TRADUZIR

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

TESTEMUNHO DE CONVERSÃO DE CHRYSTIANO RODRIGO

Testemunho de Conversão a Cristo pela Igreja Católica

Minha saída do protestantismo rumo ao catolicismo: Graça e Paz de nosso Senhor Jesus Cristo a todos.Bem... Meu nome é Chrystiano Rodrigo. Nasci no mês de Fevereiro de 1.982, numa cidade do interior do Maranhão chamada Coroatá e, desde mui pequeno, visitava a Igreja Batista que ficava do outro lado da rua. Minha família nunca foi religiosa, então, minhas irmãs mais velhas me levavam à igreja quando havia algum evento extraordinário, ou eu ia sozinho às vezes. Pois, apesar de minha pouca idade, as cidades pequenas não apresentavam grandes perigos a um menino de 05 ou 06 anos, na década de 80. No entanto, não vivi por muito tempo na cidade onde nasci, porque minha família mudou-se para Teresina-Pi em Junho ou Julho (não me recordo exatamente do mês) de 1.990 e, com essa mudança, acabei-me esquecendo da igreja.

Resultado de imagem para COROATÁ MA

Em Janeiro do ano de 1.997, prestes a completar os meus 15 anos, fiz uma viagem ao Rio de Janeiro, e lá passei a frequentar a Primeira Igreja Batista de Sargento Roncale. Porém, quando retornei a Teresina, a igreja caiu no esquecimento de minha memória outra vez. Não sei se devo levar em consideração esse período que tive contacto com o mundo religioso desde minha infância até os meus 15 anos, pois só vim, de facto, a ter consciência da importância da religião aos 18 anos de idade.
Em Setembro do ano de 2.000 fui convidado por duas amigas de infância, Jéssyca e Jennyfer, a fazer parte do grupo de mocidade da Igreja Batista Nacional de Teresina, e é a partir daqui que passo a contar, realmente, com meu engajamento na igreja. Pois passei a me interessar pelo conhecimento bíblico, suas histórias, seus desígnios; a buscar a presença de Deus, e que pude apresentar o evangelho à minha família, que até então não era ligada a nenhuma igreja.
Mesmo sendo batizado na Igreja Católica em 1.982, quando era ainda um bebê, tive que ser rebatizado na Igreja Batista, pois, segundo esta, não existe respaldo bíblico para o batismo de crianças, além de ser reconhecido por ela apenas o batismo por imersão. Mas aceitei, afinal, meu batismo na Igreja Católica lá atrás foi apenas um ato cultural duma família que, mesmo não sendo cristã, estava inserida numa sociedade de cunho religioso.
No ano de 2.004 fui morar em Brasília-DF, e lá fiquei frequentando a Igreja do Nazareno da Avenida L2 Sul. Nunca tinha ouvido falar desse ministério, mas como era bem parecido com a Batista, resolvi-me congregar. Igreja muito animada, empolgante e carismática, por sinal.

A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé, oceano e óculos de sol
Depois, voltei para a mesma igreja em Teresina, retomando as atividades que eu executava junto dos meus irmãos e irmãs em Cristo.Vivi ótimos momentos na Igreja Batista Nacional, foi lá que comecei a ler e a entender as passagens Bíblicas, também recebi o dom do Espírito Santo; fiz parte do grupo de oração, de teatro, de dança, de louvor; fui líder de mocidade e até já compus a bancada da coordenação de jovens.
Sempre assíduo. Evangelizava, visitava, discipulava os novatos na igreja, encaminhava-os para outros grupos conforme os talentos que eles apresentavam. Elaborava estudos, debates bíblicos, ensinava sobre a doutrina Batista... Enfim, eu realmente gostava muito do que fazia, e o fazia com amor.
