CONTINUAÇÃO DE "QUASE TUDO SOBRE A INTERCESSÃO DOS SANTOS E SUA VENERAÇÃO
Jesus mesmo garantiu: “As minhas ovelhas escutam minha voz... elas jamais perecerão” (Jo 10, 27-28), e ainda: “Em verdade, em verdade, vos digo: se alguém guardar minha palavra, jamais verá a morte” (Jo 8,51).
São João também testificou: “O que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo 2,19). Obviamente, ante tais passagens, pensa-se logo no sentido espiritual; isto é, que o fiel permanece vivo espiritualmente, ainda que seu corpo feneça. Mas será que, nalguns casos (ou pelo menos em um caso, o de Maria), o significado não seria também literal ? [Que ela, além de não ter morrido espiritualmente, também não teria falecido fisicamente(?!)]
O certo é que: ainda que muitos santos estejam mortos fisicamente; todos eles, entretanto, estão vivos espiritualmente; conforme ensina-nos a Palavra do Senhor. Aliás, para Deus – e, conseqüentemente, também para os seus fiéis seguidores – vale muito mais um santo morto (fisicamente) do que um zilhão de hereges que só estão vivos corporalmente (pois, espiritualmente, estes jazem no mais tenebroso sepulcro de suas heresias).
Tanto Deus ama aqueles que são os seus eleitos, que, mesmo depois deles terem falecido (na dimensão corporal), o Altíssimo continua a agir em consideração, não somente a Si próprio, mas também em atenção a eles. Com efeito, está escrito: “Protegerei esta cidade e a salvarei em atenção a mim mesmo e a meu servo Davi” (2 Rs 20,34). [Davi que já estava morto (corporalmente) há décadas!] E, igualmente, ele promete abençoar a Isaac em vista do ‘falecido’ Abraão: “Eu sou o Deus de Abraão... Eu te abençoarei, multiplicarei tua posteridade em consideração a meu servo Abraão” (Gn 26,24). [Observe que Deus não diz em ‘consideração aquele que foi um dia meu servo’; de fato, neste passo, a impressão é que Deus trata o referido patriarca como um servo atual, e não do passado.]
E assim como uma nuvem acompanhava o povo de Deus na peregrinação pelo deserto, de modo similar, há também uma “nuvem de testemunhas ao nosso redor” (Hb 12,1); as quais não cessam de vibrar e exultar de alegria com nossa vitória sobre mal. Com efeito: “Haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” (Lc 15,7).
f) Podemos até declarar que ‘muito provavelmente’ Maria morreu; ou que, em uma primeira análise, essa é a mais pertinente proposição. Entretanto, provar (e biblicamente) que ela jazeu, aí, é outra coisa.
Julgo propício apresentar algo que me questionaram em palestras, bem como a resposta que eu dei. Inquiriram-me: ‘Minha amiga é protestante, e a mesma disse-me que Maria é uma mulher qualquer e que ela morreu como qualquer outra. Como responder a ela?’... ao que eu respondi: Se Maria é uma mulher qualquer, então me mostre qualquer outra mulher que tenha sido engravidada pelo Espírito Santo! E mais: tenha dado à luz o Filho de Deus!... Maria é tão singular que é a única pessoa humana, em toda Escritura Sagrada, que é saudada por um anjo (como ela o foi): “Ave, cheia de graça”. Não por menos, o Apóstolo São João a “pintou” (isto é, descreveu-a) de modo tão glorioso: “Um Mulher vestida de sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça um coroa de doze estrelas” (Ap 12,10). [Que mulher foi descrita com tal galarim, senão a Mãe do nosso Senhor e Salvador? A “bendita entre as mulheres” (Lc 1,42), a qual já era assegurada – enquanto vivia neste mundo – que gerações a proclamariam “bem-aventurada” (Lc 1,48).]
Como duvidar que alguém tão singular não poderia ter deixado este mundo de modo também cercado de singularidade?... Ora, se Henoc e Elias foram arrebatados sem terem que experimentar a morte (cf. Hb 11,5; 2 Rs 2,11) quem achará impossível que a Mãe do Divino Redentor tenha, pela graça divina (ela que é a ‘cheia de graça’), podido partir da temporalidade por um meio igualmente singular?... E questione ainda a sua amiga – já que ela é “evangélica” – e que, portanto, diz acreditar só no que estiver na Bíblia: onde está, na Escritura, descrita a morte de Nossa Senhora? (O capítulo e o versículo que narram tal acontecimento.)... De fato, o texto sagrado não explicita nem que sim nem que não; logo, ao menos, em possibilidade (ainda que fosse a menor) é passível de ter ocorrido o “arrebatamento” da Virgem de Nazaré (sem, por conseguinte, ela passar pela morte)... E não só é possível como, conforme as razões que já apresentei, é razoável que isso tenha ocorrido.
E se Maria tivesse morrido? E daí! Em nada obsta o dogma de sua gloriosa assunção. Jesus poderia tê-la, primeiramente, ressuscitado e a seguir a levado para o céu... Qual filho, sendo todo-poderoso (como é Jesus), caso sua querida mãezinha tivesse falecido, não arrombaria as portas do Xeol (e/ou sepultura) e a tomaria para viver, em corpo e alma, consigo? [Ainda mais se tratando de uma mãe: tão santa, tão pura e cheia da graça e do favor divino, como Maria.]
Diz a Escritura: “Henoc andou com Deus, depois desapareceu, por que Deus o arrebatou” (Gen 5,24). E Maria, que não só andou com Deus no coração; mas, literalmente, meses seguidos em seu ventre, que o amamentou, que o educou... não lhe caberia um destino parecido? Que dificuldade há em se crer nisso?
g) Muitos santos (mas não todos) foram terrivelmente pecadores. [Os quais, pelo menos, na hora da morte, arrependeram-se de seus pecados.] FORAM, mas, com certeza, não são mais! Dada vênia, se continuassem sendo, não estariam vivendo no paraíso com o Senhor... Importa-nos, antes, os santos em que, pela graça divina, se tornaram do que os pecadores que haviam sido. E que eles estão numa condição superior de santidade a qualquer um aqui na terra, isso eles estão. (Ainda mais comparado a um desses que vomitam heresias protestantes para todo lado!) E se não tivéssemos nada – nenhum exemplo positivo sequer da parte deles, por menor que fosse – para reverenciá-los; ainda, assim, não deixaríamos de venerar-lhes aquilo que são: isto é, seres santificados de Deus, filhos do Altíssimo e que o Senhor não se envergonha de chamá-los de irmãos: “Pois tanto o Santificador quanto os santificados, todos, descendem de um só; razão por que não se envergonha de os chamar irmãos” (Hb 2,11)! Só o que eles são, já é suficiente para venerá-los; mesmo que nada (absolutamente nada) tivéssemos que lhes honrar pelo que eles fizeram anteriormente.
h) Fico a pensar se não seria possível a existência de intercessão ‘ad infinitum’! Explico: um tipo de oração que fazemos agora, enquanto estamos vivos neste mundo (e cheios de confiança), a qual surtiria efeito pelas gerações afora... Por exemplo, imagine que eu antes de morrer faça o seguinte pedido: ‘Senhor, peço-te, caso venha estar contigo após a minha morte, por todos aqueles que, no futuro, solicitarem o auxílio de meus rogos junto a Sua Santa Majestade. Atendei-os, ó Altíssimo, em tal ocasião, como se fosse eu mesmo que estivesse pedindo-te’... Assim, mil anos depois de estar morto, se um devoto meu rogasse a minha intercessão, Deus se lembraria da oração que fiz mil anos antes, com fé, e quando ainda vivia nesta terra... [Sinceramente, não vejo, ou não consigo ver, nenhuma maior impossibilidade que impedisse que tal prece minha tivesse eficiência; haja vista, segundo as palavras de Nosso Senhor: “Tudo é possível para aquele que crê” (Mc 9,3). Ademais, o próprio Cristo fez uma intercessão que visava, igualmente, aos que viriam nos tempos sucessórios: “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim” (Jo 17,20). Eis, portanto, que até os que se tornaram cristãos, dois mil anos depois do nascimento de Cristo, são beneficiados pela prece que o Senhor fez milênios atrás.]...
Obviamente, nesse caso (que anteriormente exemplifiquei), no céu, eu nem precisaria ouvir os pedidos feitos pelos meus devotos. Assim é, que, também nesse item, acabei apresentando mais uma hipótese a respeito da qual, especulativamente, os santos sequer precisariam ter ciência de nossos pedidos de intercessões (ou mesmo estarem conscientes no além). E mesmo sem ter tal ciência (ou consciência), os pedidos que lhes dirigimos seriam atendidos! Continuariam eficientes! [Embora, é verdade, de modo mui inusitado; mas, no entanto, eficaz.]
Semelhante forma de pedido se encontra relatada na Legenda Dourada (um famoso escrito da Idade Média). E, aqui, justamente citarei a narrativa concernente à Santa Catarina de Alexandria que, por causa de Cristo, recusou até mesmo o trono imperial. Ela que, no instante final do seu suplício, teria feito a seguinte oração: “Esperança e salvação dos crentes, honra e glória das virgens, Jesus, meu bom mestre, ouve minha prece! Faze com que todo aquele que me invocar na hora da morte ou do perigo, seja convertido, em lembrança de minha paixão!” [BERÉNCE, Fred, Lucrecia Bórgia (Coleção‘VIDAS EXTRAORDINÁRIAS’ , 3a edição, Casa Editora Vecchi Ltda, RJ, 19 , p. 102].
Em memória do seu martírio, ela pediu ao Senhor que: depois que tivesse deixado a terra, pelas gerações que se seguiriam, os que a invocassem fossem abençoados. Quantos, pergunto eu, não foram os cristãos que, se não sofreram a paixão no corpo, sentiram-na ao menos n’alma (como a própria Mãe de Deus, cuja espada de dor atravessou seu coração, cf. Lc 2,35) e que fizeram uma similar prece que fez Santa Catarina?
Aliás, é curioso notar que, em literatura apócrifa, existe algo parecido com relação à Virgem Santíssima: “Conta que João em seu Tratado, publicado no livro Apócrifos I e II – Os proscritos da Bíblia (editora Mercuryo): Uma multidão de homens e mulheres e virgens reuniram-se gritando: “Virgem, Mãe de Cristo, nosso Deus, não te esqueças da raça humana”. E assim como num domingo teve lugar a anunciação do Arcanjo Gabriel, também num domingo, Cristo, pleno de majestade, viria buscar Maria. Momentos antes de sua passagem, os apóstolos chegaram junto a seus pés, venerando-a, disseram-lhe: “Deixa, ó Mãe do Senhor, uma bênção ao mundo, posto que vais abandoná-lo”. E a Virgem num pedido final, rogou que o Senhor tivesse compaixão do mundo e de todas almas que invocasse o seu nome. “Alegra-te e regozija-te, pois toda alma que invocar o teu nome, ver-se-á livre da confusão e encontrará misericórdia, consolo, ajuda e amparo neste século e no futuro, diante de meu Pai celestial”, prometeu-lhe o Filho...” [Revista ANO ZERO, Ano II, no. 24, Abril de 1993, Editora Ano Zero Ltda, RJ, p. 60].
E ainda que a partida da Virgem Santa não tivesse tido resplendor com que o texto a seguir descreve-a, por que duvidar que essa serva de Deus, e irmã de todos os cristãos, houvesse feito um semelhante e derradeiro pedido? O qual demonstraria o seu grandioso zelo e amor pela Igreja que haveria de atravessar os séculos (preocupando-se em pedir não só pelos que estavam ali presentes, na ocasião de sua passagem para o outro mundo, como também pelos que viriam, futuramente, a fazer parte da grei do Senhor).
i) Como alguém que, impiamente, acusa a Igreja Católica de idólatra, ou de algo desse porte, poderia se assentar ao lado de Jesus no Dia do Juízo?... Protestantes tais, caso não se convertam à única e santa Fé Católica só podem, no Tribunal de Cristo, ter assento é no banco dos réus (junto com os de sua estirpe).
PS.: Tudo que escrevi está, e sempre estará, sujeito à autoridade da Igreja Católica. A qual poderá corrigir, refutar, completar e tudo o mais que for necessário para manutenção da integridade do depósito da Fé.
Mais uma vez, peço escusa pela minha incapacidade de, mais e melhor, responder as inquirições que são feitas sobre a nossa Sagrada Religião. Todavia, espero que, ao menos nalguns pontos, as reflexões que fiz sejam-lhes úteis... Escrevi várias páginas sobre a Assunção de Maria, que creio, porém, que, por hora, não cabe apresentá-las. Não obstante, alguma coisa já mencionei nesta missiva. Quiçá, oportunamente, exporei muitas outras...
[Adendo 1: Como é bem sabido que: em quase tudo os protestantes se contrapõem, também aqui, na questão de os santos celestiais serem nossos intercessores, há divergências entre eles. Por isso, é que, no item “a”, eu disse que ‘muitos deles’ (e não todos eles) só aceitam pedidos feitos a seres humanos corporificados. O pensador protestante Leibniz, por exemplo, afirmava: “ “Não vejo por que motivo se haveria de considerar um crime o invocar uma alma bem-aventurada ou santo anjo” (Leibnitz, Systema Theologicum)” [NAVARRO, Lúcio Navarro, Legítima Interpretação da Bíblia, 2a edição, Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1957, p. 537].]
São João também testificou: “O que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1 Jo 2,19). Obviamente, ante tais passagens, pensa-se logo no sentido espiritual; isto é, que o fiel permanece vivo espiritualmente, ainda que seu corpo feneça. Mas será que, nalguns casos (ou pelo menos em um caso, o de Maria), o significado não seria também literal ? [Que ela, além de não ter morrido espiritualmente, também não teria falecido fisicamente(?!)]
O certo é que: ainda que muitos santos estejam mortos fisicamente; todos eles, entretanto, estão vivos espiritualmente; conforme ensina-nos a Palavra do Senhor. Aliás, para Deus – e, conseqüentemente, também para os seus fiéis seguidores – vale muito mais um santo morto (fisicamente) do que um zilhão de hereges que só estão vivos corporalmente (pois, espiritualmente, estes jazem no mais tenebroso sepulcro de suas heresias).
Tanto Deus ama aqueles que são os seus eleitos, que, mesmo depois deles terem falecido (na dimensão corporal), o Altíssimo continua a agir em consideração, não somente a Si próprio, mas também em atenção a eles. Com efeito, está escrito: “Protegerei esta cidade e a salvarei em atenção a mim mesmo e a meu servo Davi” (2 Rs 20,34). [Davi que já estava morto (corporalmente) há décadas!] E, igualmente, ele promete abençoar a Isaac em vista do ‘falecido’ Abraão: “Eu sou o Deus de Abraão... Eu te abençoarei, multiplicarei tua posteridade em consideração a meu servo Abraão” (Gn 26,24). [Observe que Deus não diz em ‘consideração aquele que foi um dia meu servo’; de fato, neste passo, a impressão é que Deus trata o referido patriarca como um servo atual, e não do passado.]
E assim como uma nuvem acompanhava o povo de Deus na peregrinação pelo deserto, de modo similar, há também uma “nuvem de testemunhas ao nosso redor” (Hb 12,1); as quais não cessam de vibrar e exultar de alegria com nossa vitória sobre mal. Com efeito: “Haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrependa, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento” (Lc 15,7).
f) Podemos até declarar que ‘muito provavelmente’ Maria morreu; ou que, em uma primeira análise, essa é a mais pertinente proposição. Entretanto, provar (e biblicamente) que ela jazeu, aí, é outra coisa.
Julgo propício apresentar algo que me questionaram em palestras, bem como a resposta que eu dei. Inquiriram-me: ‘Minha amiga é protestante, e a mesma disse-me que Maria é uma mulher qualquer e que ela morreu como qualquer outra. Como responder a ela?’... ao que eu respondi: Se Maria é uma mulher qualquer, então me mostre qualquer outra mulher que tenha sido engravidada pelo Espírito Santo! E mais: tenha dado à luz o Filho de Deus!... Maria é tão singular que é a única pessoa humana, em toda Escritura Sagrada, que é saudada por um anjo (como ela o foi): “Ave, cheia de graça”. Não por menos, o Apóstolo São João a “pintou” (isto é, descreveu-a) de modo tão glorioso: “Um Mulher vestida de sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça um coroa de doze estrelas” (Ap 12,10). [Que mulher foi descrita com tal galarim, senão a Mãe do nosso Senhor e Salvador? A “bendita entre as mulheres” (Lc 1,42), a qual já era assegurada – enquanto vivia neste mundo – que gerações a proclamariam “bem-aventurada” (Lc 1,48).]
Como duvidar que alguém tão singular não poderia ter deixado este mundo de modo também cercado de singularidade?... Ora, se Henoc e Elias foram arrebatados sem terem que experimentar a morte (cf. Hb 11,5; 2 Rs 2,11) quem achará impossível que a Mãe do Divino Redentor tenha, pela graça divina (ela que é a ‘cheia de graça’), podido partir da temporalidade por um meio igualmente singular?... E questione ainda a sua amiga – já que ela é “evangélica” – e que, portanto, diz acreditar só no que estiver na Bíblia: onde está, na Escritura, descrita a morte de Nossa Senhora? (O capítulo e o versículo que narram tal acontecimento.)... De fato, o texto sagrado não explicita nem que sim nem que não; logo, ao menos, em possibilidade (ainda que fosse a menor) é passível de ter ocorrido o “arrebatamento” da Virgem de Nazaré (sem, por conseguinte, ela passar pela morte)... E não só é possível como, conforme as razões que já apresentei, é razoável que isso tenha ocorrido.
E se Maria tivesse morrido? E daí! Em nada obsta o dogma de sua gloriosa assunção. Jesus poderia tê-la, primeiramente, ressuscitado e a seguir a levado para o céu... Qual filho, sendo todo-poderoso (como é Jesus), caso sua querida mãezinha tivesse falecido, não arrombaria as portas do Xeol (e/ou sepultura) e a tomaria para viver, em corpo e alma, consigo? [Ainda mais se tratando de uma mãe: tão santa, tão pura e cheia da graça e do favor divino, como Maria.]
Diz a Escritura: “Henoc andou com Deus, depois desapareceu, por que Deus o arrebatou” (Gen 5,24). E Maria, que não só andou com Deus no coração; mas, literalmente, meses seguidos em seu ventre, que o amamentou, que o educou... não lhe caberia um destino parecido? Que dificuldade há em se crer nisso?
g) Muitos santos (mas não todos) foram terrivelmente pecadores. [Os quais, pelo menos, na hora da morte, arrependeram-se de seus pecados.] FORAM, mas, com certeza, não são mais! Dada vênia, se continuassem sendo, não estariam vivendo no paraíso com o Senhor... Importa-nos, antes, os santos em que, pela graça divina, se tornaram do que os pecadores que haviam sido. E que eles estão numa condição superior de santidade a qualquer um aqui na terra, isso eles estão. (Ainda mais comparado a um desses que vomitam heresias protestantes para todo lado!) E se não tivéssemos nada – nenhum exemplo positivo sequer da parte deles, por menor que fosse – para reverenciá-los; ainda, assim, não deixaríamos de venerar-lhes aquilo que são: isto é, seres santificados de Deus, filhos do Altíssimo e que o Senhor não se envergonha de chamá-los de irmãos: “Pois tanto o Santificador quanto os santificados, todos, descendem de um só; razão por que não se envergonha de os chamar irmãos” (Hb 2,11)! Só o que eles são, já é suficiente para venerá-los; mesmo que nada (absolutamente nada) tivéssemos que lhes honrar pelo que eles fizeram anteriormente.
h) Fico a pensar se não seria possível a existência de intercessão ‘ad infinitum’! Explico: um tipo de oração que fazemos agora, enquanto estamos vivos neste mundo (e cheios de confiança), a qual surtiria efeito pelas gerações afora... Por exemplo, imagine que eu antes de morrer faça o seguinte pedido: ‘Senhor, peço-te, caso venha estar contigo após a minha morte, por todos aqueles que, no futuro, solicitarem o auxílio de meus rogos junto a Sua Santa Majestade. Atendei-os, ó Altíssimo, em tal ocasião, como se fosse eu mesmo que estivesse pedindo-te’... Assim, mil anos depois de estar morto, se um devoto meu rogasse a minha intercessão, Deus se lembraria da oração que fiz mil anos antes, com fé, e quando ainda vivia nesta terra... [Sinceramente, não vejo, ou não consigo ver, nenhuma maior impossibilidade que impedisse que tal prece minha tivesse eficiência; haja vista, segundo as palavras de Nosso Senhor: “Tudo é possível para aquele que crê” (Mc 9,3). Ademais, o próprio Cristo fez uma intercessão que visava, igualmente, aos que viriam nos tempos sucessórios: “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim” (Jo 17,20). Eis, portanto, que até os que se tornaram cristãos, dois mil anos depois do nascimento de Cristo, são beneficiados pela prece que o Senhor fez milênios atrás.]...
Obviamente, nesse caso (que anteriormente exemplifiquei), no céu, eu nem precisaria ouvir os pedidos feitos pelos meus devotos. Assim é, que, também nesse item, acabei apresentando mais uma hipótese a respeito da qual, especulativamente, os santos sequer precisariam ter ciência de nossos pedidos de intercessões (ou mesmo estarem conscientes no além). E mesmo sem ter tal ciência (ou consciência), os pedidos que lhes dirigimos seriam atendidos! Continuariam eficientes! [Embora, é verdade, de modo mui inusitado; mas, no entanto, eficaz.]
Semelhante forma de pedido se encontra relatada na Legenda Dourada (um famoso escrito da Idade Média). E, aqui, justamente citarei a narrativa concernente à Santa Catarina de Alexandria que, por causa de Cristo, recusou até mesmo o trono imperial. Ela que, no instante final do seu suplício, teria feito a seguinte oração: “Esperança e salvação dos crentes, honra e glória das virgens, Jesus, meu bom mestre, ouve minha prece! Faze com que todo aquele que me invocar na hora da morte ou do perigo, seja convertido, em lembrança de minha paixão!” [BERÉNCE, Fred, Lucrecia Bórgia (Coleção‘VIDAS EXTRAORDINÁRIAS’ , 3a edição, Casa Editora Vecchi Ltda, RJ, 19 , p. 102].
Em memória do seu martírio, ela pediu ao Senhor que: depois que tivesse deixado a terra, pelas gerações que se seguiriam, os que a invocassem fossem abençoados. Quantos, pergunto eu, não foram os cristãos que, se não sofreram a paixão no corpo, sentiram-na ao menos n’alma (como a própria Mãe de Deus, cuja espada de dor atravessou seu coração, cf. Lc 2,35) e que fizeram uma similar prece que fez Santa Catarina?
Aliás, é curioso notar que, em literatura apócrifa, existe algo parecido com relação à Virgem Santíssima: “Conta que João em seu Tratado, publicado no livro Apócrifos I e II – Os proscritos da Bíblia (editora Mercuryo): Uma multidão de homens e mulheres e virgens reuniram-se gritando: “Virgem, Mãe de Cristo, nosso Deus, não te esqueças da raça humana”. E assim como num domingo teve lugar a anunciação do Arcanjo Gabriel, também num domingo, Cristo, pleno de majestade, viria buscar Maria. Momentos antes de sua passagem, os apóstolos chegaram junto a seus pés, venerando-a, disseram-lhe: “Deixa, ó Mãe do Senhor, uma bênção ao mundo, posto que vais abandoná-lo”. E a Virgem num pedido final, rogou que o Senhor tivesse compaixão do mundo e de todas almas que invocasse o seu nome. “Alegra-te e regozija-te, pois toda alma que invocar o teu nome, ver-se-á livre da confusão e encontrará misericórdia, consolo, ajuda e amparo neste século e no futuro, diante de meu Pai celestial”, prometeu-lhe o Filho...” [Revista ANO ZERO, Ano II, no. 24, Abril de 1993, Editora Ano Zero Ltda, RJ, p. 60].
