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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A IGREJA CRESCE NA CHINA



IGREJAS NA CHINA estão transbordando à medida que se multiplica o número de cristãos no país. No passado, a repressão comunista levou muitos a se converterem em segredo, – conversões que continuam a frutificar.

É impossível dizer ao certo quantos cristãos existem hoje na China, mas ninguém nega que o número cresce, e rapidamente. O governo, contrariado, diz que são cerca de 25 milhões no total, entre católicos e protestantes, mas as estimativas independentes mais conservadoras apontam para algo em torno dos 60 milhões. – Os novos cristãos podem ser encontrados em vilarejos no interior e também nas grandes cidades, onde vivem os jovens de classe média.

A estrutura do cristianismo chinês é complexa: durante todo o século XX, foi associado ao "imperialismo ocidental". Após a vitória dos comunistas, em 1948, os missionários cristãos foram expulsos do país, mas a fé cristã continuou sendo permitida nas igrejas aprovadas pelo Estado, – desde que essas igrejas se mantivessem fiéis, primeiramente, ao Partido Comunista... – Para o líder Mao Tsé Tung, as religiões eram um "veneno". Sob seu comando, a Revolução Cultural (décadas de 1960 e 1970) tentou erradicar a Igreja.

Porém, forçados a praticar sua religião em segredo, os cristãos chineses não apenas sobreviveram. Agora, com seus próprios mártires, os fiéis se multiplicaram em número e também em fervor.

Desde a década de 1980, quando a fé religiosa voltou a ser permitida no país, as igrejas oficiais vêm conquistando cada vez mais espaço próprio, mas ainda estão subordinadas à "Administração do Estado para Assuntos Religiosos". Estão proibidas de tomar parte em qualquer atividade religiosa fora dos locais designados ao culto e têm de aderir ao slogan "Ame o país – ame sua religião". Em troca, o Partido promove o ateísmo nas escolas, mas se compromete a "Proteger e respeitar a religião, até o momento em que ela, por si só, desapareça".

Tanto protestantes quanto católicos estão divididos, na China, entre igrejas oficiais e não oficiais. A Associação Patriótica Católica, aprovada oficialmente, nomeia seus próprios bispos e não tem permissão de manter qualquer contato com o Vaticano, embora os católicos estejam autorizados a reconhecer a autoridade espiritual do Papa. Mas existe no país a Igreja Católica extraoficial, maior, que conta com o apoio do Vaticano. Pouco a pouco, Vaticano e governo da China tentam chegar a um acordo. Bispos ordenados são hoje reconhecidos por ambas as partes..

A fé católica dos chineses é sólida. Na manhã do último Domingo de Páscoa, no centro de Pequim, uma igreja celebrou quatro Missas. Todas estavam lotadas, com mais de 1500 fiéis.Nas montanhas a oeste de Pequim, na cidadezinha de Ho Sanju, uma igreja católica erguida no século 14 recebe fiéis até hoje. A fé robusta dos que frequentam a igreja, muitos deles já idosos, resistiu à invasão japonesa e à Revolução Cultural. O hospital do vilarejo é administrado por freiras, uma delas vinda da Mongólia, onde há uma grande concentração de católicos. É em cidadezinhas como essa que a Igreja Católica recruta jovens que receberão treinamento para a vida religiosa.


Igrejas domésticas

As maiores concentrações de fiéis, no entanto, encontram-se nas chamadas "igrejas domésticas". clandestinas, essas igrejas vêm se espalhando pelo país. Destas, as autoridades consideram inaceitável a recusa em aceitar qualquer forma de autoridade oficial sobre elas. Falando à BBC, uma jovem cristã descreveu o fenômeno: "(Na China) todos trabalham muito, não têm tempo para atividades sociais. Mas na igreja as pessoas sentem um calor, se sentem bem-vindas. Elas sentem que as pessoas as amam de verdade, então querem fazer parte da comunidade, muitos vêm por isso".

Aos poucos, o Estado vem procurando incorporar o cristianismo em sua "grande ideia" de uma "sociedade harmoniosa", slogan que domina a vida pública chinesa. Mas se há uma questão que com certeza preocupa as autoridades é a razão pela qual tantos vêm se voltando para a religião. Hoje, fala-se muito a respeito de uma "crise espiritual" na China. A frase foi usada até pelo premiê Wen Jiao Bao..

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