HERESIAS
As desgraças que o grande Cisma do Ocidente trouxeram à Igreja foram muitas e esse período foi propício a que surgissem novas heresias. Seus fundadores são chamados de "Reformadores antes da Reforma", pois de certo modo anteciparam a Reforma de Martinho Lutero que viria no início da Era Moderna.
Desses reformadores já vimos Guilherme de Occam e Marsílio de Pádua. veremos agora outros dois: o inglês John Wiclef (1320- 1384) e o tcheco Jan Huss (1370 - 1416).
John Wiclef era um nobre inglês que se tornou sacerdote, professor de Filosofia e Teologia na Universidade de Oxford. Como muitos reformadores, ele pregava um espiritualismo exagerado. Afirmava que os bens temporais são nocivos à Igreja e que o Estado devia ser apossar dos bens da Igreja que não fossem usados devidamente. Tais idéias encontraram eco na corte e entre os nobres. Em 1373, o Papa Gregório XI condenou dezoito teses de Wiclef. Todavia, a hierarquia inglesa receava agir contra o herege por causa do seu prestígio na Inglaterra.
Depois da erupção do Cisma do Ocidente (1378 ) Wiclef atacou o Papado dizendo que a Igreja é uma comunidade de predestinados, o verdadeiro papa é Cristo e cada cristão é um sacerdote perante Cristo. O Papado seria uma instituição maléfica. Rejeitava a real presença de Cristo na Eucaristia, a confiss`1ao auricular e outras coisas atentatórias à fé. Suas idéias encontraram ressonância entre os camponeses que se revoltaram em 1381 moveram um violento ataque contra os nobres de Londres. Wiclef foi responsabilizado pela revolta e perdeu o favor da Corte. Um sínodo em Londres, em 1382, finalmente condenou uma doutrina e Wiclef retirou-se , então, para sua paróquia em Luterwort, onde permaneceu até sua morte. contudo sua doutrina continuou a se propagar criando ambiente favorável à Reforma Protestante do século XVI.
Como o Wiclefismo não pode amadurecer na Inglaterra, amadureceu no continente. Ana, irmã do Rei Venceslau da Boêmia (República Tcheca atual) estava casada como o Rei Ricardo II da Inglaterra. Isso permitia um intercâmbio estudantil entre Oxford e Praga. Assim vários Wiclefistas perseguidos na Inglaterra encontraram refúgio em Praga. O cidadão Jerônimo de Praga levou para a Boêmia as idéias de Wiclef e junto com seu amigo Jan Huss passaram a propagá-la. A Boêmia estava preparada para a fermentação de tais idéias porque além de vestígios de antigas heresias como a dos cátaros valdenses , a decadência moral e a ignorância do povo eram notáveis.
Jan Huss era sacerdote e professor de Filosofia da Universidade de Praga. Era bom orador e fanático por motivos religiosos e nacionalistas. Sua pregação encontrou resistência pois o Arcebispo Sbinko, de Praga , mandou queimar seus escritos de Wiclef e excomungou Jan Huss e seus seguidores em 1410. Huss se retirou para um castelo de um nobre seu amigo e o povo passou a peregrinar para lá em massa. O Hussismo crescia em massa em toda a Boêmia. Tal apostasia abalou tanto o mundo cristão que o imperador da Alemanha, Sigismundo, convidou Jan Huss a comparecer ao Concílio de Constança reunido na Alemanha para tratar do Cisma. O herege, de fato, lá compareceu em novembro de 1414, ma esperança de ganhar a simpatia dos conciliares para sua doutrina. Huss, porém, só encontrou rejeição e diversidade. Foi encarcerado e como não quisesse renunciar à sua doutrina, foi condenado como herege, em 1415, e queimado vivo na fogueira. A mesma sorte sofreu seu companheiro Jerônimo de Praga onze meses mais tarde sendo também queimado na fogueira como herege.
A morte de Jan Huss foi recebida na Boêmia como uma ofensa à nação. A reação dos hussistas foi violenta: sacerdotes foram expulsos em grande número. A Rainha Sofia tomou Huss como herói nacional e quase toda a nobreza da Boêmia mandou um protesto para Constança. Formou-se uma Liga para a defessa da liberdade e introduziu a praxe de cálice dos leigos (comunhão sob as duas espécies ), como símbolo da facção hussista que dominou a Boêmia por vários anos.
Em 1419, o Rei Venceslau resolveu restabelecer os sacerdotes católicos que tinham sido expulsos e a Liga reagiu violentamente matando sete conselheiros do rei. O próprio rei veio a morrer de coração dias depois por causa desses acontecimentos. O Papa Martinho V convocou uma cruzada contra os hereges e juntamente com as tropas do Imperador Sigismundo, da Alemanha e do Sacro Império, marcharam para a Boêmia em 1420. Porém, essa cruzada, juntamente com as tropas de Sigismundo, foram derrotadas pelos Boêmios. A guerra então estourou entre os hussistas e a Igreja, apoiada pelo imperador alemão. A partir de 1427, eles devastaram a Hungria, a Silésia , a Baviera e a Saxônia até o Mar do Norte.