E ainda que a partida da Virgem Santa não tivesse tido resplendor com que o texto a seguir descreve-a, por que duvidar que essa serva de Deus, e irmã de todos os cristãos, houvesse feito um semelhante e derradeiro pedido? O qual demonstraria o seu grandioso zelo e amor pela Igreja que haveria de atravessar os séculos (preocupando-se em pedir não só pelos que estavam ali presentes, na ocasião de sua passagem para o outro mundo, como também pelos que viriam, futuramente, a fazer parte da grei do Senhor).
i) Como alguém que, impiamente, acusa a Igreja Católica de idólatra, ou de algo desse porte, poderia se assentar ao lado de Jesus no Dia do Juízo?... Protestantes tais, caso não se convertam à única e santa Fé Católica só podem, no Tribunal de Cristo, ter assento é no banco dos réus (junto com os de sua estirpe).
PS.: Tudo que escrevi está, e sempre estará, sujeito à autoridade da Igreja Católica. A qual poderá corrigir, refutar, completar e tudo o mais que for necessário para manutenção da integridade do depósito da Fé.
Mais uma vez, peço escusa pela minha incapacidade de, mais e melhor, responder as inquirições que são feitas sobre a nossa Sagrada Religião. Todavia, espero que, ao menos nalguns pontos, as reflexões que fiz sejam-lhes úteis... Escrevi várias páginas sobre a Assunção de Maria, que creio, porém, que, por hora, não cabe apresentá-las. Não obstante, alguma coisa já mencionei nesta missiva. Quiçá, oportunamente, exporei muitas outras...
[Adendo 1: Como é bem sabido que: em quase tudo os protestantes se contrapõem, também aqui, na questão de os santos celestiais serem nossos intercessores, há divergências entre eles. Por isso, é que, no item “a”, eu disse que ‘muitos deles’ (e não todos eles) só aceitam pedidos feitos a seres humanos corporificados. O pensador protestante Leibniz, por exemplo, afirmava: “ “Não vejo por que motivo se haveria de considerar um crime o invocar uma alma bem-aventurada ou santo anjo” (Leibnitz, Systema Theologicum)” [NAVARRO, Lúcio Navarro, Legítima Interpretação da Bíblia, 2a edição, Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1957, p. 537].]
Leia os demais textos de: Wagner Herbt Alves Costa em:
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As diferencas entre mediador e intercessor
Estudo sobre Intercessão: Os santos do Céu estão vivos
Cf. Catequista Aquino em : larcatolico.webnode.com.br/news/venera%C3%A7%C3%A3o%20das%20imagens/
Logo, Jesus não pode ser o único intercessor. No entanto, todo e qualquer intercessor, sempre ora e obtém a graça em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não em seu próprio nome. Pois é somente através de Jesus Cristo que temos acesso ao Pai.
Quanto mais santo o intercessor, mais eficaz é a intercessão. Diz ainda a Sagrada Escritura que quanto mais santo o intercessor, maior a eficácia da oração: “A oração do justo tem grande eficácia.” (Tg 5,16c)
Ora, se a oração de um justo tem grande eficácia, não há dúvida que é melhor pedir a intercessão de um justo do que de um pecador. E, como não existem homens neste mundo mais santificados do que aqueles que já estão no Céu, obviamente, é melhor pedir a intercessão de um santo do Céu do que de um homem que ainda vive neste mundo. Argumentam alguns: “Mas como podem interceder se estão mortos e inconscientes?” Ora, os santos estão diante do Trono de Deus e o nosso Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, como também ensina a Sagrada Escritura: “Moisés chamou ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos porque, para ele, todos vivem.” (Lc 20, 37-38)
Portanto, Jesus nos diz que os santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na Presença de Deus, pois VIVEM para Ele. Não estão mortos, nem inconscientes! O livro do Apocalipse igualmente ensina que os santos falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição suas almas intercedem junto a Deus: “Vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus, e por causa do testemunho que tinham dado dele; e clamavam em voz alta dizendo: Até quando, Senhor, santo e verdadeiro, dilatas tu o fazer justiça, e vingar o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dados a cada um deles vestidos brancos; e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que haviam de padecer, como eles, a morte” (Apc 6,9-11)
Esta passagem mostra como as almas dos santos falecidos clamam a Deus para que apresse o Dia do Juízo Final. As almas deles não estão, portanto, adormecidas. Elas de onde estão “falam” com Deus. Elas clamam ansiosas pelo Dia do Juízo Final, que será também o dia da jubilosa ressurreição da carne. Deus lhes dá uma veste branca (símbolo da santidade) e ordena que aguardem mais um pouco. E, enquanto aguardam, o que fazem estas almas? Aguardam adormecidas ou vivas e acordadas?
“Então um dos anciões, tomando a palavra, disse-me: Estes, que estão revestidos de túnicas brancas, quem são? e donde vieram? E eu disse-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele disse-me: Estes são aqueles que vieram da grande tribulação, e lavaram os seus vestidos e os embranqueceram no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo” .(Apc 7,13-15) Portanto, esta é a situação das almas enquanto aguardam pelo ansioso dia do Juízo Final e da ressurreição da carne.
Estas almas (os santos) intercedem diante do Trono de Deus: “E veio outro anjo, e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro; e foram-lhe dados muitos perfumes a fim de que oferecesse as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus. E o incenso dos perfumes das orações dos santos subiu da mão do anjo até Deus”. (Apc 8,3-4) Esta passagem garante-nos a intercessão dos santos que agora estão diante do Trono de Deus. São oferecidas a Deus as orações de todos os santos. Se são de todos os santos, são tanto as orações dos santos da terra (católicos que levam uma vida santa) quanto dos santos do Céu (que estão vestidos de branco diante do Trono de Deus). Embora este trecho da abertura dos 7 selos esteja se referindo aos santos do Céu (no quinto, sexto e sétimo selos), podemos entender as orações que chegam a Deus, também vindas dos santos da terra, pois é afirmado ser as orações de todos os santos.
Um exemplo destas orações de santos falecidos, encontra-se no livro dos Macabeus. Nela, Judas Macabeu relata uma visão que teve de Onias e Jeremias, já falecidos, intercedendo pelo povo: “Onias (…) desde menino se tinha exercitado nas virtudes, estendendo as mãos, orava por todo o povo judaico; que, depois disto, lhe aparecera outro varão respeitável pela sua idade e pela sua glória e cercado de grande majestade (…): Este é Jeremias, profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa” (2Mac 15,12-14)
E como os santos conhecem nossas preces? Eles desfrutam de profunda intimidade com Deus, de modo que através da onipresença de Deus, tomam conhecimento das preces que lhes são dirigidas. Os bem-aventurados têm conhecimento das preces que neste mundo lhes são dirigidas, pois Deus, que fez os homens solidários entre si, faz com que essa comunhão não seja dissolvida pela morte. Por isso pedimos aos santos que intercedam por nós no Céu, e Deus lhes dá a conhecer nossas orações para que, de fato, eles rezem por nós.
Deus conhece as nossas necessidades antes mesmo de formularmos nossos pedidos, tanto para nós como para outras pessoas, mas por várias razões nos faz essa recomendação. Somos seres inteligentes, dotados de vontade. Então é preciso que nossas faculdades se exerçam mesmo em relação a Ele, que é onisciente. O pedido é uma manifestação de humildade e também de confiança. Portanto, gera merecimentos. Ademais, interceder por outrem, por amor de Deus, é um ato de caridade, uma das três virtudes teologais, que permanece para sempre, inclusive no Céu.
Fonte: Baseado em Vocacionados Menores
www.aascj.org.br/home/tag/intercessao-dos-santos/
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As diferenças entre a intercessão dos santos e a evocação dos mortos
Com efeito, sendo a Igreja uma só, sendo sua unidade um de seus atributos fundamentais, sem o qual ela não pode existir (a Igreja é una no governo – o de Cristo, por meio do Papa –, na Fé – a Fé Católica –, e no culto – o culto cristão), não é de se estranhar que haja uma comunhão entre seus membros. A Igreja é Corpo de Cristo, conforme ensina São Paulo (Colossenses 1,18) e a Doutrina Católica (cf. Papa Pio XII, Encíclica Mystici Corporis, n.13), e nós, cristãos católicos, somos membros deste Corpo de Cristo: “Não sabeis que sois membros de Cristo?” (I Coríntios 6,15); se portanto, membros do mesmo Corpo, estamos todos unidos por vínculos sagrados e estreitíssimos. Esta é a “comunhão dos santos”, na qual professamos crer.
O Catecismo Romano ensina a respeito: “Antes de tudo, devemos explicar aos fiéis que o presente artigo do Credo [sobre a comunhão dos santos] é uma ampliação do anterior, que trata da Igreja uma, santa e católica. Sendo, pois, um só Espírito que a governa, todas as graças conferidas à Igreja se tornam bem comum de todos. Os frutos de todos os Sacramentos aproveitam a todos os fiéis. São uma espécie de vínculos sagrados os unem e prendem a Cristo; mormente o Batismo que, quase por uma porta, nos faz entrar no grêmio da Igreja” (Cap. X, Tít. VII, n.1).
Santo Ambrósio dizia: “Assim como dizemos que um membro faz parte de todo o corpo, assim é o nexo entre todos os que temem a Deus” (Abros. in Ps 118,63 sermo 8 – n.54: ML 15, 1387).
“Muitos são os membros do corpo. Apesar de serem muitos, formam todavia um só corpo, no qual cada um tem sua função própria mas não idêntica para todos. [...] É tão íntima a conexão e adaptação entre eles que, se algum sofre dor, todos os mais a sofrem também, por efeito natural do mesmo sangue e do mesmo sentimento; se pelo contrário sentir bem-estar, todos os outros terão a mesma sensação de alegria. Na Igreja observa-se o mesmo fenômeno. Seus membros são diversos, várias nações, judeus e pagãos, homens livres e escravos, pobres e ricos. No entanto, assim que recebem o batismo, formam com Cristo um só Corpo, do qual Ele próprio é a Cabeça. Nesta Igreja, cada membro recebe um ministério especial. Uns são apóstolos, outros são mestres, todos instituídos para o bem da coletividade; de modo que a uns incumbe dirigir e ensinar, a outros obedecer e viver debaixo de ordens” (Catecismo Romano, Cap. X, Corol., n.1).
Ora, sendo tamanha a unidade deste Corpo, sendo tão estreitos os vínculos que unem os membros da Igreja entre si e a Cristo, é mais que natural que uns membros peçam pelos outros a Cristo, que é a Cabeça de todo o Corpo, e ao qual todos – tanto os que pedem quanto os que são objeto de pedido – estão unidos. A prática da oração entre si – a “intercessão” –, a oração de uns pelos outros, era vivamente recomendada pelos Apóstolos, donde não se pode compreender que hoje muitos impugnem a intercessão tal como é defendida pela Igreja Católica, tratando a esta como se fosse um ato pecaminoso! São Paulo fervorosamente recomendava a intercessão: “Sede perseverantes, sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graças. Orai também por nós! Pedi a Deus que dê livre curso à nossa palavra, para que possamos anunciar o mistério de Cristo” (Colossenses 4,2-3); “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador” (I Timóteo 2,1-3).
Pode-se não só rezar por aqueles que são membros do Corpo, como por aqueles que a ele ainda não se incorporaram, conforme recomenda São Paulo (“façam preces [...] por todos os homens”); e esta prática, a oração por aqueles que ainda não são membros do Corpo de Cristo, é também um meio de fazê-los incorporar-se a este Corpo Santo.
Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou como resgate por todos” (I Timóteo 2,5-6). Logo, toda intercessão que se faça passa por Cristo; é junto a Cristo que intercedemos ou que os santos intercedem por nós, para que Nosso Senhor, que é nosso único Mediador, apresente esta súplica a Seu Pai.
Logo, a intercessão tem profundo amparo na Doutrina Católica, tal como nos resulta das Sagradas Escrituras e da Sagrada Tradição.
Mas não se deve crer que somente os vivos podem rezar uns pelos outros. Havendo a comunhão dos santos, isto é, de todos os membros do Corpo Místico de Cristo, existe também a comunhão entre a Igreja de Cristo que ainda caminha na terra (a “Igreja Militante”), a Igreja de Cristo que se purifica no Purgatório (a “Igreja Padecente”), e a Igreja de Cristo que já conquistou a glória nos Céus (a “Igreja Gloriosa”); estes são os três estados da Igreja, conforme nos indica o Catecismo da Igreja Católica (n. 954). Logo, há perfeita comunhão entre os membros da Igreja que militam na terra (nós), aqueles que, terminados o curso de sua vida terrena, purificam-se para entrar nos Céus (as almas do Purgatório), e aqueles que já estão na glória e já vêem a Deus face a face (as almas dos santos, todos os que já foram salvos e estão no Paraíso).
E não há nenhuma separação entre a Igreja celeste e a Igreja que peregrina na terra. Ao contrário, são o mesmo e único Corpo Místico de Cristo, a mesma e única Igreja Católica. A Doutrina Católica nos proíbe dizer que há separação entre a Igreja que está nos céus e a que está na terra: “A sociedade organizada hierarquicamente e o Corpo místico de Cristo, o agrupamento visível e a comunidade espiritual, a Igreja terrestre e a Igreja ornada com os dons celestes não se deve considerar como duas entidades, mas como uma única realidade complexa, formada pelo duplo elemento humano e divino” (Conc. Ecum. Vaticano II, Const. Dogm. Lumen Gentium, n.8).
Não havendo separação entre a Igreja terrestre e a celeste, é também perfeitamente possível que os santos do Céu intercedam por aqueles que ainda caminham rumo à santidade aqui na terra; aliás, sua oração será tanto mais eficaz que a nossa, visto estarem eles mais próximos de Deus que nós, pois estão em comunhão com Ele. Não só os santos do Céu podem interceder por nós, como também as almas do Purgatório, que também estão mais próximas de Deus que nós, faltando-lhes apenas a purificação para adentrarem nos Céus; e nós também podemos interceder pelas almas do Purgatório, para que Deus as retire logo de seu sofrimento purificador.
“Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (Const. Dogm. Lumen Gentium, n.49).
É nisto, portanto, que a Igreja Católica crê sobre a intercessão dos santos, e também de uns pelos outros.
É preciso, ainda, diferenciar “invocação” de “evocação”. A propósito, esclarece Frei Boaventura Kloppeburg, renomado Teólogo brasileiro, em sua obra “O Espiritismo no Brasil, Orientações para os Católicos”: "Várias vezes nos objetaram que também os católicos evocamos os mortos, quando rezamos aos santos. Mas isso não é verdade: não evocamos, mas invocamos os Santos. Dirão que as palavras ‘evocar’ e ‘invocar’ são sinônimas. Etimologicamente pode ser, mas realmente os conceitos são bem diferentes: Quando o espírita ‘evoca’ um espírito ele quer que o espírito desça, baixe e se comunique perceptivelmente com a gente; quando o católico ‘invoca’ um Santo, ele quer que o Santo por assim dizer suba ao trono de Deus para interceder por nós, para tornar-se o nosso intercessor e não que baixe e fale conosco. Não há, na devoção católica aos Santos, nem vestígio de mentalidade espírita" (Op. cit., 2ª Ed., Petrópolis: Vozes, 1964, p.183).
Portanto, invocar não é o mesmo que evocar. A “invocação dos santos” nada mais é que pedir sua intercessão; é a prática católica. A “evocação dos mortos” é a prática dos espíritas, a qual é inteiramente condenável.
Ora, a evocação dos mortos, ou necromancia, se dá com base na crença espírita de que os espíritos dos falecidos podem perambular pelo mundo atendendo às nossas exigências. Neste sentido, o homem poderia perfeitamente evocar sua presença ou seus conselhos, donde surgem as práticas espíritas de psicografia, psicofonia, vidência, entre outras.
A evocação dos mortos sugere que o homem tem o poder de trazer um espírito à terra. Há, portanto, uma pretensão de domesticar os poderes divinos; é a soberba do homem que se acha Deus.
Somente Deus poderia, por iniciativa Sua, permitir a aparição de uma alma ou anjo, como permitiu que a alma de Samuel se manifestasse quando Saul foi à necromante (cf. I Samuel 28,7-25), ou como quando enviou o Arcanjo Gabriel (cf. Lucas 1,26) para anunciar a Maria que Ela seria a Mãe do Filho de Deus, ou quando das aparições da Virgem Santíssima é tantos lugares ao longo das épocas. Somente Deus, por sua própria iniciativa, poderia permitir a manifestação de Samuel, da Virgem Maria ou do Anjo Gabriel. Não é o homem quem tem poder para decidir ou exigir tal coisa, como fazem e pregam os espíritas, que exigem a presença, a manifestação e mesmo a aparição dos espíritos em suas reuniões, como se tivessem algum poder para isso; e se estes espíritos aparecem não se tenha dúvidas de que na verdade são demônios enganadores.
Além disso, o espírita evoca os mortos pretendendo deles retirar verdades sobre o além ou com seu auxílio levar à cabo práticas como a adivinhação. Foi isto que fez Saul, recorrendo à necromante da seguinte maneira: “Predize-me o futuro, evocando um morto” (I Samuel 28,8). Veja-se que a intenção de Saul ao evocar os espíritos era claramente a de obter conhecimentos ocultos, de verdades do além ou do futuro. É isto que faz o espírita. Evoca os mortos para deles obter conhecimentos ocultos. Além de querer domesticar os poderes divinos, exigindo a manifestação das almas como se tivesse poder para tanto, ainda deseja ser onisciente como Deus, pela obtenção de conhecimentos ocultos. É a soberba do homem que se acha Deus, e que dá ouvidos às tentações da Serpente maligna, que disse: “Sereis como deuses” (Gênese 3,5).
O católico, ao contrário, ao pedir a intercessão dos santos, como já vimos, apenas eleva-lhe pedidos; roga-lhe que interceda junto a Cristo em seu favor, para que possa obter a graça ou o bem que lhe for necessário naquele momento, seja um bem material ou um bem espiritual. Não há aí, na oração do católico aos santos, nenhuma intenção de exigir a manifestação das almas – pois o católico sabe que somente Deus tem poder para realizar tal coisa – ou de obter pretensos conhecimentos ocultos – o católico entrega o futuro nas mãos de seu Senhor: “Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado” (Mateus 6,34); e o católico conhece sua miséria humana e sabe que somente seu Senhor é onisciente, não tendo nenhuma intenção de igualar-se a Ele nisso.
Há, portanto, uma cabal diferença entre a perniciosa necromancia praticada pelos espíritas e a intercessão dos santos, à qual recorre a Igreja Católica. São óleo e água.
A Igreja o condena: “Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos, para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – mesmo que seja para proporcionar a este a saúde –, são gravemente contrárias à virtude da religião. Essas práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas de uma intenção de prejudicar outrem, ou quando recorrem ou não à intervenção dos demônios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica freqüentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo” (Catecismo da Igreja Católica, n.2117).
E O Senhor Deus ordena: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações. Serás inteiramente do Senhor, teu Deus” (Deuteronômio 18,10-13).
www.reinodavirgem.com.br/devocoes/intercessao-evocacao.html
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A INTERCESSÃO DOS ANJOS E SANTOS NA BÍBLIA
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O CULTO DOS SANTOS NA IGREJA PRIMITIVA
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As diferencas entre mediador e intercessor
Muitos protestantes nos acusam de colocar Maria e os Santos no lugar do Único Mediador entre os homens e a Deus-Pai , que é Jesus Cristo:I Timoteo 2:5 Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.
Logicamente como todos os Cristãos, nós católicos acreditamos que as graças vem por meio de Jesus Cristo, como o mediador primário. Isto não quer dizer que nós não nos dirigimos a Deus Pai ou ao Espírito Santo diretamente. A inferência lógica da tradução de 1Timóteo 2,5 é aquela que nós precisamos sempre ir primeiro a Cristo. Mas também temos as palavras do próprio Cristo, que nos disse que, quando rezamos, precisamos dizer: “Pai nosso que estais no céu…” Que aquele texto de 1Timóteo 2,5 não é para ser tomado literalmente fica evidenciado em outra fonte, também do punho de São Paulo:
“Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações por mim a Deus” (Romanos 15,30).
Então fica claro que nós católicos temos apenas um Mediador, mais vamos começar pela analise das palavras mediador e intercessor muito confundido e mal interpretado entre os protestantes:
Mediador: Aquele que media duas partes. Um exemplo prático é uma criança que quer pedir ao pai um brinquedo, mas não tem coragem de pedir diretamente. Então, ele pede à mãe e esta faz o pedido ao pai.
Esquematicamente: Filho => Mãe => Pai
Intercessor: Aquele que intercede, ajuda. Adotando e adaptando o exemplo acima, o filho quer um brinquedo e pede diretamente ao pai. Para tentar convencer o pai, ele pede a intercessão (ajuda) da mãe.
Assim: Filho + Mãe => Pai
Logicamente como todos os Cristãos, nós católicos acreditamos que as graças vem por meio de Jesus Cristo, como o mediador primário. Isto não quer dizer que nós não nos dirigimos a Deus Pai ou ao Espírito Santo diretamente. A inferência lógica da tradução de 1Timóteo 2,5 é aquela que nós precisamos sempre ir primeiro a Cristo. Mas também temos as palavras do próprio Cristo, que nos disse que, quando rezamos, precisamos dizer: “Pai nosso que estais no céu…” Que aquele texto de 1Timóteo 2,5 não é para ser tomado literalmente fica evidenciado em outra fonte, também do punho de São Paulo:
“Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações por mim a Deus” (Romanos 15,30).
Então fica claro que nós católicos temos apenas um Mediador, mais vamos começar pela analise das palavras mediador e intercessor muito confundido e mal interpretado entre os protestantes:
Mediador: Aquele que media duas partes. Um exemplo prático é uma criança que quer pedir ao pai um brinquedo, mas não tem coragem de pedir diretamente. Então, ele pede à mãe e esta faz o pedido ao pai.
Esquematicamente: Filho => Mãe => Pai
Intercessor: Aquele que intercede, ajuda. Adotando e adaptando o exemplo acima, o filho quer um brinquedo e pede diretamente ao pai. Para tentar convencer o pai, ele pede a intercessão (ajuda) da mãe.
Assim: Filho + Mãe => Pai
Então apenas vendo a diferença entre as palavras vemos que é um erro a acusação protestante de que colocamos Maria e os santos no lugar de Jesus, afinal o unico que pode e fez o homem ter de novo a comunhão com Deus foi Jesus, o Salvador anunciado centenas de anos antes de seu nascimentos pelos profetas.
Romanos 5:19 Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.Romanos 6:6 Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.
Deus atraves da Historia sempre utilizou de intercessores, quer seja de sua palavra ou quer seja de sua graça. Um exemplo que eu costumo utilizar é o caso do homem preso na enchente:
Então o homem estava preso sobre um carro numa terrível enchente e agua subia rapidamente, mais mesmo assim o homem estava confiante, quando veio um rapaz num barco e disse:
-Rapido suba no barco, que a agua esta subindo rapido demais!!
O homem respondeu:
-Nao! Vou ficar , Jesus me salvará.
O Homem do barco se foi, entao a agua ja batendo no peito apareceu um helicoptero e gritaram:
-Vamos segure a corda!!
O homem respondeu:
-Nao Jesus me salva!
Até que o homem faleceu e se encontrou com Jesus e perguntou a Ele:
-Senhor , te esperei tanto o Senhor me salvar!!
Ai Jesus responde:
-Mas meu filho, te mandei barco, um helicoptero só você nao viu .
Resumindo, Deus usa de nossas orações e intercessoes pelo proximo para sua obra de Salvação, basta você enxergar a vontade do Senhor que se utiliza da nossa intercessao e intermedio:
Atos 19:11-12 “Deus fazia milagres extraordinarios por intermedio de Paulo, de modo que os lenços e outros panos que tinham tocado o corpo eram levados aos enfermos e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espirtos malignos”
Atos 5:15 “Punham-nos em leitos e macas a fim de que, qdo Pedro passasse,ao menos sua SOMBRA cobrisse alguns deles”
Romanos 5:19 Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.Romanos 6:6 Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.
Deus atraves da Historia sempre utilizou de intercessores, quer seja de sua palavra ou quer seja de sua graça. Um exemplo que eu costumo utilizar é o caso do homem preso na enchente:
Então o homem estava preso sobre um carro numa terrível enchente e agua subia rapidamente, mais mesmo assim o homem estava confiante, quando veio um rapaz num barco e disse:
-Rapido suba no barco, que a agua esta subindo rapido demais!!