Entretanto, no ano de 2.006 afastei-me da igreja. Por uma série de situações, decepções e desgostos. Resolvi trilhar meu caminho fora da igreja, baseando-me no pensamento de que igreja não salva, de que eu sou o templo do Espírito Santo e faço parte do aprisco do Senhor mesmo não estando inserido numa comunidade religiosa. Este pressuposto é fundamentado na conjectura de que se congregar não é tão importante quanto manter a fé independentemente onde se esteja. Ou seja, eu posso ser cristão, e buscar fazer minha leitura diária da Bíblia, ter vida de oração, estando em minha casa. Congregar-se fisicamente é complemento. Bem como já havia dito, é uma ideologia protestante.
Nesse período de afastamento, por meio de minhas irmãs gêmeas, Christiam e Christiane, conheci uma serva do Senhor chamada Conceição. Ela me ajudou bastante nesse momento de rebeldia que eu passava. Fui recuperando o bom senso e já pensava até em retornar à igreja. Eu sempre fiz muitas perguntas, e sempre obtive poucas respostas. Quando se pergunta demais, e de maneia persistente no meio protestante, não se é visto com bons olhos. Uma das perguntas que me lembro até hoje: Se todos os líderes e convenções evangélicas afirmam que suas doutrinas são embasadas na Bíblia, por que então existem tantas igrejas diferentes e tantas doutrinas que se divergem entre si?... Nunca obtive resposta, apenas falas balbuciadas.
Por conseguinte, em Fevereiro do ano de 2.012 retornei à igreja. Àquela que eu tanto me doei. Retornei sem mágoa no coração, disposto a voltar a produzir como eu produzia antes para o Reino. Criei um departamento voltado para alcançar pessoas que se afastara da igreja, assim como eu estava antes. Mas senti um certa barreira: alguns irmãos que eu solicitara para me ajudar nesse novo departamento foram impedidos, e os outros ficaram desanimados por conta desse impedimento. Então, recuei, depois d’haver tido um sucesso parcial neste departamento, para não criar nada que me prejudicasse emocional e espiritualmente, pois ainda não estava preparado para lidar com novos conflitos. Mas continuei indo à igreja com alegria.
Um caso intrigante que acontece no meio protestante é que muitos que se afastam da igreja tornam-se férreos críticos e acusadores da religião. Passam a ter, exatamente, os mesmos conceitos deturpados de igreja, de reino e de cristianismo como um todo. É estranho! E comigo não foi diferente. Vivi essa deturpação por 06 anos que estive afastado da congregação, e se não fosse pelo agir do Espírito Santo em minha vida, e o clamor que eu levantava diariamente para que me libertasse de minhas próprias ideologias que se formaram em meu coração, certamente que ainda hoje estaria longe do Povo de Deus, ou já me teria transformado num ateu, seco por dentro. É muito complicado quando um protestante se afasta da igreja. O sentimento que vai formando-se no coração do desigrejado (assim são chamados os evangélicos que se afastam) é demasiado ruim; e o pior, os argumentos destes são embasados em suas próprias compreensões acerca da Bíblia; um sentimento de autossuficiência, ferindo completamente o que o Apóstolo Pedro ensinou, de que nenhuma profecia da escritura é de interpretação pessoal (II Pedro 1:20). Porém, é o que muito acontece no meio protestante. Exemplo: Mesmo eu estando na mesma igreja que Joaquim, Maria e Antônio; nós 04 podemos interpretar a mesma passagem bíblica de modo diferente; e é isto que, por vezes, termina criando divisões dentro duma mesma congregação local, fazendo com que surja outra igreja local independente e, assim, sucessivamente. Ué! Mas esse tipo de postura não foi o resultado da Reforma Protestante? Protestantes contra protestantes? Ou seja, nada novo nisso.
