiu fazer isso. Fora de Genebra, sem a força do Estado para impor uma versão, o próprio calvinismo se dividiu em facções. No seu livro "Orthodoxies in Massachussetts: Rereading American Puritanism", a historiadora Janice Knight detalha como este processo começou logo no início do calvinismo americano[9].



    Não surpreende saber que, no século 18, líderes calvinistas dos dois lados do Atlântico desistiram da busca pela unidade. A nova abordagem era enfatizar a experiência subjetiva do “novo nascimento” (em si mesma uma doutrina nova, de origem puritana) como única preocupação necessária. O famoso avivalista George Whitefield tipificou essa visão, chegando ao ponto de insistir que Cristo não queria a concordância em outros assuntos. Ele disse: "Era melhor pregar o novo nascimento, e o poder da religiosidade, e não insistir muito na forma: porque as pessoas nunca pensarão o mesmo sobre isso; nem Jesus Cristo pretendeu isso"[10].



    Desde o século 18, o Calvinismo foi reduzindo-se mais e mais a um pequeno conjunto de questões sobre a natureza da salvação. Tanto é assim que, para a maioria das pessoas, a palavra Calvinismo significa apenas a doutrina da predestinação. O próprio Calvino tornou-se apenas um símbolo, um mito que os "evangélicos" utilizam apenas para apoiar suas alegações de continuidade histórica.



    A grande ironia da minha pesquisa foi constatar que o Evangelicalismo, longe de ser o herdeiro direto de Calvino, na verdade representa a falência do Calvinismo. Enquanto Calvino dedicou sua vida à busca pela unidade doutrinal, o evangelicalismo moderno está enraizado na negação dessa busca. O historiador Alister McGrath nota que o termo “evangélico”, que existiu na Cristandade por séculos, assumiu seu sentido moderno apenas no século 20, com a fundação da Associação Nacional dos Evangélicos (1942). Esta sociedade foi criada para permitir a ação pública coordenada entre grupos que concordavam apenas com o “novo nascimento”, mas discordavam em todo o resto [11].




    Um calvinista descobre o Catolicismo

    Eu cresci acreditando que o evangelicalismo era “fé que uma vez foi dada aos santos”[12]. Aprendi pelo estudo da história protestanteque essa fé dificilmente era mais antiga que Whitefield, e certamente não era a mesma fé dos Reformadores. O que fazer? Retornar ao século 16 e viver como um autêntico calvinista? Eu já sabia que o próprio Calvino, com toda a sua insistência em unidade e autoridade, não teve êxito. Seus próprios seguidores acabaram em anarquia e individualismo!

    Então percebi que Calvino era parte do problema. Ele insistiu na importância da unidade e autoridade, mas rejeitou qualquer base racional para essa autoridade. Ele sabia que a Bíblia totalmente sozinha, interpretada por cada consciência individual, era uma receita do desastre. Mas a sua própria autoridade (de Calvino) era totalmente arbitrária. Sempre que era desafiado, ele apelava à sua própria consciência ou à sua experiência subjetiva, mas ele negava esse direito a Bolsec e outros. Como resultado, Calvino se tornou orgulhoso e severo, brutal com seus inimigos, intolerante. Em todo o meu estudo sobre Calvino, eu não me lembro de ele pedir desculpas ou admitir erros uma única vez.



    Eventualmente, constatei que a atitude de Calvino contrastava com a atitude dos maiores teólogos católicos. Vários deles eram santos, reconhecidos por sua caridade heroica e humildade. Além do mais, eu sabia pelos seus escritos, especialmente de Sto. Tomás de Aquino, Sta. Catarina de Siena, Sta. Teresa de Ávila e S. Francisco de Sales, que eles negavam qualquer autoridade pessoal para definir doutrina. Eles se curvaram voluntariamente, até alegremente, à autoridade do Papa e dos concílios. Eles podiam manter o ideal bíblico de unidade doutrinária (1Cor 1,10) sem afirmarem ser a fonte dessa unidade.



    Estes santos também desafiaram o estereótipo de católicos que eu tinha. "Evangélicos" frequentemente assumem que são eles os únicos que têm uma “relação pessoal com Cristo”. Católicos, com seus rituais e instituições, são supostamente alienados de Cristo e da Bíblia. Apesar disso, encontrei (nos santos) homens e mulheres totalmente focados em Cristo e inebriados com sua Graça.



    O teólogo católico que teve o maior impacto em mim foi, sem dúvida, Sto. Agostinho (354-430). Em toda a minha vida, ouvi que a Igreja primitiva era protestante e evangélica. Meus professores do seminário e até mesmo Calvino e Lutero sempre apontavam para Sto. Agostinho como seu grande herói da Igreja Primitiva. Quando eu finalmente pesquisei Agostinho, no entanto, descobri o Catolicismo completo. Agostinho amava a Bíblia e falou profundamente sobre a Graça de Deus, mas ele os compreendia no sentido católico. Ele destruiu o que restava da minha visão evangélica da história.



    No fim, eu vi que cada coisa boa do Evangelicalismo já estava presente na Igreja Católica – a devoção calorosa à espiritualidade evangélica, o amor pela Bíblia e até mesmo, em certo ponto, a tolerância evangélica à diversidade. O Catolicismo sempre tolerou escolas de pensamento, várias teologias e liturgias diferentes. Mas, ao contrário do Evangelicalismo, a Igreja Católica possuía uma maneira lógica e consistente de distinguir entre o essencial e o não-essencial. O Magistério da Igreja, estabelecido por Cristo (Mt 16,18; 28,18-20), era a fonte daquela unidade que Calvino queria substituir.



    Uma das coisas mais agradáveis da minha descoberta da Igreja Católica é que ela satisfaz plenamente meu desejo por raízes históricas. Eu comecei a estudar História acreditando na continuidade da fé e tentando desesperadamente encontrá-la. Até mesmo quando eu pensei encontrá-la na Reforma, eu ainda devia lidar com o enorme período da Idade Média, católica. Agora, graças ao que Calvino me ensinou, não existem mais pontas soltas. Em 16 de novembro de 2003, finalmente abracei a “fé que uma vez foi dada aos santos”. Eu entrei na Igreja Católica e Apostólica.


    ____
    Notas:

    1. N.T.: os 'Avivamentos' ou 'Despertamentos' eram períodos de grande expansão evangélica nos EUA e Reino Unido. Um pouco da sua história pode ser encontrada em: 
    http://www.mackenzie.br/7080.html
    2. 'The Consistory of Geneva, 1559-1569', Bibliothèque d’Humanisme et Renaissance 38 (1976): 467-484
    3. Carta à Madame de Cany, 1552
    4. 'Institutes of the Christian Religion', ed. J. T. McNeill, trans. Ford Lewis Battles. Philadelphia: Westminster Press, 1960: 3.2.3, 4.3.4
    5. Institutas 4.12.9
    6. Institutas 4.17.32
    7. Institutas 4.17.17; 4.17.19
    8. 'Letters of John Calvin', trans. M. Gilchrist, ed. J.Bonnet, New York: Burt Franklin, 1972, I: 110-111
    9. Cambridge: Harvard University Press, 1994
    10. Citado em Mark A. Noll, 'The Rise of Evangelicalism: The Age of Edwards, Whitefield and the Wesleys'. Downers Grove: IVP, 2003, 14
    11. 'Evangelicalism and the Future of Christianity'. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1995, 17-23.
    12. N.T.: Judas 1,3
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    Fonte:
    Called to Communion, 'How John Calvin Made me a Catholic', disp. em
    http://www.calledtocommunion.com/2010/06/how-john-calvin-made-me-a-catholic/

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