O homem respondeu:
-Nao! Vou ficar , Jesus me salvará.
O Homem do barco se foi, entao a agua ja batendo no peito apareceu um helicoptero e gritaram:
-Vamos segure a corda!!
O homem respondeu:
-Nao Jesus me salva!
Até que o homem faleceu e se encontrou com Jesus e perguntou a Ele:
-Senhor , te esperei tanto o Senhor me salvar!!
Ai Jesus responde:
-Mas meu filho, te mandei barco, um helicoptero só você nao viu .
Resumindo, Deus usa de nossas orações e intercessoes pelo proximo para sua obra de Salvação, basta você enxergar a vontade do Senhor que se utiliza da nossa intercessao e intermedio:
Atos 19:11-12 “Deus fazia milagres extraordinarios por intermedio de Paulo, de modo que os lenços e outros panos que tinham tocado o corpo eram levados aos enfermos e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espirtos malignos”
Atos 5:15 “Punham-nos em leitos e macas a fim de que, qdo Pedro passasse,ao menos sua SOMBRA cobrisse alguns deles”
Sem contar que se a pessoa viva pode interceder e elevar para o proximo mesmo estando longe de Deus , então a oração de uma pessoa que ja esta na graça de Deus esta oração é muito mais eficaz.Nosso Senhor nos manda “Orar uns pelos outros” (MT 5, 44).
S. Tiago nos ordena de “orar uns pelos outros” (Tgo. 5, 16).
S. Paulo diz que “ora pelos colossenses” (Col. 1, 3).
2 Corintios 1:11= Se nos ajudar tambem a vos com oraçoes em nossa intenção.Assim esta graça obtida por intervenção de muitas pessoas lhes será ocasião de agradecer a Deus a nosso respeito.
Os Santos e Maria apenas nos intercedem junto a Jesus levando nossas orações. É por isso que a doutrina católica chama Nossa Senhora de “Mediatrix ad Christum mediatorem”, isto é, “Medianeira junto a Cristo mediador”. Deste modo, Cristo fica como único mediador entre Deus e os homens; e a Virgem Maria fica uma “medianeira junto a Cristo”. Houve um meio estabelecido pelo próprio Cristo para conhecer a Ele. Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu doze apóstolos para ensinar a todos quem Ele era, e quem não ouve esses mediadores de Cristo, não ouve o próprio Cristo: “Quem vos ouve, a Mim ouve” (Lc, X, 16). Cristo exigiu que ouvíssemos seus apóstolos e evangelistas como “mediadores segundos ou secundarios”.
O poder de interceder está expresso em diversas passagens das Sagradas Escrituras, como nas Bodas de Caná, onde Nosso Senhor não queria fazer o milagre, pois “ainda não havia chegado Sua hora” e “o que temos nós a ver com isso (com a falta de vinho)?”. Bastou Nossa Senhora pedir para que seu Filho fizesse o milagre, que Ele adiantou sua hora para atender à intercessão de sua Mãe Santíssima. Que tamanho poder de intercessão têm Nossa Senhora! Fazer com que Deus, por assim dizer, mudasse seus planos? É tal o poder de Nossa Senhora que a doutrina católica a chama de onipotência suplicante, ou seja, Aquela que tem, por meio da súplica a seu Filho, o poder onipotente!
S. Tiago nos ordena de “orar uns pelos outros” (Tgo. 5, 16).
S. Paulo diz que “ora pelos colossenses” (Col. 1, 3).
2 Corintios 1:11= Se nos ajudar tambem a vos com oraçoes em nossa intenção.Assim esta graça obtida por intervenção de muitas pessoas lhes será ocasião de agradecer a Deus a nosso respeito.
Os Santos e Maria apenas nos intercedem junto a Jesus levando nossas orações. É por isso que a doutrina católica chama Nossa Senhora de “Mediatrix ad Christum mediatorem”, isto é, “Medianeira junto a Cristo mediador”. Deste modo, Cristo fica como único mediador entre Deus e os homens; e a Virgem Maria fica uma “medianeira junto a Cristo”. Houve um meio estabelecido pelo próprio Cristo para conhecer a Ele. Nosso Senhor Jesus Cristo escolheu doze apóstolos para ensinar a todos quem Ele era, e quem não ouve esses mediadores de Cristo, não ouve o próprio Cristo: “Quem vos ouve, a Mim ouve” (Lc, X, 16). Cristo exigiu que ouvíssemos seus apóstolos e evangelistas como “mediadores segundos ou secundarios”.
O poder de interceder está expresso em diversas passagens das Sagradas Escrituras, como nas Bodas de Caná, onde Nosso Senhor não queria fazer o milagre, pois “ainda não havia chegado Sua hora” e “o que temos nós a ver com isso (com a falta de vinho)?”. Bastou Nossa Senhora pedir para que seu Filho fizesse o milagre, que Ele adiantou sua hora para atender à intercessão de sua Mãe Santíssima. Que tamanho poder de intercessão têm Nossa Senhora! Fazer com que Deus, por assim dizer, mudasse seus planos? É tal o poder de Nossa Senhora que a doutrina católica a chama de onipotência suplicante, ou seja, Aquela que tem, por meio da súplica a seu Filho, o poder onipotente!
Existem diversas passagens da Sagrada Escritura em que Deus só atende por meio da intercessão dos santos, como no caso de Jó (já visto), em que Deus expressamente mandou que o fiel pedisse através de seu servo Jó. Ou mesmo o caso do discípulo de Santo Elias, que só fazia milagres quando pedia através do Deus de Elias.Veja mais passagens no artigo intercessão dos santos.É natural que Deus atenda àqueles que estão mais perto dele do que àqueles que estão mais distantes. Quanto maior a virtude de uma pessoa, tanto mais perto de Deus ela está e tanto mais pode interceder por nós. Até porque aquele que está mais longe de Deus nem sequer mais eleva seus pensamentos e orações.
O temos que tomar mais cuidado ao ler a Biblia é nao cairmos no fundamentalismo religioso, que se trata de interpretar os textos sagrados ao pé da letra, este é o chamado leitura fundamentalista , oras a biblia existem varias passagens que mostra mediadores, o que nao significa tirar o lugar de Jesus, como unico mediador, veja uns exemplos:
A propria biblia aplica a Moisés o título de Mediador:
Deuteronomio 5:5 “Eu fui naquele tempo interprete e mediador entre o Senhor e vós”
Paulo na mesma carta que afirma Jesus como Único mediador entre Deus e os homens, também indica Mediadores secudarios:
I Timoteo 2:15 “Recomenda que faça preces , orações , suplicas e ações de Graças por todos os homens”
O temos que tomar mais cuidado ao ler a Biblia é nao cairmos no fundamentalismo religioso, que se trata de interpretar os textos sagrados ao pé da letra, este é o chamado leitura fundamentalista , oras a biblia existem varias passagens que mostra mediadores, o que nao significa tirar o lugar de Jesus, como unico mediador, veja uns exemplos:
A propria biblia aplica a Moisés o título de Mediador:
Deuteronomio 5:5 “Eu fui naquele tempo interprete e mediador entre o Senhor e vós”
Paulo na mesma carta que afirma Jesus como Único mediador entre Deus e os homens, também indica Mediadores secudarios:
I Timoteo 2:15 “Recomenda que faça preces , orações , suplicas e ações de Graças por todos os homens”
Os Protestantes dizem que quem intercede por nós são os que estão vivos, e os que morreram não pode interceder por nós, pois estão dormindo e esperando a ressurreição. Vejamos como isso é falso. Os que já estão na glória de Deus pode interceder junto a Cristo por nós. É o que veremos de agora em diante
Os Anjos e os Santos intercedem a Deus por nós
Os Santos no céu estão na mesma condição dos Anjos, pois conservam as suas naturezas individuais e intelectuais, e possuem a mesma Luz divina na qual vêem a Deus, e em Deus e tudo que a sua mente pode conhecer “Na tua Luz veremos a Luz” – (Salmos 35,10). Por isso, a Bíblia afirma que os Santos “julgarão o mundo” (1Coríntios 6,2). Para fazerem esse julgamento devem conhecer os atos nele praticados. Portanto, os Santos conhecem as nossas precisões e intercedem por nós como nossos amigos junto de Deus.
É o que lemos em várias passagens da Bíblia:
a) Em Jeremias lemos: “E o Senhor me disse: ‘ainda que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, o meu coração não se voltaria para esse povo” (Jeremias 15,1). Ora, Moisés e Samuel já não eram do números dos vivos, e podiam, no entanto, interceder pelo povo.
Note-se que em (2 Macabeus 15,14), o próprio Jeremias, já falecido, é apresentado como, quem “muito ora pelo povo e pela cidade santa”.
Os Anjos e os Santos intercedem a Deus por nós
Os Santos no céu estão na mesma condição dos Anjos, pois conservam as suas naturezas individuais e intelectuais, e possuem a mesma Luz divina na qual vêem a Deus, e em Deus e tudo que a sua mente pode conhecer “Na tua Luz veremos a Luz” – (Salmos 35,10). Por isso, a Bíblia afirma que os Santos “julgarão o mundo” (1Coríntios 6,2). Para fazerem esse julgamento devem conhecer os atos nele praticados. Portanto, os Santos conhecem as nossas precisões e intercedem por nós como nossos amigos junto de Deus.
É o que lemos em várias passagens da Bíblia:
a) Em Jeremias lemos: “E o Senhor me disse: ‘ainda que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, o meu coração não se voltaria para esse povo” (Jeremias 15,1). Ora, Moisés e Samuel já não eram do números dos vivos, e podiam, no entanto, interceder pelo povo.
Note-se que em (2 Macabeus 15,14), o próprio Jeremias, já falecido, é apresentado como, quem “muito ora pelo povo e pela cidade santa”.
b) No Apocalipse São João narra a visão que teve de Jesus Cristo em seu trono de glória, e como, diante d’Ele, se apresentavam anciãos “com taças cheias de perfume, que são as orações dos santos” (Apocalipse 5,8) ( Apocalipse 8,4). Esses anciãos significam os “Santos da glória” ao apresentarem a Jesus as orações dos “santos da terra”, ou seja, os fiéis de Cristo nesse mundo. Trata-se de uma forma de mediação secundária dos Santos entre Cristo e os seus fiéis.c) No 1º livro dos Reis lemos que Deus prometeu a Salomão conservar para seu filho (Davi) a tribo ou reino de Judá, “em atenção” e “por amor ao seu servo Davi” (já morto) (1Reis 11,11-13). Isso significa que Deus toma em consideração os pedidos dos seus amigos também do Céu, os Santos.d) Igual sentido tem a oração de Moisés pedindo a Deus que poupasse o povo culpado em atenção aos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, todos já falecidos (Êxodo 32,11-14).
e) Ainda no 2º livro dos Reis a Bíblia narra o milagre da ressurreição de um morto, ao contato com os ossos do profeta Eliseu (2 Reis 13,21).
Note-se que nesse texto está divinamente aprovada ainda a prática católica de se guardarem com respeito as relíquias dos Santos, pois, também através delas Deus pode nos conceder graças e favores.
f) Na Parábola do pobre Lázaro e do rico, Jesus apresenta Abraão sendo rogado pelo mal rico que fora condenado ao inferno (Lucas 16, 27). No caso, o mal rico não podia ser atendido. Mas com esse fato Jesus significou a possibilidade de se pedir ajuda aos amigos de Deus que estão no céu, pois o mal rico pediu intercessão de Abraão.
g) Se os santos da terra (os fiéis em Cristo) intercedem junto de Deus pelas necessidades dos irmãos, conhecidos e desconhecidos (são incontáveis os casos na Bíblia), quanto mais os Santos da glória que, na Luz divina, conhecem perfeitamente as nossas precisões (como acima ficou provado). Eles intercedem com certeza por nós junto de Deus. Ler ainda (Sabedoria 18,20-22).
e) Ainda no 2º livro dos Reis a Bíblia narra o milagre da ressurreição de um morto, ao contato com os ossos do profeta Eliseu (2 Reis 13,21).
Note-se que nesse texto está divinamente aprovada ainda a prática católica de se guardarem com respeito as relíquias dos Santos, pois, também através delas Deus pode nos conceder graças e favores.
f) Na Parábola do pobre Lázaro e do rico, Jesus apresenta Abraão sendo rogado pelo mal rico que fora condenado ao inferno (Lucas 16, 27). No caso, o mal rico não podia ser atendido. Mas com esse fato Jesus significou a possibilidade de se pedir ajuda aos amigos de Deus que estão no céu, pois o mal rico pediu intercessão de Abraão.
g) Se os santos da terra (os fiéis em Cristo) intercedem junto de Deus pelas necessidades dos irmãos, conhecidos e desconhecidos (são incontáveis os casos na Bíblia), quanto mais os Santos da glória que, na Luz divina, conhecem perfeitamente as nossas precisões (como acima ficou provado). Eles intercedem com certeza por nós junto de Deus. Ler ainda (Sabedoria 18,20-22).
Para nós Católicos os santos já estão no Céu,e podem interceder por nós ( Apocalipse 6,9-10) (Apocalipse 5,9) (Apocalipse 14,3) e (Apocalipse 15,3)Por fim, um argumento de reta razão ou do bom senso:É conforme à natureza dos seres criados por Deus que os inferiores obtenham favores dos superiores também pela mediação de amigos de ambos. A própria mediação de Cristo tem por base este princípio. Ora, os Santos são amigos de Deus e nossos na glória (Lucas.16,9). Logo, eles não só podem, mas realmente intercedem por nós junto de Deus.
Conclusão: aí estão alguns dos fundamentos bíblicos da prática católica da devoção ou culto dos anjos e dos Santos. A isso os evangélicos costumam apresentar que há um só Mediador, Jesus Cristo (1Timóteo 2,5).
A isso se responde completando a citação no versículo 06 assim: “. . . o Qual Se entregou em Redenção por todos”. Cristo é, sim, o único Mediador, mas “de redenção”. O que não exclui a mediação de intercessão dos Anjos e Santos, como acima ficou provado.
E mais: estando os “Santos da glória” na mesma condição dos Anjos, eles podem também ser venerados como os Anjos o foram por homens justos ou seja, pelos fiéis, conforme se lê na Bíblia.
Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxilio.
Conclusão: aí estão alguns dos fundamentos bíblicos da prática católica da devoção ou culto dos anjos e dos Santos. A isso os evangélicos costumam apresentar que há um só Mediador, Jesus Cristo (1Timóteo 2,5).
A isso se responde completando a citação no versículo 06 assim: “. . . o Qual Se entregou em Redenção por todos”. Cristo é, sim, o único Mediador, mas “de redenção”. O que não exclui a mediação de intercessão dos Anjos e Santos, como acima ficou provado.
E mais: estando os “Santos da glória” na mesma condição dos Anjos, eles podem também ser venerados como os Anjos o foram por homens justos ou seja, pelos fiéis, conforme se lê na Bíblia.
Pelo fato de os habitantes do céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a igreja. Eles não deixam de interceder por nós junto ao pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxilio.
Sendo os Santos amigos de Deus pela santidade, e nossos, pela sua perfeita caridade, é justo que lhes tributemos os louvores que, sob esse duplo título, merecem; e que nos recomendemos à sua intercessão junto de Deus. É justo, visto que neles também se realiza, embora em grau bem menor, mas bem verdadeiro, o que disse de Si mesma, mas cheia do Espírito Santo, a mais santa que todos os Santos, Maria Santíssima: Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso” (Lucas 1,48-49)Vê-se, por essas palavras inspiradas, que o louvor dos Santos redunda em louvor e glória de Deus, pois os Santos são obras-primas da sua sabedoria, bondade e poder. Quando os louvamos, é a seu Autor que louvamos. De fato, sendo Deus admirável em seus Santos, e os Santos, obra de sua graça (à qual eles corresponderam fazendo a sua parte), Deus os ama sob esse título. Aliás, no preceito de “amar e honrar a Deus” está incluindo o de amar e honrar a tudo o que Ele ama e honra, e segundo a ordem com a qual Ele o faz. E Deus ama, de modo especial, os seus Santos: a Jesus Cristo enquanto Homem, depois a Nossa Senhora, e depois aos Anjos e todos os Santos da glória; E depois, aos que ainda pelejam neste mundo
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Estudo sobre Intercessão: Os santos do Céu estão vivos
Argumentam alguns: “Mas como podem interceder se estão mortos e inconscientes?” E quem disse que estão mortos aqueles que estão VIVOS diante do Trono de Deus, porque o nosso Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, como ensinou Jesus:
“Moisés chamou ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos porque todos vivem para Ele.” (Lc 20, 37-38)
Portanto, Jesus nos diz que os santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na Presença de Deus, pois VIVEM para Ele. Não estão mortos, nem inconscientes! O livro do Apocalipse também ensina que os santos falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição, suas almas dialogam e intercedem junto a Deus:
“Vi sob o ALTAR as ALMAS DOS HOMENS IMOLADOS por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que dela tinham prestado. E CLAMARAM EM ALTA VOZ: Até quando ó Senhor, Santo e Verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando o nosso sangue contra os habitantes da terra? A cada um deles foi dada, então, uma veste branca, e foi-lhes dito, também, que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos seus companheiros e irmãos, que iriam SER MORTOS COMO ELES.” (Apc 6,9-11)
Neste diálogo, as almas dos santos falecidos clamam a Deus para que apresse o Dia do Juízo Final. Observe que as almas não estão adormecidas, mas estão sob o altar de onde falam com Deus. Elas clamam ansiosas pelo Dia do Juízo Final, que será também o dia da aguardada ressurreição da carne. Deus lhes dá uma veste branca (símbolo da santidade) e ordena que aguardem mais um pouco. E, enquanto aguardam, o que fazem estas almas? Aguardam adormecidas ou vivas e acordadas?
Vejamos:
“Então um dos anciões falou comigo e perguntou-me: Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os SOBREVIVENTES da grande tribulação. Lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro. Por isso, ESTÃO DIANTE DO TRONO DE DEUS, E O SERVEM, DIA E NOITE, NO SEU TEMPLO.” (Apc 7,13-15)
Portanto, esta é a situação das almas enquanto aguardam pelo ansioso dia do Juízo Final e da ressurreição da carne, quando finalmente “Deus os abrigará em sua tenda e não haverá nem fome, sede, sol ou calor e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos” (Apc 7,15-16). Veja também como estas almas (os santos, pois estavam com vestes brancas, símbolo da santidade), intercedem diante do Trono de Deus:
“Outro anjo pôs-se junto ao ALTAR, com um turíbulo de ouro na mão. Foram-lhe dados muitos perfumes para que os oferecesse com as ORAÇÕES DE TODOS OS SANTOS NO ALTAR de ouro, que ESTÁ ADIANTE DO TRONO. A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com AS ORAÇÕES DOS SANTOS, DIANTE DE DEUS.” (Apc 8,3-4)
Eis aí uma passagem bíblica que nos garante a intercessão dos santos falecidos, e que agora estão diante do Trono de Deus. São oferecidas a Deus as orações de TODOS os santos. Se são de todos os santos, são tanto as orações dos santos da terra (cristãos que levam uma vida santa) quanto dos santos do Céu (que estão vestidos de branco diante do Trono de Deus). Embora este trecho da abertura dos 7 selos esteja se referindo aos santos do Céu (no quinto, sexto e sétimo selos), podemos entender as orações que chegam a Deus, também vindas dos santos da terra, pois é afirmado ser as orações de TODOS os santos.
Um exemplo destas orações de santos falecidos, encontra-se em Macabeus. Nela, Judas Macabeus relata uma visão que teve de Onias e Jeremias, já falecidos, intercedendo pelo povo:
“Onias (…) estava com as mãos estendidas, INTERCEDENDO por toda a comunidade dos judeus. Apareceu a seguir um homem notável (…) Esse é aquele que MUITO ORA pelo povo e por toda cidade santa, é Jeremias, o Profeta de Deus.” (2Mac 15,12-14)
Suplemento:
Aos protestantes que dizem que este livro não é inspirado, pedimos para provarem tal afirmação pela sua regra de fé, ou seja, unicamente pela bíblia, perguntamos-lhe: onde, qual o texto da bíblia diz que o livro de 2 macabeus não é inspirado? Como saber que um livro é inspirado? onde, qual o texto da bíblia que diz quantos e quais são os livros inspirados ? se não responderem unicamente pela bíblia não tem autoridade para dizerem quantos e quais são os livros inspirados!
Pedimos a intercessão dos santos já falecidos porque para o cristão, "não para o materialista", a morte não significa a extinção da vida, mas a passagem de uma maneira de viver para outra. O fato dos santos da glória não estarem fisicamente no nosso meio não impede deles conhecerem nossas orações, pois os anjos não estão fisicamente entre nós, entretanto, pelo poder de Deus, conhecem as nossas orações, e por vontade divina, intercedem por nós ( cf. Zac 1, 12-13; Gn 48, 16 ...) e nos protegem ( cf. Sl 91, 11-12; Heb 1, 14; Atos 12, 14-15; Mt 18, 10) ), podemos dizer a mesma coisa relativamente aos santos já falecidos, pois eles são como os anjos de Deus no céu ( Mt 22, 30 ) ou melhor, são iguais aos anjos de Deus no céu ( Luc 20, 23 ). Ora, já que não são iguais por natureza, os são pelo mesmo poder que Deus deu aos anjos do céu : de conhecerem as nossas orações e intercederem por nós cf. Vemos em Apoc 5,8 os 24 anciões ( que não são uma corte anjelical, "os anjos ", pois segundo Apoc 5, 11; 7, 11. Os anjos ficam em derredor desses anciões, portanto não eram eles, mas sim os justos, "santos" , que já estão na glória) apresentando ao cordeiro-Jesus Cristo- as orações dos santos, ou seja, dos fiéis da terra, chamados de santos (cf. Rm 1, 7; 1° Cor 1,1; 2° Cor 1,1; 8,4; Ef 1,1, por terem sidos- por serem- purificados pela água do batismo( atos 2 ,38; Ef 5, 25-26) e por serem fiéis à palavra de Deus (Jo 17, 17; 1° Ped. 1, 15 ... ) ademais, os que estão na glória não precisam de orações, visto que já estão na glória, mas sim, os fiéis da terra, que mesmo vivendo uma vida de santidade, correm o risco de perderem a sua salvação eterna. Ora, apresentar a Jesus a oração de alguém é interceder diante de Cristo, por esse alguém.Cf. Catequista Aquino em : larcatolico.webnode.com.br/news/venera%C3%A7%C3%A3o%20das%20imagens/
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Quando São Paulo diz que “há um só mediador entre Deus e os homens, que é Jesus Cristo homem” (1Tm 2,5-6), ele quer dizer que Jesus é o único Salvador e não o único intercessor. Para confirmar, acrescenta, vs 6: “o qual se deu a si mesmo para redenção de todos”.
Na verdade, existem muitos intercessores. O Novo Testamento está repleto de passagens que nos exortam a interceder uns pelos outros, inclusive a que precede o versículo citado acima: “Recomendo-te, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens (…). Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador” (1Tm 2,1-3). “Orai uns pelos outros para serdes curados” (Tg 5,16b)Logo, Jesus não pode ser o único intercessor. No entanto, todo e qualquer intercessor, sempre ora e obtém a graça em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não em seu próprio nome. Pois é somente através de Jesus Cristo que temos acesso ao Pai.