No ano de 2.013, por conta de algumas mudanças que estavam ocorrendo no meio evangélico, eu já não me sentia tão à vontade na igreja a qual tanto me dediquei. Não me encaixava mais na forma como estavam conduzindo os cultos. Apesar de estar no meio de pessoas que eu conhecia há bastante tempo, crescido com elas, partilhado ótimos momentos, a coisa que eu mais queria agora era frequentar um lugar que fosse mais calmo, sereno e meditativo; longe de eventos, bailes e jogo de luz durante os cultos; não concordava com essas novidades de modificar os cultos com o intuito de atrair mais jovens. Para falar a verdade, eu não gostava de ir à igreja e me deparar com uma discoteca no lugar de culto. Infelizmente, isto está acontecendo devastadoramente no meio protestante.
Agora que eu já sabia o que queria, onde começaria a procurar uma igreja que ainda tivesse cara de igreja!? Nesse período de reflexão, conheci minha esposa, Karla Polyana, que não é do mesmo tempo que eu lá na Batista. Ela entrou no meu período de afastamento da congregação. Mas, como alguns amigos meus continuaram, eles tornaram-se amigos dela também. Então começamos a namorar, e eu lhe expus os meus pensamentos. Sendo ela de família luterana, pensei comigo mesmo: “A Igreja Luterana é bem tradicional. Quem sabe eu consiga encontrar o que já estava em mente por lá?”. Então, fomos para a igreja da família dela, e deixamos a Igreja Batista Nacional. Passamos a congregar-nos na Igreja Luterana em Dezembro do ano de 2.013, e nos casamos no dia 19 de Outubro de 2.014. Enfim, chamou-me a atenção! E é aqui que começa minha caminhada rumo ao catolicismo...
Na Igreja Luterana, minha esposa e eu recebemos estudos de iniciação à fé, achei um pouco estranho, visto que já tínhamos vivência no meio evangélico, mas tudo bem, faz parte. E eu estava disposto a recomeçar numa igreja mais calma, digamos assim. Existem alguns pontos que a doutrina Luterana se diverge da Batista como os batismos, por exemplo. Na Luterana pode-se batizar crianças. Na Batista, crianças não são batizadas. Na
Luterana, aceita-se o batismo feito na Católica ou noutra denominação cristã, desde que tenha sido usado água e profissão da Santíssima Trindade no ato. Na Batista, depende de qual doutrina o indivíduo veio e da idade que ele foi batizado. Na Luterana, aceita-se o batismo por imersão e por infusão (assim como na Católica). Na Batista, somente por imersão dos indivíduos adultos. Na Luterana, a Santa Ceia é consubstancial (é quando a presença espiritual de Cristo faz-se presente no ato, mas findando, resta-se tão somente o pão e vinho). Na Batista, a Santa Ceia não vai além do que um feito simbólico, uma lembrança (a maioria das doutrinas evangélicas adota esta interpretação). De modo geral, não existem dias precisos para a celebração das Santas Ceias, vai depender do pastor titular. Varia bastante, de 03 em 03 meses, domingo em domingo, 06 em 06 meses... Além de que tal ordenança é independente do procedimento dos cultos. Ela pode ser feita numa reunião separada, ou numa escola dominical, enfim... Sua posição no calendário, como eu disse, depende do pastor que está à frente da congregação.
Outro ponto que achei intrigante: a Igreja Luterana está mais próxima da Igreja Católica do que das outras doutrinas e denominações evangélicas, até mesmo em sua postura e condução de fé. E algo me deixou ainda mais com a “pulga atrás da orelha”: Certa vez, falando sobre a Reforma Protestante com o Pastor, ele, descontraidamente, disse-me que Martinho Lutero não foi contra a Primazia Papal. Tal afirmação me deixou curioso para compreender o que, de facto, Lutero era a favor e contra a Igreja Católica. Então, fui atrás das 95 Teses de Lutero, e encontrei algo que começaria a modificar todo o meu conceito sobre o catolicismo, o qual foi criado ao longo de minha caminhada cristã-protestante.
