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INQUISIÇÃO - ANOTAÇÕES - PARTE II - de inPROTESTANTE-5 até inSÍNTESE POLÍTICA

DE CIMA PARA BAIXO - Igrejas na Etiópia eram escavadas na
rocha e feitas de cima para baixo.
inPROTESTANTE5 - ORÍGEM SATÂNICA - "A origem satânica das seitas protestantes - COMO SE EXPANDIU A "REFORMA" NO SÉCULO XVI E XVII? Autor: Udson Rubens Correia - Transmissão: Paulo Henrique Oliveira A "reforma protestante" se expandiu rapidamente porque foi imposta DE CIMA PARA BAIXO sem exceção em todos os países em que logrou vingar. O povo foi obrigado a "engolir" as novas doutrinas porque os reis e príncipes cobiçavam as terras e bens materiais da Igreja Católica. Infelizmente nesta época a Igreja era rica de bens materiais e pobre de bens espirituais. Foi com os olhos postos nesta riqueza mundana que os soberanos "escolheram" para si e para seu povo as doutrinas dos novos evangelistas, esquecidos de que todo ouro, terra ou prata se enferruja e fenece conforme ensina a escritura: "O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados e a sua ferrugem testemunhará contra vós e devorará as vossas carnes" ( Tg 5, 2-3 ). Prova isto o fato de que as primeiras providências eram recolher ao fisco real tudo o que da Igreja Católica poderia se converter em dinheiro. INGLATERRA: foi "convertida" na marra porque o rei Henrique VIII queria se divorciar de Ana Bolena. Como a Igreja não consentiu, ele fundou a "sua" igreja obrigando o parlamento a aprovar o "ato de supremacia do rei sobre os assuntos religiosos". Padres e bispos foram presos e decapitados, igrejas e mosteiros arrasados, católicos aos milhares foram mortos. Qualquer aproveitador era alçado ao posto de bispo ou pastor. Tribunais religiosos (inquisições) foram montados em todo o país. ( Macaulay. A História da Inglaterra. Leipzig, tomo I, p. 54 ). Os camponeses da Irlanda pegaram em armas para defender o catolicismo. Foram trucidados impiedosamente pelos exércitos de Cromwell. Ao fim da guerra, as melhores terras irlandesas foram entregues aos ingleses protestantes e os católicos forçados à migrar para o sul do continente. Cerca de 1.000.000 de pessoas morreram de fome no primeiro ano do forçado exílio. Esta guerra criou uma rivalidade entre ingleses protestantes e irlandeses católicos que dura até hoje, e volta e meia aparecem nos noticiários. ESCÓCIA: O poder civil aboliu por lei o catolicismo e obrigou todos a aderir à igreja "calvinista presbiteriana". Os padres permaneceram, mas tinham de escolher outra profissão. Quem era encontrado celebrando missa era condenado à morte. Católicos recalcitrantes foram perseguidos e mortos, igrejas e mosteiros arrasados, livros católicos queimados. Tribunais religiosos (inquisições) foram criados para condenar os católicos clandestinos (Westminster Review, Tomo LIV, p. 453 ). DINAMARCA: O protestantismo foi introduzido por obra e graça de Cristiano II, por suas crueldades apelidado de " o Nero do Norte". Encarcerou bispos, confiscou bens, expulsou religiosos e proclamou-se chefe absoluto da Igreja Evangélica Dinamarquesa. Em 1569 publicou os 25 artigos que todos os cidadãos e estrangeiros eram obrigados a assinar aderindo à doutrina luterana. Ainda em 1789 se decretava pena de morte ao sacerdote católico que ousasse por os pés em solo dinamarquês (Origem e Progresso da Reforma, p. 204, Editora Agir, 1923, em IRC ). SUÉCIA: Gustavo Wasa suprimiu por lei o Catolicismo. Jacopson e Knut, os dois mais heróicos bispos católicos foram decapitados. Os outros obrigados a fugir junto com padres, diáconos e religiosos. Os seminários foram fechados, igrejas e mosteiros reduzidos a pó. O povo indignado com tamanha prepotência pegou em armas para defender a religião de seus antepassados. Os Exércitos do "evangélico" rei afogaram em sangue estas reivindicações (A Reforma Protestante, p. 203, 7ª edição, em IRC, 1958 ). SUIÇA: O Senado coagido pelo rei aprovou a proibição do catolicismo e proclamou o protestantismo religião oficial. A mesma maldade e vileza ocorreram. Os mártires foram inumeráveis ( J. B. Galiffe. Notices génealogiques, etc., tomo III, p. 403 ). HOLANDA: Aqui foram as câmaras dos Estados Gerais a proibir o catolicismo. Com afã miserável tomaram posse dos bens da Igreja. Martirizaram inúmeros sacerdotes, religiosos e leigos. Fecharam igrejas e mosteiros. A fama e a marca destes fanáticos chegou até ao Brasil. Em 1645 nos municípios de Canguaretama e São Gonçalo do Amarante ambos no atual Rio Grande do Norte cerca de 100 católicos foram mortos entre dois padres, mulheres, velhos e crianças simplesmente porque não queriam se "batizar" na religião dos invasores holandeses. Foram beatificados como mártires este ano. Em 1570 foram enviados para o Brasil para evangelizar os índios o Pe. Inácio de Azevedo e mais 40 jesuítas. Vinham a bordo da nau "S. Tiago" quando em alto mar os interceptou o "piedoso" calvinista Jacques Sourie. Como prova de seu "evangélico" zêlo mandou degolar friamente todos os padres e irmãos e jogar os corpos aos tubarões (Luigi Giovannini e M. Sgarbossa in Il santo del giorno, 4ª ed. E.P, p. 224, 1978). ALEMANHA: Na época era dividida em Principados. Como havia muito conflito entre eles, chegaram no acordo que cada Príncipe escolhesse para os seus súditos a religião que mais lhe conviesse. Princípio administrativo do "cujus regio illius religio". Os príncipes não se fizeram rogar. Além da administração mundana, passaram também a formular e inventar doutrinas. A opressão sangrenta ao catolicismo pela força armada foi a consequência de semelhante princípio. Cada vez que se trocava um soberano o povo era avisado que também se trocavam as "doutrinas evangélicas" (Confessio Helvetica posterior ( 1562 ) artigo XXX ). Relata o famoso historiador Pfanneri: "uma cidade do Palatinado desde a Reforma, já tinha mudado 10 vezes de religião, conforme seus governantes eram calvinistas ou luteranos" ( Pfanneri. Hist. Pacis Westph. Tomo I e seguintes, 42 apud Doellinger Kirche und Kirchen, p. 55). ESTADOS UNIDOS: Para a jovem terra recém descoberta fugiram os puritanos e outros protestantes que negavam a autoridade do rei da Inglaterra ou da Igreja Episcopal Anglicana. Fugiram para não serem mortos. Ao chegarem na América repetiram com os indígenas a carnificina que condenavam. O "escalpe" do índio era premiado pelo poder público com preços que variavam conforme fossem de homem maduro, velho, mulher, criança ou recém-nascido. Os "pastores" puritanos negavam que os peles vermelhas tivessem alma e consideravam um grande bem o extermínio da nobre raça. EM RESUMO: Nenhum país cuja maioria hoje é protestante foi convertida com a Bíblia na mão. Foram "convertidos" a fogo e ferro, graças à ambição dos reis e príncipes. Exceção é feita no presente século onde a tática mudou. Agora o que ocorre é uma invasão maciça de seitas de todos os matizes, cores e sabores financiados pelos EUA. Pregam um cristianismo fácil, recheado de promessas de sucessos financeiros instantâneos ou quando não, promovem como saltimbancos irresponsáveis shows de exorcismos e curas às talargadas. Antes matava-se o corpo. Hoje estraçalha-se a razão e o bom senso.
inPROTESTANTE6 - ROMA INVADIDA - "os soldados protestantes do Imperador Carlos V invadiram e saquearam Roma, em 1527, promovendo " O MAIOR MASSACRE DA HUMANIDADE, QUE SUPEROU EM ATROCIDADES A TOMADA DE CONSTANTINOPLA", segundo Maurice Andreux. Gritavam os protestantes matando e estuprando: " VIVA LUTERO, O NOSSO PAPA!!! 