Quanto mais santo o intercessor, mais eficaz é a intercessão. Diz ainda a Sagrada Escritura que quanto mais santo o intercessor, maior a eficácia da oração: “A oração do justo tem grande eficácia.” (Tg 5,16c)
Ora, se a oração de um justo tem grande eficácia, não há dúvida que é melhor pedir a intercessão de um justo do que de um pecador. E, como não existem homens neste mundo mais santificados do que aqueles que já estão no Céu, obviamente, é melhor pedir a intercessão de um santo do Céu do que de um homem que ainda vive neste mundo. Argumentam alguns: “Mas como podem interceder se estão mortos e inconscientes?” Ora, os santos estão diante do Trono de Deus e o nosso Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, como também ensina a Sagrada Escritura: “Moisés chamou ao Senhor: Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó. Ora Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos porque, para ele, todos vivem.” (Lc 20, 37-38)
Portanto, Jesus nos diz que os santos falecidos (como Abraão, Isaac e Jacó) estão vivos na Presença de Deus, pois VIVEM para Ele. Não estão mortos, nem inconscientes! O livro do Apocalipse igualmente ensina que os santos falecidos não estão adormecidos, mas mesmo antes da ressurreição suas almas intercedem junto a Deus: “Vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus, e por causa do testemunho que tinham dado dele; e clamavam em voz alta dizendo: Até quando, Senhor, santo e verdadeiro, dilatas tu o fazer justiça, e vingar o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dados a cada um deles vestidos brancos; e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que haviam de padecer, como eles, a morte” (Apc 6,9-11)
Esta passagem mostra como as almas dos santos falecidos clamam a Deus para que apresse o Dia do Juízo Final. As almas deles não estão, portanto, adormecidas. Elas de onde estão “falam” com Deus. Elas clamam ansiosas pelo Dia do Juízo Final, que será também o dia da jubilosa ressurreição da carne. Deus lhes dá uma veste branca (símbolo da santidade) e ordena que aguardem mais um pouco. E, enquanto aguardam, o que fazem estas almas? Aguardam adormecidas ou vivas e acordadas?
“Então um dos anciões, tomando a palavra, disse-me: Estes, que estão revestidos de túnicas brancas, quem são? e donde vieram? E eu disse-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele disse-me: Estes são aqueles que vieram da grande tribulação, e lavaram os seus vestidos e os embranqueceram no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo” .(Apc 7,13-15) Portanto, esta é a situação das almas enquanto aguardam pelo ansioso dia do Juízo Final e da ressurreição da carne.
Estas almas (os santos) intercedem diante do Trono de Deus: “E veio outro anjo, e parou diante do altar, tendo um turíbulo de ouro; e foram-lhe dados muitos perfumes a fim de que oferecesse as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono de Deus. E o incenso dos perfumes das orações dos santos subiu da mão do anjo até Deus”. (Apc 8,3-4) Esta passagem garante-nos a intercessão dos santos que agora estão diante do Trono de Deus. São oferecidas a Deus as orações de todos os santos. Se são de todos os santos, são tanto as orações dos santos da terra (católicos que levam uma vida santa) quanto dos santos do Céu (que estão vestidos de branco diante do Trono de Deus). Embora este trecho da abertura dos 7 selos esteja se referindo aos santos do Céu (no quinto, sexto e sétimo selos), podemos entender as orações que chegam a Deus, também vindas dos santos da terra, pois é afirmado ser as orações de todos os santos.
Um exemplo destas orações de santos falecidos, encontra-se no livro dos Macabeus. Nela, Judas Macabeu relata uma visão que teve de Onias e Jeremias, já falecidos, intercedendo pelo povo: “Onias (…) desde menino se tinha exercitado nas virtudes, estendendo as mãos, orava por todo o povo judaico; que, depois disto, lhe aparecera outro varão respeitável pela sua idade e pela sua glória e cercado de grande majestade (…): Este é Jeremias, profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa” (2Mac 15,12-14)
E como os santos conhecem nossas preces? Eles desfrutam de profunda intimidade com Deus, de modo que através da onipresença de Deus, tomam conhecimento das preces que lhes são dirigidas. Os bem-aventurados têm conhecimento das preces que neste mundo lhes são dirigidas, pois Deus, que fez os homens solidários entre si, faz com que essa comunhão não seja dissolvida pela morte. Por isso pedimos aos santos que intercedam por nós no Céu, e Deus lhes dá a conhecer nossas orações para que, de fato, eles rezem por nós.
Deus conhece as nossas necessidades antes mesmo de formularmos nossos pedidos, tanto para nós como para outras pessoas, mas por várias razões nos faz essa recomendação. Somos seres inteligentes, dotados de vontade. Então é preciso que nossas faculdades se exerçam mesmo em relação a Ele, que é onisciente. O pedido é uma manifestação de humildade e também de confiança. Portanto, gera merecimentos. Ademais, interceder por outrem, por amor de Deus, é um ato de caridade, uma das três virtudes teologais, que permanece para sempre, inclusive no Céu.
Fonte: Baseado em Vocacionados Menores
www.aascj.org.br/home/tag/intercessao-dos-santos/
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As diferenças entre a intercessão dos santos e a evocação dos mortos
Autor: Por Taiguara Fernandes de Sousa
Publicação original: Novembro de 2008
Extraído e adaptado (com autorização de autor) de http://www.veritatis.com.br/article/5306
A intercessão dos santos se baseia na comunhão que existe entre todos os membros da Igreja, comunhão da qual fala aquele artigo do Credo: “Creio na comunhão dos santos”.Publicação original: Novembro de 2008
Extraído e adaptado (com autorização de autor) de http://www.veritatis.com.br/article/5306
Com efeito, sendo a Igreja uma só, sendo sua unidade um de seus atributos fundamentais, sem o qual ela não pode existir (a Igreja é una no governo – o de Cristo, por meio do Papa –, na Fé – a Fé Católica –, e no culto – o culto cristão), não é de se estranhar que haja uma comunhão entre seus membros. A Igreja é Corpo de Cristo, conforme ensina São Paulo (Colossenses 1,18) e a Doutrina Católica (cf. Papa Pio XII, Encíclica Mystici Corporis, n.13), e nós, cristãos católicos, somos membros deste Corpo de Cristo: “Não sabeis que sois membros de Cristo?” (I Coríntios 6,15); se portanto, membros do mesmo Corpo, estamos todos unidos por vínculos sagrados e estreitíssimos. Esta é a “comunhão dos santos”, na qual professamos crer.
O Catecismo Romano ensina a respeito: “Antes de tudo, devemos explicar aos fiéis que o presente artigo do Credo [sobre a comunhão dos santos] é uma ampliação do anterior, que trata da Igreja uma, santa e católica. Sendo, pois, um só Espírito que a governa, todas as graças conferidas à Igreja se tornam bem comum de todos. Os frutos de todos os Sacramentos aproveitam a todos os fiéis. São uma espécie de vínculos sagrados os unem e prendem a Cristo; mormente o Batismo que, quase por uma porta, nos faz entrar no grêmio da Igreja” (Cap. X, Tít. VII, n.1).
Santo Ambrósio dizia: “Assim como dizemos que um membro faz parte de todo o corpo, assim é o nexo entre todos os que temem a Deus” (Abros. in Ps 118,63 sermo 8 – n.54: ML 15, 1387).
“Muitos são os membros do corpo. Apesar de serem muitos, formam todavia um só corpo, no qual cada um tem sua função própria mas não idêntica para todos. [...] É tão íntima a conexão e adaptação entre eles que, se algum sofre dor, todos os mais a sofrem também, por efeito natural do mesmo sangue e do mesmo sentimento; se pelo contrário sentir bem-estar, todos os outros terão a mesma sensação de alegria. Na Igreja observa-se o mesmo fenômeno. Seus membros são diversos, várias nações, judeus e pagãos, homens livres e escravos, pobres e ricos. No entanto, assim que recebem o batismo, formam com Cristo um só Corpo, do qual Ele próprio é a Cabeça. Nesta Igreja, cada membro recebe um ministério especial. Uns são apóstolos, outros são mestres, todos instituídos para o bem da coletividade; de modo que a uns incumbe dirigir e ensinar, a outros obedecer e viver debaixo de ordens” (Catecismo Romano, Cap. X, Corol., n.1).
Ora, sendo tamanha a unidade deste Corpo, sendo tão estreitos os vínculos que unem os membros da Igreja entre si e a Cristo, é mais que natural que uns membros peçam pelos outros a Cristo, que é a Cabeça de todo o Corpo, e ao qual todos – tanto os que pedem quanto os que são objeto de pedido – estão unidos. A prática da oração entre si – a “intercessão” –, a oração de uns pelos outros, era vivamente recomendada pelos Apóstolos, donde não se pode compreender que hoje muitos impugnem a intercessão tal como é defendida pela Igreja Católica, tratando a esta como se fosse um ato pecaminoso! São Paulo fervorosamente recomendava a intercessão: “Sede perseverantes, sede vigilantes na oração, acompanhada de ações de graças. Orai também por nós! Pedi a Deus que dê livre curso à nossa palavra, para que possamos anunciar o mistério de Cristo” (Colossenses 4,2-3); “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda piedade e honestidade. Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador” (I Timóteo 2,1-3).
Pode-se não só rezar por aqueles que são membros do Corpo, como por aqueles que a ele ainda não se incorporaram, conforme recomenda São Paulo (“façam preces [...] por todos os homens”); e esta prática, a oração por aqueles que ainda não são membros do Corpo de Cristo, é também um meio de fazê-los incorporar-se a este Corpo Santo.
Cristo é o único Mediador entre Deus e os homens: “Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se entregou como resgate por todos” (I Timóteo 2,5-6). Logo, toda intercessão que se faça passa por Cristo; é junto a Cristo que intercedemos ou que os santos intercedem por nós, para que Nosso Senhor, que é nosso único Mediador, apresente esta súplica a Seu Pai.
Logo, a intercessão tem profundo amparo na Doutrina Católica, tal como nos resulta das Sagradas Escrituras e da Sagrada Tradição.
Mas não se deve crer que somente os vivos podem rezar uns pelos outros. Havendo a comunhão dos santos, isto é, de todos os membros do Corpo Místico de Cristo, existe também a comunhão entre a Igreja de Cristo que ainda caminha na terra (a “Igreja Militante”), a Igreja de Cristo que se purifica no Purgatório (a “Igreja Padecente”), e a Igreja de Cristo que já conquistou a glória nos Céus (a “Igreja Gloriosa”); estes são os três estados da Igreja, conforme nos indica o Catecismo da Igreja Católica (n. 954). Logo, há perfeita comunhão entre os membros da Igreja que militam na terra (nós), aqueles que, terminados o curso de sua vida terrena, purificam-se para entrar nos Céus (as almas do Purgatório), e aqueles que já estão na glória e já vêem a Deus face a face (as almas dos santos, todos os que já foram salvos e estão no Paraíso).
E não há nenhuma separação entre a Igreja celeste e a Igreja que peregrina na terra. Ao contrário, são o mesmo e único Corpo Místico de Cristo, a mesma e única Igreja Católica. A Doutrina Católica nos proíbe dizer que há separação entre a Igreja que está nos céus e a que está na terra: “A sociedade organizada hierarquicamente e o Corpo místico de Cristo, o agrupamento visível e a comunidade espiritual, a Igreja terrestre e a Igreja ornada com os dons celestes não se deve considerar como duas entidades, mas como uma única realidade complexa, formada pelo duplo elemento humano e divino” (Conc. Ecum. Vaticano II, Const. Dogm. Lumen Gentium, n.8).
Não havendo separação entre a Igreja terrestre e a celeste, é também perfeitamente possível que os santos do Céu intercedam por aqueles que ainda caminham rumo à santidade aqui na terra; aliás, sua oração será tanto mais eficaz que a nossa, visto estarem eles mais próximos de Deus que nós, pois estão em comunhão com Ele. Não só os santos do Céu podem interceder por nós, como também as almas do Purgatório, que também estão mais próximas de Deus que nós, faltando-lhes apenas a purificação para adentrarem nos Céus; e nós também podemos interceder pelas almas do Purgatório, para que Deus as retire logo de seu sofrimento purificador.
“Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (Const. Dogm. Lumen Gentium, n.49).
É nisto, portanto, que a Igreja Católica crê sobre a intercessão dos santos, e também de uns pelos outros.
É preciso, ainda, diferenciar “invocação” de “evocação”. A propósito, esclarece Frei Boaventura Kloppeburg, renomado Teólogo brasileiro, em sua obra “O Espiritismo no Brasil, Orientações para os Católicos”: "Várias vezes nos objetaram que também os católicos evocamos os mortos, quando rezamos aos santos. Mas isso não é verdade: não evocamos, mas invocamos os Santos. Dirão que as palavras ‘evocar’ e ‘invocar’ são sinônimas. Etimologicamente pode ser, mas realmente os conceitos são bem diferentes: Quando o espírita ‘evoca’ um espírito ele quer que o espírito desça, baixe e se comunique perceptivelmente com a gente; quando o católico ‘invoca’ um Santo, ele quer que o Santo por assim dizer suba ao trono de Deus para interceder por nós, para tornar-se o nosso intercessor e não que baixe e fale conosco. Não há, na devoção católica aos Santos, nem vestígio de mentalidade espírita" (Op. cit., 2ª Ed., Petrópolis: Vozes, 1964, p.183).
Portanto, invocar não é o mesmo que evocar. A “invocação dos santos” nada mais é que pedir sua intercessão; é a prática católica. A “evocação dos mortos” é a prática dos espíritas, a qual é inteiramente condenável.
Ora, a evocação dos mortos, ou necromancia, se dá com base na crença espírita de que os espíritos dos falecidos podem perambular pelo mundo atendendo às nossas exigências. Neste sentido, o homem poderia perfeitamente evocar sua presença ou seus conselhos, donde surgem as práticas espíritas de psicografia, psicofonia, vidência, entre outras.
A evocação dos mortos sugere que o homem tem o poder de trazer um espírito à terra. Há, portanto, uma pretensão de domesticar os poderes divinos; é a soberba do homem que se acha Deus.
Somente Deus poderia, por iniciativa Sua, permitir a aparição de uma alma ou anjo, como permitiu que a alma de Samuel se manifestasse quando Saul foi à necromante (cf. I Samuel 28,7-25), ou como quando enviou o Arcanjo Gabriel (cf. Lucas 1,26) para anunciar a Maria que Ela seria a Mãe do Filho de Deus, ou quando das aparições da Virgem Santíssima é tantos lugares ao longo das épocas. Somente Deus, por sua própria iniciativa, poderia permitir a manifestação de Samuel, da Virgem Maria ou do Anjo Gabriel. Não é o homem quem tem poder para decidir ou exigir tal coisa, como fazem e pregam os espíritas, que exigem a presença, a manifestação e mesmo a aparição dos espíritos em suas reuniões, como se tivessem algum poder para isso; e se estes espíritos aparecem não se tenha dúvidas de que na verdade são demônios enganadores.
Além disso, o espírita evoca os mortos pretendendo deles retirar verdades sobre o além ou com seu auxílio levar à cabo práticas como a adivinhação. Foi isto que fez Saul, recorrendo à necromante da seguinte maneira: “Predize-me o futuro, evocando um morto” (I Samuel 28,8). Veja-se que a intenção de Saul ao evocar os espíritos era claramente a de obter conhecimentos ocultos, de verdades do além ou do futuro. É isto que faz o espírita. Evoca os mortos para deles obter conhecimentos ocultos. Além de querer domesticar os poderes divinos, exigindo a manifestação das almas como se tivesse poder para tanto, ainda deseja ser onisciente como Deus, pela obtenção de conhecimentos ocultos. É a soberba do homem que se acha Deus, e que dá ouvidos às tentações da Serpente maligna, que disse: “Sereis como deuses” (Gênese 3,5).
O católico, ao contrário, ao pedir a intercessão dos santos, como já vimos, apenas eleva-lhe pedidos; roga-lhe que interceda junto a Cristo em seu favor, para que possa obter a graça ou o bem que lhe for necessário naquele momento, seja um bem material ou um bem espiritual. Não há aí, na oração do católico aos santos, nenhuma intenção de exigir a manifestação das almas – pois o católico sabe que somente Deus tem poder para realizar tal coisa – ou de obter pretensos conhecimentos ocultos – o católico entrega o futuro nas mãos de seu Senhor: “Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado” (Mateus 6,34); e o católico conhece sua miséria humana e sabe que somente seu Senhor é onisciente, não tendo nenhuma intenção de igualar-se a Ele nisso.
Há, portanto, uma cabal diferença entre a perniciosa necromancia praticada pelos espíritas e a intercessão dos santos, à qual recorre a Igreja Católica. São óleo e água.
A Igreja o condena: “Todas as práticas de magia ou de feitiçaria com as quais a pessoa pretende domesticar os poderes ocultos, para colocá-los a seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – mesmo que seja para proporcionar a este a saúde –, são gravemente contrárias à virtude da religião. Essas práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas de uma intenção de prejudicar outrem, ou quando recorrem ou não à intervenção dos demônios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica freqüentemente práticas de adivinhação ou de magia. Por isso a Igreja adverte os fiéis a evitá-lo” (Catecismo da Igreja Católica, n.2117).
E O Senhor Deus ordena: “Não se ache no meio de ti quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem quem se dê à adivinhação, à astrologia, aos agouros, ao feiticismo, à magia, ao espiritismo, à adivinhação ou à evocação dos mortos, porque o Senhor, teu Deus, abomina aqueles que se dão a essas práticas, e é por causa dessas abominações que o Senhor, teu Deus, expulsa diante de ti essas nações. Serás inteiramente do Senhor, teu Deus” (Deuteronômio 18,10-13).
www.reinodavirgem.com.br/devocoes/intercessao-evocacao.html
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A INTERCESSÃO DOS ANJOS E SANTOS NA BÍBLIA
Conteúdo:
1 - A Igreja Católica, desde os primeiros séculos do Cristianismo, praticou a devoção aos Anjos e aos Santos, e especialmente a Nossa Senhora, a Rainha de todos eles. Devoção esta que se realiza através de atos de veneração e de pedidos de intercessão junto de Deus, bem como pelo esforço pessoal em imitar-lhes as virtudes. Tudo isso muito de acordo com a Bíblia, a Tradição e o próprio bom senso. Os argumentos da Tradição são patentes. Eis os da Bíblia e do bom senso.
A – Os Anjos na Bíblia
2 – Anjos são seres celestes e mais perfeitos que os homens, pois não dependem em nada da matéria. Eles são seres puramente espirituais, dotados de grande inteligência, força de vontade, e de rapidez de movimentos. Eles são ministros de Deus que os envia a este mundo em missões diversas, relacionadas com a nossa salvação, (Heb. 1,14), missões especiais umas, (Cf.Lucas 1,19-38; Atos 10,22); habituais outras, (Mat. 18,10; Hebr. 1,14).
Os anjos intercedem por nós a Deus
3 - De fato, a Bíblia se refere aos Santos Anjos a executar vários ofícios religiosos para conosco. Assim, ora ela os apresenta oferecendo a Deus as nossas orações (Apoc. 8,3-5); ora, rogando a Deus por nós (Zac. 1,12-13); ora ainda sendo eles rogados por varões justos. (Gên. 19,17 a 21; 48,15-16; Os. 12,5) Eles foram, por isso, venerados por homens justos. (Gên 18,2; 19,1-2; Núm. 22,31; Jos. 5,13-15) Podemos, pois, e devemos venerá-los (não adorá-los, propriamente falando – Apoc.22,8-9) e pedir-lhes a proteção, pois a Bíblia afirma que eles exercem um “ministério” em favor da nossa salvação. (Heb. 1,14)
4 - Não se pode, é claro, prestar a uma criatura, por mais elevada que seja, um culto latrêutico ou de adoração, que só compete a Deus, e só a Ele se presta, porque este ato significa o reconhecimento dEle como o Senhor Supremo e Absoluto de todas as coisas. Ao passo que o culto de veneração significa a honra, e reverência, o amor e gratidão que se votam também aos Anjos e Santos, como a amigos de Deus e nossos na glória.
5 - Para significar isso, S. João, no Apocalipse, relata um gesto seu, como se se dispusesse a “adorar um Anjo”, e este o proibiu dizendo-lhe: “Não faças isso. Sou servo como tu, e como teus irmãos que têm o testemunho de Jesus.” (…) “A Deus é que deves adorar.” (Apoc. 19,10; 22,8-9) A diferença, porém, entre “adoração” e “veneração” não está tanto no gesto; está mais na intenção interior de quem, por exemplo, se inclina ou se ajoelha diante de uma imagem sagrada. Esta representa na sua mente a pessoa santa a quem quer prestar o seu ato de culto ou devoção. (Cf.”Folhetos Católicos”, nº 05)
B – Os Santos na Bíblia
6 - Distinguimos aqui os Santos do Antigo Testamento e os do Novo. Aqueles só entraram no céu com Jesus Cristo no dia da sua gloriosa Ascensão. Aguardavam aquele glorioso dia num lugar que Jesus chama “Seio de Abraão” (Lc. 16,22), e onde já eram muito felizes, mas não plenamente como na glória. Mas os Santos do Novo Testamento, logo que saem deste mundo, entram na Luz da Glória, onde sempre fruem da perfeita felicidade do céu, onde a caridade atinge a sua plenitude.
Os Santos intercedem por nós a Deus
7 - Os Santos no céu estão na mesma condição dos Anjos, pois conservam as suas naturezas individuais e intelectuais, e possuem a mesma Luz divina na qual vêem a Deus, e em Deus conhecem tudo o que a sua mente pode conhecer. (“Na tua Luz veremos a Luz” – Sal. 35,10) Por isso, a Bíblia afirma que os Santos “julgarão este mundo” (1Cor. 6,2). Para fazerem esse julgamento devem conhecer os atos praticados neste mundo. Portanto, os Santos conhecem as nossas precisões e intercedem por nós como nossos amigos junto de Deus.
É o que lemos em várias passagens da Bíblia
8 – a) Em Jeremias lemos: “E o Senhor me disse: ‘ainda que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, o meu coração não se voltaria para esse povo.’” (Jer. 15,1) Ora, Moisés e Samuel já não eram do número dos vivos, e podiam, no entanto, interceder pelo povo.
Note-se ainda que, no 2º Macabeus (15,14), diz-se do próprio Jeremias, já falecido, que ele “muito ora pelo povo e pela cidade santa.” Vê-se, pois, que o povo eleito tinha essa fé.
9 – b) No Apocalipse São João narra a visão que teve de Jesus Cristo em seu trono de glória, e diante dEle se apresentavam anciãos “com taças cheias de perfume, que são as orações dos santos.” (Apc. 5,8; 8,4) Esses anciãos significam os “Santos da glória” apresentando a Jesus as orações dos “santos da terra”, os fiéis cristãos nesse mundo. Trata-se de uma forma de mediação secundária dos Santos entre Cristo e os seus fiéis.
10 – c) Na parábola do pobre Lázaro e do rico avaro, Jesus apresenta Abraão sendo rogado pelo mau rico que fora condenado ao inferno. (Lc. 16,27) No caso, o mau rico pedia o impossível. Não podia ser atendido. Mas, com este fato Jesus significou a possibilidade de se pedir ajuda aos amigos de Deus que estão no Céu, pois o mau rico pediu a intercessão de Abrãao.
11 – d) No 1º livro dos Reis Deus prometeu a Salomão não retirar-lhe o trono em vida, e conservar para seu filho (Roboão) o reino de Judá, “em atenção” e “por amor de seu servo Davi (já morto). (1 Reis 11,11-13) Significa que Deus toma em consideração os pedidos de seus amigos da glória, os Santos.
12 – e) Igual sentido tem a oração de Moisés pedindo a Deus que poupasse o povo culpado em atenção aos patriarcas Abraão, Isaac e Jacó, todos já falecidos. (Êx 32,11-14)
13 – f) Ainda no 2º livro dos Reis a Bíblia narra o milagre da ressurreição de um morto, ao contato com os ossos do profeta Eliseu. (2 Reis 13,21) Nesse fato temos ainda a aprovação da prática católica de venerar as relíquias dos Santos.
14 – g) Se os santos da terra (os fiéis cristãos neste mundo) intercedem junto de Deus pelos irmãos, conhecidos e desconhecidos (são incontáveis os casos nas Epístolas dos Apóstolos), quanto mais os Santos da glória que, na Luz divina, conhecem perfeitamente as nossas precisões (como acima ficou provado). Eles intercedem com certeza por nós junto de Deus.
15 - Por fim, um argumento de razão ou bom senso:
É conforme à natureza dos seres criados por Deus que os inferiores obtenham favores dos superiores também pela mediação de amigos de ambos. A própria mediação de Cristo tem por base este princípio. Ora, os Santos são amigos de Deus e nossos na glória. (Lc. 16,9) Logo, podem, intercedem por nós.