Em algumas Teses de Lutero, ele denuncia abusos que estavam sendo praticados por parte do clero da época. Dentre esses abusos estaria a falta de amor para com os moribundos e a cobrança em moeda para a saída de alguém do purgatório. Ele faz uma crítica feroz à cobrança das indulgências, todavia, deixa claro em seu discurso que o Papa tem autoridade delegada por Cristo para existir com tal; que o Papa é sucessor do Apóstolo São Pedro (Tese nº 77), e detentor da verdade e das virtudes descritas em I Coríntios 12 (Tese nº 78). Ora, já sabendo disso, é levantado outro questionamento: Se Lutero não foi contra a existência da Sucessão do Bispado, tampouco do ofício dos sacerdotes destinados e eles pela Igreja (como o recebimento da confissão e perdão dos pecados dos fieis), por que, então, existe o luteranismo, que se opõe ao regulamento dessa prática e contra a Cátedra Papal hoje? Por que a doutrina Luterana adota a Sola Scriptura, se até mesmo Lutero lançou mão da Tradição para fundamentar as suas Teses? E mais! Por que a Igreja Luterana faz-se do uso da Tradição Litúrgica e de alguns Concílios Católicos para a organização de seus cultos doutrinários? E Por que o próprio Lutero defendia a Sola Scriptura, se nem mesmo ele vivia a Sola Scriptura? Você compreende aonde quero chegar?
Todas essas perguntas já estavam rondando minha cabeça, mas resolvi guardá-las em secreto, ao menos por enquanto. Não queria tomar nenhuma atitude precipitada e terminar prejudicando Karla e eu. Pois não queria ver nós dois inseridos na estatística de crentes ‘pula-pula’ (aqueles que vivem trocando de igreja).
Depois que casamos, nós nos mudamos para um bairro um pouco distante da Igreja Luterana, e quando não íamos à igreja, ficávamos em casa lendo a Bíblia. O interessante é que a Palavra de Deus, por mais que se leia muitas vezes, ela sempre renova o entendimento daquele que nela o busca. E comigo não seria diferente. Certo dia, escolhi o livro de Atos dos Apóstolos como leitura diária e, de cara, me veio um entendimento que nunca tive. O primeiro Capítulo de Atos já me dizia algo novo. No versículo 15 em diante nos é mostrado Pedro exercendo liderança em relação aos demais, inclusive na convocação dos outros apóstolos para a escolha de quem assumiria o lugar deixado por Judas Iscariotes, utilizando-se das profecias salmísticas para isso. E no capítulo 02, com o clamor e a descida do poder do Espírito Santo sobre eles, novamente, Pedro levanta-se dentre todos para proferir que tudo o que lhes estava acontecendo era o cumprimento das palavras do profeta Joel.
No Capitulo 10, vemos o destaque de Pedro mais uma vez, quando o anjo do Senhor aparece a Cornélio, fala-lhe sobre o apóstolo e, no dia seguinte, por meio duma grande visão espiritual, Deus anuncia a Pedro que para o Senhor de Israel não há acepção de pessoas, mas que aceita a todos que o buscam.