Isso sem contar o massacre de Passy, as atrocidades que eles cometeram na Inglaterra, nos Reinados de Henrique VIII e de Isabel, a Rainha "Virgem" com 11 amantes, no tempo de Cromwell, etc. 

Mesmo na Revolução Francesa, os protestantes apoiaram as leis contra a Igreja Católica, que acabaram por levar centenas de milhares de católicos a morte na guilhotina, por fuzilamento e outros meios terríveis. (DEMAPRO-1) 
inPROTESTANTE7 - VER heCRIMES DOS EVANGÉLICOS
inPROTESTANTE8 - VÍTIMAS BRASILEIRAS - Foram cerca de 150 mártires brasileiros trucidados pela fúria protestante sendo 70 no Município de Canguaretama (RN) no engenho de Cunhaú e 80 da comunidade de Uruaçu (18 km de Natal). A selvageria foi, na realidade, inenarrável. O lavrador Mateus Moreira teve seu coração arrancado pelas costas enquato gritava: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento!". Os santos evangélicos fizeram com que suas vítimas, completamente nuas, se ajoelhassem e daí começaram vagarosamente a amputar-lhes membro por membro, pedacinho por pedacinho com a finalidade de provocar-lhes o máximo de sofrimento e humilhação até que lhes sobreviesse a morte. A alguns cortaram-lhes a língua e no seu lugar colocaram o pênis da própria vítima. Pois é, esta praga que foi finalmente expulsa de nosso país graças ao heroísmo do povo brasileiro, está voltando. É uma invasão diferente, sem armas, na base da corrupção da fé do povo brasileiro, da mentira e das falsas promessas. Satanás, de fato, tem grande poder
inPROTESTANTE9 - Gostaria de saber informações sobre a Inquisição Protestante na Europa na época da Reforma.?
by Paulinha 27 Membro desde: 10 de Abril de 2008 

Melhor resposta - Escolhida pelo autor da pergunta

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20090120104031AAEgPqG

Um ponto normalmente omitido é que os Protestantes também empreenderam uma Inquisição totalmente submissa ao Poder Político da época. Os historiadores geralmente se referem apenas à inquisição católica e se silenciam hipocritamente sobre os eventos ocorridos nos territórios protestantes.

Os primeiros protestantes não eram distingüidos por serem os "campeões da liberdade de opinião" como querem nos fazer crer. Eles, que clamavam pela liberdade religiosa nos países católicos, em seus territórios suspendiam rapidamente a celebração da Missa e obrigavam os cidadãos, por lei, a assistir obrigatoriamente os cultos reformados; também destruíam os templos católicos e as imagens [sagradas], além de assassinarem bispos, sacerdotes e religiosos; foram muito mais radicais em seus territórios do que ocorreu nos territórios católicos.

Citaremos apenas alguns exemplos (já que [quase] todas as fontes pesquisadas apenas se referem à inquisição católica e nenhuma a [inquisição] protestante):

- Registre-se o massacre dos monges da Abadia de São Bernardo de Brémen, no séc. XVI: os monges foram assassinados ou desfolados, atirando-lhes sal na carne viva, sendo a seguir pendurados no campanário por bandos protestantes.

- Seis monges cartuxos e o bispo de Rochester, na Inglaterra protestante, foram enforcados em 1535.

- Henrique VIII mandou queimar milhares de católicos e anabatistas no séc. XVI (mas foi sua filha católica, Maria, que acabou recebendo o título de "Maria, a sanguinária"!).

- João Servet, o descobridor da circulação do sangue, foi queimado em Genebra, por ordem de Calvino (porém, é comum se recordar apenas do "caso Galileu", o qual NÃO foi justiçado!).

- Quando Henrique VIII iniciou a perseguição protestante contra os católicos, existiam mais de 1.000 (mil) monges dominicanos na Irlanda, dos quais apenas 02 (DOIS) sobreviveram à perseguição.

- Na época da imperadora protestante Isabel, cerca de 800 (oitocentos) católicos eram assassinados por ano.

- O historiador protestante Henry Hallam afirma: "A tortura e a execução dos jesuítas no reinado de Isabel Tudor foram caracterizadas pela selvageria e o dano [físico]".

- Um ato do Parlamento inglês decretou, em 1652, que: "Cada sacerdote romano deve ser pendurado, decapitado e esquartejado; a seguir, deve ser queimado e sua cabeça exposta em um poste em local público".

- Na Alemanha luterana, os anabatistas eram cozidos em sacos e atirados nos rios.

- Na Escócia presbiteriana de John Fox, durante um período de seis anos, foram queimadas mais de 1.000 (mil) mulheres acusadas de feitiçaria.

- Nas cidades conquistadas pelo "Protestantismo", os católicos tinham que abandoná-las, deixando nelas todas as suas posses ou então converter-se ao Protestantismo; se fossem descobertos celebrando a Missa, eram apenados com a morte.

É um mito a afirmação de que a prática da tortura foi uma arma católica na Inquisição. Janssen, um escritor desse período, cita uma testemunha que afirma: 


"O teólogo protestante Meyfart descreve a tortura que ele mesmo presenciou: 'Um espanhol e um italiano foram os que sofreram esta bestialidade e brutalidade. Nos países católicos não se condena um assassino, um incestuoso ou um adúltero a mais de uma hora de tortura. Porém, na Alemanha [protestante] a tortura é mantida por um dia e uma noite inteira; às vezes, até por dois dias (...); outras vezes, até por quatro dias e, após isto, é novamente iniciada (...) Esta é uma história exata e horrível, que não pude presenciar sem também me estremecer".


O mesmo Janssem nos fornece este outro dado:


"Em Augsburgo, na Alemanha, no ano 1528, cerca de 170 anabatistas de ambos os sexos foram aprisionados por ordem do Poder Público. Muitos deles foram queimados vivos; outros foram marcados com ferro em brasa nas bochechas ou suas línguas foram cortadas. [Ainda] em Augsburgo, no dia 18 de janeiro de 1537, o Conselho Municipal publicou um decreto em que se proibia o culto católico e se estabelecia o prazo de 8 dias para que os católicos abandonassem a cidade; ao término desse prazo, soldados passaram a perseguir os que não aceitaram a nova fé. Igrejas e mosteiros foram profanados, derrubando-lhes as imagens e os altares; o patrimônio artístico-cultural foi saqueado, queimado e destruído". 


Frankfurt, também na Alemanha, emitiu uma lei semelhante e a total suspensão do culto católico foi estendida a todos os estados alemães (e depois se tacha a Igreja Católica de intransigente!).

- Em 1530, em seus "Comentários ao Salmo 80", Lutero aconselhava aos governantes que aplicassem a pena de morte a todos os hereges.

- No distrito de Thorgau (Suiça), um missionário zwingliano, liderando um bando protestante, saqueou, massacrou e destruiu o mosteiro local, inclusive a sua biblioteca e o acervo artístico-cultural.

