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domingo, 10 de agosto de 2014

O TÚMULO E OS RESTOS MORTAIS DE S. PEDRO NO VATICANO, ROMA




Πέτροσ ένι

Símbolo do Apóstolo Pedro

Após o término das escavações, em 1950, o  arqueólogo Antonio Ferrua examinava o interior da parte oca da parede azul, quando notou, no chão, perto da junção desta com a parede vermelha, um pequeno pedaço de argamassa que havia caído. Conseguiu pegá-lo dentro do buraco, e viu que havia algo gravado ali, a lâmina. Levado a especialistas, descobriu-se uma inscrição em grego com os dizeres: Πέτροσ ένι.

O primeiro nome (Πέτροσ) obviamente é Pedro. Já o ἔνι é a contração do verbo grego antigo ἔνεοτι, que significa “estar dentro”. A inscrição significava, literalmente “Pedro está aqui dentro”...


Grafitti com o Chi-rho (XP), símbolo de Cristo
A essa altura, um dos maiores especialistas em inscrições antigas, Drª Margherita Guarducci, passou a estudar os grafites da parede azul. Como se sabe, os primeiros cristãos usavam uma linguagem codificada de símbolos e letras: o peixe, as letras gregas Chi-Rho (XP), o "M" para Maria, o "N" para vitória, etc. Após estudo, Drª Guarducci descobriu o código usado para São Pedro: um “P” com um discreto “E” em sua perna, ou o mesmo símbolo inserido no Chi-Rho de Jesus: tão expressivo e único, o símbolo é também mais uma evidência do Apóstolo Pedro como o primeiro Sumo Pontífice da Igreja, o Vigário de Cristo sobre a Terra.

A descoberta provava que a doutrina do papado já era clara nos primeiríssimos tempos da Igreja. Muitas outras inscrições com esse símbolo podiam ser observadas na parede dos grafites. Estudos posteriores revelaram que São Pedro era invocado com grande frequência mediante tal símbolo, pelos primeiros cristãos: era muito usado nas catacumbas, em cartas, em mosaicos, pinturas, etc. Estava assim explicada a aparente ausência do nome de São Pedro.

Essa descoberta intrigou a Drª Guarducci quanto a inexplicável parede oca com os grafites e o Πέτροσ ένι. Mons. Kaas, administrador da Basílica, costumava ir à noite verificar os andamentos dos trabalhos. Acompanhava-o G. Segoni, o chefe dos “sampietrini” (operários do Vaticano, cujos ofícios passam de pai para filho). Mons. Kaas, nessas inspeções, preocupava-se em guardar de modo digno as numerosas ossadas que iam sendo encontradas. Colocava-as numa caixa, ajudado por Segoni, identificando com uma etiqueta o local de onde foram tiradas.

Uma noite, pouco depois de descoberta a parede oca dos grafites, Mons. Kaas pediu que Segoni verificasse bem se não se encontrariam ossos dentro da cavidade. Por baixo da poeira, Segoni encontrou numerosos ossos, restos de tecido e fios metálicos.Tudo foi guardado numa urna e identificado. Outro “sampietrini presenciou a remoção, mas os demais arqueólogos não souberam disso na época.

Muro dos grafitti
No ano de 1950 foi divulgada a grande notícia: o túmulo de São Pedro fora sem dúvida descoberto. O próprio Papa Pio XII fez o anúncio, associando-o ao Ano Santo. Explicava-se, porém, que, segundo o modo como os ossos foram encontrados, não se podia concluir se eles seriam ou não do Apóstolo. Houveram então muitos protestos dos meios científicos, que solicitavam um exame rigoroso de todos os ossos descobertos na pequena abertura em forma de Λ na parede do túmulo de São Pedro.

Afinal, em 1956, Pio XII concordou, e foi nomeado o Dr. Venerando Correnti, um dos maiores antropólogos da Europa na época. O trabalho foi lento e difícil, pois faltavam vários ossos importantes. A conclusão, em 1960, constituiu uma sensacional decepção: tratavam-se de ossos de três pessoas – dois homens de meia idade e uma mulher idosa. - Junto, encontravam-se também ossos de animais, todos antiquíssimos, possivelmente do século I.