16 - E mais: estando os “Santos da glória” na mesma condição dos Anjos, podem ser venerados, como os Anjos o foram, por homens justos, ou seja, pelos fiéis, conforme se lê na Bíblia. (cf. nº 3 deste folheto) Sobre o culto de veneração dos Santos praticado na Igreja primitiva, e não tardiamente, ver “Folhetos Católicos”, nº 04.
Respondendo às objeções
A – Há protestantes que afirmam: após a morte, as almas ficam em estado de esquecimento e não podem interceder pelos vivos. Só após o último juízo terão consciência. E citam erradamente um texto do Eclesiastes, que fala da condição dos mortos no túmulo onde “não sabem mais nada…” (9,5-6)
Resposta: Eles aplicam à pessoa toda (corpo e alma) o que só se refere ao seu corpo. O sentido exato do texto nos é dado pelo mesmo Eclesiastes mais à frente – (12,1 e 7: “Lembra-te do teu Criador nos dias de sua juventude (…) antes que a poeira retorne à terra para se tornar o que era; e antes que o sopro de vida (a alma espiritual e imortal) retorne a Deus que o deu”. O que é inteiramente conforme ao que lemos na Epístola aos Hebreus (9,27): “Está determinado que o homem morra uma só vez e depois disto vem o juízo” - particular, logo após a morte.
Daí Jesus ter garantido ao ladrão convertido na cruz (Lc. 23,43): “Em verdade eu te digo, hoje estarás comigo no paraíso” - com vírgula depois de “digo”, como no original grego, e não depois de “hoje”. Logo, com plena consciência logo após a morte.
B - Eles fazem outra objeção por a Bíblia afirmar que há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. (1 Tim. 2,5)
Resposta: Deve-se completar a citação de São Paulo (que em geral é citada só pela metade) e que continua no vers. 6 assim: “…o qual Se entregou em Redenção por todos”. Portanto, Jesus Cristo é, sim, o único Mediador, mas “de Redenção”. O que não exclui a mediação de intercessão dos Anjos e Santos, como acima ficou demonstrado. Muito menos exclui a de Nossa Senhora, a mais Santa que todos os Santos.
Portanto, estão em erro os opositores de mais essa verdade bíblica professada pela Igreja Católica desde os seus começos.
Fonte: http://tradicaocatolicaes.wordpress.com/2010/07/04/os-anjos-e-santos-na-biblia-seu-culto-de-veneracao/**********************************************************************************************************************************************************
O CULTO DOS SANTOS NA IGREJA PRIMITIVA
Conteúdo:
1 – Sendo os Santos amigos de Deus pela santidade, e nossos, pela sua perfeita caridade, é justo que lhes tributemos os louvores que, sob esse duplo título, merecem; e que nos recomendemos à sua intercessão junto de Deus. É justo, visto que neles também se realiza, embora em grau bem menor, mas bem verdadeiro, o que disse de Si mesma, mas cheia do Espírito Santo, a mais santa que todos os Santos, Maria Santíssima: “Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso.” (Lc 1,48-49)
2 -Vê-se, por essas palavras inspiradas, que o louvor dos Santos redunda em louvor e glória de Deus, pois os Santos são obras-primas da sua sabedoria, bondade e poder. Quando os louvamos, é a seu Autor que louvamos. De fato, sendo “Deus admirável em tudo o que é Santo” (Salmo), e sendo os Santos, principalmente, obra de sua graça, Deus os ama de modo especial. Aliás, no preceito de “amar e honrar a Deus” está incluído o de amar e honrar o que Ele ama e honra; e segundo a ordem com a qual Ele o faz. E Deus ama, de modo especial, os seus Santos: a Jesus Cristo enquanto Homem, depois a Nossa Senhora, depois aos Anjos e a todos os Santos da glória; e às santas almas do Purgatório; e aos que ainda pelejam neste mundo.
3 – Eis porque, já nos dois primeiros séculos do Cristianismo, encontramos registrada a prática de um culto prestado aos Santos, especialmente aos heróis da fé, os mártires cristãos. É útil conhecer alguns documentos históricos dessa época, que atestam remontar às origens do Cristianismo a prática do culto aos Santos. Já provamos que ela lança raízes no Antigo Testamento.(Cf. Folhetos Católicos, nº 03)
A – Documentos de autores dessa época
4 - Bem no começo do 2º século (ano 107), Santo Inácio Mártir, que foi discípulo direto dos Apóstolos e Bispo de Antioquia, quando era levado cativo a Roma, aonde ia ser devorado pelas feras por causa da fé católica, afirma em uma carta que escreveu aos fiéis de Éfeso: “Sou vossa vítima, e me ofereço em sacrifício por vossa Igreja.” (Carta aos efésios, nº 21) É este um testemunho da fé da Igreja no valor do martírio sofrido por causa da fé.
5 – Uma carta com data do ano 156, enviada pelos fiéis da comunidade cristã de Esmirna à comunidade da Frígia (Filomélia), dá notícia de reuniões religiosas e cultuais dos cristãos de Esmirna, realizada no túmulo (“relíquias mais preciosas que o ouro e pedras preciosas” – diz a carta) de seu Bispo e Mártir, São Policarpo, por ocasião dos aniversários de seu martírio. (Padres Gregos, 5, 1029-1045) É já a prática da Igreja ao festejar o aniversário do triunfo dos Mártires e dos Santos.
6 - Também Orígenes, que viveu no século II e começo do III, atesta a fé da Igreja Católica na intercessão dos Santos, nesses termos: “O Pontífice não é o único a se unir aos orantes; os Anjos e as almas dos justos também se unem a eles na oração.” (Em “De Oratione”)
7 – E em outro livro dá Orígenes o fundamento dessa mediação: “Eles conhecem os que são dignos da amizade de Deus, e auxiliam os que querem honrá-lO.” (Em “Contra Celsum”)
O mesmo ensinamento encontramos em São Cipriano, Bispo de Cartago, martirizado no ano 256. Em carta ao Papa São Cornélio, afirma: “Se um de nós partir primeiro deste mundo, não cessem as nossas orações pelos irmãos.” (Carta 57)
B – As Atas dos Mártires
8 – A mesma verdade é atestada pelas Atas autênticas do suplício dos mártires. Assim, Santa Teodósia, em Tiro, pedia aos mártires, na hora em que iam para o suplício, que se lembrassem dela quando tivessem recebido a recompensa. E Santa Pantomina, em Alexandria, na hora de seu próprio martírio, prometeu ao soldado que a conduzia, que ia pedir por ele quando estivesse junto de Deus. (Em “Eusébio”,1.6, c. 2; apud Lúcio Navarro (Monsenhor), “A legítima interpretação da Bíblia, p. 542)
9 - Também em Tarragona, o Bispo Mártir São Frutuoso, na hora do suplício, vendo que muitos fiéis faziam fila e lhe pediam a mesma graça de que não se esquecesse deles quando estivesse junto de Deus, falou para todos em voz alta: “Sim, eu devo ter em mente toda a Igreja espalhada pelo mundo, do Oriente ao Ocidente.” (Acta Fructuosi, 1,7)
10 – Fiquemos com esses exemplos, por brevidade. Mas notemos que, transcorrido o tempo das perseguições sangrentas que banharam a terra com o sangue generoso dos heróis da fé, era normal que continuasse a ser lembrada com carinho e espírito de fé, a memória de sua fé e santidade. E especialmente no dia de seu nascimento para a glória, como era chamado o seu “dies natalis” (o dia natalício para a glória), se lhe prestasse culto especial.
C – Documentos Arqueológicos
11 - A fé dos cristãos dos três primeiros séculos nessa verdade está também registrada em muitas inscrições gravadas nos túmulos de santos cristãos e mártires da fé. Eis alguns exemplos:
– No Cemitério de São Pânfilo: “Mártires santos, bons e benditos, ajudai a Ciríaco”;
– No Cemitério de Aquiléia: “Santos Mártires, lembrai-vos de Maria”;
– Na Via Salária lemos também esta inscrição: “Genciano, fiel em paz… Que em tuas orações, rogues por nós porque sabemos que estás em Cristo”;
– No Cemitério de Gordiano esta outra: “Sebácio, doce alma, pede e roga por teus irmãos e companheiros”;
– E no de São Calixto: “Vicência, pede em Cristo por Febe e seu esposo”.
– No Cemitério de Priscila: “Anatólio… teu espírito descanse em Deus. Pede por tua mãe”.
São alguns registros apenas. Ver outros em Lúcio Navarro -Ibidem, pg. 541-542- Recife, PE.
12 – Foi certamente com base em documentos com esses acima transcritos, e em muitos outros, que o sábio Leibnitz – protestante, mas que estudou com lealdade esse assunto – deixo-nos o seguinte e importante depoimento: “É certo que já no segundo século da Igreja Cristã, eram celebradas as festas dos mártires, e que em seus túmulos se reuniam assembléias religiosas.” (Em “Syst. Theol.”, p. 70)
13 - Note-se que a expressão “assembléias religiosas” indica as “reuniões cultuais” dos primeiros cristãos para celebrar os Mistérios Eucarísticos, ou Santa Missa, e que na época das perseguições religiosas, era também celebrada sobre os túmulos dos mártires nas catacumbas. Eis a razão da “pedra d´ara” dos nossos altares, que contém relíquia dos mártires, e sobre a qual se celebra a Santa Missa.
14 – Conclusão: A devoção ou culto dos Santos, como é praticado na Igreja Católica - e não nas superstições espíritas e folclóricas - teve sua origem na Igreja Primitiva ou Apostólica, que era dirigida, ou pelos Apóstolos diretamente, ou pelos santos Bispos que os Apóstolos mesmos estabeleceram para substituí-los, e não tardiamente, no século IV, como falsamente pretendem os protestantes.
15 – Eis os motivos de garantia da legitimidade da devoção aos Santos. Eis como a única Igreja de Cristo (Mt 16,18), a que unicamente tem a promessa de sua assistência divina (Mt 28,20), explicitou os textos sagrados que contêm a verdade bíblica da intercessão dos Anjos e Santos. (Cf “Folhetos Católicos”, nº 3) Ela orientou assim os fiéis a festejar o dia de seus natalícios para o Céu, a pedir-lhes auxílio junto de Deus, e a se esforçarem por imitar-lhes as virtudes cristãs.
Fonte: http://tradicaocatolicaes.wordpress.com/2010/07/11/a-devocao-aos-santos-na-fase-apostolica-da-igreja/**********************************************************************************************************************************************************
Culto dos Santos e Paganismo
CARMEN (S. João de Meriti):
“O culto dos Santos não será paganismo que corrompe o Evangelho? Em particular, a devoção a Maria parece derrocar à excelência de Cristo, o único Mediador entre Deus e os homens (cf. 1Tim 2,5)”
-1- Embora o culto dos santos seja por vezes exagerado por parte de devotos pouco esclarecidos, ele possui um sentido profundamente cristão; dir-se-á mesmo: ...um sentido essencialmente teocêntrico e cristocêntrico.
Com efeito, Quem são os santos, que a piedade cristã tem em vista?
São membros do Corpo Místico de Cristo nos quais a Redenção deu a plenitude de seus frutos; terminaram a sua peregrinação terrestre totalmente penetrados pelo amor de Cristo, fielmente configurados a Ele, e gozam atualmente da visão de Deus face a face.
Conscientes disto, os cristãos, desde os primeiros séculos, voltaram sua atenção para os santos (em primeiro lugar, para os mártires, que são os mais belos frutos da obra do Redentor) a fim de os envolver na sua piedade. Anualmente no dia aniversário da morte (chamado com muito acerto «o dia natalício») de tal mártir ou tal justo famoso, os fiéis se reuniam e se reúnem, para celebrar a Liturgia votiva do santo.
E qual o sentido preciso dessa celebração? Não desvia ela a atenção dos orantes, que deve estar toda voltada para Deus?
Não. A genuína piedade para com os santos é — repitamo-lo — teocêntrica; nem querem eles ser cultuados em detrimento da nossa união com Deus; muito ao contrário, só desejam que esta se intensifique.
Na verdade, os santos, em primeiro lugar, constituem motivo especial para que os cristãos adorem, louvem e agradeçam a Deus. Com efeito, todo santo é do seu modo um artefato esmerado do Criador e do Redentor (cf. SI 4,4); é uma expressão enfática da sabedoria de Cristo e da sua vitória, que nele se desdobra com matizes particulares e traços minuciosos muito vivos. E é essa magnificência divina que, antes do mais, os fiéis reconhecem e agradecem ao considerar os santos. O culto prestado a estes, portanto, é sempre relativo; é o culto indireto do Criador, do Redentor e de sua Bondade (está claro que o cristão não pensa em adorar os santos, muito menos ainda adorar uma estátua de santo).
Após evocar à nossa memória Deus e suas obras, a figura do Santo cultuado não pode deixar de despertar nos fiéis que ainda peregrinam nesta terra, o desejo de chegarem também eles ao termo consumado ou à Jerusalém celeste em que se encontram os bem-aventurados. Por isto o culto dos santos implica, em segundo lugar, uma prece, geralmente dirigida a Deus Pai, a fim de que, por intercessão de tal ou tal membro da corte celeste, nos queira outorgar «o pão nosso de cada dia», as graças, tanto espirituais como sensíveis, de que necessitamos para conseguir a plenitude da Redenção, para ser imagem perfeita do Cristo Jesus (cf. Rom 8,29). O santo, em tal caso, é considerado como o amigo que, em virtude de sua caridade, não pode deixar de orar pelo amigo que dele precisa; as preces dos justos consumados são, sem dúvida, particularmente agradáveis ao Pai do céu (cf. Gên 18,22-32). Mais ainda: quando oramos a Deus apresentando-lhe a obra grandiosa que Ele realizou em seus santos, valemo-nos deles como que de penhores da nossa consumação; é-nos lícito apoiar-nos sobre o que Deus já fez em seus justos para pedir faça algo de semelhante em nós.
A Sagrada Escritura mesma dá-nos a saber que o Senhor do céu manifesta aos seus justos o que nos concerne na terra, mormente as nossas necessidades; mostra-nos também como, em consequência, oram por nós (aliás, como se poderia admitir o contrário, desde que constituímos uma grande família, um Corpo Místico, a Comunhão dos Santos?). Tenha-se em vista, por exemplo, o texto de 2 Mac 15, 11-14, segundo o qual Judas Macabeu contemplou no céu Onias, o antigo Sumo Sacerdote, de «aspecto modesto e costumes brandos... entregue desde a infância a todas as práticas da virtude, o qual estendia as mãos e orava por toda a nação dos judeus». Viu também Jeremias, «notável por sua dignidade, revestido de prodigiosa e soberana majestade», a respeito do qual lhe foi dito ; «"Este é o amigo de seus irmãos, aquele "que muito ora pelo povo e por toda a Cidade Santa, Jeremias, o profeta de Deus».
Pode-se lembrar outrossim que no Apocalipse o vidente descreve um anjo a fazer subir até o trono de Deus as preces proferidas pelos justos na terra (8,3s).
-2- As orações clássicas que a Liturgia formula no culto dos santos geralmente se dirigem a Deus Pai, para O louvar e suplicar mencionando os méritos tal ou tal justo. Contudo, após o que foi dito, vê-se não ser errôneo interpelar diretamente os santos; é mesmo este o modo mais comum como o povo cristão os cultua. Isto não quer dizer que sejam considerados fontes de graças e doadores da Redenção. Ao contrário, todo fiel sabe perfeitamente que os santos são grandes unicamente por causa do Sumo Sacerdote, cujos méritos frutificaram neles;... sabe que o Cristo é o único Dispensador da salvação. A esta verdade, porém, não inflige derrogação nenhuma quando pede aos santos unam suas preces às nossas no intuito de nos obter os benefícios do Redentor; se se tornam intercessores nossos, a sua mediação não se coloca ao lado da de Cristo, encobrindo o papel do Salvador, mas, ao contrário, fica toda sujeita a Jesus; é mesmo uma afirmação nova, por vezes esplendorosa, da mediação do Redentor.
É neste sentido que a Igreja entende a piedade para com os santos.
-3- Tais idéias se aplicam de maneira especial à devoção a Maria Santíssima. Além de ser, dentre as criaturas, a que mais agradou a Deus, Cristo quis torná-la Mãe dos homens (cf. Jo 19,26s); o que quer dizer : associou-a particularmente a nós por caridade, e confiou-nos de modo especial à sua proteção. Conscientes disto, é que os cristãos recorrem com ternura filial às preces da Mãe do céu; sabem que é esta a criatura na qual Cristo com mas abundância quis derramar os benefícios da Redenção, unindo-a muito intimamente a Si em toda a sua obra salvadora; foi por Maria que Cristo veio ao mundo; a carne de Maria e a carne de Jesus eram «uma só carne» (como se diz classicamente). O próprio Senhor se dignou mostrar quanto lhe agradava a intercessão de Maria : por ocasião das bodas de Caná, rogado por sua Mãe Santíssima, insinuou-lhe primeiramente que ela desejava algo de muito grande (quase a “antecipação da sua hora”), mas não deixou de fazer o seu primeiro milagre justamente a pedido de Maria (cf. Jo 2,1-11). Este episódio tem certamente profundo significado para se avaliar a devoção a Maria Ssma.
Note-se ainda que esta em absoluto não derroga à mediação de Cristo; foi mesmo por causa de Jesus, para mais O pôr em realce, que a atenção dos fiéis pela primeira vez se voltou para Maria de modo solene: no séc. V, a fim de defender o genuíno conceito da Encarnação do Filho de Deus, os bispos e teólogos reunidos no concilio de Éfeso (431) definiram convir a Maria verdadeiramente o título de «Mãe de Deus» (Theotókos); dizendo isto, queriam proclamar, contra o Nestorianismo, haver em Cristo uma só Pessoa — a Divina (cf. «Pergunte e Responderemos» fasc. 6 de 1957, qu. 3). Assim a primeira afirmação mariana da teologia católica foi, em última análise, uma afirmação cristológica; e foi sempre em função de Cristo, subordinadamente a Jesus, que a genuína piedade cristã cultuou a Santa Mãe de Deus.
-4- Aliás, entre os protestantes contemporâneos nota-se uma renovação da estima a Maria: apareceu recentemente um folheto protestante na Suíça, onde se lamenta que a Reforma tenha ido tão longe nas suas derrogações ao culto de Maria e se afirma que o Protestantismo terá de reparar as injustiças cometidas para com a Mãe do Salvador, que é também a Mãe da cristandade toda, visto que, sendo pela fé irmãos de Jesus, havemos também de ser filhos de Maria. Em Taizé-Cluny (França) existe uma comunidade de religiosos reformados (como que monges protestantes) que, dedicando-se à Liturgia, editaram para seu uso um livro de Oficio Divino para cada dia do ano (espécie de Breviário); nesta obra estão assinaladas as festas da Anunciação e da Purificação de Nossa Senhora, assim como uma festa mariana para 15 de agosto. Max Thurian, o pastor dirigente dessa comunidade, observou que, se a invocação dos santos não é disciplinarmente legítima na Reforma, ela parece ao menos lícita. Semelhante afirmação foi proferida pelo pastor Vidal, secretário da Federação Reformada de França.
É muito interessante também o testemunho de Karl Barth, o mais importante teólogo protestante de nossos dias:
“No séc. XVI importava dizer que os santos da Igreja, os defuntos, não têm a possibilidade de nos ajudar. Contudo, talvez fosse lícito acrescentar um ponto de interrogação a afirmação tão categórica. Não estou tão certo de que os santos da Igreja não nos podem ajudar; os Reformadores, por exemplo, e os santos que estão sobre a terra. Vivemos em comunhão com a Igreja do passado e dela recebemos um auxílio. Um fato, porém, é certo: nem os homens vivos, nem os que já morreram, podem-se tornar para nós o que Deus é para nós — um socorro na grande opressão que é a nossa diante do Evangelho e da Lei” (La prière d’après les catéchismes de Ia Réformation. Neuchâtel/Paris 1949, 13).
Dom Estêvão Bettencourt (OSB)
www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=1985&head=0
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testemunho dos ortodoxos a favor do dogma católico da comunhão dos santos:
CARMEN (S. João de Meriti):
“O culto dos Santos não será paganismo que corrompe o Evangelho? Em particular, a devoção a Maria parece derrocar à excelência de Cristo, o único Mediador entre Deus e os homens (cf. 1Tim 2,5)”
-1- Embora o culto dos santos seja por vezes exagerado por parte de devotos pouco esclarecidos, ele possui um sentido profundamente cristão; dir-se-á mesmo: ...um sentido essencialmente teocêntrico e cristocêntrico.
Com efeito, Quem são os santos, que a piedade cristã tem em vista?
São membros do Corpo Místico de Cristo nos quais a Redenção deu a plenitude de seus frutos; terminaram a sua peregrinação terrestre totalmente penetrados pelo amor de Cristo, fielmente configurados a Ele, e gozam atualmente da visão de Deus face a face.
Conscientes disto, os cristãos, desde os primeiros séculos, voltaram sua atenção para os santos (em primeiro lugar, para os mártires, que são os mais belos frutos da obra do Redentor) a fim de os envolver na sua piedade. Anualmente no dia aniversário da morte (chamado com muito acerto «o dia natalício») de tal mártir ou tal justo famoso, os fiéis se reuniam e se reúnem, para celebrar a Liturgia votiva do santo.
E qual o sentido preciso dessa celebração? Não desvia ela a atenção dos orantes, que deve estar toda voltada para Deus?
Não. A genuína piedade para com os santos é — repitamo-lo — teocêntrica; nem querem eles ser cultuados em detrimento da nossa união com Deus; muito ao contrário, só desejam que esta se intensifique.
Na verdade, os santos, em primeiro lugar, constituem motivo especial para que os cristãos adorem, louvem e agradeçam a Deus. Com efeito, todo santo é do seu modo um artefato esmerado do Criador e do Redentor (cf. SI 4,4); é uma expressão enfática da sabedoria de Cristo e da sua vitória, que nele se desdobra com matizes particulares e traços minuciosos muito vivos. E é essa magnificência divina que, antes do mais, os fiéis reconhecem e agradecem ao considerar os santos. O culto prestado a estes, portanto, é sempre relativo; é o culto indireto do Criador, do Redentor e de sua Bondade (está claro que o cristão não pensa em adorar os santos, muito menos ainda adorar uma estátua de santo).
Após evocar à nossa memória Deus e suas obras, a figura do Santo cultuado não pode deixar de despertar nos fiéis que ainda peregrinam nesta terra, o desejo de chegarem também eles ao termo consumado ou à Jerusalém celeste em que se encontram os bem-aventurados. Por isto o culto dos santos implica, em segundo lugar, uma prece, geralmente dirigida a Deus Pai, a fim de que, por intercessão de tal ou tal membro da corte celeste, nos queira outorgar «o pão nosso de cada dia», as graças, tanto espirituais como sensíveis, de que necessitamos para conseguir a plenitude da Redenção, para ser imagem perfeita do Cristo Jesus (cf. Rom 8,29). O santo, em tal caso, é considerado como o amigo que, em virtude de sua caridade, não pode deixar de orar pelo amigo que dele precisa; as preces dos justos consumados são, sem dúvida, particularmente agradáveis ao Pai do céu (cf. Gên 18,22-32). Mais ainda: quando oramos a Deus apresentando-lhe a obra grandiosa que Ele realizou em seus santos, valemo-nos deles como que de penhores da nossa consumação; é-nos lícito apoiar-nos sobre o que Deus já fez em seus justos para pedir faça algo de semelhante em nós.
A Sagrada Escritura mesma dá-nos a saber que o Senhor do céu manifesta aos seus justos o que nos concerne na terra, mormente as nossas necessidades; mostra-nos também como, em consequência, oram por nós (aliás, como se poderia admitir o contrário, desde que constituímos uma grande família, um Corpo Místico, a Comunhão dos Santos?). Tenha-se em vista, por exemplo, o texto de 2 Mac 15, 11-14, segundo o qual Judas Macabeu contemplou no céu Onias, o antigo Sumo Sacerdote, de «aspecto modesto e costumes brandos... entregue desde a infância a todas as práticas da virtude, o qual estendia as mãos e orava por toda a nação dos judeus». Viu também Jeremias, «notável por sua dignidade, revestido de prodigiosa e soberana majestade», a respeito do qual lhe foi dito ; «"Este é o amigo de seus irmãos, aquele "que muito ora pelo povo e por toda a Cidade Santa, Jeremias, o profeta de Deus».