- Erasmo [de Roterdan] ficou aterrorizado ao ver fiéis piedosos excitados por seus pregadores protestantes: "[Eles] saem da igreja como possessos [do demônio], com a ira e a raiva pintadas no rosto, como guerreiros animados por um general". O mesmo Erasmo comenta em uma carta que escreveu para Pirkheimer: "Os ferreiros e operários arrancaram as pinturas das igrejas e lançaram insultos contra as imagens dos santos e até mesmo contra o crucifixo (...) Não restou nenhuma imagem nas igrejas nem nos mosteiros (...) Tudo o que podia ser queimado foi lançado ao fogo e o restante foi reduzido a cacos. Nada se salvou".

Assim, o Protestantismo destruiu parte do patrimônio cultural europeu, que era protegido e aumentado pelos monges e fiéis católicos.

- Na Zurique protestante, foi ordenada a retirada de todas as imagens religiosas, relíquias e enfeites das igrejas; até mesmo os órgãos foram supressos. A catedral ficou vazia como continua até hoje. Os católicos foram proibidos de ocupar cargos públicos; a assistência à Missa era castigada com uma multa na primeira vez e com penas mais severas nas reincidências.

- Em Leifein, no dia 4 de abril de 1525, 3.000 camponeses liderados por um ex-sacerdote [católico] tomaram a cidade, saquearam a igreja, assassinaram os católicos e realizaram sacrilégios sobre o altar, profanando os sacramentos de uma forma inenarrável.

- Um fato que pareceria nunca ter ocorrido - se não tivesse sido tão bem documentado - foi o "Saque de Roma". Até mesmo muitos católicos não sabem que tal fato aconteceu. O que foi o Saque de Roma? 

O Saque de Roma foi um dos episódios mais sangrentos do Renascimento. No dia 6 de maio de 1527, os membros das legiões luteranas do exército imperial de Carlos V promoveram um levante e tomaram de assalto a cidade de Roma. Cerca de 18.000 lansquenetes foram lançadas durante semanas contra a pior das repressões, ocasionando um rio de sangue costumeiramente "esquecido" pelos historiadores, que não lhe prestam a devida atenção. Um texto veneziano [contemporâneo] afirma sobre este saque que: "o inferno não é nada quando comparado com a visão da Roma atual". Os soldados luteranos nomearam Lutero "papa de Roma". 

Eis mais alguns fatos [desse episódio] que a história de alguns "eruditos" se omite covardemente:

- Todos os doentes do Hospital do Espírito Santo foram massacrados em seus leitos.

- Dos 55.000 habitantes de Roma, sobreviveram apenas 19.000.

- O resgate foi da ordem de 10 milhões de ducados (uma soma astronômica naquela época).

- Os palácios foram destruídos por tiros de canhões com os seus habitantes dentro.

- Os crânios dos Apóstolos São João e Santo André serviram para os jogos [esportivos] das tropas.

- O rio [Tibre] carregou centenas de cadáveres de religiosas, leigas e crianças violentadas (muitas com lanças incrustadas em seu sexo).

- As igrejas, inclusive a Basílica de São Pedro, foram convertidas em estábulos e missas profanas com prostitutas divertiam a soldadesca.

- Gregóribo afirma a respeito: "Alguns soldados embriagados colocaram ornamentos sacerdotais em um asno e obrigaram a um sacerdote a conferir-lhe a comunhão. O pobre sacerdote engoliu a forma e seus algozes o mataram mediante terríveis tormentos".

- Conta o Pe. Mexia: "Depois disso, sem diferenciar o sagrado e o profano, toda a cidade foi roubada e saqueada, inexistindo qualquer casa ou templo que não foi roubado ou algum homem que não foi preso e solto apenas após o resgate".

- Erasmo de Roterdan escreve sobre este episódio: "Roma não era apenas a fortaleza da religião cristã, a sustentadora dos espíritos nobres e o mais sereno refúgio das musas; era também a mãe de todos os povos. Isto porque, para muitos, Roma era a mais querida, a mais doce, a mais benfeitora do que até seus próprios países. Na verdade, o saque de Roma não foi apenas a queda desta cidade, mas também de todo o mundo".

Ninguém fala deste horror brevemente expresso nas linhas acima. Mas basta consultar qualquer livro honesto e transparente sobre a história documentada. O mundo se cala - como se cala ainda perante o assassinato silencioso de milhares de católicos por fundamentalistas muçulmanos, hindus, sikis etc, não excluindo os [assassinatos] ocasionados pelo totalitarismo de [Fidel] Castro, o genocídio de Pol-Pot e a pérfida perseguição [das autoridades da] China.

É [realmente] elegante falar mal da Igreja de Cristo, fundada por Ele mesmo e com dois mil anos de história humana, como se apenas os católicos fossem os geradores das notícias escandalosas, algumas vezes verdadeiras, mas outras vezes simplesmente inexistentes...

Vejamos agora a opinião dos "Grandes Reformadores Protestantes" sobre o emprego da violência:

[Iniciemos, observando que] uma das bases da Reforma Protestante - a [doutrina das] indulgências - foi mal interpretada pelos reformadores ou pelo povo que não tinha formação religiosa (basta fazer um estudo sincero e imparcial).

No ano de 1518, o Santo Padre o Papa Leão X emitiu uma Bula Pontifícia em que esclarecia [a doutrina das] indulgências e o seu uso. Nesta [bula] eram rejeitados muitos dos méritos que atribuíam [às indulgências]. As indulgências NÃO perdoavam os pecados nem as culpas, mas apenas as penitências terrenas que a Igreja (não um governante secular) havia imposto. Quanto a livrar as almas do Purgatório, o poder do Papa se limitava às oraçães em que suplicava a Deus que aplicasse à alma de certo defunto o excedente dos méritos de Cristo e dos Santos ("A Reforma na Alemanha", Will Durant).

De nada adiantou [tal bula], pois a Reforma seguiu o seu curso. A maneira de pensar dos Reformadores foi extremamente violenta e, muitas vezes, uma [verdadeira] apologia ao crime. 

Com efeito, em 1520, vemos Lutero escrever em sua "Epitome":


"Se Roma assim crê e ensina, conforme os papas e cardeais, francamente declaro que o verdadeiro anticristo encontra-se entronizado no templo de Deus e governa em Roma (a empurpurada Babilônia), sendo a Cúria a sinagoga de Satanás (...) Se a fúria dos romanistas não cessar, não restará outro remédio senão os imperadores, reis e príncipes reunidos com forças e armas atacarem a essa praga mundial, resolvendo o assunto não mais com palavras, mas com a espada (...) Se castigamos os ladrões com a forca, os assaltantes com a espada, OS HEREGES COM A FOGUEIRA, por que não atacamos com armas, com maior razão, a esses mestres da perdição, a esses cardeais, a esses papas, a todo esse ápice da Sodoma romana, que tem perpetuamente corrompido a Igreja de Deus, lavando assim as nossas mãos em seu sangue?"


Em um folheto intitulado "Contra a Falsamente Chamada Ordem Espiritual do Papa e dos Bispos", de julho de 1522, disse:


"Seria melhor que se assassinassem todos os bispos e se arrasassem todas as fundações e claustros para que não se destruísse uma só alma, para não falar já de todas as almas perdidas para salvar os seus indignos fraudadores e idólatras. Que utilidade tem os que assim vivem na luxúria, alimentando-se com o suor e o sangue dos demais?"