Pedro, já na casa de Cornélio, pregou-lhes a Palavra do Senhor e muitos se maravilharam e aceitaram as Boas-Novas. O modo como Pedro era usado por Deus atraia a muitos gentios para o evangelho de Cristo. Como se não bastasse, me veio à memória outras passagens bíblicas, as quais deram uma espécie de ‘cheque-mate’ em qualquer relutância que estivesse pairando sobre mim acerca de Pedro como príncipe dos apóstolos: Mateus 16:15-19 e João 21:15-17. No Evangelho de Mateus, de todos os discípulos que ali estavam, Pedro foi o único que recebeu a revelação do alto, quando Jesus indagou-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Prontamente, Pedro respondeu-lhe: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”. E neste exato instante, era como se eu estivesse vendo Jesus virando-se para Pedro, pondo a mão em seu ombro e proferindo uma das mais belas palavras proféticas da Bíblia: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.”. Nossa!... Era como se eu estivesse entrado em êxtase! Um turbilhão de emoções dentro de mim. Eu passava as madrugadas pensando, pensando... Muitas lembranças das aulas de história do colegial em que os professores falavam contra a Igreja Católica, principalmente nas aulas sobre a Idade Média. Muitas aulas de Antropologia, Ciências Sociais, da época da minha Faculdade de Direito, em que os professores não perdiam a oportunidade de alfinetar a Igreja. Fora tudo o que eu havia aprendido sobre a Igreja Católica, segundo a posição protestante por durante anos. E agora? Como tentar entender tudo isto? Minha cabeça já estava a mil, quando, de repente, me veio o Evangelho de João, a passagem em que Jesus Cristo, em meio a todos ali presentes depois de sua ressurreição, direciona-se a Pedro, e diz firmemente: “Simão Pedro, filho de Jonas, apascenta as minhas ovelhas.”. Nesse instante, todas as grandes barreiras que me impediam de crer que a Igreja Católica é alicerçada em Cristo caíram por terra. No meu trabalho, conheci um colega chamado Ananias. Contou-me que até os 14 anos frequentava a Igreja Evangélica Assembleia de Deus, mas que hoje é Católico há anos.
Certo dia, conversando sobre a Igreja e a Reforma Protestante, perguntou-me de que igreja eu era, respondi-lhe que por mui tempo fui da Batista, mas, depois que me casei, passei a frequentar a Luterana. Ele exclamou, dizendo: “Hum!... Estás a um passo da Casa do Pai!”. Não sei se eu tomava isso como ofensa ou como algo bom, então, apenas lhe dei uma leve expressão indefinida no rosto. Porém, quando me veio esse turbilhão de coisas, toda a revelação que relatei, Ananias foi a primeira pessoa que procurei, a fim de me ajudar a compreender e a organizar minha cabeça, que estava confusa, por sinal. Foi por meio dele que conheci o padre Wellistony, Reitor do Seminário Sagrado Coração de Jesus de Teresina. Passamos a conversar por mensagem até marcar um encontro no próprio Seminário.
Ao me encontrar com o padre Wellistony, falei-lhe um pouco da minha vida e do que aconteceu comigo. Quase todos os dias contactava-o para me aclarar algumas ideias, tirar algumas dúvidas, e assim foi indo. Sempre disposto e me ajudar nessa nova descoberta, ele repassou meu contacto telefônico à irmã Aldeci, para que Karla e eu pudéssemos visitar a reunião de Catecumenato na Paróquia Nossa Senhora das Dores, local onde seu esposo Leonardo e ela ministram os estudos doutrinários. Então, em Outubro de 2.015 iniciamos nossa ida às reuniões.
As reuniões de Catecumenato e o apoio do padre Wellistony foram decisivos não apenas para me ajudar nessa nova caminhada, como também para dissipar as raposinhas que, por vezes, insistiam em se enroscar na minha mente, colocando interrogações sobre esta nova etapa que eu vivia.
De início, Karla e eu sentimo-nos como um peixe fora d’água nas reuniões. Toda uma metodologia diferente daquela com que fomos doutrinados, mas a essência era a mesma, e até mais profunda. Passagens bíblicas que são lidas de maneira rápida, ou quase não lidas no meio protestante, eram explanadas e com significado mais intenso. Fomos ficando, até virarmos frequentadores e participantes nas reuniões que ficavam mais calorosas a cada encontro. Durante as reuniões, relatei-lhes que vínhamos do protestantismo e, na reunião seguinte, ganhamos um livro em que os personagens principais (Scott e Kimberly), assim como nós, também haviam saído do protestantismo ao catolicismo: ‘Todos os Caminhos Levam a Roma’, de Scott Hahn - ex-pastor presbiteriano, doutor em Sagrada Escritura e especialista em Apocalipse. Não perdi tempo, tratei de lê-lo. É impressionante o testemunho dele e de sua esposa Kimberly Hahn. Em certos pontos, eu me via, exatamente, na mesma situação que eles atravessaram. Às vezes, eu me perguntava com riso no rosto: “Nossa!... Acho que fui eu quem escreveu este livro”. Pois me identificava incrivelmente com a história deles. Senti-me bem ao ver que não estava só, pois outras pessoas passaram pela mesma situação que eu estava atravessando, e que obtiveram sucesso, pois não desistiram. Sabe como é! É difícil quando aqueles que estão mais próximos se opõem.
