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sábado, 22 de junho de 2013

A LENDA DE SUMÉ - SÃO TOMÉ

A lenda de Sumé. O santo que teria andado pelo mar da Bahia.

Os índios da Bahia contavam a história do Deus branco que eles denominavam de Sumé e que teria andado pelo mar, ás aguas se abrindo para dar passagem e escapar das flechadas, e que teria deixado rastos de sua existência. Na verdade, pegadas firmes nas rochas das praias de São Tomé de Paripe e também de Itapoan, mais ou menos no trecho que a foto de Americano da Costa (1951) revela. Uma lenda fascinante que o Padre Nobrega ouviu dos Tupinambás e repassou para seus superiores em carta escrita em 15 de abril de 1549.

Sumé era como os índios se referiam ao "Deus branco" que Nóbrega identificou como o apóstolo São Tomé, cuja suposta andança pelas Américas, originou lendas afins no Peru (Viracocha), Colômbia (Bochica), Cuba (Zumi), Costa Rica (Zamia), México (Cucucan entre os Maias e Quetzalcocte entre os Aztecas). Nóbrega conferiu pessoalmente a rocha em Itapoan que os índios revelaram trazia gravadas como num molde as pegadas do santo e que originou um culto que sobreviveu até meados da década de 50 no século XX, no lugar onde foi erigida uma palhoça  e uma cruz.
Essas supostas pegadas por se encontrarem tão perto da
Pedra do Oratório são envoltas de um grande misticismo.
A Icnologia (estudo das pegadas fósseis) apresenta uma
explicação lógica para tais vestígios: são cavidades
resultantes  de processo erosivos, registradas em rochas
de textura leve, exemplos das encontradas no Icó
e em todo o Vale do  Cafundó, no município de Flores.
Os Tupinambas também mostraram as pegadas do santo numa rocha na praia de Paripe que recebeu o nome de São Tomé, justamente em função da lenda indígena e do culto que dela se originou, com romaria que existiu até quando uma rodovia passou por cima do local nos anos 20. Foi outro jesuíta  Simão de Vasconcelos quem testemunhou e relatou as impressões de um pé humano, atribuídos a Sumé, ou São Tomé, na pedra de Paripe.
São inúmeros os testemunhos (Nóbrega, Simão de Vasconcelos, Gabriel Soares, Francisco Pires) sobre o assunto, inclusive objeto de reportagens e fotos publicadas nos jornais em 1916, e muitas as dúvidas sobre as supostas pegadas do santo. O que me fascina nessa história é a imagem do Deus branco andando sobre as águas e elas se abrindo na sua passagem, que nem no episódio bíblico de Moisés na busca de terra prometida. Também, o sincretismo evidente entre as lendas indígenas e os mitos, ou episódios que originaram os relatos do antigo testamento.
Infelizmente as lendas de Sumé, ou São Thomé não deixaram um legado para os baianos. Se fosse em outro país os locais onde as pegadas foram descobertas estariam hoje preservados, sinalizados, representados, abertos à visitação dos turistas e dos próprios baianos que assim teriam uma maior auto-estima pela sua terra e uma melhor compreensão de suas origens.

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