Em seu folheto "Contra a Horda dos Camponeses que Roubam e Assassinam", Lutero dizia aos príncipes:


"Empunhai rapidamente a espada, pois um príncipe ou senhor deve lembrar neste caso que é ministro de Deus e servidor da Sua ira (Romanos 13) e que recebeu a espada para empregá-la contra tais homens (...) Se pode castigar e não o faz - mesmo que o castigo consista em tirar a vida e derramar sangue - é culpável de todos os assassinatos e todo o mal que esses homens cometerem".


Em julho de 1525, Lutero escrevia em sua "Carta Aberta sobre o Livro contra os Camponeses":


"Se acreditam que esta resposta é demasiadamente dura e que seu único fim e fazer-vos calar pela violência, respondo que isto é verdade. Um rebelde não merece ser contestado pela razão porque não a aceita. Aquele que não quer escutar a Palavra de Deus, que lhe fala com bondade, deve ouvir o algoz quando este chega com o seu machado (...) Não quero ouvir nem saber nada sobre misericórdia".


Sobre os judeus, assim dizia em suas famosas "Cartas sobre a Mesa":


"Quem puder que atire-lhes enxofre e alcatrão; se alguém puder lançá-los no fogo do inferno, tanto que melhor (...) E isto deve ser feito em honra de Nosso Senhor e do Cristianismo. Sejam suas casas despedaçadas e destruídas (...) Sejam-lhes confiscados seus livros de orações e talmudes, bem como toda a sua Bíblia. Proíba-se seus rabinos de ensinar, sob pena de morte, de agora em diante. E se tudo isso for pouco, que sejam expulsos do país como cães raivosos".


E a Igreja Católica é que é acusada de antisemitismo, classificando-se de "frouxas" as palavras de perdão do Papa [João Paulo II] em 2002... Algum representante da igreja luterana já pediu perdão aos judeus?

Willibald Pirkheimer afirmou, em 1529, sobre a Reforma:


“Não nego que no princípio todas as atitudes de Lutero não pareciam ser vãs, pois a nenhum homem comprazia todos aqueles erros e imposturas que foram graduamente acumulados no Cristianismo. Por isso eu esperava, junto com outros, que era possível aplicar algum remédio a tão grandes males; porém, fui cruelmente enganado, pois antes que se extirpassem os erros anteriores foram introduzidos muitos outros, mais intoleráveis que, comparados com os outros, faziam estes parecer jogos de crianças (...) As coisas chegaram a tal ponto que os defensores papistas parecem virtuosos quando comparados com os evangélicos (...) Lutero, com sua língua despudorada e incontrolável, deve ter enlouquecido ou ser inspirado por algum espírito maligno".


[Passemos agora para o] pensamento e a obra de outros pais da Reforma. Calvino também não foi um exemplo de caridade, como vemos em [sua Carta ao Duque de Somerset, protetor da Inglaterra durante a minoridade de Eduardo VI]:


"Pessoas que persistem nas superstições do anticristo romano (...) devem ser reprimidas pela espada [que lhe foi confiada]".


Em 1547, James Gruet se atreveu a publicar uma nota criticando Calvino e foi preso, torturado no potro duas vezes por dia durante um mês e, finalmente, sentenciado à morte por blasfêmia; seus pés foram pregados a uma estaca e sua cabeça foi cortada.

Os irmãos Comparet, em 1555, foram acusados de libertinagem e executados e esquartejados; seus restos mortais foram exibidos em diferentes partes de Genebra.

Melanchton, o teólogo da Reforma [luterana], aceitou ser o presidente da inquisição protestante que perseguiu os anabatistas. Como justificativa, disse: "Por que precisamos ter mais piedade com essas pessoas do que Deus?", convencido de que os anabatistas arderiam [no fogo] do inferno...

A inquisição luterana foi implantada com sede na Saxônia, com Melanchton como presidente. No final de 1530, apresentou um documento em que defendia o direito de repressão à espada contra os anabatistas; e Lutero acrescentou de próprio punho uma nota em que dizia: "Isto é de meu agrado".

Zwínglio, em 1525, começou a perseguir os anabatistas de Zurique. As penas iam desde o afogamento no lago ou em rios até a fogueira.

John Knox, pai do presbiteranismo, mandou queimar na fogueira cerca de 1.000 mulheres acusadas de bruxaria na Escócia.

Acerca da Reforma [Protestante], disse Rosseau: 


"A Reforma foi intolerante desde o seu berço e os seus autores são contados entre os grandes repressores da Humanidade".


Em sua obra "Filosofia Positiva", escreveu:


"A intolerância do Protestantismo certamente não foi menor do que a do Catolicismo e, com certeza, mais reprovável".


A violência não foi exercida apenas contra os católicos; na verdade, os reformadores foram enormemente violentos entre eles mesmos, como percebemos nas opiniões que emitiram entre si:

- Lutero diz: "Ecolampaio, Calvino e outros hereges semelhantes possuem demônios sobre demônios, têm corações corrompidos e bocas mentirosas".

- Por ocasião da morte de Zwínglio (1531), Lutero afirmou: "Que bom que Zwínglio morreu em campo de batalha! A que classe de triunfo e a que bem Deus conduziu os seus negócios!", e também: "Zwínglio está morto e condenado por ser ladrão, rebelde e levar outros a seguir os seus erros".

- Zwínglio não ficou atrás e dizia acerca de Lutero: "O demônio apoderou-se de Lutero de tal modo que até nos faz crer que o possui por completo. Quando é visto entre os seus seguidores, parece realmente que uma legião [de demônios] o possui".

[A inquisição evangélica] suspendeu sistematicamente o Catolicismo nas áreas protestantes.

- Em Zurique, na Suiça, o comparecimento aos sermões católicos implicava em penas e castigos físicos. Mesmo fora do perímetro da cidade, era proibido aos sacerdotes celebrar a Missa e, sob a ordem de "severas penas", era proibido ao povo possuir imagens e quadros religiosos em suas casas.

- Ainda em Zurique, a Missa foi prescrita em 1525. A isto, seguiu-se a queima dos mosteiros e a destruição em massa dos templos [católicos]. Os bispos de Constança, Basiléia, Lausana e Genebra foram obrigados a abandonar suas cidades e o território. Um observador contemporâneo, Willian Farel, escreveu: "Ao sermão de João Calvino na antiga igreja de São Pedro seguiu-se desordens em que se destruíram imagens, quadros e tesouros antigos das igrejas" (ou seja: novamente uma parte do patrimônio histórico-cultural da Europa foi destruído, desta vez por instigação direta ou indireta de João Calvino).

- Strasburgo, 1529: o Conselho da Cidade ordenou a destruição dos altares, imagens e cruzes, além das igrejas e conventos. O mesmo ocorreu em Franckfurt. Na convenção de Hamburgo, em abril de 1535, os concílios dos povos de Lubeck, Brémen, Hamburgo, Luneburgo, Stralsund, Rostock e Wismar decidiram pelo enforcamento dos anabatistas e açoitamento dos católicos e zwinglianos.

- Na Escócia, John Knox, pai do presbiterianismo, proibiu a Missa sob pena de confisco de bens e açoites públicos. Ocorrendo a reincidência, a pena capital era aplicada ao infrator.

Poderíamos continuar falando, pois há muito material a respeito, porém, cremos que bastam estes exemplos para demonstrar que a Reforma Protestante não foi pacifista, nem foram os reformadores vítimas inocentes. A intolerância e a violência foram parte integrante de suas vidas. (...)
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Para citar este artigo:

APOLOGÉTICA, Fátima. Apostolado Veritatis Splendor: A INQUISIÇÃO PROTESTANTE. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4690. Desde 09/04/2008.

inSENTENÇAS DE MORTE - Rino Camillieri, autor do livro La Vera Storia dell Inquisizione, ed. PIemme, Casale Monferrato, 2.001, afirma que em 50.000 processos inquisitoriais uma ínfima parte levaram à condenação à morte, e dessas só uma pequena minoria produziu efetivamente execuções. ( Cfr. op. cit , p. 17). 