Conhecemos pessoas que tinham tanto compromisso com a obra, e isto me cativava cada vez mais, como a irmã Beatriz, irmã Dorinha, irmã Margareth e seu esposo José Filho, e o irmão Washington, que também havia sido membro da Igreja Batista, mas que hoje estava frequentando as missas e reuniões de Catecumenato; e outros irmãos tão dispostos a compreender mais sobre a doutrina Católica.
Mas voltando um pouco no tempo, antes de fazer parte das reuniões, antes d’haver conhecido o padre Wellistony, e antes de ter conversado com o meu colega Ananias. Eu já andava incrivelmente insatisfeito com o caminho que o protestantismo resolveu trilhar. A cada dia surgem mais seitas dissidentes de outras que, por vezes, são dissidentes também de outras. É como um círculo vicioso. E o que leva isto a ocorrer são os mais variados e supérfluos motivos. Isso me estava incomodando. A mudança de estilo musical e pobreza nas letras das músicas de uns 15 anos para cá. Muita dessas canções vai de encontro à sã doutrina. Mas parece que não percebem, ou fingem não perceber, não sei. Só sei que as coisas chegaram a um ponto que eu não conseguia mais me encaixar no meio evangélico. Não se trata de procurar Deus na igreja X ou Y. Pois como havia dito, eu já encontrara Deus há mui tempo. Trata-se, sim, de tentar alcançar a cada dia o alvo, objectivando a unidade do Reino. Pois a Igreja de Cristo era uma só. Na Carta do Apóstolo São Paulo aos coríntios, ele diz que, caso alguém não concordasse com seus ensinos, que ficasse sabendo, de antemão, que tais instruções eram as mesmas ditas às igrejas de outras localidades aonde tinham chegado as Boas-Novas. Sendo assim, por que o protestantismo insiste em tantas doutrinas divergentes? O discurso é sempre o mesmo: de que é assim porque há ministérios que plantam, e outros que colhem. Porém, não há necessidade de tais diferenças doutrinarias para que esse trabalho funcionasse a contento.
Não estou cá levantando bandeira de luta contra alguém, mas sim contra a divisão que nos assola. As indagações de Lutero podem até haver servido para abrir os olhos de quem se procedia erroneamente na Igreja, entretanto, não se deve misturar a má conduta de algum sacerdote com a sã doutrina que lhe foi transmitida pela Igreja. Doutrina esta que já existia há séculos e milênio, e que fora salvaguardada pela Santa Igreja. Portanto, particularmente, vejo o protestantismo hoje como sendo um capricho humano, de querer neutralizar toda a sucessão apostólica, alegando que a Igreja Una Santa Católica e Apostólica corrompeu-se nos 2.000 anos de existência. Haja vista que nem mesmo Lutero, o pai da Reforma, se opôs à sucessão. Quando se toma uma decisão como esta que eu tomei, as primeiras coisas que ouvimos é: “Viraste idólatra agora, irmão?”... Ou então: “De que santo tornaste devoto, romeiro?”. Sei que estes comentários vieram carregados de sarcasmo. Contudo, já conhecendo-o lado de lá, levo na esportiva, pois um dia também já acusei a Doutrina Católica de formadora de idólatras. Analisando a acusação que o mundo protestante faz em relação ao catolicismo, podemos perceber que não surgiu de agora. A Igreja Católica sempre foi alvo de situações como essas. Faz-me lembrar dos iconoclastas, que não aceitavam a criação de imagens e de esculturas.