Pode-se lembrar outrossim que no Apocalipse o vidente descreve um anjo a fazer subir até o trono de Deus as preces proferidas pelos justos na terra (8,3s).
-2- As orações clássicas que a Liturgia formula no culto dos santos geralmente se dirigem a Deus Pai, para O louvar e suplicar mencionando os méritos tal ou tal justo. Contudo, após o que foi dito, vê-se não ser errôneo interpelar diretamente os santos; é mesmo este o modo mais comum como o povo cristão os cultua. Isto não quer dizer que sejam considerados fontes de graças e doadores da Redenção. Ao contrário, todo fiel sabe perfeitamente que os santos são grandes unicamente por causa do Sumo Sacerdote, cujos méritos frutificaram neles;... sabe que o Cristo é o único Dispensador da salvação. A esta verdade, porém, não inflige derrogação nenhuma quando pede aos santos unam suas preces às nossas no intuito de nos obter os benefícios do Redentor; se se tornam intercessores nossos, a sua mediação não se coloca ao lado da de Cristo, encobrindo o papel do Salvador, mas, ao contrário, fica toda sujeita a Jesus; é mesmo uma afirmação nova, por vezes esplendorosa, da mediação do Redentor.
É neste sentido que a Igreja entende a piedade para com os santos.
-3- Tais idéias se aplicam de maneira especial à devoção a Maria Santíssima. Além de ser, dentre as criaturas, a que mais agradou a Deus, Cristo quis torná-la Mãe dos homens (cf. Jo 19,26s); o que quer dizer : associou-a particularmente a nós por caridade, e confiou-nos de modo especial à sua proteção. Conscientes disto, é que os cristãos recorrem com ternura filial às preces da Mãe do céu; sabem que é esta a criatura na qual Cristo com mas abundância quis derramar os benefícios da Redenção, unindo-a muito intimamente a Si em toda a sua obra salvadora; foi por Maria que Cristo veio ao mundo; a carne de Maria e a carne de Jesus eram «uma só carne» (como se diz classicamente). O próprio Senhor se dignou mostrar quanto lhe agradava a intercessão de Maria : por ocasião das bodas de Caná, rogado por sua Mãe Santíssima, insinuou-lhe primeiramente que ela desejava algo de muito grande (quase a “antecipação da sua hora”), mas não deixou de fazer o seu primeiro milagre justamente a pedido de Maria (cf. Jo 2,1-11). Este episódio tem certamente profundo significado para se avaliar a devoção a Maria Ssma.
Note-se ainda que esta em absoluto não derroga à mediação de Cristo; foi mesmo por causa de Jesus, para mais O pôr em realce, que a atenção dos fiéis pela primeira vez se voltou para Maria de modo solene: no séc. V, a fim de defender o genuíno conceito da Encarnação do Filho de Deus, os bispos e teólogos reunidos no concilio de Éfeso (431) definiram convir a Maria verdadeiramente o título de «Mãe de Deus» (Theotókos); dizendo isto, queriam proclamar, contra o Nestorianismo, haver em Cristo uma só Pessoa — a Divina (cf. «Pergunte e Responderemos» fasc. 6 de 1957, qu. 3). Assim a primeira afirmação mariana da teologia católica foi, em última análise, uma afirmação cristológica; e foi sempre em função de Cristo, subordinadamente a Jesus, que a genuína piedade cristã cultuou a Santa Mãe de Deus.
-4- Aliás, entre os protestantes contemporâneos nota-se uma renovação da estima a Maria: apareceu recentemente um folheto protestante na Suíça, onde se lamenta que a Reforma tenha ido tão longe nas suas derrogações ao culto de Maria e se afirma que o Protestantismo terá de reparar as injustiças cometidas para com a Mãe do Salvador, que é também a Mãe da cristandade toda, visto que, sendo pela fé irmãos de Jesus, havemos também de ser filhos de Maria. Em Taizé-Cluny (França) existe uma comunidade de religiosos reformados (como que monges protestantes) que, dedicando-se à Liturgia, editaram para seu uso um livro de Oficio Divino para cada dia do ano (espécie de Breviário); nesta obra estão assinaladas as festas da Anunciação e da Purificação de Nossa Senhora, assim como uma festa mariana para 15 de agosto. Max Thurian, o pastor dirigente dessa comunidade, observou que, se a invocação dos santos não é disciplinarmente legítima na Reforma, ela parece ao menos lícita. Semelhante afirmação foi proferida pelo pastor Vidal, secretário da Federação Reformada de França.
É muito interessante também o testemunho de Karl Barth, o mais importante teólogo protestante de nossos dias:
“No séc. XVI importava dizer que os santos da Igreja, os defuntos, não têm a possibilidade de nos ajudar. Contudo, talvez fosse lícito acrescentar um ponto de interrogação a afirmação tão categórica. Não estou tão certo de que os santos da Igreja não nos podem ajudar; os Reformadores, por exemplo, e os santos que estão sobre a terra. Vivemos em comunhão com a Igreja do passado e dela recebemos um auxílio. Um fato, porém, é certo: nem os homens vivos, nem os que já morreram, podem-se tornar para nós o que Deus é para nós — um socorro na grande opressão que é a nossa diante do Evangelho e da Lei” (La prière d’après les catéchismes de Ia Réformation. Neuchâtel/Paris 1949, 13).
Dom Estêvão Bettencourt (OSB)
www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=1985&head=0
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testemunho dos ortodoxos a favor do dogma católico da comunhão dos santos:
O Apóstolo instrui aqueles que vieram a acreditar em Cristo e foram juntados à Igreja como segue: "Mas chegastes ao monte de Sião, e a cidade do Deus vivo, Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal assembléia, e à Igreja dos primogênitos, que estão escritos nos céus, e à Deus, o juiz de todos e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e à Jesus o Mediador duma Nova Aliança..." (Heb 12:22-24). Nós não estamos separados de nossos irmãos mortos na fé por um inultrapassável abismo de morte: eles estão perto de nós em Deus, "porque para Ele vivem todos" (Lc 20:39).
A Igreja canta essa relação no Kondakion na festa da Ascensão do Senhor: "Tendo cumprido o plano providencial a nosso respeito e tendo unido a criatura terrestre aos habitantes dos céus, Tu foste elevado em glória, ó Cristo nosso Deus, não Te afastando, mas permanecendo com aqueles que Te amam e a quem Tu mesmo disseste: Eu estou convosco e ninguém pode algo contra vós."
Por certo, existe uma distinção entre a Igreja de Cristo na terra e a Igreja dos santos nos céus; os membros da Igreja terrena ainda não são membros da Igreja celeste.E na realidade, o mundo terrestre e o celeste são duas formas separadas de existência: lá no céu essa existência é sem corpo, aqui na terra é vida com corpo e morte física; lá, aqueles que atingiram, aqui, aqueles que procuram atingir; aqui, fé, lá, vendo o Senhor face a face; aqui esperança lá plenitude.
No entanto, não se pode representar a existência dessas duas religiões, a celeste e a terrestre, como completamente separadas. Se nós não atingimos tão alto como os santos no céu; os santos sim atingem tão alto como nós. Como alguém que se tendo estudado toda uma ciência tem comando também sobre suas partes elementares, assim como um general que entrou em uma nação tem comando também sobre suas fronteiras; assim também aqueles que alcançaram o céu em seu comando aquilo que eles passaram através de, e eles não cessam de ser participantes na vida da Igreja, militante na terra.
Os santos Apóstolos, partindo desse mundo, dispensaram o corpo terrestre, mas não dispensaram o copo da Igreja. Não só eles foram, mas eles também permanecem sendo as bases da Igreja. A Igreja é construída "sobre o fundamento dos Apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina" (Ef 2:20) estando no céu, eles continuam a estar em comunhão com os fieis aqui na terra.
Tal entendimento esteve presente no pensamento patrístico antigo, tanto no oriente quanto no ocidente. Aqui estão as palavras de Crisóstomo:
"De novo, o memorial dos mártires, e de novo um dia festivo e de solenidade espiritual. Eles sofreram, e nós rejubilamos; eles lutaram, e nós saltamos de alegria; sua coroa é a glória de todos, ou melhor, a glória de toda a Igreja. Como pode ser isso? Você diria. Os mártires são nossas partes e membros. Mas, "De maneira que se um membro padece, todos os membros padecem com ele, e se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele" (1 Co 12:26). A cabeça é coroada e o resto do corpo se rejubila, e recebe o vitorioso nos jogos Olímpicos, e todo o povo se rejubila, e recebe o vitorioso com grande glória. Se nos jogos Olímpicos, e todo povo rejubila, e recebe o vitorioso com grande glória. Se nos jogos Olímpicos aqueles que não participam em nada dos esforços recebem tal satisfação, muito mais pode assim ser com respeito às batalhas da piedade. Nós somos os pés, e os mártires são as cabeças: "mas a cabeça não pode dizer aos pés: não tenho necessidade de vós" (1 Co 12:21). Os membros são glorificados mas a preeminência de glória não os separa da ligação com as outras partes; porque então eles estão especialmente gloriosos quando não estão separados da ligação com outras partes." "Se o Mestre deles não se envergonham de ser nossos membros; pois neles está expresso o amor, e amor usualmente junta e liga coisas que estão separadas apesar da sua diferença em dignidade" (São João Crisóstomo, "Elogy for the Holy Martir Romanus").
"Porque as almas dos mortos pios," diz o Bem Aventurado Agostinho, "não partem da Igreja, que é o Reino de Cristo. Isto é porque, no altar do Senhor, o memorial delas é realizado pelo oferecimento do Corpo de Cristo... porque isso deveria ser feito senão porque os fiéis mesmo depois da morte permanecem membros da Igreja?"
A Igreja em suas orações para os Apóstolos e Hierarcas chama-os de pilares, sobre os quais ainda hoje a Igreja está estabelecida. "Tu és um pilar da Igreja"; "Vós sois pilares da igreja"; "tu és um bom pastor e fervoroso professor, ó hierarca," "Vós sois os olhos da Igreja de Cristo"; "Vós sois as estrelas da Igreja" (de vários Ofícios da Igreja). Em harmonia com a consciência da Igreja, os santos, indo para o céu, compõem o firmamento da Igreja como estrelas magníficas, e eles brilham sobre os fiéis, ó divinos Mestres, guerreiros de Cristo" (do Ofício Comum do Mártires). "Como brilhantes e luminosas estrelas vós mentalmente se mostram no firmamento da Igreja, e assim iluminam toda criação (do Ofício para os Hieromártires).
Existe uma base para tais apelos aos santos nas próprias palavras de Deus. No Apocalipse de São João o Teólogo nós lemos: "A quem vencer, eu o farei coluna no templo de meu Deus ..." (Ap 3:12). Assim os santos são colunas da Igreja não só no passado, mas também em todos os tempos.
Nessa ligação da Igreja com os santos, e da mesma forma na liderança da Igreja pelo próprio Senhor, pode ser visto um dos lados místicos da Igreja. "Por tua Cruz, ó Cristo, existe um só rebanho de anjos e homens; e na assembléia céu e terra rejubilam, clamando, Senhor, glória a Ti" (Octoecos, Tom 1, Apóstica de matinas de Quarta-feira).
Quando a voz comum da Igreja testemunha a justiça da pessoa que repousou, são colocados como um exemplo a ser imitado e os Cristãos são ensinados pelo bom exemplo de sua vida.
E quando, depois, a convicção geral da santidade da pessoa que repousou é confirmada por testemunhos especiais, martírio, confissão sem medo, auto-sacrifício ao serviço da Igreja, dom de cura, e especialmente quando o Senhor confirma a santidade da pessoa que repousou por milagres após sua morte quando ela é lembrada em orações então a Igreja glorifica-a de modo especial. Como a Igreja pode não glorificar aqueles que o próprio Senhor chama de Seus "amigos"? "Vós sereis meus amigos, ... tenho-vos chamado amigos" (Jo 15:14-15), a quem Ele recebeu em Suas mansões celestiais em cumprimento das palavras: "... para onde eu estiver estejais vós também" (Jo 14:3). Quando isso acontece; cessar as orações pelo perdão dos pecados da pessoa que partiu, e pelo seu repouso; elas dão lugar a outras formas de comunhão com a pessoa, nomeadamente: a) louvação de suas lutas em Cristo, "pois não se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no selador, e da luz em todos que estão na casa" (Mt 5:15); b) petições à pessoa para que ela ore por nós, pela remissão dos nossos pecados, e pelo nosso avanço moral, e que ela possa nos ajudar em nossas necessidades espirituais e em nossas aflições.
É dito: "Bem aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor" (Ap 14:13) e na verdade nós os bendizemos.
É dito: "E Eu dei-lhes a glória que a Mim me deste (o Pai)" (Jo 17:22), e nós na verdade damos essa glória à pessoa, de acordo com o comando do Salvador.
Da mesma forma o Salvador disse: "Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de justo" (Mt 10:41). "Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai, que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe" (Mt 12:50). Portanto, nós devemos receber um justo como um justo. Se ele é irmão do Senhor, então ele deve ser o mesmo para nós também. Os santos são nossos irmãos espirituais, irmãs, mães e pais, e nosso amor por eles é expresso pela comunhão em oração com eles.
O Apóstolo João escreveu para seus companheiros Cristãos: "O que vimos e ouvimos isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com Seu Filho Jesus Cristo" (1 Jo 1:3). E na igreja essa comunhão com os Apóstolos não é interrompida ; ela continua com eles no outro reino da existência deles, o reino celeste.
A proximidade dos santos ao Trono do Cordeiro e a elevação por eles de orações pela Igreja na terra é descrito no livro da Revelação (Apocalipse) de São João Teólogo: "E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões e milhares de milhares," que louvavam o Senhor (Ap 5:11).
Comunhão em oração com os santos é a realização em fatos reais da ligação entre os Cristãos na terra e a Igreja Celeste na qual o Apóstolo fala: "Mas chegastes ao monte de Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém Celestial e aos muitos milhares de anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos que estão inscritos nos céus, e à Deus o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados" (Heb 12:22-23).
A Sagrada Escritura apresenta numerosos exemplos do fato que, enquanto ainda vivendo na terra, o justo pode ver e ouvir e conhecer muito do que é inacessível ao entendimento comum. Muito mais esses dons estão presentes com eles quando eles dispensaram a carne e estão no céu. O Santo Apóstolo Pedro viu no coração de Ananias, de acordo com o livro dos Atos (At 5:3). A Eliseu foi revelado o ato sem lei do servo Geazi (2 reis, cap 4), e o que é ainda mais notável, para ele foi revelada as intenções secretas da corte Síria, que ele então comunicou ao Rei de Israel (2 Reis 6:12). Quando ainda na terra, os santos penetram em espírito mundo acima; e alguns deles vêem coros de anjos, a outros é concedido contemplar a imagem de Deus (Isaias e Ezequiel), e ainda outros são exaltados para o terceiro céu e lá ouvem palavras místicas e impronunciáveis. Ainda mais quando eles estão no céu e são capazes de saber o que está a acontecendo na terra e de ouvir aqueles que apelam a eles porque os santos no céu são iguais aos anjos (Lc 20:36).
Da parábola do Senhor sobre o homem rico e Lázaro (Lc 16:19-31) ficamos sabendo que Abrahão, estando no céu, podia ouvir o grito do homem rico que estava sofrendo no inferno, apesar do "grande abismo" que os separava. As palavras de Abrahão sobre os irmãos do homem rico: "Tem Moisés e os profetas; ouçam-nos" (Lc 16:29) claramente indicam que Abrahão conhece a vida do povo hebreu que ocorreu depois de sua morte; ele sabe de Moisés e da lei, dos profetas e seus escritos. A visão espiritual das almas dos justos no céu, sem nenhuma dúvida, é maior do que a visão era na terra. O Apóstolo escreve: "porque agora temos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido" (1 Co 13:12).
A Santa Igreja sempre manteve o ensinamento da invocação dos santos estando totalmente convencida que eles intercederam por nós perante Deus no céu. Isso nós vemos nas antigas Liturgias. Na Liturgia do santo Apóstolo Tiago é dito: "Especialmente nós fazemos memória da Santa, Gloriosa e Sempre Virgem, a abençoada Theotokos. Lembra-te Dela, Ó Senhor, e pelas santas orações delas, preserva-nos e tem piedade de nós." São Cirilo de Jerusalém, explicando a Liturgia na Igreja de Jerusalém, destaca: "Então nós também comemoramos (oferecendo o Sacrifício Sem Sangue) aqueles que partiram previamente: antes de todos, patriarcas, profetas, apóstolos, mártires para que por suas orações e intercessão de Deus venha a receber nossas petições."
Numerosos os testemunhos dos padres e professores da Igreja, especialmente do quarto século em diante, a respeito da veneração pela Igreja dos Santos. Mas já no começo do segundo século existe indicações diretas na antiga literatura Cristã a respeito da fé, da oração dos santos no céu por seus irmãos na terra. Os testemunhos da morte por martírio de São Inácio o Teóforo (no começo do século segundo) dizem : "Tenho retornado à casa com lágrimas, nós tivemos a vigília de toda a noite... então, depois de dormir um pouco alguns de nós de repente vimos o abençoado Inácio em frente a nós e nos abraçando, e outros igualmente o viram orando por nós." Relatos similares, mencionando as orações e intercessão por nós dos mártires, são encontrados em outros relatos da época da perseguição contra os Cristãos.
http://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/teologia_dogmatica_p.htm#_Toc36988430
testemunho dos ortoxos a favor da venerção e intercessão dos santos:
Por ocasião do batismo recebemos o nome em homenagem a um santo, o qual desde aquele momento se torna o nosso protetor, patrono celestial.
Qual o sentido da veneração dos santos ? Será que os santos no Céu conhecem as nossas necessidades e nossas dificuldades, e será que eles se interessam por isto ? Será que eles ouvem as nossas preces e procuram nos ajudar ? Será que é bom pedir a ajuda dos santos, ou será que é suficiente somente orar a Deus ? As seitas, que perderam a tradição apostólica, não compreendem a essência e o objetivo da Igreja de Cristo e por isso negam a necessidade de orações aos santos no Céu. Resumiremos aqui o ensinamento sobre este assunto.
A veneração dos santos é baseada na convicção de que todos nós, que estamos tentando nos salvar e os que já se salvaram, vivos e mortos, constituem uma única família de Divina. A igreja é uma grande sociedade, que abrange todo o mundo visível e invisível. Ela é uma organização enorme, mundial, constituída sobre os princípios de amor, onde cada um deve cuidar não só de si, mas também do bem-estar e da salvação de outras pessoas. Os santos são aquelas pessoas, que durante a vida demonstraram mais amor para com os próximos.
Nos, ortodoxos, cremos, que quando uma pessoa justa morre, ela não rompe a sua ligação com a Igreja, mas passa para a sua esfera mais alta, celestial — para a Igreja triunfante. No mundo espiritual a alma da pessoa não deixa de pensar, querer, sentir. Pelo contrário, estas qualidades se abrem ainda mais amplamente e com uma maior perfeição.
Os cristãos modernos, não ortodoxos, que perderam a sua ligação viva com a Igreja Celestial-terrestre, têm as mais vagas e confusas idéias sobre a vida após a morte. Alguns deles acham, que depois da morte a alma do homem adormece e se desliga de tudo; outros — que a alma do homem, mesmo continuando a sua atividade depois da morte, não se interessa mais pelo mundo, do qual saiu. Outros ainda acham, que em princípio não se deve orar aos santos, pois o cristão tem uma relação direta com Deus.
Mas qual é o ensinamento das Escrituras Sagradas a respeito dos justos, que deixaram o mundo terrestre, e qual a força de suas preces? Nos tempos dos apóstolos a Igreja era compreendida como uma só família, Celestial-terrestre. O apóstolo Paulo escrevia aos neófitas: "Aproximastes-vos do Monte Sião e de Jerusalém celeste, cidade de Deus vivo e de milhares e milhares de anjos, reunião festiva, e assembléia dos primogênitos, cujos nomes estão inscritos nos Céus, onde Deus é Juiz de todos e as almas dos justos estão já na posse da perfeição" (Hebreus 12:22-23). Por outras palavras, vós, que se converteram para o cristianismo, entraram para uma grande família, recebendo uma ligação íntima com o mundo celestial e com aqueles, que lá se encontram. As palavras finais do apóstolo Pedro aos cristão da Ásia Menor — "Envidarei, portanto, todos os meus esforços para que, depois da minha partida, vós recordeis disto" (2 Pedro, 1:15) — testemunham claramente que ele promete se preocupar com eles também depois, no mundo espiritual.
O antigo hábito de pedir ajuda aos santos mártires e santos justos é baseado na consciência de um contato estreito e vivo com a Igreja Celestial-terrestre e na fé em força das preces dos santos.
Sabemos, que nem todos os homens, mas somente aqueles mais diligentes e justos eram chamados por Deus de Seus amigos e somente estes receberam os dons do Espírito Santo e dons de fazer milagres. Assim, Cristo, durante a Ultima Ceia, disse aos apóstolos: "Vós sois Meus amigos! ... Pois, quem fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, e irmã, e mãe" (João 15:14-15; Mateus 12:50). A historia sagrada nos dá muitos exemplos da proximidade espiritual, de "ousadia" dos santos nos seus pedidos a Deus. Assim, por exemplo, Abraão pediu que Deus tenha piedade dos moradores de Sodoma e Gomorrha, e Deus se prontificou a cumprir o pedido dele, se entre os moradores tivesse pelo menos 10 homens justos. Outra vez, Deus desviou o castigo de Abimelec, rei de Gerar, atendendo ao pedido de Abraão (Gênese, cap. 18, Gênese, cap. 20). A Bíblia nos conta, que Deus conversou com Moisés pessoalmente, "como uma pessoa que conversa com o seu amigo." Quando Mariam, a irmã de Moisés, pecou e foi castigada pela lepra, Moisés suplicou a Deus e obteve lhe o perdão (Êxodo 33:11; Números cap. 12). Podemos relatar também outros exemplos sobre a força extraordinária das preces dos santos.
Os santos não ofuscam Deus e não diminuem a necessidade de nossas preces à Ele, como o nosso Pai Celestial. Assim, os adultos numa família não diminuem a autoridade dos pais, quando se preocupam com as crianças junto com eles. Podemos dizer até mais: nada alegra tanto os pais como a preocupação dos irmãos mais velhos com as crianças. Assim também o nosso Pai Celestial se alegra ouvindo as preces dos santos e vendo o empenho deles em nos ajudar. Os santos têm uma fé maior que nós e ficam perto de Deus porque são justos. Portanto vamos rezar a eles como se eles fossem nossos irmãos mais velhos que estão diante do trono de Deus.
É bom saber, que os justos, ainda aqui na terra, viam e sabiam muita coisa daquilo, que é desconhecido por um homem simples. Assim, muito mais, eles devem ter estes dons agora, quando passaram da vida terrestre para o mundo celestial. Por exemplo, o apóstolo Pedro viu, o que acontecia com a alma de Ananias; Eliseu ficou sabendo sobre o pecado do servo Giezi, e o que é ainda mais admirável, soube de todas as intenções da corte síria, as quais ele depois revelou ao rei de Israel. Muitos santos, ainda aqui na terra, penetraram em espírito no mundo Celestial, uns viram muitos anjos, outros eram dignos até ver Deus (Isaías, Ezequiel), outros eram elevados até o terceiro Céu, onde ouviram misteriosas vozes, como por exemplo, o apóstolo Paulo. Assim, tanto mais, por estarem no Céu eles têm a faculdade de saber tudo aquilo que se passa na terra e podem ouvir as súplicas daqueles que os pedem, pois os santos no Céu "são iguais aos anjos" (Atos 5:3; 4 Reis cap. 4; 4 Reis 6:12; Lucas 20:36). Da parábola de Cristo sobre o rico e o Lázaro sabemos, que Abraão, estando no Céu, podia ouvir as lamentações do rico, sofrendo no inferno, não obstante o "grande precipício" que os dividia. As palavras de Abraão: os teus irmãos têm Moisés e profetas, então que os obedeçam, — demonstram claramente que Abraão conhece o que acontece na vida dos israelitas mesmo após a sua morte, que conhece Moisés e seus mandamentos, os profetas e suas escrituras. A visão espiritual dos justos lá no Céu é, sem dúvida, muito maior do que era na terra. O apóstolo diz: "Agora vemos por espelho, de maneira confusa, mas então será face a face. Agora conheço de modo imperfeito, mas então conhecerei como sou conhecido" (1 Coríntios 13:12).