Diz ainda esse autor que na principal cidade medieval --centro da heresia cátara-- , em um século, houve apenas 1% de sentenças à morte (Cfr. Op cit. p. 36). 
inSÍNTESE - POLÍTICA - Em síntese: A Inquisição Espanhola não foi uma instituição meramente eclesiástica, como se pensa. Embora tenha tido origem em uma Bula do Papa Sixto IV datada de 1478, foi mais e mais utilizada pelos reis da Espanha para servir aos fins políticos de unificação dos seus territórios, nos quais habitavam cristãos, judeus e muçulmanos. Mais de uma vez estiveram em conflito a Santa Sé e os monarcas espanhóis por causa do abuso de poderes na eliminação de adversários políticos perpetrado em nome da S. Igreja. A justiça manda que se reconheça esta índole muito peculiar da Inquisição Espanhola (que, aliás, também na Idade Média não era instituição meramente eclesiástica). Isto não nos isenta de reconhecer outrossim falhas cometidas por eclesiásticos a serviço da Inquisição orientada pelos monarcas espanhóis. 
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1. Inquisição: Generalidades 
A palavra "Inquisição" significa "procura". Designa o tribunal que procurava hereges e outras pessoas suspeitas a fim de julgá-los e sentenciá-los. 
No antigo Direito Romano, o juiz não empreendia a procura dos delituosos; só procedia ao julgamento depois que lhe fosse apresentada a denúncia. Até a Alta Idade Média o mesmo se deu na Igreja: a autoridade eclesiástica não procedia contra os delitos se estes não lhe fossem previamente indicados. No decorrer dos tempos, porém, esta praxe cedeu à da procura dos hereges ou à Inquisição. A razão disto foi o surto, no século XI, de nova forma de delito religioso, isto é, uma heresia fanática e revolucionária como não houvera até então: o catarismo (do grego katharós, puro) ou o movimento dos albigenses (de Albi, cidade da França meridional, onde os hereges tinham seu foco principal). Considerando a matéria por si má, os cátaros rejeitavam não somente a face visível da Igreja, mas também instituições básicas da vida civil - o matrimônio, a autoridade governamental, o serviço militar - e enalteciam o suicídio. Destarte constituiam grave ameaça não somente para a fé cristã, mas também para a vida pública. 
Em bandos fanáticos, às vezes apoiados por nobres senhores, os cátaros provocaram tumultos, ataques às igrejas, etc., por todo o decorrer do século XI até 1150 aproximadamente, na França, na Alemanha, nos Países-Baixos... 0 povo, com a sua espontaneidade, e a autoridade civil se encarregaram de os reprimir com violência: não raro o poder régio da França, por iniciativa própria e a contragosto dos bispos, condenou à morte pregadores albigenses, visto que solapavam os fundamentos da ordem constituída. Foi o que se deu, por exemplo, em Orleães (1017), onde o rei Roberto, informado de um surto de heresia na cidade, compareceu pessoalmente, procedeu ao exame dos hereges e os mandou lançar ao fogo; a causa da civilização e da ordem pública se identificava com a da fé! Entrementes a autoridade eclesiástica limitava-se a impor penas espirituais (excomunhão, interdito, etc.) aos albigenses, pois até então nenhuma das muitas heresias conhecidas havia sido combatida por violência física; S. Agostinho (+430) e antigos bispos, S. Bernardo (+1153), S. Noberto (+1134) e outros mestres medievais eram contrários ao uso da força ("Sejam os hereges conquistados não pelas armas, mas pelos argumentos", admoestava São Bernardo, In Cant. serm. 64). 
Não são casos isolados os seguintes: em 1144 na cidade de Lião o povo quis punir violentamente um grupo de Inovadores que ai se introduzira; o clero, porém, os salvou, desejando a sua conversão, e não a sua morte. Em 1077 um herege professou seus erros diante do bispo de Cambraia; a multidão de populares lançou-se então sobre ele, sem esperar o julgamento; encerraram-no numa cabana, à qual atearam fogo! 
Contudo em meados do século XII a aparente indiferença do clero se mostrou insustentável: os magistrados e o povo exigiam colaboração mais direta na repressão do catarismo. Muito significativo, por exemplo, é o episódio seguinte: o Papa Alexandre III em 1162, escreveu ao arcebispo de Reims e ao Conde da Flândria, em cujo território os cátaros provocavam desordens: 
"Mais vale absolver culpados do que, por excessiva severidade, atacar a vida de inocentes... A mansidão mais convém aos homens da Igreja do que a dureza". 
Informado desta admoestação pontifícia o rei Luís VII de França irmão do referido arcebispo, enviou ao Papa um documento em que o descontentamento e o respeito se traduziam simultaneamente: 
"Que vossa prudência dê atenção toda particular a essa parte (a heresia) e a suprima antes que possa crescer. Suplico-vos para bem da fé cristã: concedei todos os poderes neste campo ao arcebispo (de Reims); ele destruirá os que assim se insurgem contra Deus; sua justa severidade será louvada por todos aqueles que nesta terra são animados de verdadeira piedade. Se procederdes de outro modo, as queixas não se acalmarão facilmente e desencadeareis contra a Igreja Romana as violentas recriminações da opinião pública" (Martène, Amplissirria Collectio 11 683s). 

As conseqüências deste intercâmbio epistolar não se fizeram esperar muito: o concilio regional de Tours em 1163, tomando medidas repressivas à heresia, mandava inquirir (procurar) os seus agrupamentos secretos. Por fim, a assembléia de Verona (Itália), à qual compareceram o Papa Lúcio III, o Imperador Frederico Barbarroxa, numerosos bispos, prelados e príncipes, baixou em 1184 um decreto de grande importância: o poder eclesiástico e o civil, que até então haviam agido independentemente um do outro (aquele impondo penas espirituais, este recorrendo à força física), deveriam combinar seus esforços em vista de mais eficientes resultados: os hereges seriam doravante não somente punidos, mas também procurados (inquiridos); cada bispo inspecionaria, por si ou por pessoas de confiança, uma ou duas vezes por ano, as paróquias suspeitas; os condes, barões e as demais autoridades civis os deveriam ajudar sob pena de perder seus cargos ou ver o interdito lançado sobre as suas terras; os hereges depreendidos ou abjurariam seus erros ou seriam entregues no braço secular, que lhes imporia a sanção devida. 

Assim era instituída a chamada "Inquisição episcopal", a qual, como mostram os precedentes, atendia a necessidades reais e a clamores exigentes tanto dos monarcas e magistrados civis como do povo cristão; independentemente da autoridade da Igreja, já estava sendo praticada a repressão física das heresias. 