Como não era possível vencer os hussistas pelas armas, as autoridades civis e eclesiásticas resolveram procurar a via das conversações. Um concílio convocado em Basiléia ( Suíça ) convidou os hussistas a comparecerem. Estes foram e apresentaram quatro pedidos: 1) a pregação livre, 2) o cálice dos leigos ; 3) proibição do poder temporal para clero e 4 ) punição dos pecados mortais e dos abusos contra a Lei de Deus. As conversações do Concílio de Basiléia foram úteis e terminam em Praga. Os quatro pedidos foram aceitos porém, com as seguintes restrições: 1) o cálice dos leigos (a comunhão nas duas espécies ) poderia ser feito desde que orientados por um sacerdote de que Jesus está presente em ambas as espécies, 2) pregação livre desde que realizada por sacerdotes aprovados, 3) punição dos pecados desde que pelas autoridades competentes e não por pessoas particulares, 4) administração idônea e não a supressão dos bens eclesiásticos. O Parlamento da Boêmia, em 1436, ratificou o acordo. Estava assim encerrada a questão do Wiclefismo e do Hussismo. A comunhão sob as duas espécies foi mantida na Boêmia e somente em 1629 foi abolida.
FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANONISTAS
Desses reformadores já vimos Guilherme de Occam e Marsílio de Pádua. veremos agora outros dois: o inglês John Wiclef (1320- 1384) e o tcheco Jan Huss (1370 - 1416).
John Wiclef era um nobre inglês que se tornou sacerdote, professor de Filosofia e Teologia na Universidade de Oxford. Como muitos reformadores, ele pregava um espiritualismo exagerado. Afirmava que os bens temporais são nocivos à Igreja e que o Estado devia ser apossar dos bens da Igreja que não fossem usados devidamente. Tais idéias encontraram eco na corte e entre os nobres. Em 1373, o Papa Gregório XI condenou dezoito teses de Wiclef. Todavia, a hierarquia inglesa receava agir contra o herege por causa do seu prestígio na Inglaterra.
Depois da erupção do Cisma do Ocidente (1378 ) Wiclef atacou o Papado dizendo que a Igreja é uma comunidade de predestinados, o verdadeiro papa é Cristo e cada cristão é um sacerdote perante Cristo. O Papado seria uma instituição maléfica. Rejeitava a real presença de Cristo na Eucaristia, a confiss`1ao auricular e outras coisas atentatórias à fé. Suas idéias encontraram ressonância entre os camponeses que se revoltaram em 1381 moveram um violento ataque contra os nobres de Londres. Wiclef foi responsabilizado pela revolta e perdeu o favor da Corte. Um sínodo em Londres, em 1382, finalmente condenou uma doutrina e Wiclef retirou-se , então, para sua paróquia em Luterwort, onde permaneceu até sua morte. contudo sua doutrina continuou a se propagar criando ambiente favorável à Reforma Protestante do século XVI.
Como o Wiclefismo não pode amadurecer na Inglaterra, amadureceu no continente. Ana, irmã do Rei Venceslau da Boêmia (República Tcheca atual) estava casada como o Rei Ricardo II da Inglaterra. Isso permitia um intercâmbio estudantil entre Oxford e Praga. Assim vários Wiclefistas perseguidos na Inglaterra encontraram refúgio em Praga. O cidadão Jerônimo de Praga levou para a Boêmia as idéias de Wiclef e junto com seu amigo Jan Huss passaram a propagá-la. A Boêmia estava preparada para a fermentação de tais idéias porque além de vestígios de antigas heresias como a dos cátaros valdenses , a decadência moral e a ignorância do povo eram notáveis.Jan Huss era sacerdote e professor de Filosofia da Universidade de Praga. Era bom orador e fanático por motivos religiosos e nacionalistas. Sua pregação encontrou resistência pois o Arcebispo Sbinko, de Praga , mandou queimar seus escritos de Wiclef e excomungou Jan Huss e seus seguidores em 1410. Huss se retirou para um castelo de um nobre seu amigo e o povo passou a peregrinar para lá em massa. O Hussismo crescia em massa em toda a Boêmia. Tal apostasia abalou tanto o mundo cristão que o imperador da Alemanha, Sigismundo, convidou Jan Huss a comparecer ao Concílio de Constança reunido na Alemanha para tratar do Cisma. O herege, de fato, lá compareceu em novembro de 1414, ma esperança de ganhar a simpatia dos conciliares para sua doutrina. Huss, porém, só encontrou rejeição e diversidade. Foi encarcerado e como não quisesse renunciar à sua doutrina, foi condenado como herege, em 1415, e queimado vivo na fogueira. A mesma sorte sofreu seu companheiro Jerônimo de Praga onze meses mais tarde sendo também queimado na fogueira como herege.A morte de Jan Huss foi recebida na Boêmia como uma ofensa à nação. A reação dos hussistas foi violenta: sacerdotes foram expulsos em grande número. A Rainha Sofia tomou Huss como herói nacional e quase toda a nobreza da Boêmia mandou um protesto para Constança. Formou-se uma Liga para a defessa da liberdade e introduziu a praxe de cálice dos leigos (comunhão sob as duas espécies ), como símbolo da facção hussista que dominou a Boêmia por vários anos.Em 1419, o Rei Venceslau resolveu restabelecer os sacerdotes católicos que tinham sido expulsos e a Liga reagiu violentamente matando sete conselheiros do rei. O próprio rei veio a morrer de coração dias depois por causa desses acontecimentos. O Papa Martinho V convocou uma cruzada contra os hereges e juntamente com as tropas do Imperador Sigismundo, da Alemanha e do Sacro Império, marcharam para a Boêmia em 1420. Porém, essa cruzada, juntamente com as tropas de Sigismundo, foram derrotadas pelos Boêmios. A guerra então estourou entre os hussistas e a Igreja, apoiada pelo imperador alemão. A partir de 1427, eles devastaram a Hungria, a Silésia , a Baviera e a Saxônia até o Mar do Norte.
FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANONISTAS
Um comentário:
Oi estou lendo o livro o grande conflito de Elem White ...e no capítulo 6 falou exatamente sobre Jhon Huss...uaauuuu fiquei encantada com a determinação e a fé deste servo de Deus.
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