A proximidade dos santos do Trono de Deus e a força de suas preces pelos fieis, que estão na terra, é mostrada no livro do Apocalipse, onde o apóstolo João diz: "Na minha visão ouvi também, ao redor do trono, ao redor dos seres vivos e dos anciãos, a voz de muitos anjos — miríades de miríades e milhares de milhares." Depois ele descreve a visão dos justos, no Céu rezando por homens, que estão na penúria na terra: "E adiantou-se um outro anjo, e pôs-se diante do altar, segurando um turíbulo de ouro. Foram-lhe dados muitos perfumes, para que os oferecesse com as orações de todos os santos no altar de ouro, que está diante do trono. E a fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo, com as orações dos santos, diante de Deus" (Apocalipse 5: 8.11; 8:3-4).
Grande é a força de oração: "Confessai-vos, pois, mutuamente os vossos pecados para alcançar a saúde. É de grande poder a oração eficaz do justo" ensinava o apóstolo Tiago (Tiago 5:16). A oração pelo outro é a expressão do amor; e os santos no Céu, orando por nos, demonstram o seu amor fraternal e sua preocupação conosco.
Tanto no Evangelho, como em outros livros do Novo Testamento achamos muitos exemplos que testemunham a força da oração por outras pessoas. Assim, por exemplo, a pedido de um cortesão, o Senhor curou o seu filho; a pedido de uma mulher, a filha dela foi libertada do demônio; a pedido de um pai, Senhor expulsou o demônio do filho dele; e a pedido dos amigos, perdoou e curou um paralítico, a quem os amigos dele desceram do telhado; a pedido de um centurião romano um servo deste foi curado (João 4:46-53; Mateus 15:21-23; Marcos 9:17-25; Marcos 2:2-25; Mateus 8:5-13). E a maior parte das curas milagrosas foi efetuada pelo Senhor à distancia.
Assim, se as orações de pessoas simples tiveram tanta força, quanto mais poderosas são as orações dos justos que estão diante do trono de Deus. "Esta é a confiança que temos Nele: se pedirmos alguma coisa conforme a Sua vontade, Ele nos ouve" (1 João 5:14).
Eis porque a Igreja, desde os tempos mais remotos, sempre mantinha o ensinamento sobre o proveito das orações aos santos. Por exemplo, isto está presente nas liturgias antigas e outros legados. Em liturgia do apóstolo Tiago lemos: "Principalmente lembremo-nos da Santíssima e Gloriosa Sempre Virgem, Mãe de Deus. Senhor, lembre-Te Dela e pelas santas orações Dela tenha piedade de nós." São Cirilo de Jerusalém, explicando a liturgia da Igreja de Jerusalém, diz: na Liturgia, nos invocamos também os que já morreram, em primeiro lugar — os patriarcas, os profetas, os apóstolos, os mártires, para que, pelas suas orações, Deus aceite os nossos pedidos também.
Muitos padres e doutores da Igreja, principalmente a partir do século IV, atestam a necessidade de venerar os santos. Mas já no começo do século II temos indicação direta, nas escrituras daquela época, da fé em orações dos santos no Céu por seus irmãos na terra. Os testemunhas do sofrimento e da morte do santo Inácio Teóforo (começo do século II) dizem: "Quando voltamos em lágrimas para casa, fizemos vesperal ... Depois, dormimos um pouco e alguns de nós viram o bem-aventurado Inácio, que se levantou, nos abraçou e também alguns de nos viram como ele rezou por nós." Existem muitas anotações parecidas sobre as orações e pedidos por nós aos santos mártires, principalmente da época das perseguições dos cristãos.
A convicção na santidade de uma pessoa falecida é atestada por vários fatores, por exemplo: sofrimento pelo Cristo, a confissão intrépida da fé, o trabalho abnegado para a Igreja, o dom de cura. Principalmente, Nosso Senhor nos demonstra a santidade de uma pessoa por milagres após a morte dela, quando em nossas orações invocamos tal pessoa.
Além de uma ajuda pela oração, os santos nos ajudam a alcançar a salvação também com o exemplo de suas vidas. O cristão fica muito enriquecido quando lê as vidas dos santos e vê, como eles conseguiram incorporar o Evangelho em suas vidas. Aqui temos tantos exemplos de uma fé viva, de coragem, de paciência. Os santos eram pessoas iguais à nos, mas eles venceram as mais difíceis tentações e nos encorajam a seguir o nosso caminho com paciência e sem resmungar.
O apóstolo Tiago conclamava os cristãos a imitar a paciência dos profetas antigos e do Jó, que sofreu muito, para alcançar uma fé tão firme como a do profeta Elias. O apóstolo Pedro ensinava as mulheres serem tão modestas como a justa Sara, esposa do Abraão. Santo Apóstolo Paulo nos dá exemplos de ascese dos antigos justos, a começar pelo Abel e terminando com os mártires Macabeus e conclama os cristãos a seguirem estes exemplos. Terminando os seus ensinamentos, ele diz: "Portanto nós, rodeados que estamos de tal nuvem de exemplos, livres de todo obstáculo e do pecado que nos seduz tão facilmente, enfrentemos, com a arma da paciência, o combate que se nos apresenta" (Tiago cap. 5: 1 Pedro 3:6; Hebreus 12:1).
O Senhor disse: "Nem se acende uma candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas encima do candelabro, onde brilha para os que estão em casa. Assim brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus" (Mateus 5:15-16). Os santos são estrelas brilhantes, que nos mostram o caminho para o Reino de Deus.
Vamos valorizar a proximidade a Deus dos nossos santos e vamos invoca-los, pedindo a sua ajuda e lembrando-nos, que eles nos amam e se preocupam com a nossa salvação. Nos dias de hoje é importantíssimo conhecer a vida dos santos, pois em geral, entre os "cristãos" de hoje, a compreensão dos ideais cristãos ficou muito deturpada.
http://www.fatheralexander.org/booklets/portuguese/saints_1_p.htm#_Toc45694670
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Prezados,
· Leitor pede que refutemos questionamentos protestantes
· Mais reflexões sobre a intercessão dos santos
· Leitor pergunta sobre a oração de intercessão dos santos
· Leitor protestante pergunta sobre a intercessão dos santos
· Leitor protestante pergunta sobre santos, a Virgem e livros de teologia
· Resposta a um leitor "incrédulo"
· Respostas aos protestantes sobre a intercessão dos anjos e santos
· Respostas aos protestantes sobre as relíquias milagrosas
Em Cristo,
Marcos M. Grillo
http://www.veritatis.com.br/inicio/espaco-do-leitor/872-leitor-protestante-iguala-a-intercessao-com-santos-com-a-qevocacao-dos-mortos
Leia-o tambem em : www.larcatolico.webnode.com.br
Como evangélico de mente aberta que sou, tenho lido as vossas colocações acerca da fé católica. Entretanto, apesar de não ser um cristão fundamentalista e de crer que existem verdadeiros cristãos dentro da igreja católica, existem coisas muito difíceis para que eu "engula" dentro do vosso corpo doutrinal.
A primeira delas é realmente a controversa intercessão dos santos. Não se pode deixar de se associar a prática com a invocação aos mortos, por mais que se queira diferenciar (não vejo diferença alguma). Quanto a isto, o Velho Testamento nos avisa enfaticamente:
Isaías 8:19 " ...Acaso não consultará um povo a seu Deus? acaso a favor dos vivos consultará os mortos?"
A parábola do rico e de Lázaro também é bastante elucidativa:
Lucas 16:26 "E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá passar para nós".
E ainda, mais claramente, vemos que os mortos não têm consciência alguma do que se passa "debaixo do sol", embora estejam vivos para Deus (Mateus 22:32).
Eclesiastes 9:5 " Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma..."
Não é um contra-senso orar para que um morto interceda por nós? Não diz a Escritura que não se pode consultar os mortos pelos vivos? Afinal, em todo o Novo Testamento e até mesmo nas primeiras epístolas dos sucessores dos apóstolos (barnabé, clemente, etc) não vemos tal prática. A única parte da escritura que dá algum suporte à prática está nos livros deuterocanônicos, que muitos pais rejeitaram como inspirados (sei que alguns aceitaram). Aliás, a intercessão que vemos a maioria dos católicos citarem nas escrituras como suporte pela "intercessão dos santos" é SEMPRE de VIVOS para VIVOS. Os textos usados para suportar a prática são usados pelos evangélicos, quando pedem para orar uns pelos outros (vivos por vivos) - que é a prática do NT. Nunca vi uma intercessão de mortos para vivos. Além disso, todos na igreja eram considerados "santos". Paulo chama todos na igreja de santos (ver 1 cor 1:2), não existindo na igreja primitiva a "casta" que se faz atualmente, diferenciando os fiéis dos santos (todos os fiéis são santos). Vemos nas escrituras, contudo, que cada um receberá de acordo com suas obras. Alguns receberão muitas graças e outros poucas, mas todos são santos e justificados por Cristo. O mérito pela salvação é dele. As obras definirão o tamanho do galardão de cada um.
Alguns poderão citar que no apocalipse vemos as almas dos justos que clamam por justiça a Deus, mas a justiça é pela morte injusta que receberam quando em vida. Eles não estão clamando pelos que estão na terra.
Além disso, a maioria do povo não sabe diferenciar a adoração da veneração que vocês tanto colocam. Isto me parece um discurso intelectual, mas na prática o negócio é diferente. O "povão" (mais de 90% dos católicos) adora mesmo às imagens, o santo, etc. Vê nele uma espécie de "atalho" para Deus, pois se sente incapaz de fazer uma "ligação direta" com o Pai. Em suma, fazem do santo uma espécie de "semi-deus". Será que isto agrada mesmo o coração do Pai? Lembremo-nos que Jesus, em sua oração modelo, nos ensina a orar para o Pai. "Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome..." (Lucas 11:2). O próprio Jesus nos ensinou a orar ao Pai - e em nome dele -, e não a homens justos que cumpriram sua missão na terra. Insistir em fazer de outra maneira não é ignorar a vontade que Ele deixou expressa para fazer de uma outra forma? Não é o mesmo que pegar o manual do seu automóvel que diz como deve ser a manutenção e então ignorar o que está dito ali e usar o "jeitinho brasileiro" e fazer de outra forma?
Assim, vejo a prática de invocar os mortos em favor dos vivos como, no mínimo, perigosa. Corre-se o risco de cair na condenação de Deus acerca de quem faz tais práticas. Não estou, contudo, querendo julgar. Não cabe a mim fazê-lo e tampouco me considero dono da verdade. Mas acredito que estas considerações são realmente pertinentes, e quero ver a vossa resposta quanto a esta questão.
Prezado leitor,
A paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
O primeiro parágrafo da sua missiva já revela uma característica muito comum entre os protestantes, aliás, uma característica intrínseca ao protestantismo. Refiro-me ao uso do pronome “eu” (“(...) existem coisas muito difíceis para que eu ‘engula’ dentro do vosso corpo doutrinal.”). As suas próprias palavras indicam que você, ainda que inconscientemente e com a melhor das intenções, despreza, em primeiro lugar, todo o entendimento dos que não são você (ou que não pensam como você). Em outras palavras, no seu modo de ver, se é difícil que você “engula” algo, então esse algo muito provavelmente (ou até certamente) está errado, mesmo que os maiores santos e sábios do mundo o considerem digno de fé. Em segundo lugar, o “corpo doutrinal” ao qual você se refere, e dentro do qual, na sua opinião, existem coisas muito difíceis de ser “engolidas”, é o corpo doutrinal que remonta a Cristo e aos Apóstolos, tendo sido recebido e preservado pela Igreja desde os primórdios do cristianismo até os dias de hoje, e corroborado, tanto na teoria quanto na prática, por incontáveis santos e teólogos cristãos ao longo dos séculos. Não obstante, o único critério epistemológico que realmente importa para você é que algo seja fácil ou difícil de ser “engolido” por você. Em outras palavras, para que algo seja verdadeiro, é preciso que lhe pareça ser razoável: “Isso eu engulo... Aquilo eu não engulo...”. Talvez você se considere mais sensato e sábio do que S. Tomás de Aquino, por exemplo, ou S. Agostinho, ou tantos outros gênios da teologia cristã católica. O mínimo que eu posso dizer com relação a essa presunção é que se trata de uma temeridade. E gostaria de abrir aqui um pequeno parêntese: não é uma atitude típica dos adolescentes e dos jovens desprezar o conhecimento e a experiência dos pais (e das pessoas mais velhas de um modo geral), preferindo seguir e fazer aquilo que lhes pareça certo? E invariavelmente o tempo mostra aos moços e moças quão imprudente é desprezar a sabedoria dos que nos precedem. Se estou dizendo isso não é para lhe provocar, nem para lhe chamar de imaturo, mas sim para levá-lo a refletir sobre o modo pelo qual você tem se posicionado com relação à fé cristã, essa fé que não nasceu ontem, nem há 500 anos, mas que tem 2.000 de história. Digo-o por experiência própria (embora não devamos julgar ninguém a partir de nós mesmos): eu também já achei que a minha compreensão bastava, que o que importava era o que me parecia ser razoável e correto. Eu achava que a fé cristã é que devia se adequar ao meu entendimento, e não o meu entendimento se adequar à fé cristã! Eu achava não só possível que gênios da teologia católica (tanto clérigos quanto leigos) tivessem se equivocado, mas que isso realmente tinha acontecido, ou seja, que esses homens e mulheres, que não tinham outra preocupação além de se manterem fiéis à bimilenar fé católica e à Igreja que a tem preservado, lamentavelmente erraram, pois, incrivelmente, não perceberam aquilo que eu percebia... E assim foi até que Deus, por Sua infinita misericórdia e graça, abriu meus olhos e então eu pude compreender que na realidade era eu que estava errado, que eram o meu orgulho e a minha presunção que me impediam de aceitar e seguir a doutrina tal como ensinada pela única Igreja da qual podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que foi fundada por Jesus Cristo em pessoa com a explícita incumbência de ensinar a toda à humanidade a verdadeira doutrina cristã, acima dos subjetivismos e gostos pessoais. E nesse momento eu não pude fazer outra coisa senão abraçar a fé católica.
Dito isto, convido-o a refletir comigo sobre as objeções à intercessão e à veneração dos santos suscitadas por você:
1) Com relação à oração aos santos (seja na forma de veneração ou de pedido de intercessão junto a Deus), é de fundamental importância distinguir as palavras "invocação" e "evocação". Nós católicos invocamos os santos conforme a primeira acepção do verbo "invocar" de acordo com o Dicionário Aurélio: "Implorar a proteção ou auxílio de; fazer súplicas a; chamar em seu socorro". Isso nada tem a ver com “evocação dos mortos” (de acordo com o Aurélio: "1. Chamar de algum lugar. 2.Fazer aparecer, chamando por meio de esconjuros, invocações ou exorcismos [as almas do outro mundo, os demônios]."). Quem dirige uma prece a um santo não está, de forma alguma, “consultando” a um morto, mas está se dirigindo a uma pessoa viva, e podemos dizer até muito mais viva do que nós, pois já goza da bem-aventurança eterna junto a Deus, e por isso mesmo pode interceder por nós com muito mais eficácia. Com relação à diferença entre "evocar" e "invocar", recomendamos a leitura do artigo "EVOCAÇÃO DE ESPÍRITOS X INVOCAÇÃO DOS SANTOS ", escrito por Renato Rosman, membro deste apostolado, e publicado em nosso site.
2) Que os mortos não têm consciência do que se passa “debaixo do sol”, trata-se de mera conjectura sua, ou seja, você simplesmente pensa assim, interpretando ao seu bel-prazer e de forma estritamente literal passagens como a de Eclesiastes 9,5. Mas você realmente não poderia agir de outra forma, já que, na sua visão, a Bíblia (ou melhor, a sua interpretação da Bíblia) é o bastante, e a Tradição e o ensino do Magistério da Igreja não só podem como devem ser dispensados. Ou seja, não há que se levar em consideração o conjunto da doutrina ensinada pela Igreja, mas tão-somente esta ou aquela passagem isolada e interpretada subjetivamente.
3) Embora a doutrina da veneração e da intercessão dos santos remonte aos primórdios da fé cristã, ela foi se desenvolvendo e se clarificando gradativamente, assim como outros dogmas cristãos, como a Trindade e a divindade de Cristo. Nesse sentido, não surpreende o fato de que não haja referências explícitas à doutrina dos santos nas epístolas bíblicas e nos primeiros escritos cristãos. A esse respeito, recomendo a leitura do e-bookMARIA, OS SANTOS E OS ANJOS”. “
4) No que se refere à fundamentação escriturística da doutrina dos santos, é importante ressaltar que somente à Igreja (e não a este ou aquele teólogo) foi confiada a autoridade para definir o cânon, e foi com essa mesma autoridade que a Igreja sancionou a doutrina da veneração e da intercessão dos santos. Ademais, você encontrará em nosso “ÍNDICE TEMÁTICO” uma série de artigos que demonstram a insustentabilidade do princípio protestante Sola Scriptura.
5) De fato, todos os cristãos são chamados à santidade, mas isso em nada impede que a Igreja, com a autoridade que lhe é própria e exclusiva, proclame santos — dignos de veneração e aptos a interceder por nós — alguns homens e mulheres especiais. Ademais, embora todos sejamos salvos por Cristo e tão-somente por Ele, você não acha que alguns dentre nós são mais dignos de honra do que outros? Que uns são mais consagrados a Deus e receberam dEle, que é soberano, mais e melhores dons do que outros? E note que o Apóstolo Paulo exortou os cristãos de sua época a lhe imitarem e a seguirem o seu exemplo, bem como o de outros irmãos. Veja:
“Por isso, vos conjuro a que sejais meus imitadores.´Para isso é que vos enviei Timóteo, meu filho muito amado e fiel no Senhor. Ele vos recordará as minhas normas de conduta, tais como as ensino por toda parte, em todas as igrejas.” (I Cor 4,16-17)
“Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. Eu vos felicito, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais as minhas instruções, tais como eu vo-las transmiti.” (I Cor 11,1-2)
“Irmãos, sede meus imitadores, e olhai atentamente para os que vivem segundo o exemplo que nós vos damos.” (Fl 3,17)
“E vós vos fizestes imitadores nossos e do Senhor, ao receberdes a palavra, apesar das muitas tribulações, com a alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia.” (I Ts 1,6-7)
6) Com relação aos santos citados no Apocalipse, você afirma categoricamente: “Eles não estão clamando pelos que estão na terra.” Mais uma conjectura sua. Baseado em quê, além da sua interpretação particular, você faz essa afirmação? Por acaso você recebeu, diretamente do Espírito Santo, a verdadeira interpretação da referida passagem bíblica? Enfim, qual interpretação você considera a mais provável de estar correta: a sua ou a da Igreja?
7) Você também afirma que “a maioria do povo não sabe diferenciar a adoração da veneração que vocês tanto colocam. Isto me parece um discurso intelectual, mas na prática o negócio é diferente. O ‘povão’ (mais de 90% dos católicos) adora mesmo às imagens, o santo, etc. Vê nele uma espécie de ‘atalho’ para Deus, pois se sente incapaz de fazer uma ‘ligação direta’ com o Pai.” Essa é apenas a sua visão da realidade, e você toma essa visão como se fosse a realidade em si. Não é verdade que o “povão” não sabe diferenciar adoração (devida tão-somente a Deus) de veneração (prestada aos santos e especialmente à Virgem Maria). Os fiéis sabem perfeitamente que todo o poder é de Deus, e que é Ele quem atende às orações e opera os milagres. Pode perguntar isso a qualquer fiel católico, até ao mais simples. Também não é verdade que os católicos “adoram” as imagens, ao contrário, sabem que a veneração não se dirige diretamente às imagens em si, mas sim aos santos que elas representam, como se fossem retratos tridimensionais de pessoas queridas (não obstante, algumas imagens são mais especialmente estimadas, como a de Nossa Senhora Aparecida ou à de Nossa Senhora de Guadalupe, pelo sentido sagrado que elas mesmas têm, bem como pela piedade e pela fé que despertam nos fiéis).
Quanto aos santos serem “atalhos” para Deus, trata-se de uma questão de humildade e até mesmo de sensatez pedir a alguém mais próximo de Deus que interceda por nós. Aliás, não é comum pedirmos a um cristão, aqui na terra mesmo, mais consagrado e com uma fé mais fervorosa, que ore por nós? Por que não poderíamos fazer o mesmo com os santos já no céu, ainda mais sendo tal prática aprovada e estimulada pela Igreja de Cristo? Ademais, essa prática de modo algum impede que cada católico ore diretamente a Deus, sem recorrer a nenhum santo, mas, como temos essa possibilidade, não há porque não fazê-lo. Assim, oramos diretamente a Deus, mas também pedimos aos santos e à Santíssima Virgem Maria que intercedam por nós.
8) Você prossegue dizendo: “Em suma, fazem do santo uma espécie de ‘semi-deus’. Será que isto agrada mesmo o coração do Pai?”. Temos aqui uma inverdade e uma especulação muito comum entre os protestantes. A inverdade se refere à idéia de que os santos seriam como “semi-deuses”, o que não passa de mera opinião. Nós católicos não vemos nenhum santo como “semi-deus”. Nós os vemos como nossos irmãos mais velhos, amigos caríssimos que estão sempre prontos a interceder por nós quando lhes pedimos ajuda. E aqui há um dado de suma importância: quem está de fora não consegue e nem pode saber como é a relação dos católicos com os santos. Digo-o também por experiência própria. Somente quem se converte à fé católica, passando a freqüentar as paróquias e a conviver com os católicos, é que pode saber realmente como os católicos vêem os santos e a Virgem Maria. Para quem está de fora, tudo pode parecer “idolatria”, “superstição”, “paganismo” etc. Mas a realidade é bem diferente.
Quanto à sua pergunta (“Será que isto agrada mesmo o coração do Pai?”), é importante observar que, no que se refere à intercessão/veneração dos santos, não pode haver mesquinhez. Não quero ofender ninguém, mas a verdade é que um espírito mesquinho não é capaz de compreender o profundo sentido da veneração e da intercessão dos santos, e essa mesquinhez, por seu turno, acaba sendo projetada em Deus. Se fosse possível resumir toda a doutrina dos santos em duas palavras, eu a resumiria em justiça e amor. É uma questão de justiça reconhecer os méritos de cada um, bem como a honra que é devida às pessoas, em maior ou menor grau. Ora, como Deus, que é a Suma Justiça, não reconheceria os méritos dos Seus filhos? E como Ele poderia ficar “magoado” com o fato de nós também reconhecermos os méritos dos santos e assim lhes prestarmos a honra merecida (e devida)? Ademais, ao honrarmos os santos, honramos a Deus, que é o doador de toda a graça e é quem opera nos santos e através deles, para a Sua honra e para Sua glória. Além disso, qual o pai que não se sente feliz e honrado quando lhe elogiamos um filho? Só um pai muito mesquinho e ciumento, defeitos que Deus, Ser perfeito, evidentemente não pode ter.
Mas a veneração dos santos não é somente uma questão de justiça, é também uma questão de amor. Amor pela obra de Deus, por Sua graça, Sua misericórdia e Seu poder demonstrados na vida dos santos; amor por aqueles que deram a vida em prol da Igreja, no serviço a Deus e ao próximo; amor àqueles que foram (são) exemplos de fé, de piedade, de consagração, de resignação, de sabedoria, de paciência, enfim, das mais sublimes virtudes de que o ser humano é capaz; finalmente, amor a Deus e à Igreja que Ele mesmo fundou, da qual os santos são os baluartes e luminares, além de nossos companheiros em todo o desenrolar da história.