No decorrer do tempo, porém, percebeu-se que a Inquisição episcopal ainda era insuficiente para deter os inovadores; alguns Bispos, principalmente no sul da França, eram tolerantes; além disto, tinham seu raio de ação limitado às respectivas dioceses, o que lhes vedava uma campanha eficiente. À vista disto, os Papas, já em fins do século XII, começaram a nomear legados especiais, munidos de plenos poderes para proceder contra a heresia onde quer que fosse. Destarte surgiu a "Inquisição pontifícia" ou "legatina", que a princípio ainda funcionava ao lado da episcopal, aos poucos, porém, a tornou desnecessária. A Inquisição papal recebeu seu caráter definitivo e sua organização básica em 1233, quando o Papa Gregório IX confiou aos dominicanos a missão de Inquisidores; haveria doravante, para cada nação ou distrito inquisitorial, um Inquisidor-Mor, que trabalharia com a assistência de numerosos oficiais subalternos (consultores, jurados, notários...), em geral independentemente do Bispo em cuja diocese estivesse instalado. As normas do procedimento inquisitorial foram sendo sucessivamente ditadas por bulas pontifícias e decisões de concílios. 
Entrementes a autoridade civil continuava a agir, com zelo surpreendente(!), contra os sectários. Chama a atenção, por exemplo, a conduta do Imperador Frederico II, um dos mais perigosos adversários que o Papado teve no século XIII. Em 1220 este monarca exigiu de todos os oficiais do seu governo, prometessem expulsar de suas terras os hereges reconhecidos pela Igreja; declarou a heresia crime de lesa-majestade, sujeito à pena de morte e mandou dar busca aos hereges. Em 1224 publicou decreto mais severo do que qualquer das leis editadas pelos reis ou Papas anteriores: as autoridades civis da Lombardia deveriam não somente enviar ao fogo quem tivesse sido comprovado herege pelo Bispo, mas ainda cortar a língua aos sectários a quem, por razões particulares, se houvesse conservado a vida. É possível que Frederico II visasse a interesses próprios na campanha contra a heresia; os bens confiscados redundariam em proveito da coroa. 
Não menos típica é a atitude de Henrique II, rei da Inglaterra: tendo entrado em luta contra o arcebispo Tomaz Becket, primaz de Cantuária, e o Papa Alexandre III, foi excomungado. Não obstante, mostrou-se um dos mais ardorosos repressores da heresia no seu reino: em 1185, por exemplo, alguns hereges da Flândria tendo-se refugiado na Inglaterra, o monarca mandou prendê-los, marcá-los com ferro vermelho na testa e expô-los, assim desfigurados, ao povo; além disto, proibiu aos seus súditos lhes dessem asilo ou lhes prestassem o mínimo serviço. 
Estes dois episódios, que não são únicos no seu gênero, bem mostram que o proceder violento contra os hereges, longe de ter sido sempre inspirado pela suprema autoridade da Igreja, foi não raro desencadeado independentemente desta, por poderes que estavam em conflito com a própria Igreja. A Inquisição, em toda a sua história, se ressentiu dessa usurpação de direitos ou da demasiada ingerência das autoridades civis em questões que dependem primariamente do foro eclesiástico. 
Em conclusão, o histórico das origens da Inquisição leva-nos a ver que esta não foi concebida como órgão de intransigência odiosa, mas, sim, qual medida defensiva do bem comum, religioso e civil. Consciente disto, o historiador distingue entre a intenção dos homens da Igreja que instituíram a Inquisição, e a conduta daqueles que a executaram, deixando-se não raro levar pelas paixões. 
A Inquisição não foi criada de uma só vez nem procedeu sempre do mesmo modo no decorrer dos séculos. Por isto distinguem-se: 

A Inquisição Medieval, voltada contra as heresias cátara e valdense nos séculos XII/XIII e contra um falso misticismo do século XIV; 