Tudo por falta de compreensão das Sagradas Escrituras. Afinal, o Deus que condenou a criação de imagens [ídolos] (Êxodo 20:4), foi o mesmo Deus que disse a Moisés que colocasse duas imagens de querubins de ouro nas extremidades da Arca da Aliança (Êxodo 25:18-20), e o mesmo Deus que ordenou que fosse levantada uma serpente de bronze numa haste, para que avivasse a fé dos que necessitavam, a fim de que fossem curados ao olharem para ela (Números 21:09). Não obstante, é necessário entender que o que Deus condena é a postura do ser humano de fazer de algo, ou de alguém, um ídolo (Êxodo 20:3). Isto vai muito além do que a fabricação duma simples imagem representativa. A idolatria é a usurpação do lugar que foi destinado a Deus em nossa vida. A gente passa a ser idólatra quando faz duma imagem algo primordial, essencial na vida, como faz igualmente dum artista, da posição social, do dinheiro, do carro, da casa, dos amigos, do cônjuge, do celular, do esporte,... Ou seja, o significado de idolatria engloba um leque muito mais amplo do que a estátua de alguém. Destarte, não é só o católico que pode estar sujeito a cair nesse pecado, como qualquer um de qualquer segmento religioso. Logo, para entender o verso 04 de Êxodo capítulo 20 é preciso que, antes, já tenha o conhecimento do verso 03. Caso contrário, far-se-á uma interpretação errada e extremista ao retirar o verso 04 de seu contexto. Ademais, torna-se presunçoso alguém afirmar que uma pessoa é idólatra, porquanto Deus, por ser omnisciente, é o único que sonda o mais profundo e escondido do coração do homem. À vista disso, o que te faz pensar que podes fazer o mesmo? Pensa bem! O grande problema dos fariseus não eram as suas batinas, nem suas posições religiosas, mas o fardo pesado do legalismo que lançavam ao povo, e a arrogância de apontar o cisco no olho dos outros, enquanto que não atentavam para as travas que existiam em si próprios.
Lembrem-se, os primeiros cristãos utilizavam-se de desenhos da imagem ilustrativa de Jesus, Maria, anjos, Última Ceia,... Para que o evangelho, além de ouvido, fosse visualizado. Durante esse tempo de descoberta, vi o esforço do Papa Francisco desejando que a Igreja do Senhor, espalhada nos mais variados segmentos doutrinários, voltasse à unidade do Corpo e da fé, visitando convenções protestantes, pedindo perdão por qualquer barreira que se há formado no passado, e anunciando que a Igreja Católica está aberta ao diálogo interdenominacional. Nesse período também me deparei com notícias de que igrejas evangélicas inteiras estavam aderindo ao catolicismo, e páginas na internet de pastores dando seus testemunhos, li algumas. Tais casos podem até dizer que não são reais, mas só o facto do Papa está viajando a todos os continentes, buscando a paz e a unidade da Igreja de Cristo como outrora, já foi o suficiente para me cativar e aceitar seu pedido.
Não sei se este momento meu de despertar para a unidade eclesial, justamente, no Ano Santo da Misericórdia pode ser chamado de coincidência. Só sei que no dia da abertura da Porta da Misericórdia, 13 de Dezembro de 2015, na Catedral de Nossa Senhora das Dores, eu estava lá. Queria saber como funcionava uma cerimônia católica, e foi uma das mais belas solenidades que vi em toda a minha vida. A sede das pessoas por Deus. A Porta estava aberta para todos, sem excepção. Ela representava o Cristo, que aceita a todos como estão, a fim de que, tendo um encontro com Ele, suas vidas sejam modificadas pelo poder do Espírito Santo. Fiquei encantado com tamanha dimensão. A multidão cantando numa só voz: “Misericordiosos como o Pai”. Ou seja, devemos ser misericordiosos como o Pai o é.