9) Finalmente, você escreve: “Insistir em fazer de outra maneira não é ignorar a vontade que Ele deixou expressa para fazer de uma outra forma? Não é o mesmo que pegar o manual do seu automóvel que diz como deve ser a manutenção e então ignorar o que está dito ali e usar o ‘jeitinho brasileiro’ e fazer de outra forma?” De fato, insistir em desprezar a Igreja que Cristo fundou é realmente “ignorar a vontade que Ele deixou expressa para fazer de uma outra forma”. Com efeito, Cristo não poderia ter escolhido doze Apóstolos à toa, para que, quando eles morressem, a Igreja ficasse acéfala, isto é, sem nenhuma autoridade visível e legítima à qual os cristãos pudessem (devessem) seguir, deixando assim que cada indivíduo seguisse a fé como melhor lhe parecesse. Não foi essa a vontade de Deus, pois, se assim fosse, Ele não teria fundado Sua Igreja e a confiado aos Apóstolos, sob a chefia de Pedro, ao contrário, não teria eleito ninguém, entre os seus discípulos, como Apóstolos, teria deixado que todos fossem “iguais” e que cada um O seguisse à sua maneira. Mas Ele disse a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15-17), Ele não quis que cada ovelha “se auto-apascentasse”, ao contrário, incumbiu expressamente a Pedro dessa tarefa. Se essa não foi a vontade expressa de Deus para nós, qual terá sido?
Quanto ao exemplo do “manual”, eu lhe perguntaria: você, não sendo mecânico, confiaria a manutenção e o eventual conserto do seu automóvel a um “leigo” ou a um “curioso”, ainda que honesto e bem-intencionado? Entregue o manual de um automóvel a um leigo, deixe-o sozinho e incumba-o de fazer toda a manutenção do carro, e você verá o estrago que ele fará. Não é muito mais prudente que alguém realmente gabaritado ensine a esse voluntarioso leigo como cuidar do seu carro? No caso do manual cristão por excelência, a Escritura Sagrada, evidentemente se faz necessário que alguém explique o verdadeiro sentido do que está escrito, e obviamente não pode haver inúmeros “professores”, cada um ensinando uma coisa, muito menos “autodidatas” que dispensem o professor. O assunto é infinitamente mais importante do que a manutenção de um automóvel. É o nosso destino eterno que está em jogo. Foi por isso que Cristo, em toda a Sua sabedoria e misericórdia, deixou-nos a Igreja, a qual, mediante o Sagrado Magistério, tem a autoridade, a legitimidade e o conhecimento necessários para nos ensinar com segurança o caminho para a vida eterna.
Que Deus lhe abençoe, tenha misericórdia de você e lhe conceda, o quanto antes, a graça de enxergar na Igreja Católica Apostólica Romana a verdadeira e única Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. E então você começará a trocar o pronome “eu” pelo pronome “nós”, juntando-se àqueles que, há 2.000 anos, têm simplesmente procurado ser fiéis a Cristo e à Igreja que Ele fundou.
Para encerrar, recomendo a leitura dos artigos abaixo, que tratam da intercessão dos santos. Recomendo também uma visita ao nosso “ÍNDICE TEMÁTICO”, onde você poderá encontrar respostas para diversas questões e objeções, além das razões da nossa fé.
· A intercessão dos santos· Leitor pede que refutemos questionamentos protestantes
· Mais reflexões sobre a intercessão dos santos
· Leitor pergunta sobre a oração de intercessão dos santos
· Leitor protestante pergunta sobre a intercessão dos santos
· Leitor protestante pergunta sobre santos, a Virgem e livros de teologia
· Resposta a um leitor "incrédulo"
· Respostas aos protestantes sobre a intercessão dos anjos e santos
· Respostas aos protestantes sobre as relíquias milagrosas
Em Cristo,
Marcos M. Grillo
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Leia-o tambem em : www.larcatolico.webnode.com.br
LEITOR PEDE QUE REFUTEMOS QUESTIONAMENTOS PROTESTANTES
Um leitor católico, recentemente, nos enviou uma série de objeções protestantes ao catolicismo, centradas na crença da intercessão dos santos e da Santíssima Virgem Maria. Na medida de nossa debilidade, tentaremos respondê-las. Como de costume, a mensagem do leitor está em preto e a nossa resposta em azul.
perguntas de protestantes:
1) Se podemos pedir diretamente a Deus, por que é necessário pedir a intercessão de um santo??? Para que pedi-la???
Em primeiro lugar, não é necessário pedirmos a intercessão dos santos. Tal intercessão é, apenas, salutar. É salutar (saudável) e vantajoso que, ao aproximarmo-nos do Grande Juiz, tenhamos o auxílio destes advogados, que, vencedores em Cristo, defendem-nos perante Ele.
E por que razão tal intercessão é salutar? Simples: quanto mais fé tem uma pessoa, maiores são as chances de que a mesma venha a ser atendida em suas orações. Quem tem a fé do tamanho de um grão de mostarda, pode remover montanhas; quem não a tem, não o pode. Quanto maior a fé, maior as chances de serem atendidas as orações da pessoa.
Ora, enquanto vivemos neste mundo, caminhamos sob a obscuridade da fé. Os mortos já não vivem da fé, mas conhecem a Deus face a face. Possuem algo que é maior do que a fé. Assim, o menor dos santos, está num estado superior ao mais fiel dos seres humanos, pois, possuindo algo maior do que a fé, suas orações são mais facilmente atendidas do que a de qualquer mortal.
2) Se os santos não são onipresentes e Deus lhes medeia a questão, qual a lógica do pedido, já que Deus conhece a questão antes de que eles peçam??? Qual a função desse intercessor póstumo, se ele é totalmente irrelevante e desnecessário??
É evidente que Deus já conhece aquilo que os santos irão pedir em nossa intercessão. Mas há, pelo menos, uma razão em Deus a permitir e em nos conceder as graças por meio dela. Em primeiro lugar, assim fazendo, Ele nos dá a garantia de que os justos se salvarão e estarão na felicidade de Visão Beatífica (tanto estão que intercedem por nós). Isto fortifica os fiéis em sua caminhada (que, por este fato, passam a ter a viva esperança de, um dia, juntar-se aos Santos no Céus) e, por outro mlado, confunde os infiéis que, diante de tantas e tão grandes evidências, ficam sem argumentos.
Agora, afirmar que esta intercessão é "irrelevante e desnecessária" chega a ser uma piada. Tanto é relevante e necessária, que todos os milagres reconhecidos e atestados pela ciência ocorreram mediante a intercessão seja de um santo, seja da Santíssima Mãe de Jesus.
Os protestantes, considerando estas intercessões desnecessárias e irrelevantes, têm uma enorme dificuldade em conseguir uma intervenção direta de Deus nos acontecimentos humanos.
3) Ecl 9,4-10 e Dn 2,1-6 não comprovam que entre a morte e a ressurreição do dia do Juízo ficamos adormecidos ??? Pois Ecl diz que o morto é incapaz de qualquer conhecimento e Dn diz que os que DORMEM se levantarão. Se dormem, como os católicos dizem que eles estão acordadinhos???
Por favor, não cite outras passagens desviando o assunto, atenha-se na exegese destas tão somente.
Por favor, não cite outras passagens desviando o assunto, atenha-se na exegese destas tão somente.
Bem, analisar apenas um texto da Bíblia, sem cotejá-lo com outros, no fundo, e em essência, não é fazer uma exegese bíblica. É fazer uma análise sintática. Embora nunca devamos desprezar o texto em si (como os protestantes, em geral, fazem com Mt 16, 18), não devemos, jamais, desprezar o conjunto da revelação bíblica.
Mas, se você quer uma análise apenas dos textos acima, eu a dou. Em Ecl. 9, 4-10, afirma-se que os mortos nada sabem, nada esperam, e que dormem. Agora, em que sentido eles estão privados de qualquer conhecimento, em que sentido lhes foi tirada a esperança, e em que sentido eles dormem, é coisa que o texto não diz e cuja compreensão, somente pelo texto, é impossível de se atingir.
Por sua vez, em Dn 12, 1-6 (e não 2, 1-6, como você disse), afirma-se que os mortos dormem, mas que despertarão, uns para a vida e outros para a morte. Agora, em que sentido eles "dormem" e em que sentido serão acordados, novamente, é impossível de se entender apenas por estes versículos.
Mas então, como entender estes textos se, no restante da revelação escrita e oral, sempre se fala o contrário?
Simples. A revelação bíblica é, em muitos pontos, progressiva. Temos alguns exemplos bastantes contundentes acerca deste fato. Quando Deus se revelou a Abraão, revelou-se não como um Deus único. O monoteísmo, então, não fazia ainda parte da revelação divina. Abraão viveu e morreu pensando que Deus era mais um deus, comcerteza po mais potente de todos. Mas jamais chegou a supor que Ele fosse o único.
O mesmo ocorreu com Isaac, Jacó, José, Judá, Benjamin... Todos foram personagens centrais na história da salvação, mas nenhum deles, verdadeiramente, cogitou acerca do monoteísmo. Apenas para Moisés é que o Senhor revelou o âmago de Seu inefável mistério: Shemah, Israel, Adonai Elohenu, Adonai Ehad. Escuta, Israel, o Senhor nosso Deus, é o único Senhor.
Entre o chamado de Abraão e a revelação de Dt 6,5, passaram-se mais de mil anos. Outros mil anos se passariam para que o único Senhor viesse, por fim, revelar a plenitude de Sua Natureza: um único Deus e três pessoas. Todos os profetas, reis e sumos-sacerdotes notáveis do Antigo Testamento sequer desconfiaram deste fato, plenamente revelado em Jesus Cristo.
O mesmo ocorreu com a missão do povo de Israel dentro da economia da salvação. Em princípio, os filhos de Jacó acreditavam que Yaweh se revelaria apenas a eles, e que todos os demais povos estavam fadados à destruição. Depois, passaram a crer que, na verdade, a salvação partiria de Israel, mas espalhar-se-ia, sob a batuta dos judeus, para todas as nações. Somente no Novo Testamento a revelação se completou: os judeus tiveram a primazia no anúncio do Evangelho, que, no entanto, destinava-se a todos os homens em igualdade com aqueles.
Este padrão apresenta-se, igualmente, no tocante ao destino humano após a morte. Num primeiro momento, a morte era, verdadeiramente, o fim do ser humano. Depois disto, passou-se a crer num sheol, uma habitação dos mortos, onde todos permaneciam para sempre privados de Deus e de qualquer esperança (neste estágio é que se encontra o texto de Eclesiastes citado). Num terceiro momento, passou-se a vislumbrar a ressurreição dos justos e dos injustos, uns para uma felicidade eterna e outros para a morte eterna (neste estágio da revelação é que se encontra o trecho de Daniel por você citado). Apenas no Novo Testamento é que a revelação se completou: os que morrem possuem três destinos: o inferno, o purgatório e o céu. Após a ressurreição do último dia, todos os seres humanos, ressucitados viverão eternamente na presença de Deus ou eternamente privados dEle.
Como você pode ver, o entendimento da Bíblia não é algo fácil. Sua leitura e interpretação nãp podem ser relegadas a qualquer um.
4) Qual o objetivo da comunhão dos santos???
Não existe um "objetivo" na comunhão dos santos. Esta comunhão é um estado natural e necessário da Igreja. Ora, a Igreja é um Corpo, do qual Jesus Cristo é a cabeça (Ef 1, 22-23). Portanto, tal como num corpo, todos os seus membros estão intimamente ligados. Um membro doente faz sofrer todo o corpo; um membro saudável faz com que todo o corpo se beneficie de sua saúde. (1 Co 12)
Portanto, a comunhão dos santos é fruto e conseqüência da própria natureza da Igreja, enxertada que ela foi em Cristo Jesus.
Ocorre que, se fazemos parte do Corpo de Cristo aqui na terra, quanto mais não o faremos na Vida Eterna. Não seria lógico pensarmos que estamos intimamente ligados ao Senhor enquanto perigrinamos neste vale de lágrimas (e que, portanto, somos um com Cristo) mas, ao passarmos à bem-aventurança eterna, deixemo-lo de ser. Estaríamos melhor aqui do que lá, se assim o fosse. Portanto, os que morrem em Cristo plenificam e consumam esta comunhão, tornando-se membros indissociáveis do Seu Corpo. E, portanto, membros indissociáveis do mesmo do qual eu, pecador, também já faço parte.
Neste sentido, a Igreja apresenta três dimensões: a militante (formada por nós, que ainda lutamos para atingir a salvação), a padecente (formada pelas almas do purgatório que, estando já salvas, ainda não estão na visão beatífica) e a triunfante (formada pelos santos no céu). Todas formam um só Corpo, e, portanto, os membros de todas estas dimensões encontram-se em profunda comunhão.
5) Suplicar pela intercessão dos mortos é espiritismo???
Não. Definitivamente, não o é. Apenas uma colossal cegueira (ou uma enorme má-fé) poderia levar alguém a confundir o espiritismo com a prática católica de suplicar pela intercessão dos santos.
No espiritismo, evocam-se os mortos para que os mesmos revelem coisas do presente, do passado ou do futuro. Isto revela uma tremenda desconfiança de Deus (o cristão, que confia que Deus o ama, não se preocupa com o dia de amanhã, com o que comer nem com o que vestir, pois sabe que Deus o providenciará).
A prática católica é profundamente diferente. As súplicas não são para que os santos "desçam" e revelem coisas acerca do passado, presente ou futuro. Ao contrário, a oração "sobe" do cristão para os céus, na confiança de que Deus, por meio da intercessão de um santo, atenderá às necessidades do fiel. Representa, portanto, um gesto de confiança em Deus e em Seu Amor.
6)Gostaria de um comentário sobre Lc 11,27-28 e a questão de Maria como o mais bem-aventurado ser humano.
Bem, vejamos, primeiramente, o que dizem os versículos mencionados: "Enquanto Ele assim falava, certa mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: 'Felizes as entranhas que te trouxeram, e os seios que te amamentaram!' Ele, porém, respondeu:'Felizes, antes, os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática'."
No caso acima, alguém afirma que a Mãe de Jesus, por lhe ter dado à luz, é uma bem-aventurada. Jesus não o nega, mas afirma que a maior bem-aventurança é conhecer e cumprir a vontade de Deus. A maior bem-aventurança, portanto, é ser um cristão, um discípulo de Jesus, que, por receber o ensinamento da Igreja e por nutrir-se dos sacramentos, é o único que conhece a vontade de Deus e o único que a pode cumprir.
Ora a passagem de LC 1, 26ss nos mostra, de fato, que Maria é bem-aventurada mesmo de ter concebido, dado à luz e amamentado o Messias. A sua bem-aventurança é muito anterior a este fato (muito embora, venhamos e convenhamos, conceber, dar à luz e amamentar o Filho de Deus foi um privilégio somente dado a uma única criatura, dentre todas as do céus e da terra: Maria). Aliás, pode-se dizer que Deus a cumulou de graças justamente por ser a escolhida para a Mãe do Redentor.
Ela não é bem-aventurada por ter dado à luz o Messias; ela o deu à luz por ser a mais bem-aventurada de todas as criaturas.
Maria, tendo sido preservada de todo pecado, tornou-se na primeira cristã. Aliás, ela é o typus do cristão, o modelo perfeito daquilo que o cristão deve ser. Seu estado é o mesmo dos batizados (livre da herança de Adão); sua observância à vontade de Deus é a mesma do próprio Cristo. Portanto, Maria foi a mais bem-aventurada das criaturas porque ninguém, como ela, conheceu e observou a vontade de Deus.
7)Deus acaso faz acepção de pessoas ??? Por que os católicos dizem que um mesmo pedido que é negado por Deus para um zé pecador qualquer, seria atendido se fosse Maria que pedisse???
Deus não faz acepção de pessoas no sentido que você está mencionando. No entanto, nunca perca de vista que Ele não nos trata todos da mesma forma. Pode-se fazer acepção de pessoas por dois caminhos:
a) tratando desigualmente os iguais;
b) tratando igualmente os desiguais.
Deus nos trata desigualmente na medida em que nos desigualamos. Portanto, Ele não pode (sob pena de fazer acepção de pessoas) dar, a uma prece de alguém que lhe é fiel, a mesma atenção que daria a uma de um pecador inveterado. Portanto, é óbvio que Deus atende mais facilmente as preces de um santo do que as de um pecador.
Em Jo 9, 42, Jesus afirma que o Pai sempre o atende. Não sei quanto a vocês, mas, a mim, nem sempre Deus atende. Portanto, só deste fato, devo concluir que Deus trata as minhas orações de uma forma diferente da que tratava as de Jesus. Deus faz uma diferenciação entre mim e o Cristo.
Alguém se atreve a dizer que, por fazê-lo, Deus está sendo injusto?
E, se com justiça, diferencia entre Jesus Cristo e este miserável pecador, por que razão não crer que ele também me diferencia de São Paulo, São Pedro, São Francisco, Beata Madre Teresa de Calcutá, etc., todos muito melhores e muito mais fiéis do que este "zé pecador" aqui?
8)Isso não é atribuir a Deus uma injustiça, pois sendo Deus justo, ele deve avaliar o conteúdo do pedido e não quem o faz para a tal pessoa, se é ela mesma quem faz ou se é Maria??? Isso não é tratar Deus antropomorficamente e grosseiramente, já que ele não é um administrador humano que atende a jeitinhos brasileiros ou pedidos de pistolão????
Isto já foi explicado acima. Mas há provas bíblicas de que, dependendo de quem pede, Deus atende, inclusive mudando Seus desígnios. Veja-se a título de exemplo o seguinte texto: "Moisés, porém, suplicou a Yaweh, seu Deus, e disse: 'Porque, ó Yaweh, se ascende a tua ira contra o teu povo, que fizeste sair do Egito com grande poder e mão forte? por que os egípcios haveriam de dizer: 'Ele os fez sair com engano, para matá-los no meio das montanhas e exterminá-los da face da terra'? Abranda o furor da tua ira, e renuncia ao castigo que pretendia impor ao teu povo. Lembra-te dos teus servos, Abraão, Isaac e Israel, aos quais juraste por ti mesmo, dizendo: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda a terra que vos prometi, dá-la-ei aos vossos filhos para que a possuam para sempre." Yaweh, então, desistiu do castigo com o qual havia ameaçado o povo." (Ex 32, 11-14)
Este texto mostra, com clareza bastante singular, uma coisa: Deus havia decidido exterminar um povo constituído, quase que exclusivamente, por "zés pecadores", mas, em função da oração de Moisés (que não era um "zé pecador, como os outros "zés pecadores"), voltou a trás em Seus planos.
Não é impressinonante o que pode fazer a oração de alguém que não seja um simples "zé pacador"?
E Moisés, para reforçar o seu pedido, lembrou Deus de alguns de seus fiéis servos: Abraão, Isaac, Jacó. Não invocou nenhum "zé pecador". Isto prova que, para Deus, existe, sim, diferenças em virtude da pessoa que ora, e não somente em virtude do objeto da oração.
9) Qual é a diferença de fazer um pedido face-a face com Deus e aqui na Terra??? Afinal, não é o conteúdo do pedido que importa??? Deus não conhece tudo??? Que diferença faz pedir lá ou cá??? Por que Deus ia nos obrigar a ter intermediários tão humanos quanto nós e desnecessários??? Isso não equivaleria na prática a acabar com a mediação universal e unica de Cristo, exigindo para garantir mais facilmente nossos pedidos a intercessão de outrem????
A diferença já foi mencionada acima: quem está face a face com Deus encontrasse num estado superior ao do crente, pois passou da fé para a posse das coisas eternas. Ora, se a gradação da fé influi na possibilidade de se obter o que se pede, com maior razão, terá maiores possibilidades aquele que já superou a fé e suas gradações.
10) O que responder aos protestante sque dizem que o culto aos santos divide a glória de Deus e Deus não divide sua glórai com ninguém.
Deus não divide a Sua glória com ninguém, mas permite que Seus servos participem da Sua glória indivisa. Veja-se, a título de exemplo, o seguinte texto: "Tu fizeste o homem pouco menor do que os anjos, e, no entanto, de glória e de honra coroaste, tudo colocando sob os seus pés." (Sl 8, 6-7)
E este outro: "Nossas tribulações momentâneas não têm comparação com o peso eternos de glória que nos está preparado nos céus."(2 Co, 4 17)
Portanto, participamos da glória de Deus, e nem poderia ser diferente. Se somos membros do Corpo de Cristo, tudo o que é de Cristo é, igualmente, nosso. Christianus alter christus.
11) As espórtulas quando cobradas pela paróquia são simonia??? Por quê??? Não deveria existir, mas opcionalemnte ao fiel???
Apenas pelo olhar, é muito difícil diferenciar, por exemplo, água mineral de cachaça de cana-de-açúcar. Mas elas se diferenciam (e como se diferenciam!) pelo cheiro, sabor e pelos efeitos. Da mesma forma, talvez alguém menos avisado confunda as espórtulas com o pecado da simonia, mas, como se demonstrará, entre ambos existe uma diferença abismal.
Para quem não sabe, a simonia se define como sendo a compra e venda de bens espirituais, que, pertencendo apenas a Deus, são invariavelmente recebidos pelo fiel gratuitamente. O nome simonia deriva de Simão, o mago, que, em At 8, 9-24, tentou comprar dos apóstolos o dom do Espírito Santo. Diz a Bíblia: "Quando Simão viu que o Espírito Santo era dado pela imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro, dizendo: 'Dai-me também a mim este poder, para que receba os Espírito Santo todo aquele a quem eu impuser as mãos.' Pedro porémreplicou: 'Pereça tu e o teu dinheiro, porque julgaste poder comprar com dinheiro o dom de Deus'." (At 8, 18-20)
Portanto, dissecando a simonia temos que:
a) o "comprador" toma a iniciativa de oferecer dinheiro em troca de bens materiais (elemento formal);
b) a finalidade da oferta é a de comprar o dom de Deus (elemento finalístico);
c) o "comprador" acredita que Deus lhe entregará o dom em virtude do dinheiro ou dos bens oferecidos (elemento principiológico)
Passemos, agora, às espórtulas. Elas são ofertas fixadas pela autoridade competente e que, em situações normais devem ser pagas pelo fiel para que algum sacramento lhe seja administrado, devendo-se tomar o cuidado de não privar os necessotados desta administração. Elas são fixadas tendo em vista o princípio bíblico de que o cristão deve sustentar os ministros da Igreja, que, operários, fazem jus ao seu salário (Mt 10, 10).
Dissecando-a, temos que:
a) a iniciativa é da autoridade eclesiástica, e não do fiel;
b) o fiel a paga para sustentar a Igreja e a sua obra;
c) o fiel sabe que a eficácia do sacramento não está condicionada ao pagamento da quantia fixada.
Portanto, seja em sua forma, seja em sua finalidade, seja em nos princípios que a embasam, a cobrança das espórtulas se diferencia profundamente dasimonia.
Somente um desconhecimento colossal destas duas figuras levaria alguém a confundi-las. Aliás, se me permite um comentário, algo muito semelhante à simonia ocorre em diversas igrejas protestantes, principalmente naquelas que adotam como base de sua teologia (se é que se pode chamar isto de "teologia") a chamada teoria da prosperidade. Nestas igrejas, os pastores convencem os fiéis de que as graças de Deus são proporcionais ao tamanho das suas ofertas. Quanto mais se oferta, mais se recebe. O fiel, então, voluntariamente, crendo que Deus retribuirá com graças o dinheiro ofertado, e querendo tais graças, por vezes, dá tudo o que tem.
É certo que o fiel não visa, verdadeiramente, um bem espiritual, mas o progresso financeiro. Contudo, nestas igrejas, o maior bem espiritual que Deus tem para os fiéis é, sim, a prosperidade.
A prosperidade financeira é o grande dom espiritual que Deus tem a dar para os seus fiéis.
Nada é mais simoníaco do que isto. E, para a infelicidade de todos nós, são estas as igrejas que, verdadeiramente, têm crescido em número e em influência. Elas estão transformando o Brasil num país de simoníacos.
Obrigado. Deus proteja a barca de Pedro....
Disponha. E, verdadeiramente, sabemos que Deus não somente protege, mas conduz a barca de Pedro, assistindo-a com o Seu espírito Santo. Ela é a única esperença de que a humanidade realmente encontre a paz.
Ler mais: http://www.larcatolico.com/news/intercess%C3%A3o-dos-santos/
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