Padre Fábio de Melo tira foto com travesti e relata experiência surpreendente
Escrito por Nelson Sheep
Você certamente conhece o padre Fábio de Melo. Já falamos algumas vezes dele aqui no Superpride e chegou a hora de relatar uma das experiências de vida mais transformadoras de um ser-humano. No final de novembro, o padre Fábio foi convidado para o aniversário da cantora Alcione, que rolou na quadra da Mangueira, Zona Norte do Rio. Lá, ele conheceu a travesti Luana Muniz, uma admiradora do sacerdote, que pediu para tirar uma foto com ele.
Durante uma pregação na Canção Nova, em São Paulo, no último domingo, Fábio de Melo, relatou o encontro, assumindo que, inicialmente, sentiu um desconforto com o pedido da travesti, mas que, logo em seguida, se comoveu ao saber da história de vida de Luana, que pratica caridade com moradores de rua da Lapa, no Centro do Rio.
O vídeo emocionante do padre contando o que aconteceu para uma multidão de católicos está circulando nas redes sociais e nós vamos transcrever logo abaixo, caso você não tenha tempo para assistir. Durante sua fala, o padre comete um erro e chama Luana de “o” travesti. É importante lembrar que o correto é tratá-la no feminino, mas isso não tira o mérito do discurso.
Começa a partir dos sete minutos:
“Semana passada eu vivi uma situação. A Alcione me convidou para estar no aniversário dela, lá na quadra da Mangueira… Fiquei lá por uma hora mais ou menos… Mas o que me chamou a atenção foi um travesti que estava lá. Posso confessar uma coisa para vocês? Quando eu vi, ele estava olhando para mim (pausa). E olha que eu não sei ficar sem graça… Mas sabe o que me ocorreu? Vou confessar publicamente a minha hipocrisia: ‘Meu Deus do céu, se esse rapaz pedir para tirar uma foto comigo? Como que eu vou reagir?’ (pausa). Independente de qualquer julgamento, estou confessando a hipocrisia do meu coração naquela hora. Muitas pessoas começaram a se encorajar para tirar foto comigo. E ele (o travesti) lá do fundo olhando. Quando, de repente, eu só vi a sombra dele na minha direção, e o meu preconceito, o medo de me expor, tudo vindo à tona. Que coisa horrorosa isso em nós… Como se eu fosse melhor. Isso é mesquinho, é vergonhoso o que eu estou dizendo pra vocês”.
“Aí ele veio, com um vestido longo e falou pra mim: ‘O senhor costuma tirar fotos com pecadoras?’. E eu percebi que tinha uma ironia ali. E eu respondi: mas é claro! E abracei ele e tiramos a foto. Antes de sair, ele disse: ‘eu não acredito que o senhor permitiu’. E os olhos dele estavam emocionados. Assim que ele saiu, Maria Helena, a irmã da Alcione, me contou a história. Ela disse que ele mora na Lapa e criou um grupo que alimenta e recolhe todos os miseráveis daquela região. Ele dá banho, alimenta, não tem nojo de ninguém. E faz de tudo para aquela pessoa retornar à vida. E não é só isso. Ele torna-se uma espécie de vigilante, protegendo os moradores…”
“Quando ela me contou aquela história, eu comecei a unir as coisas dentro de mim. Eu não entro no mérito da questão da vida que ele leva, vamos deixar que Deus faça isso. Não sou síndico da Eternidade. Agora, que é um tapa na cara da gente, é!
“Aquele que você enxerga e que, naturalmente, provoca um desconforto por ser tão diferente de nós, não sabemos quantas coroas da dignidade foram recolocados na vida daquela pessoa quando ele alimenta o próximo. Você é cristão e nem sempre está disposto a cuidar de quem está doente, colocar dentro da sua casa e dar de comer”.
“Não cabe nenhum julgamento do lado de lá, cabe aqui. Quando Deus coloca essas pessoas diante de nós, é para desmoronar os castelos de ilusão que nós criamos dentro. Como se o nosso cristianismo tivesse pronto. Como se nós já tivéssemos chegado ao último estágio dessa santidade que Deus nos convida. Não, eu ainda me envergonho dos que são diferentes de mim. Eu ainda tenho medo de ir ao encontro daqueles que precisam de mim. E a palavra de Paulo é dura: a missão de vocês é junto daqueles que estão necessitado”.
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