BERNARD NATHANSON
Por L´Osservatore Romano
Tradução: Quadrante
Fonte: http://www.almudi.org/
Por L´Osservatore Romano
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Direito de Matar?
O aborto e todo o seu séqüito – da eutanásia aos "estoques" de embriões humanos congelados – são assuntos que nunca estarão definitivamente resolvidos, já que afetam o próprio sentido da vida humana. No atual momento da História, é nos Estados Unidos onde a divisão de forças entre a "cultura da morte" e a "civilização do amor" pode ser vista com mais clareza do que em qualquer outro lugar. Conversões como a do dr. Bernard Nathanson – primeiro à causa pró vida e depois à fé cristã – são altamente significativas, pois mostram a força das evidências científicas e o poder da oração. Além disso, manifestam a íntima conexão que existe entre Deus e a Lei natural inscrita por Ele na natureza humana. Quem reconhece e segue a Lei natural, muito possivelmente acabará encontrando Deus e a Igreja.
O ABORTO, TAL COMO ELE É
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BATISTAS |
SEM DESCULPAS
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Não é preciso legenda. | Aquele que ver entenda!!! |
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O SEGREDO DA PAZ DE CRISTO
Durante os seus estudos de Medicina na Universidade McGill do Canadá, teve como professor o famoso psiquiatra judeu Karl Stern, que havia emigrado da Alemanha nazista. Essa relação teria conseqüências positivas várias décadas depois, quando Nathanson começou a examinar mais de perto as razões do Cristianismo. A respeito de Stern, diz: "Era a figura dominante no Departamento: um grande professor, um orador fascinante – chegava a ser eloqüente, embora empregasse um idioma que não era o seu – e um polemista brilhante, que infalivelmente disparava idéias originais e atrevidas. (...) Tive para com Stern uma espécie de culto ao herói: estudei a Psiquiatria com a diligência de um escriba que esquadrinha a Bíblia, e em troca me deram o prêmio de Psiquiatria ao acabar o quarto ano. (...) Stern transmitia uma serenidade e uma segurança indefiníveis. Na altura seu não sabia que em 1943 – após anos de meditação, leitura e estudo – ele se tinha convertido ao Catolicismo". Mais tarde, quando Nathanson ler a famosa autobiografia de Stern, Pillars of Fire ("Pilares de Fogo"), compreenderá que o seu autor "possuía um segredo que estive toda a vida buscando: o segredo da paz de Cristo".
Os capítulos seguintes descrevem a compulsiva promiscuidade de Nathanson, da qual resultou o seu primeiro contato com o aborto, pago pelo seu pai e feito na sua primeira namorada. Depois vem a história dos seus dois primeiros casamentos e o episódio que talvez seja o mais arrepiante: o aborto feito por ele mesmo em outra das mulheres com quem tinha tido relações.
AS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS
Nos capítulos seguintes, Nathanson conta o que já em boa parte tinha explicado em seu livro Aborting America sobre a sua crescente participação na campanha pela liberação do aborto nos Estados Unidos. Como se sabe, essa campanha terminou em 1973, com a sentença da Suprema Corte que – na prática – legalizou o aborto solicitado.
Com o passar do tempo, Nathanson viu claramente as evidências científicas – em boa parte graças às novas tecnologias, que permitiam ver a criança dentro do ventre materno – de que "aquilo" que abortou milhares de vezes (segundo seus próprios cálculos, esteve direta ou indiretamente envolvido em 75.000 abortos) era na verdade um ser humano: era-o desde o instante da concepção. Deixou de praticar abortos e passou a ser o mais famoso "convertido" e o mais conhecido defensor da causa pró vida nos Estados Unidos.
MATADOUROS HUMANOS
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Fila para a morte |
Num dos últimos capítulos, intitulado "Rumo aos Tanatórios", Nathanson faz predições sobre o que o Papa Paulo VI já antecipava com tanta clarividência na sua Encíclica Humanae Vitae: uma vez perdido o respeito pela vida humana em seu começo, chega-se inevitavelmente à eutanásia. Prognostica que em breve haverá clínicas que farão negócio com a morte.
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"Baseando-me na minha própria experiência com um tipo de paganismo tão extremo como esse, posso prever que haverá empresários que montarão pequenos e discretos «sanatórios» para aqueles que desejem morrer ou que a isso tenham sido persuadidos, coagidos ou enganados pelos médicos (...). Mas isso será apenas a primeira fase. Quando os tanatórios (do grego thanathos, morte) tiverem prosperado e se expandido, formando redes de clínicas e concessionárias, os administradores assumirão o comando, cortando gastos e custos à medida que a concorrência for aumentando. Na sua versão final, os tanatórios – reorganizados, eficientes e economicamente perfeitos – tornar-se-ão primeiramente muitíssimo parecidos às fábricas de produção em série em que se converteram as clínicas abortistas; numa fase posterior, serão semelhantes aos fornos de Auschwitz".
O EXEMPLO E A ORAÇÃO
Apesar de tudo, Nathanson termina o livro com uma nota de esperança na misericórdia, no perdão e na salvação oferecida por Cristo. Como costuma ocorrer nas histórias de conversões, foi a oração e o exemplo de muitos amigos e colegas pró-vida o que acabou por vencer a resistência daquele ateu endurecido, que assim pôde compreender que é possível haver um lugar no coração de Deus até mesmo para gente como ele.
Referindo-se a uma manifestação pró-vida em frente a uma clínica abortista, conta que os participantes "rezavam, apoiavam-se mutuamente, cantavam hinos de júbilo e recordavam constantemente uns aos outros a proibição absoluta de empregar a violência. Rezavam pelos não-nascidos, pelas pobres mulheres que iam lá para abortar, e pelos médicos e enfermeiras da clínica. Rezavam inclusive pelos policiais e jornalistas designados para o local. Eu me perguntava: «Como é que essa gente pode se entregar por um público que é – e sempre será – mudo, invisível e incapaz de qualquer agradecimento?»" Ver aqueles manifestantes pró-vida, dispostos a ir para a cadeia e a arruinar-se por suas convicções, causou em Nathanson uma profunda impressão.
Conta então que "pela primeira vez em minha vida de adulto, comecei a albergar a noção de Deus: um Deus que paradoxalmente me tinha levado até à beira dos proverbiais círculos do inferno, só para mostrar-me o caminho para a redenção e para o perdão mediante a sua graça. Esse pensamento contradizia todas as férreas certezas, que me haviam sido tão queridas: num instante converteu o meu passado num repugnante lodaçal de pecado e de maldade; me acusou e condenou pelos graves crimes contra aqueles que me amavam e contra aqueles que nem sequer conheci; e ao mesmo tempo – milagrosamente – ofereceu-me uma reluzente centelha de esperança, na crença – cada vez mais firme – em que há dois mil anos Alguém morrera pelos meus pecados e pela minha maldade".
L´Osservatore Romano, 21 de fevereiro de 1997, pág. 9.
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