A Inquisição Espanhola, instituída em 1478 por iniciativa dos reis Fernando e Isabel; visando principalmente aos judeus e aos muçulmanos; tornou-se poderoso instrumento do absolutismo dos monarcas espanhóis até o século XIX, a ponto de quase não poder ser considerada instituição eclesiástica (não raro a Inquisição espanhola procedeu independentemente de Roma, resistindo à intervenção da Santa Sé, porque o rei da Espanha a esta se opunha); 
A Inquisição Romana (também dita "O Santo Ofício"), instituída em 1542 pelo Papa Paulo III, em vista do surto do Protestantismo. 
[...] Deter-nos-emos especialmente sobre a Inquisição Espanhola. 
2. Inquisição Espanhola 
2.1. Uma população e três confissões religiosas 
1. Em meados do século XV a Espanha apresentava uma situação política assaz complexa. 
A maior parte do território fora libertada da ocupação árabe (muçulmana) que desde o século VIII aí se exercia. Os califas árabes dominavam apenas na região de Granada, ao sul do país. Contudo os soberanos dos pequenos reinos da península não se entendiam entre si, de modo que a obra da Reconquista se achava estagnada desde a tomada de Sevilha em 1248 por obra de Fernando III o Santo. 
Em 1479, os monarcas Fernando de Aragão e Isabel de Castela, tendo-se previamente unido em matrimônio, começaram a reinar conjuntamente sobre todo o território livre da Espanha, pondo termo às rivalidades sangrentas que solapavam os esforços de unificação nacional. A Espanha entrou então numa fase nova da sua história, fase selada pela vitória das tropas de Fernando e Isabel sobre os árabes em Granada no ano de 1492. Nesta data tendo sido extinto o último reduto árabe, não restava mais poder estrangeiro legalmente instalado em território espanhol. Contudo a obra de unificação estava longe de se achar consumada: não somente o fator étnico ou racial dividia entre si a população; também o elemento religioso diversificava os cidadãos; havia, sim, em meio à grande maioria de cristãos da península, grupos muito influentes de judeus e de muçulmanos. Este fato mereceu a atenção dos reis Fernando e Isabel, os quais resolveram empenhar zelo ferrenho (inspirado, sem dúvida, por motivos nacionais, mas corroborado por têmpera religiosa) a fim de absorver ou (caso isto não fosse possível) eliminar os elementos heterogêneos da população. 
2. Não se poderia, porém, descrever a ação dos monarcas contra judeus e muçulmanos sem se reconstituir brevemente o significado destes dois grupos étnicos dentro da Espanha medieval. 
Os Judeus. Durante a Idade Média foram sempre assaz numerosos no território espanhol: "uma terça parte dos cidadãos e comerciantes de Castela", escrevia Vincenzo Quirini, embaixador de Veneza no século XV; somente Toledo, a capital de Castela, contava mais de doze mil israelitas e possuía várias sinagogas de incontestável gosto artístico. 
Nos séculos XII/XIV os judeus gozavam de liberdade e mesmo de estima nos reinos cristãos da península. É o historiador israelita Theodor Graetz (1817-1891) quem observa: 
"Sob Afonso VIII o Nobre (1166-1214), os judeus ocuparam funções públicas... José ben Salomão ibn Schoschan, que tinha o título de príncipe, homem rico, generoso, sábio e piedoso, era muito considerado na corte e junto aos nobres... 0 rei, casado com uma princesa inglesa, tivera durante sete anos uma favorita judaica, chamada Rahei e, em vista de sua beleza, cognominada Formosa. Os judeus de Toledo ajudaram energicamente o monarca na sua luta contra os mouros" (Graetz, Histoire des juifs 1 V 118). 
Em fins do século XIV, porém, e no decurso do século XV, os israelitas tornaram-se objeto de perseguições; irritavam profundamente o povo por suas riquezas, em grande parte arrecadadas à custa de empréstimos a juros elevadíssimos (podiam chegar a 40%), e por seu luxo tido como arrogante. Registraram-se primeiramente tumultos e linchamentos populares contra os judeus, desordens estas que os reis de Castela, Navarra e Aragão procuraram reprimir. A situação, porém, se tornou insustentável em meados do século XV, quando não poucos judeus, desejosos de conservar suas posições financeiras e políticas, pediam o batismo cristão, conservando não obstante a fé judaica e observando, no recôndito de seus domicílios, as práticas talmúdicas. Essa onda de conversões insinceras recrudesceu principalmente em Castela, quando o jovem rei João II declarou os judeus incapazes de exercer alguma função pública (1468); deram-se então milhares de conversões aparentes, ocasionando um tipo de cidadãos que o povo chamava "Marranos" (palavra que jogava ao mesmo tempo com a expressão semita "Maran atha", 0 Senhor vem, e com o termo castelhano "marrano", leitão). 
"Embora tivessem que participar dos sacramentos, (os marranos) esforçavam-se o mais possível por se lhes subtrair... No tribunal da penitência não confessavam coisa alguma ou só acusavam faltas leves; mandavam batizar seus filhos, mas, ao sair das cerimônias, lavavam cuidadosamente as partes do corpo ungidas pelo santo crisma. Alguns rabinos iam secretamente dar-lhes instrução... Imolavam, seguindo os seus ritos, animais e aves que lhes serviam de alimento... Só comiam carne de porco quando constrangidos a isso" (M. Marieiol, L'Espagne sous Fernand et Lisabelle, pág. 45). 
Ostentando a aparência de bons cristãos, os marranos chegavam a ocupar elevados cargos na Igreja, infiltrando-se até mesmo no alto clero; conta-se o caso (até que ponto será verídico?) de um Bispo de Calahorra, o qual, indo a Roma, comia carne às sextas-feiras (coisa lá proibida), rezava em hebraico segundo rito judeu, recusava pronunciar o nome de Cristo, e ainda espancava seus sacerdotes caso estes lhe quisessem chamar a atenção! 
A hipocrisia dos marranos era não raro denunciada pelos seus correligionários de raça judaica que, tendo sinceramente abraçado a fé de Cristo, haviam recebido ordens sacerdotais na Igreja ou queriam dar provas de sua autêntica conversão. Em conseqüência, os marranos chegaram a se reunir em sociedades secretas de tipo maçônico, o que os tornava ainda mais suspeito e antipáticos ao povo. Este os tinha na conta de verdadeiro perigo para o bem comum, tanto do ponto de vista religioso como do ponto de vista civil (a causa religiosa e a causa nacional pareciam no caso, solidárias entre si). 
Os muçulmanos. Quando os árabes maometanos ocuparam a Península Ibérica no século VIII, deram inicio a uma política de tolerância para com o povo cristão, que cultivava o solo e que conseqüentemente passou a ser chamado "moçárabe" (do árabe must rib "arabizado"). Diz-se mesmo que no século XV rara era a família cristã que não contasse entre os seus antepassados um discípulo de Maomé. 
Nos territórios que aos poucos iam sendo reconquistados, os reis cristãos se mostravam, por sua vez, tolerantes para com os árabes, reconhecendo a estes liberdade religiosa. Assim é que notável população de muçulmanos vivia nas cidades de Valença, Toledo, Sevilha, etc., gozando de grande influência no vida pública, pois os árabes continuavam a usufruir das vantagens econômicas que possuiam antes da Reconquista; conseguiam mesmo ampliar essas vantagens mediante intenso comércio com seus correligionários do sul da Espanha, da África do Norte e da bacia do Mediterrâneo. Eis, porém, que no século XIV alguns motins de árabes prepotentes contra os governos cristãos provocaram, da parte destes, uma série de medidas que visavam doravante a conter a influência política e social dos muçulmanos, influência que se exercia principalmente pela indústria, o comércio e os empréstimos a juros. 
Visando então a libertar-se da coibição e do controle dos soberanos espanhóis, não poucos maometanos abraçaram a fé católica, dando assim origem a outro tipo de cidadãos ambíguos, popularmente denominados "mouriscos". Convertendo-se ao menos em aparência, os árabes passavam a gozar dos mesmos direitos civis e religiosos que os cristãos, exceto o direito de acesso ao episcopado (contudo no século XV contavam-se vários bispos espanhóis convertidos do islamismo). Todavia as conversões interesseiras não escapavam à observação do público, que se mostrava infenso à hipocrisia dos "mouriscos"; as intrigas e maquinações destes, tramadas como que em sociedades secretas, vinham a ser inegavelmente mais perigosas para o bem comum do que as atividades dos muçulmanos confessos. 
Na situação geral que acaba de ser descrita, compreende-se que aos poucos as autoridades dos reinos cristãos da Espanha tenham percebido a necessidade de dar busca ou "Inquisição" aos cidadãos ambíguos - marranos e mouriscos. Era, de um lado a segurança pública que o exigia dos poderes civis; doutro lado, já que a pureza da fé cristã estava em jogo, também as autoridades eclesiásticas deviam mostrar-se interessadas em tal gênero de indagação ou inquisição. Em uma palavra: para a Espanha cristã, a luta contra a falsidade religiosa, contra as maquinações secretas de cidadãos ambiciosos dissimulados sob rótulos religiosos, se apresentava como questão de vida ou morte. Destarte Estado e Igreja, interesses civis e interesses religiosos se entrelaçavam espontaneamente para dar origem ao famoso fenômeno da "Inquisição Espanhola". 
É a este que vamos agora voltar diretamente a nossa atenção. 
2.2. Surto e procederes da Inquisição Espanhola 
Os reis Fernando e Isabel, visando à plena unificação de seus domínios, tinham consciência de que existia uma instituição eclesiástica, a Inquisição - oriunda na Idade Média com o fim de reprimir um perigo religioso e civil dos séculos XI/XII - a heresia cátara ou aibigense, perigo ao qual bem se assemelhavam as atividades dos marranos e mouriscos na Espanha do século XV. 
