Pilatos mesmo, desprezava os judeus e fazia o possível para irritá-los (cf. Lc 13,1). Daí, o Sinédrio inventar uma acusação política contra Jesus: “Encontramos este homem subvertendo nossa nação, impedindo que se paguem os impostos a César e pretendendo ser Cristo Rei” (Lc 23,2). A acusação era gravíssima: Jesus estaria incentivando o povo a não pagar os tributos aos romanos e fazendo-se passar por rei dos judeus, desafiando Tibério César, o Imperador! Isso, para os romanos, seria um crime passível de morte!
Cônego Henrique Soares da Costa
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Estreou no Brasil o polêmico filme “A Paixão de Cristo”, do Mel Gibson. Um dos pontos da polêmica é a acusação de o filme ser anti-semita, pois imputaria aos judeus a morte de Cristo.
Afinal, quem matou Jesus? Como ocorreu o seu processo? Qual o significado de sua paixão e morte?
O Sinédrio e o Sumo Sacerdote não tinham poder da mandar matar ninguém; Roma havia tirado esse direito às autoridades judaicas. Se Jesus tivesse sido executado pelos judeus, teria sido apedrejado e não crucificado. Por isso, os chefes judeus levaram-no ao Procurador Romano, Pôncio Pilatos. Mas, para que Pilatos condenasse Jesus seria
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necessária uma outra acusação, política, pois os romanos não davam a mínima para as questões religiosas dos judeus. Pilatos mesmo, desprezava os judeus e fazia o possível para irritá-los (cf. Lc 13,1). Daí, o Sinédrio inventar uma acusação política contra Jesus: “Encontramos este homem subvertendo nossa nação, impedindo que se paguem os impostos a César e pretendendo ser Cristo Rei” (Lc 23,2). A acusação era gravíssima: Jesus estaria incentivando o povo a não pagar os tributos aos romanos e fazendo-se passar por rei dos judeus, desafiando Tibério César, o Imperador! Isso, para os romanos, seria um crime passível de morte! Mas, parece que Pilatos não acreditou muito e quis soltar Jesus. Por quê? Porque era justo? Não! Porque queria implicar com os chefes judeus; queria chateá-los! (cf. Lc 23,2-7.13-19; Mt 27,16-18).
Mas, os chefes foram mais espertos e deram um xeque-mate em Pilatos: “Se o soltas, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei, opõe-se a César” (Jo 19,12). As safadezas da política; a hipocrisia dos políticos. O negócio é ser “amigo de César”! Pilatos não iria comprar uma briga com César, seu patrão. Lavou as mãos e entregou Jesus, condenando-o à morte. Então, os romanos, representados por Pilatos, têm também sua parte na condenação e morte de Jesus. Ainda hoje rezamos no Credo: “Padeceu sob Pôncio Pilatos”. De nada valeu lavar as mãos: o Procurador romano traiu sua consciência e, para ser “amigo de César”, condenou um inocente! Jesus foi, então, condenado por judeus e pagãos!
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SAFADEZA POLÍTICA - SINÉDRIO BRASILEIRO |
Mas, há mais um culpado pela morte de Cristo: os seus discípulos. Um, o traiu, outro o negou e todos abandonaram-no. Jesus terminou sozinho, entregando-se nas mãos do Pai! E pedindo perdão por todos: pelos judeus, pelos romanos e pelos discípulos: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem!” (Lc 23,34).
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Quem matou Jesus? Cada um de nós, pelos nossos fechamentos a Deus, que se tornam fechamentos a nós mesmos e aos outros... Quem matou Jesus? A indústria da seca no Nordeste, as bombas da Madri, os aviões de Nova Iorque, a corrupção dos políticos, as armas dos grupos de extermínio, os tanques de guerra dos poderosos, a ganância que não nos deixa ser felizes, a imoralidade que destrói nosso coração... E quem não tiver pecado, quem não for incoerente e quebradiço, que negue isso...
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