Meu caro Leitor, veja só este texto, aparecido no “O Estado de São Paulo”. Leia com atenção, e reflita, você também. O Autor é Carlos Alberto de Franco (é doutor em Comunicação pela Unversidade de Navarra e diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS).
Escrito por Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Titular de Acúfica e Auxiliar de Aracaju.
Uma megacobertura
Uma megacobertura. Não há outra palavra para definir o volume de informação a respeito da Igreja Católica. A surpreendente renúncia de Bento XVI, os bastidores do conclave, o impacto da eleição do primeiro pontífice da América Latina e a próxima Jornada Mundial da Juventude, encontro do papa Francisco com os jovens, em julho no Rio de Janeiro, puseram a Igreja no foco de todas as pautas.
Poucos, por exemplo, se aprofundaram no verdadeiro sentido da renúncia de Bento XVI e na qualidade de seu legado. O papa emérito, intelectual de grande estatura e homem de uma humildade que desarma, sempre foi julgado com o falso molde de um conservadorismo exacerbado. Mas, de fato, foi o grande promotor da realização do Concílio Vaticano II, o papa que mais avançou no diálogo com o mundo islâmico, o pontífice que empunhou o bisturi e tratou de rasgar o tumor das disputas internas de poder e o câncer dos desvios sexuais.
Sua renúncia, um gesto profético e transgressor, foi um ato moderno e revolucionário. Bento XVI não teve nenhum receio de mostrar ao mundo um papa exausto e sem condições de governar a Igreja num período complicado e difícil. Foi sincero. Até o fim. Ao mesmo tempo, sua renúncia produziu um vendaval na consciência dos cardeais. A decisão, inusual nas plataformas de poder, foi a chave para o início da urgente e necessária reforma da Igreja. O papa emérito, conscientemente afastado das bajulações e vaidades humanas e mergulhado na sua oração, está sendo uma alavanca de renovação da Igreja.
Igreja, uma megacobertura - II
Escrevia-me, recentemente, um excelente jornalista. "Acordei hoje cedo, li os jornais e me perguntei: sou só eu a me indignar muito com a proliferação de 'informações' inverificáveis, oriundas de fontes off the record ou de documentos 'sigilosos' sobre os quais não há nenhum outro dado que permita verificar sua realidade e consistência? Ninguém se questiona sobre tantos 'furos', 'obtidos' por jornalistas que escrevem a distância 'reportagens' tão nebulosas, redigidas em uma lógica claramente sensacionalista? Ninguém mais se preocupa com a checagem de informações, com a credibilidade das fontes?" Assino embaixo do seu desabafo.
Claro que alguns representantes da Igreja - padres, bispos e cardeais - têm importante parcela de culpa. Na tentativa de evitar escândalos públicos, esconderam um problema que é inaceitável. Acresce a tudo isso o amadorismo, o despreparo e a falta de transparência da comunicação eclesiástica. O novo pontífice precisa enfrentar a batalha da comunicação. E o papa Francisco dá toda a impressão de que está decidido a estabelecer um diálogo direto e produtivo com a imprensa. O desejo de se reunir com os jornalistas na grande sala de audiência Paulo VI foi muito sugestivo.
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