Para os arqueólogos, a situação se explicava: como as leis romanas proibiam a remoção de ossos de uma sepultura, esses haviam sido encontrados e amontoados no pequeno buraco ao pé do nicho. Para completar os estudos, Dr. Correnti verificou rapidamente os demais ossos das tumbas próximas. Ao analisar os ossos encontrados na cavidade revestida de mármore, da parede dos grafites, chamou-lhe a atenção o estado de conservação, estando a maioria bem branca. Dada sua grande antiguidade, decidiu estudá-los melhor. Eram 135 ossos, sendo que poucos estavam inteiros. Constatou que provinham de um só indivíduo, do sexo masculino, de físico robusto e falecido entre os 60 e 70 anos.

Antes de estar na cavidade do mármore, eles haviam estado enterrados na terra nua, mas depois, durante muito tempo, permaneceram bem protegidos e envoltos por tecidos purpúreos, que mancharam um pouco alguns.

Dra. Guarducci revelou então que a expressão grega Πέτροσ ένι vinha ecoando continuamente em sua cabeça. Seriam essas as relíquias de São Pedro? Não é a única explicação possível para o “Pedro está aqui dentro”? E para a misteriosa cavidade? Todos os dados confluíam para essa teoria. A razão do esconderijo seria evitar profanações. O Dr. Correnti apoiou a tese da dra. Guarducci, e ambos obtiveram de Paulo VI, que havia sido eleito recentemente, a permissão para reabrir as pesquisas.

O teste crucial foi o dos fragmentos de terra existentes nos ossos. Sua composição química revelaria se era a mesma terra que se encontra no piso do túmulo vazio de São Pedro. Uma circunstância tornava esse teste particularmente importante: a terra do túmulo é de tipo calcária argilosa, bem diferente da que se observa em toda a região vizinha, inclusive dos túmulos próximos. Só os membros da alta nobreza romana podiam usar a púrpura verdadeira, cuja fabricação era um rigoroso segredo de Estado. Os demais ricos usavam uma imitação. Hoje, a composição química de ambos os tipos é conhecida. Outra particularidade: a púrpura com fios de ouro era de uso exclusivo da família imperial, mesmo assim em raras ocasiões.

Resultado do exame: tratava-se de púrpura romana verdadeira, decorada com finíssimas placas de ouro. E os fios que estavam junto aos ossos eram fios de ouro. Essas comprovações foram essenciais a favor da teoria da Dra. Guarducci: como a cavidade marmórea foi considerada já existente na época constantiniana, ficava claro que o Imperador autorizara envolver as preciosas relíquias na púrpura imperial.

Antes de publicar novos estudos, cinco renomados especialistas independentes verificaram tudo o que havia sido feito e o ratificaram. Mas ao ser dada a público a nova teoria, levantou-se um murmúrio em certos meios científicos, pois, para preservar o bom nome dos arqueólogos e de Mons. Kaas, a Dra. Guarducci procurou cobrir o incrível episódio do eclesiástico ter recolhido os ossos sem avisar aos membros da equipe. Também impugnou-se o exame do tecido, exigindo-se outro mais rigoroso. E, sobretudo, argumentava-se que não havia nenhuma prova que demonstrasse não ter sido violado o repositório marmóreo.

Assim, nova série de pesquisas e procedimentos foi iniciada. O exame mais rigoroso dos tecidos, feito na Universidade de Roma, confirmou os resultados anteriores. Paulo VI autorizou a abertura do repositório, para confirmar se datava da época de Constantino e se não fora violado. A dúvida surgiu porque fora encontrada uma moeda do início da Idade Média no local.

Uma equipe desmontou a parte de baixo da parede azul dos grafites, a fim de penetrar no repositório sem tocar nas paredes e no teto. Tudo foi examinado minuciosamente. Conclusão: o compartimento fora fechado no século IV, e jamais fora aberto. Várias moedas foram ali encontradas, tendo penetrado através de fissuras da parede causadas por acomodação do terreno.

Para silenciar definitivamente as críticas, um novo trabalho foi publicado, relatando as circunstâncias exatas do episódio de Mons. Kaas, acompanhado de documento juramentado do “sampietrini” Segoni.




V

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