A Inquisição Medieval, que nunca fora muito ativa na Península Ibérica, achava-se aí mais ou menos adormecida na segunda metade do século XV... Aconteceu, porém, que durante a Semana Santa de 1478 foi descoberta em Sevilha uma conspiração de marranos, a qual, dadas as suas intenções nitidamente anticristãs, muito exasperou o público. Então lembrou-se o rei Fernando de pedir ao Papa, reavivasse na Espanha a antiga Inquisição, e a reavivasse sobre novas bases, mais promissoras, confiando sua orientação ao monarca espanhol. 
Sixto IV, assim solicitado, resolveu finalmente atender ao pedido de Fernando (ao qual, depois de hesitar algum tempo, se associara Isabel). Enviou, pois, aos reis da Espanha a Bula "Exigit sincerae devotionis affectus" de 1º de novembro de 1478, pela qual "conferia plenos poderes a Fernando e Isabel para nomearem dois ou três Inquisidores, arcebispos, bispos ou outros dignitários eclesiásticos, recomendáveis por sua prudência e suas virtudes, sacerdotes seculares ou regulares, de quarenta anos de idade ao menos, e de costumes irrepreensíveis, mestres ou bacharéis em Teologia, doutores ou licenciados em Direito Canônico, os quais deveriam passar de maneira satisfatória por um exame especial. Tais Inquisidores ficariam encarregados de proceder contra os judeus batizados reincidentes no judaísmo e contra todos os demais culpados de apostasia. 0 Papa delegava a esses oficiais eclesiásticos a jurisdição necessária para instaurar os processos dos acusados conforme o Direito e o costume; além disto, autorizava os soberanos espanhóis a destituir tais Inquisidores e nomear outros em seu lugar, caso isto fosse oportuno" (L. Pastor, Histoire des Papes IV 370). 
Note-se bem que, conforme este edito, a Inquisição só estenderia sua ação a cristãos batizados, não a judeus que jamais houvessem pertencido à Igreja; a instituição era, pois, concebida como órgão promotor de disciplina entre os filhos da Igreja, não como instrumento de intolerância em relação às crenças não-cristãs. 
Ora, apoiados na licença pontíficia, os reis da Espanha aos 17 de setembro de 1480 nomearam Inquisidores, com sede em Sevilha, os dois dominicanos Miguel Morillo e Juan Martins, dando-lhes como assessores dois sacerdotes seculares. Os monarcas promulgaram também um compêndio de "Instruções", enviado a todos os tribunais da Espanha, constituindo como que um código da Inquisição, a qual assim se tornava uma espécie de órgão do Estado civil. 
Os Inquisidores entraram logo em ação, procedendo geralmente com grande energia. Parecia que a Inquisição estava a serviço não da Religião propriamente, mas dos soberanos espanhóis, os quais procuravam atingir criminosos mesmo de categoria meramente política. 
Em breve, porém, fizeram-se ouvir em Roma queixas diversas contra a severidade dos Inquisidores. Sixto IV então escreveu sucessivas cartas aos monarcas da Espanha, mostrando-lhes profundo descontentamento por quanto acontecia em seu reino e baixando instruções de moderação para os juízes tanto civis como eclesiásticos. 
Merece especial destaque neste particular o Breve de 2 de agosto de 1482, que o Papa, depois de promulgar certas regras coibitivas do poder dos Inquisidores, concluía com as seguintes palavras: 
"Visto que somente a caridade nos torna semelhantes a Deus, rogamos e exortamos o Rei e a Rainha, pelo amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de que imitem Aquele de quem é característico ter sempre compaixão e perdão. Queiram, portanto, mostrar-se indulgentes para com os seus súditos da cidade e da diocese de Sevilha que confessam o erro e imploram a misericórdia!". 
Contudo, apesar das freqüentes admoestações pontifícias, a Inquisição Espanhola ia-se tornando mais e mais um órgão poderoso de influência e atividade do monarca nacional. Para comprovar isto, basta lembrar o seguinte: a Inquisição no território espanhol ficou sendo instituído permanentemente durante três séculos a fio. Nisto diferia bem da Inquisição Medieval, a qual foi sempre intermitente, tendo em vista determinados erros oriundos em tal e tal localidade. A manutenção permanente de um tribunal inquisitório impunha avultadas despesas, que somente o Estado podia tomar a seu cargo; foi o que se deu na Espanha: os reis atribuíam a si todas as rendas materiais da Inquisição (impostos, multas, bens confiscados) e pagavam as respectivas despesas; consequentemente alguns historiadores, referindo-se à Inquisição Espanhola, denominaram-na "Inquisição Régia". 
A fim de completar o quadro até aqui traçado, passemos a mais um pormenor característico do mesmo. 
Os reis Fernando e Isabel visavam a corroborar a Inquisição, emancipando-a do controle mesmo de Roma... Conceberam então a idéia de dar à instituição um chefe único e plenipotenciário - o Inquisidor-Mor -, o qual julgaria na Espanha mesma os apelos dirigidos a Roma. Para este cargo, propuseram à Santa Sé um religioso dominicano, Tomaz de Torquemada ("a Turrecremata", em latim), o qual em outubro de 1483 foi realmente nomeado Inquisidor-Mor para todos os territórios de Fernando e Isabel. Procedendo à nomeação, escrevia o Papa Sixto IV a Torquemada: 
"Os nossos caríssimos filhos em Cristo, o rei e a rainha de Castela e Leão, nos suplicaram para que te designássemos como Inquisidor do mal da heresia nos seus reinos de Aragão e Valença, assim como no principado da Catalunha" (Burllar. Ord. Praedicatorum 111622). 
O gesto de Sixto IV só se pode explicar por boa fé e confiança. 0 ato era, na verdade, pouco prudente... 
Com efeito; a concessão benignamente feita aos monarcas seria pretexto para novos e novos avanços destes: os sucessores de Torquemada no cargo de Inquisidor-Mor já não foram "nomeados pelo Papa, mas pelos soberanos espanhóis (de acordo com critérios nem sempre louváveis)". Para Torquemada e sucessores, foi obtido da Santa Sé o direito de nomearem os Inquisidores regionais, subordinados ao Inquisidor-Mor. 
Mais ainda: Fernando e Isabel criaram o chamado "Conselho Régio da lnquisição", comissão de consultores nomeados pelo poder civil e destinados como que a controlar os processos da Inquisição; gozavam de voto deliberativo em questões de Direito Civil, e de voto consultivo em temas de Direito Canônico. 
Uma das expressões mais típicas da autonomia arrogante do Santo Ofício espanhol é o famoso processo que os Inquisidores moveram contra o arcebispo primaz da Espanha, Bartolomeu Carranza, de Toledo. Sem descer aos pormenores do acontecimento, notaremos aqui apenas que durante dezoito anos contínuos a Inquisição Espanhola perseguiu o venerável prelado, opondo-se a legados papais, ao Concilio ecumênico de Trento e ao próprio Papa, em meados do século XVI. 
Frisando ainda um particular, lembraremos que o rei Carlos III (1759-1788) constitui outra figura significativa do absolutismo régio no setor que vimos estudando. Colocou-se peremptoriamente entre a Santa Sé e a Inquisição, proibindo a esta que executasse alguma ordem de Roma sem licença prévia do Conselho de Castela, ainda que se tratasse apenas de proscrição de livros. 0 Inquisidor-Mor, tendo acolhido um processo sem permissão do rei, foi logo banido para localidade situada a doze horas de Madrid; só conseguiu voltar após apresentar desculpas ao rei, que as aceitou, declarando: 
"0 Inquisidor Geral pediu-me perdão, e eu lho concedo, aceito agora os agradecimentos do tribunal; protegê-lo-ei sempre, mas não se esqueça ele desta ameaça de minha cólera voltada contra qualquer tentativa de desobediência" (cf. Desdevises du Dezart, L'Espagne de l'Ancien Régime. La Socí 101s). 
A história atesta outrossim como a Santa Sé repetidamente decretou medidas que visavam a defender os acusados frentes à dureza do poder régio e do povo. A Igreja em tais casos distanciava-se nitidamente da Inquisição Régia, embora esta continuasse a ser tida como tribunal eclesiástico. 
Assim aos 2 de dezembro de 1530, Clemente VII conferiu aos Inquisidores a faculdade de absolver sacramentalmente os delitos de heresia e apostasia; destarte o sacerdote poderia tentar subtrair do processo público e da infâmia da Inquisição qualquer acusado que estivesse animado de sinceras disposições para o bem. Aos 15 de junho de 1531, o mesmo Papa Clemente VII mandava aos Inquisidores tomassem a defesa dos mouriscos que, acabrunhados de impostos pelos respectivos senhores e patrões, poderiam conceber ódio contra o Cristianismo. Aos 2 de agosto de 1546, Paulo III declarava os mouriscos de Granada aptos para todos os cargos civis e todas as dignidades eclesiásticas. Aos 18 de janeiro de 1556, Paulo IV autorizava os sacerdotes a absolver em confissão sacramental os mouriscos. 
Compreende-se que a Inquisição Espanhola, mais e mais desvirtuada pelos interesses às vezes mesquinhos dos soberanos temporais, não podia deixar de cair em declínio. Foi o que se deu realmente nos séculos XVIII e XIX. Em conseqüência de uma revolução, o Imperador Napoleão I, intervindo no governo da nação, aboliu a Inquisição Espanhola por decreto de 4 de dezembro de 1808. 0 rei Fernando VII, porém, restaurou-a em 1814, a fim de punir alguns de seus súditos que haviam colaborado com o regime de Napoleão. 
Ver restante em http://www.veritatis.com.br/_agnusdei/div71.htm



Autor: Oswaldo 
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