Todos esses momentos têm-me ensinado que Deus é mais piedoso do que eu imaginava. Vi na abertura da Porta que Ele nunca desiste de nenhum dos filhos seus. E que sua casa sempre está pronta a acolher a todos que o buscam. Não importa o quão distante alguém lhe esteja, a mão do Senhor sempre vai estar estendida. Karla e eu continuamos indo às reuniões de Catecumenato com muita alegria. Não via a hora de chegar aos finais de semana para me encontrar com o grupo da Paróquia. Era como se eu estivesse renascido, pois me sentia muito bem lá. Então, o irmão Leonardo e a irmã Aldeci nos propuseram a Crisma e a Primeira Comunhão, aceitamos de imediato. Afinal, era o que mais queríamos - fazer parte, oficialmente, da congregação.
Algo surpreendente chamou minha atenção. No Catolicismo, toda a missa gira em torno da Santa Ceia (Eucaristia). Ela possui um significado mais profundo do que apenas uma simbologia. É o ápice da celebração, e é praticada em todas as missas. O sacerdote passa a agir na pessoa de Cristo (in persona Christi), distribuindo seu corpo e sangue da Nova Aliança. O próprio Cristo disse que seu corpo é verdadeiramente comida, e seu sangue é verdadeiramente bebida (João 6:55); e que sempre estaria connosco todos os dias, até a consumação dos séculos (Mateus 28:20). Ora, Jesus Eucarístico está sempre nas missas, é a presença real do Filho de Deus. Este ensinamento é conservado até hoje, desde a época da Igreja Primitiva. Eu só lamento por não haver tido a oportunidade de ter este conhecimento antes. Mas tudo bem! Deus sabe de todas as coisas e o momento certo a tudo.
No dia 26 de Março deste ano, na Vigília Pascal, fomos chamados para a Crisma e Primeira Comunhão. Dom Jacinto, Arcebispo de Teresina/Pi, já tinha ouvido falar de nós e me pediu para testemunhar um pouco sobre a nossa ida ao catolicismo, confesso que fui pego de surpresa, mas aceitei o convite com muito gosto. Foi um momento de grande felicidade.
Finalizando... Estou feliz por ter vivido essa experiência toda. Não sei se posso dizer que regressei ao catolicismo, pois, até então, nunca tinha ido a uma missa, apenas fui batizado quando criança na pequena cidade em que nasci. Alguns podem dizer que eu regressei à Casa do Pai, como meu amigo Ananias. De qualquer forma, hoje, posso dizer que sou católico para a honra e glória do Altíssimo.
É de suma importância que todo católico tenha prazer na leitura bíblica e no catecismo da Igreja. Pois, somente assim, deixarão de abandonar a Barca de Pedro. Um bom católico jamais se deixará levar por algum ensinamento sectário. É importante que o Corpo de Cristo continue unido. E cabe a você, católico, a responsabilidade de perseverar na unidade, mesmo na diversidade. É necessário que nos esforcemos para que a Igreja volte à unidade da fé, do Espírito, do batismo, e do Senhor (Efésios 4:4,5). Não existe igreja de um indivíduo só, assim como não existe corpo se cada membro deste resolver buscar seus próprios interesses. Lembrem-se, a Igreja nasceu coletivamente, e coletivamente reinará para sempre, com a coroa de justiça que lhe será dada pelo Cordeiro de Deus. Quero agradecer a Deus e a todos que me ajudaram a ter essa compreensão. Que o nosso Senhor Ressurrecto vos abençoe e vos guarde em sua infinita graça.
Amém!
Chrystiano Rodrigo Monteiro Gonçalves.
Data: 12 de Abril de 2016.

Nenhum comentário:

Compartilhar

 
  •  

    ROLE O BANNER E CLIQUE NO ASSUNTO DESEJADO

    >
    > >