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sábado, 1 de agosto de 2020

"SOU UM NOIVO DA MORTE QUE VAI SE UNIR EM LAÇO FORTE COM TÃO LEAL PARCEIRA" - HINO MILITAR ESPANHOL

?O Noivo Da Morte?: o emblemático desfile marcial-religioso da Legião espanhola com seu Cristo

Os espanhóis são um dos povos com maior riqueza cultural da Europa e fazem questão de preservá-las com festas tradicionais que pululam por todo o país. Algumas, como a guerra de ratos, pulo sobre bebês, a festa dos gansos, as touradas, são bem estúpidas e dispensáveis, mas a dos legionários de Málaga, que chegam de Melilla, enclave espanhol no norte da África, para transportar a figura de madeira do Cristo de la Buena Muerte, na procissão de quinta-feira santa, enquanto cantam "O Noivo da Morte", não é qualquer coisa menos que visualmente deslumbrante.


Com o Cristo de Mena sobre seus braços, os legionários se transformaram em uma das imagens mais emblemáticas da Semana Santa espanhola.

- "Sou um homem a quem a sorte feriu com garra de fera: sou um noivo da morte que vai se unir em laço forte com tão leal parceira". Esta frase inspirou o título de uns dos hinos militares mais conhecidos da Espanha: "O Noivo da Morte". O que poucos sabem é que esta composição nasceu em um estilo musical leve, popular e inclusive um pouco vulgar: o cuplé.

Hoje ele ressoa com especial intensidade graças ao tradicional desfile que a Legião Espanhola realiza pelas ruas de Málaga. Os braços dos legionários transladam a estátua talhada em madeira do "Cristo da Boa Morte", também chamado "Cristo de Mena", por ser obra do escultor barroco Pedro de Mena, que foi destruída nos distúrbios anti-clericais da Guerra Civil Espanhola. Em 1942 Francisco Palma Burgos reconstruiu a bela peça de arte, que se encontra na Igreja de Santo Domingo de Guzmán, em Málaga.

Acontece que nos primeiros dias de julho de 1921, a canção foi apresentada em um teatro ante uma audiência formada em parte por militares que estavam fortemente comovidos pela derrota conhecida como a "Batalha de Annual", onde os rifenhos de Abd-O-Krim causaram a morte de entre 7.000 e 10.000 soldados espanhóis.

Os militares receberam com entusiasmo a peça, que aclamaram efusivamente. Conhecedor do impacto que esta canção tinha produzido na tropa, e consciente da condição psicológica de seus homens naqueles momentos dramáticos para a Espanha, o fundador da Legião Millán Astray encarregou Emilio García Ruiz, diretor da banda militar, que criasse uma versão com um ritmo marcial para ser entoada pelos militares em atos solenes.

Desde então, a Legião entoa o hino enquanto porta o Cristo de Mena, na Semana Santa Malaguenha, uma cena que se converteu em emblemática da Semana Santa.

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