Quando o padre (provavelmente o padre Luiz José Correia de Sá, então vigário da época) colocou a Hóstia em sua boca, ele a retirou, escondeu-a nas dobras da camisa e saiu correndo de dentro do templo, entrando em um fechado matagal que havia perto.
Após perceberem o fato, alguns fiéis gritaram angustiadamente que havia ocorrido um Sacrilégio e diante do desespero de alguns, puseram-se a perseguir o dito homem negro com medo de que o mesmo usasse a hóstia como amuleto ou para rituais satânicos e isto trouxesse maldição e castigo para a região.
Após alguns dias, no local onde atualmente está entronizada a imagem do Bom Jesus Eucarístico de Sousa, foi encontrada a Sagrada Partícula e ao seu redor ovelhas e cordeiros balavam. O vigário da Matriz dos Remédios, Padre Luis José Correia de Sá tomou a Sagrada Partícula, colocou-a no relicário seguindo em procissão para a primitiva Matriz dos Remédios.
Alguns dias depois, um pastor tangia suas ovelhas entre os juazeiros, típicos da região, quando notou, curioso, que estas se ajoelharam em círculo em torno de um ponto fixo. Percebeu, pairando no ar sobre um capinzal, uma Hóstia com as ovelhas “montando guarda ao Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”. A Sagrada Partícula resistira ao calor, às intempéries e se conservava de tal modo perfeita em sua alvura, que as mãos sacrílegas não a puderam profanar.
O pastor procurou o vigário e disse a ele: “Seu vigário, encontrei Nosso Senhor! Mas como sei que só Vosmecê pode pegar nele, não trouxe a Hóstia. Vamos depressa, os carneiros ficaram botando sentido!” .
Indo depressa ao local e convocando a população local como testemunha, o vigário recolheu a Partícula numa Custódia de ouro e levou-a em procissão até a Igreja do Rosário, de onde fora roubada. Reza a tradição oral e popular que deste cortejo solene também participaram as ovelhas e cordeiros acompanhando, até chegarem a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios. De igual forma, conta-se que era frequente a visita dos rebanhos ao pátio da matriz, mesmo após o crescimento da cidade.
O Padre Correia de Sá, em 1814, marcou o local do Milagre Eucarístico de Sousa com uma capelinha de tábuas, em 1815 o sacerdote Padre Cláudio Álvares da Costa diligenciou os trabalhos de uma segunda ermida (capela) de taipa.
Só em 04 de setembro de 1855 foi lançada a pedra fundamental para a construção (no local próximo à atual Igreja) de uma terceira ermida solicitação que fez o Padre José Antonio Marques da Silva Guimarães.
Ainda na década de 30, Dom João da Mata do Amaral – 2° Bispo de Cajazeiras, empreendeu uma ampla reforma em sua estrutura do lado externo, trocando toda a fachada e laterais, mantendo tão somente as primitivas paredes e arcos internos.
Foi erguido um monumento comemorativo em memória do Milagre Eucarístico de Sousa, localizada em frente à Matriz do Bom Jesus.
Um vigário da referida Paróquia, o Padre Dagmar Nobre de Almeida, que escreveu um livro sobre o referido milagre, relata que foi testemunha ocular do seguinte fato: um rebanho de ovelhas e cordeiros subiram balindo, rodearam e bafejaram os escombros da velha Matriz do Bom Jesus, em fase de demolição. Ele completa afirmando que esse sinal extraordinário ocorreu no dia 20 de novembro de 1972, às 5 horas da manhã, quando se preparava para celebrar o Santo Sacrifício da Missa.
Outro fato curioso que envolve o milagre é que no dia 29 de abril de 2007, no episódio do desabamento da torre direita da Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, local para onde foi transladada a Hóstia, muitos moradores dos arredores notaram que três vacas que passavam pelo local, sem a mínima explicação, pararam na lateral dos escombros do desabamento, ficando uma delas urrando continuamente, como que num gesto de tristeza pelo que acabara de acontecer.
Em Cajazeiras, sede da atual Diocese que contém a guarda da tradição do milagre, há uma homenagem a este acontecimento sobrenatural. Na cidade há, na Praça Dom João da Mata, um monumento erigido em comemoração ao Congresso Eucarístico de 1935, no qual está representada a Hóstia rodeada pelos cordeiros. Sobre o quadro em alto relevo de bronze lê-se a inscrição que diz: “Milagre Eucarístico de Sousa” e em outra face lê-se a inscrição em latim que diz: “Panis Angélicus Fit Panis Hominum”.
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